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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

O Espelho tem Duas Faces

Título no Brasil: O Espelho tem Duas Faces
Título Original: The Mirror Has Two Faces
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Barbra Streisand
Roteiro: André Cayatte, Gérard Oury
Elenco: Barbra Streisand, Jeff Bridges, Lauren Bacall, Pierce Brosnan, Mimi Rogers, George Segal

Sinopse:
Gregory Larkin (Jeff Bridges) é um professor universitário de matemática que tem uma vida sentimenal cheia de problemas. Rose Morgan (Barbra Streisand) também é uma professora universitária, mas da area de psicologia. Quando os dois se conhecem algo acontece. Mas quem disse que esse seria um relacionamento fácil? Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz coadjuvante (Lauren Bacall) e melhor música original ('ve Finally Found Someone).

Comentários:
Barbra Streisand dirigiu esse belo filme na década de 90 com a intenção de reviver os antigos clássicos românticos de Hollywood, so que com um viés mais moderno. Visualmente o filme realmente parece um daqueles dramas românticos estrelados por Rock Hudson, mas os problemas de relacionamentos explorados pelos personagens era algo bem familiar em 1996, quando o filme chegou aos cinemas. Quando revejo filmes elegantes, charmosos e sofisticados como esse, fico me perguntando o que aconteceu com a carreira de Barbra Streisand no cinema? Veja como ela tinha potencial para fazer ótimos filmes e depois de um tempo sua carreira cinematográfica simplesmente parou! Que grande pena! É algo a se lamentar. E perceba também como ela tinha prestígio nessa época, com cacife de contratar o próprio "James Bond" Pierce Brosnan para um papel secundário! E o que dizer de um dos mitos da Hollywood em seus tempos de ouro, a atriz Lauren Bacall? Todos contribuindo para um filme realmente saboroso de se assistir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A Patrulha da Esperança

Clássico filme de guerra. Qual é a história? O coronel Pierre Raspeguy (Anthony Quinn) e seus homens ficam cercados por um grande exército de libertação nacional em Dien Bien Phu na Indochina. Depois da derrota, são feitos prisioneiros e após algum tempo são finalmente libertados quando a França desiste de sua intervenção militar no país. De volta à Paris tudo o que o coronel deseja é retornar para o campo de batalha e ele consegue seu objetivo ao ser designado para comandar uma tropa de elite a ser enviada para a Argélia, colônia francesa que luta por sua independência. Filme tecnicamente muito bem realizado, com ótimas sequências de batalha e ação, mas novamente um pouco confuso sob o aspecto político. O filme começa na Indochina, que naquele momento tentava se livrar do poderio e domínio do imperialismo francês. Os soldados liderados por Anthony Quinn estão encurralados e a única saída é a rendição aos inimigos. Depois de algum tempo presos, são finalmente libertados depois que a França se conscientiza que aquela guerra é uma perda inútil de homens, equipamentos e dinheiro. 

O curioso aqui é chamar a atenção para o fato de que após a retirada da França da Indochina, que passaria a se chamar Vietnã, iria se abrir um vácuo de poder na região, o que iria resultar na intervenção dos Estados Unidos. E isso, anos depois, iria dar origem também à Guerra do Vietnã. Um grande desastre militar para os americanos. Depois que voltam para a França, a tropa comandada pelo Coronel  Raspeguy (Anthony Quinn) é novamente enviadas para o front, só que dessa vez na Argélia, e lá começam a combater os argelinos que lutam pela independência de seu país! Pois é, o fato é que esse roteiro tem como protagonistas soldados que estavam sempre lutando pelo imperialismo de Paris contra povos que apenas tinham como objetivo sua libertação desse tipo de colonialismo anacrônico. Assim o roteiro derrapa nesse aspecto, pois tem um viés equivocado, trazendo a mesma visão que iria levar à guerra da Argélia e até mesmo à guerra do Vietnã, duas experiências que França e Estados Unidos jamais iriam esquecer por causa do tamanho do desastre que foi.

Porém, tirando esse aspecto político de lado, o espectador terá um filme de guerra bastante eficiente, com ótimas tomadas de combate como atrativo, em especial a cena final onde rebeldes argelinos e tropas francesas se enfrentam numa montanha com ruínas da época do império romano ao fundo. Nesses tempos o cinema não tinha recursos digitais para recriar esse tipo de combate em computadores e nada do tipo. Tudo era feito de forma real, com centenas de milhares de figurantes, explosões, veículos de guerra, etc. E filmar tudo em lugares desertos tornava a produção ainda mais complicada. Então é isso, "Lost Command" não tem uma visão política correta daquele período histórico, mas se salva pela grandeza de suas cenas de ação e guerra, o que hoje em dia é certamente o que mais irá atrair o fã de cinema clássico.

