Depois da consagração do filme "O Poderoso Chefão", o diretor Francis Ford Coppola poderia ter dirigido qualquer filme que quisesse em Hollywood. Seu nome e prestigio estavam em alta. Só que ao invés de embarcar em outra saga épica, ele resolveu escolher um roteiro que ele havia escrito alguns anos antes. Se tratava de "The Conversation", uma história sobre um especialista em captar sons que entrava em uma roleta russa na sua vida profissional e pessoal. O personagem principal do filme se chama Harry Caul (Gene Hackman). Ele é um mestre em gravar conversas alheias sem autorização. O tipo de sujeito que faz o jogo sujo para qualquer um que pague por seus serviços. Geralmente é contratado por criminosos ou então maridos desconfiados que precisam de alguma prova da traição de suas esposas supostamente infiéis. Quando o filme começa ele está novamente em campo, gravando a conversa de um casal que passeia numa praça de Nova Iorque.
Seu cliente é um rico executivo que deseja confirmar se a jovem esposa tem mesmo um amante. Caul arma todo um esquema para gravar o casal e descobre que eles podem ser mortos se tudo for revelado. A partir daí as coisas começam a se complicar. Ele hesita em entregar o que gravou. Tem crises éticas, religiosas e existenciais sobre isso. Com isso sua vida vai entrando em parafuso, com ele cada vez mais paranoico, suspeitando de que virou um alvo de pessoas poderosas que querem se vingar de algo que fez.
Francis Ford Coppola, como grande diretor que sempre foi, tenta equilibrar o filme entre o drama existencial e o suspense. O protagonista é um sujeito com vida pessoal vazia, sem ligação com ninguém, que vive apenas para o trabalho e quando esse lhe traz uma aflição emocional pelo que faz, a sua vida sai dos trilhos. É um filme muito bom, que consegue ser bem sucedido nos dois gêneros apontados pelo cineasta. Tanto funciona bem como drama, como também no desenvolvimento do suspense envolvendo todas as situações. Um Coppola menos conhecido nos dias atuais, porém não menos interessante.
A Conversação (The Conversation, Estados Unidos, 1974) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Francis Ford Coppola / Elenco: Gene Hackman, Harrison Ford, Robert Duvall, John Cazale, Allen Garfield / Sinopse: Harry Caul (Gene Hackman) é um especialista em som, que é contratado por um executivo que quer provas da infidelidade da jovem esposa, só que as coisas não saem exatamente como planejado. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original (Francis Ford Coppola) e Melhor Som (Walter Murch, Art Rochester). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Direção (Francis Ford Coppola), Melhor Ator (Gene Hackman) e Melhor Direção ( Francis Ford Coppola).
Pablo Aluísio.
A Conversação
ResponderExcluirPablo Aluísio.
Assisti há muitos anos, provavelmente no Supercine, ótima sessão de filmes da Rede Globo, que era exibido nos sábados à noite. Só com bons filmes. Desse aqui me lembro de uma cena em especial, com o Gene Hackman encolhido debaixo de uma pia de banheiro. Tudo para ouvir o que se conversava no quarto ao lado. Hahaha, muito bom.
ResponderExcluirÓtima cena, assim como a primeira também, quando o personagem do Gene Hackman precisa gravar a conversa do casal ao ar livre, com eles andando entre diversas pessoas. O Coppola sempre foi um artesão cinematográfico nesse tipo de sequencia.
ResponderExcluirEu gostei do filme. Só de ver aqueles aparelhos antigos, de tecnologia analógica, já valeu a pena! hihihi
ResponderExcluirPois é, Lady. O tempo passou e aquela tecnologia obsoleta dos anos 70, soa até estranho para os dias atuais. Só que vem aquele charme vintage também.
ResponderExcluirCom total certeza!
ResponderExcluirPablo:
ResponderExcluirMuitas vezes eu crítico a tradução que fazem quando colocam os nomes brasileiros em filmes estrangeiros.
Entretanto isso muitas vezes se faz necessário para tornar o filme mais atraente para o público em geral.
Você acredita que eu nunca vi esse filme do seu post por causa desse nome sem graça?
Serge Renine.
Pois é, Serge. O título nacional não ficou bom, mas é aquela coisa, e a tradução literal do título original em inglês.
ResponderExcluirPois é Pablo! Justamente aqui que deveriam ter colocado um título em português mais atraente, resolveram traduzir.
ExcluirQuando deveriam ser mais ousados, não foram. Ah, esses tradutores brasileiros...
ResponderExcluir