quinta-feira, 16 de abril de 2020

Oro

A história desse filme se passa em 1538. Um grupo de militares da coroa espanhola parte em direção ao novo mundo. Eles adentram uma floresta tropical em busca de uma lenda contada por alguns nativos. O mito do El Dorado. Eles disseram aos espanhóis que havia uma cidade feita toda de ouro. Isso obviamente atiça a cobiça dos espanhóis e eles partem em direção a esse lugar que vai transformá-los em homens ricos pelo resto da vida. Porém os desafios logo se revelam enormes. Os espanhóis desconheciam completamente os perigos da região. Para se ter uma ideia eles nunca tinham visto certos animais, como jacarés. Logo muitos são devorados nos grandes rios que encontram.

Além disso havia os índios, sempre prontos a exterminar aqueles invasores de suas terras. Flechas envenenadas estavam em todas as partes. A expedição é comandada por um veterano, um homem bem mais velho. Seu comando é baseado em terror e punições exemplares, como a morte por enforcamento, algo considerado indigno pelos soldados. Para piorar ele leva sua mulher na expedição. Uma mulher bonita, que desperta inveja e ciúmes em seus homens. Na verdade seus subordinados não conseguem se conter, pois a possibilidade de um estupro coletiva passeia em suas mentes o tempo todo, criando ainda mais problemas mata adentro. E como se tudo isso já não fosse ruim o bastante há uma segundo grupo de espanhóis dispostos a matar todos que encontrarem. O motivo? Querem o ouro apenas para eles.

Esse filme é muito bom porque resgata os sentimentos e os motivos que levavam os europeus a conquistarem com extrema violência essas novas terras recém descobertas. O que eles queriam realmente era tomar o ouro dos povos nativos. E nesse processo não importava quantas pessoas iriam morrer. A vida humana inclusive parecia não ter nenhum valor nesses primeiros tempos. Os espanhóis matavam não apenas os índios que encontravam, mas também os próprios espanhóis. Havia sempre presente uma rixa entre eles, muitas vezes baseada nos lugares onde tinham nascido na Espanha. Assim os que eram de Aragão odiavam os que tinham nascido em Castela. No final de tudo só sobrava a loucura e a insanidade dos que ainda conseguiam sobreviver.

Oro (Espanha, 2017) Direção: Agustín Díaz Yanes / Roteiro: Arturo Pérez-Reverte, Agustín Díaz Yanes / Elenco: Raúl Arévalo, Bárbara Lennie, Óscar Jaenada, Jose Coronado / Sinopse: Em 1538 uma expedição de militares da coroa espanhola entra na selva tropica das novas terras descobertas para tentar localizar uma cidade que segundo as lendas dos nativos locais seria toda coberta de ouro e metais preciosos. Filme indicado ao Goya Awards em diversas categorias, entre elas melhor direção de fotografia e melhor direção de arte. 

Pablo Aluísio.

8 comentários:

  1. “Os indígenas eram o combustível do sistema produtivo colonial” já dizia o escritor Galeano. A conquista das Américas por portugueses e espanhóis foi de uma brutalidade sem igual. E olha que eles traziam não apenas a espada, mas a cruz também! Uma tragédia humana!

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  2. Os europeus levavam não apenas a cruz e a espada, mas também as doenças. Os indígenas não tinham proteção natural contra as doenças vindas da Europa. o genocídio foi inevitável.

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  3. A varíola matou mais do que a espada...

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  4. Com certeza! A guerra biológica foi mais eficaz na matança dos povos nativos.

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  5. A Europa, durante milhares de anos, viveu de saquear outros povos. O pai do Alexandre já era assim, o próprio Alexandre era cem vezes pior, o Júlio Cezar e seus sucessores da mesma forma, e em plena idade média o método se mantinha e veio até o começo do século 20. Bom, a pergunta que fica é: nesses novos tempos, em que já não é mais possível viver de botins, como essa Europa sobreviverá? A coisa já vem feia a muito tempo e, salvo uma Alemanha, ou uma Inglaterra, para o resto um futuro muito negro se anuncia. Sem poder roubar na cara dura, como farão?
    Serge Renine.

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  6. Serge, essa sua análise é uma das mais interessantes que já li. E olha que nunca me ocorreu pensar sob esse ponto de vista. É uma visão realista e verdadeira da historia. Muito bom.

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