A Patrulha da Esperança (Lost Command,  Estados Unidos, 1966) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Mark Robson / Roteiro: Jean Lartéguy, Nelson Gidding / Elenco: Anthony Quinn, Alain Delon, George Segal / Sinopse: Militares franceses veteranos da guerra da Indochina são enviados novamente para o campo de batalha, no norte da África, onde forças rebeldes argelinas lutam pela independência de sua nação do imperialsmo francês.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de agosto de 2019

Olha Quem Está Falando

Título no Brasil: Olha Quem Está Falando
Título Original: Look Who's Talking
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio:  TriStar Pictures,
Direção: Amy Heckerling
Roteiro: Amy Heckerling
Elenco: John Travolta, Kirstie Alley, Bruce Willis, Olympia Dukakis, George Segal, Jason Schaller

Sinopse:
Um casal jovem acaba recebendo a visita da cegonha de surpresa! Assim nasce o bebezinho Mikey (na voz de Bruce Willis) que passa a compartilhar com o espectador os seus pensamentos e visões do novo mundo que se abre ao seu redor.

Comentários:
Foi um dos filmes mais lucrativos dos anos 80. Custou a bagatela de 7 milhões de dólares e nas bilheterias faturou mais de 460 milhões de dólares! Números que realmente surpreendem. E qual era o segredo do sucesso? Simples, colocar os pensamentos de um bebezinho na voz irônica e mordaz de Bruce Willis. Claro, nada de muita acidez, a tônica aqui era meio bobinha mesmo, um típico produto "family friendly", feito para toda a família. Para John Travolta foi um alívio, pois o ator vinha colecionando fracassos por duas décadas e então surgiu esse sucesso estrondoso na carreira. Ele deve ter levantado as mãos aos céus agradecendo a Deus. Caso ficasse mais alguns anos na baixa sua carreira seguramente chegaria ao fim. E Bruce Willis, bem, ele não precisou fazer muitos esforços. Seu trabalho de dublagem foi muito bem feito, porém como ele mesmo disse depois não levou mais de três dias para ficar pronto. Alvo certo, dinheiro no bolso de todo mundo, a má notícia só veio pelo fato de que uma continuação bem ruinzinha iria ser realizada. Essa porém é uma outra história que depois contaremos por aqui. E sobre esse primeiro filme, bom, a coisa pode ser resumida em apenas poucas palavras: bobinho, mas simpático.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de maio de 2017

A Morte Não Manda Aviso

Título no Brasil: A Morte Não Manda Aviso
Título Original: The Quiller Memorandum
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Michael Anderson
Roteiro: Trevor Dudley Smith, Harold Pinter
Elenco: George Segal, Alec Guinness, Max von Sydow, Senta Berger, George Sanders
  
Sinopse:
Cortina de ferro, em pleno auge da guerra fria. Depois do assassinato de uma agente inglês em Berlim, um novo agente chamado Quiller (George Segal) é enviado para investigar. Segundo seu superior no departamento de inteligência, o comandante Pol (Alec Guinness), há um grupo de neonazistas operando na cidade alemã. Eles seriam liderador por uma figura misteriosa e desconhecida, que usaria o codinome Oktober (Max von Sydow). Caberá então a Quiller descobrir onde atua e como se coordena essa organização de criminosos nazistas. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado (Harold Pinter), Melhor Edição (Frederick Wilson) e Melhor Direção de Arte (Maurice Carter).

Comentários:
As adaptações dos livros de James Bond ao cinema fizeram escola. Depois delas um nova onda de filmes inspirados no famoso agente inglês foi lançado nos cinemas durante a década de 1960. Tentando pegar carona no sucesso de 007 tivemos filmes como esse "The Quiller Memorandum" estreando nas telas. É, como se pode perceber, mais um filme de espionagem, com agentes britânicos tentando colocar as mãos em um líder de uma verdadeira seita de neonazistas no pós-guerra em Berlim. Nada é muito discutido sobre o fato da ideologia nazista ter sobrevivido ao caos do fim da II Guerra Mundial. O que parece ter interessado mais aos realizadores do filme foi justamente o clima de mistério e suspense que atravessa todo o enredo. No elenco há dois excepcionais atores em papéis secundários. O primeiro deles é o grande Sir Alec Guinness, que interpreta o chefe do setor de inteligência inglesa em Berlim. Ele tem poucas cenas, praticamente apenas duas, mas como sempre rouba o show, dando um ar um tanto afetado ao seu personagem. Max von Sydow, outro fabuloso talento, é o vilão do filme. Usando uma postura de fina elegância, bons modos e educação prussiana, ele se mostra a melhor coisa do filme, tanto em termos de atuação, como de personagem. Curiosamente o protagonista, o agente Quiller interpretado por George Segal, é fraco, uma mera imitação pálida de Bond. Melhor para o espectador é prestar atenção na beldade austríaca Senta Berger. Ele é uma nazista charmosa e sensual que seduz o agente britânico, o manipulando completamente. Com um roteiro extremamente simples ao meu ver (onde o agente apenas localiza o esconderijo dos criminosos, é feito refém e tenta sobreviver), o filme "The Quiller Memorandum" não chegou a me impressionar. Tem boa fotografia, um elenco de apoio acima da média, mas no plano geral não consegue ser uma grande obra prima do gênero espionagem internacional. No fundo é apenas uma boa fita para diversão e esquecimento logo em seguida. Não passou definitivamente no teste do tempo.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de junho de 2015

