terça-feira, 15 de maio de 2007

Gata Em Teto de Zinco Quente

Produção: Elegante, acima de tudo. O enredo se passa todo dentro de um grande casarão que é sede de uma fazendo de algodão no sul dos EUA. Embora isso possa parecer tedioso, não é. Hoje a MGM está à beira da falência mas naquela época não economizava no bom gosto, como bem podemos comprovar aqui. A fazenda tipicamente sulista, o bonito figurino (especialmente de Liz Taylor) e a fotografia inspirada confirmam a elegância da película.

Direção: Eu considero o cineasta Richard Brooks, que dirigiu esse filme, muito mais um roteirista do que um diretor propriamente dito. Sua carreira como diretor é um pouco irregular, onde se mesclam filmes bons e ruins na mesma proporção. Mas aqui seu talento de bom escritor foi conveniente pois ele não promove alterações substanciais no texto de Tennessee Williams e consegue transmitir sem problemas tudo que o dramaturgo queria passar ao público. No fundo o Brooks não complicou e isso já é um mérito e tanto.

Elenco: Ótimo. Elizabeth Taylor, linda e talentosa, mostra serviço e esbanja naturalidade e carisma. Paul Newman, que passa o tempo todo de muletas e engessado, mostra muito talento no papel de Brick Pollitt, talvez o único personagem que valha realmente alguma coisa dentro daquela casa. O curioso é que mesmo atores com escolas diferentes (Newman do teatro e Liz basicamente uma atriz de cinema) conseguem se entender extremamente bem em cena. Sua química salta aos olhos, mesmo Paul Newman interpretando um marido que diante de tantos problemas negligencia sua bela e jovem esposa. Do elenco de apoio tenho que destacar primeiramente Burl Ives (Big Daddy, ótimo em sua caracterização de um homem que não conseguiu passar afeto aos seus familiares) e Madeleine Sherwood (que faz a insuportável Mae Pollitt). Dentre as cenas a que destaco como a melhor na minha opinião é aquela que se passa entre Newman e Ives no porão quando em tom de nostalgia Big Daddy se recorda de seu falecido pai, um mero vagabundo. Ótimo momento no quesito atuação.

Roteiro e argumento: O filme foi roteirizado pelo diretor Richard Brooks. Como eu disse antes, ele era mais roteirista do que diretor. Pois bem, embora Tennessee Williams tenha reclamado de algumas mudanças em seu texto original, temos que convir que o roteiro em si é muito bem escrito e trabalhado, deixando o filme com ótimo ritmo, fugindo da armadilha de o deixar teatral demais.. Penso que os textos de autoria do grande Tennessee Williams eram perigosos ao serem adaptados ao cinema, pois poderiam deixar qualquer filme pesado ou com aspecto de teatro filmado, o que não seria adequado pois artes diferenciadas exigem também adaptações diferentes. Nem sempre o que é adequado ao teatro consegue ser satisfatório na tela. Em "Gata em Teto de Zinco Quente" isso definitivamente não acontece e o espectador ao final da exibição terá a certeza de que assistiu a um grande filme, cinema puro.

Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof,Estados Unidos, 1958) Diretor: Richard Brooks / Roteiro: James Poe e Richard Brooks baseado na peça "Cat on a Hot Tin Roof" de Tennessee Williams / Elenco: Elizabeth Taylor, Paul Newman, Burl Ives, Jack Carson, Judith Anderson./ Sinopse: Jovem esposa (Elizabeth Taylor) não consegue entender o que se passa com seu marido (Paul Newman), um homem em constante crise existencial.

Pablo Aluísio.

Um comentário:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★★
    Elenco: ★★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★★
    Cotação Geral: ★★★★
    Nota Geral: 8.6

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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