Para Eles, com Muito Amor

Durante a II Guerra Mundial muitos artistas americanos entraram para o esforço de guerra se apresentando para as tropas que estavam lutando na Europa e na frente do Pacífico. Inclusive muitos astros de Hollywood como James Stewart e Clark Gable atenderam o chamado da pátria e foram para a Europa lutar contra o nazismo. Esse filme conta a história da cantora Dixie Leonhard (Bette Midler). Durante a guerra ela viajou para muitas nações em conflito justamente para levantar a moral dos homens que lutavam no exterior. Nesse processo ela também procurava de algum modo levar sua vida em frente, com paixões, decepções e relacionamentos. Não era algo fácil já que os próprios artistas também corriam riscos. Agora imagine fazer arte em um ambiente assim.

O filme em si tem uma proposta muito boa e é bem realizado. Grande parte se sustenta por causa do talento da cantora e atriz Bette Midler, que se sai bem tanto nas cenas de números musicais como nos momentos mais dramáticos do roteiro. Esse esforço acabou lhe valendo uma preciosa indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Pelo esforço e pelo trabalho que ela desenvolveu, vemos que foi mais do que merecido. Enfim, um bom resgate do trabalho de centenas de artistas que foram para o front de guerra lutar não com armas, mas com sua própria arte!

Para Eles com Muito Amor (For the Boys, Estados Unidos, 1991) Direção: Mark Rydell / Roteiro: Neal Jimenez, Lindy Laub / Elenco: Bette Midler, James Caan, George Segal / Sinopse: O filme conta a história de uma cantora que se junta ao esforço de guerra durante a II Guerra Mundial. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Bette Midler). Também indicado ao Chicago Film Critics Association Awards na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Quem Tem Medo de Virginia Woolf?

Casal de meia idade decide receber um casal amigo em sua casa. A esposa interpretada por Elizabeth Taylor (em ótima caracterização) logo se excede na bebida. Em pouco tempo começa a ofender e destruir a imagem e auto estima de seu marido (Richard Burton, soberbo) o qualificando como um miserável, um derrotado e fracassado na vida. Logo a briga matrimonial foge totalmente do controle. O que posso dizer? Belo filme. Aqui o que importa mesmo é atuação do grande casal Elizabeth Taylor e Richard Burton. Basicamente tudo se passa em apenas uma noite, sendo explorada apenas uma situação.

O problema básico é que os personagens em cena estão completamente embriagados e como sabemos quando a bebida sobe à cabeça as amarras sociais descem ladeira abaixo. Assim o que parecia ser apenas um tedioso encontro social vira uma verdadeira carnificina psicológica entre os presentes. Tudo é passado a limpo, desde segredos reveladoras a frustrações pessoais e profissionais. O argumento forte capta o momento de falência de um casamento quando a esposa transforma o marido em mero saco de pancadas, jogando todas as suas raivas reprimidas em cima dele de uma só vez.

Do elenco o destaque absoluto é mesmo Elizabeth Taylor como Martha. Muita gente não dá o devido valor a Liz Taylor e geralmente usa seu estigma de estrela de Hollywood para rebaixar seu talento. Sempre fui contra essa visão preconceituosa em relação a ela, pois a considero uma das melhores atrizes da história do cinema americano (sendo estrela ou não). Aqui nesse filme provavelmente ela entrega sua melhor interpretação ao lado do maridão Burton (que vira quase uma escada para ela mas é salvo por outra brilhante atuação). Liz é intensa, visceral e não mede consequências. Engordou e se enfeiou propositalmente para tornar sua personagem (uma dona de casa frustrada) mais verossímil.

Richard Burton também se despiu de sua vaidade natural e imagem de galã viril para encarnar um pobre diabo que não consegue mais lidar com o inferno que sua vida se tornou. O mais curioso é que o casal real também se envolvia em bebedeiras homéricas e brigas públicas, o que provavelmente facilitou e muito em cena. Mas isso não tira seus méritos. Virginia Woolf é isso, excessivo, pesado, com cara de teatro filmado, mas que no final das contas se revela um filme simplesmente brilhante. Para quem gosta de grandes atuações é um prato cheio! Sirva-se à vontade.

Quem Tem Medo de Virginia Woolf? (Who's Afraid of Virginia Woolf?, Estados Unidos, 1966) Direção: Mike Nichols / Roteiro: Ernest Lehman / Elenco: Elizabeth Taylor, Richard Burton, George Segal e Sandy Denni / Sinopse: Casal se envolve em séria briga matrimonial durante uma noite de bebedeiras e desaforos. Ela o culpa pelo fracasso financeiro e social do casal. Ele tenta sair da situação de qualquer maneira. Como diria Sartre "O Inferno Somos Nós".

Pablo Aluísio.