Catherine Holly (Elizabeth Taylor) é uma jovem sofrendo de problemas mentais. Em busca de tratamento ela é atendida e acompanhada pelo Dr Cukrowicz (Montgomery Clift). um especialista na área, que atua sob as ordens da dama da sociedade Violet Venable (Katherine Hepburn) que teme que Catherine divulgue um segredo sórdido envolvendo o passado de sua família. O filme começa logo impactando. As duas primeiras cenas juntas duram mais de 50 minutos (praticamente mais da metade do filme). Nelas temos dois grandes "duelos" em cena: Katherine Hepburn e Montgomery Clift e logo em sequência esse ao lado de Liz Taylor. Curioso é que em ambas Clift apenas serve de escada para que as atrizes possam declamar longos textos sobre Sebastian (o personagem cujo rosto nunca aparece mas que é citado em praticamente todos os diálogos do roteiro). Esse começo arrebatador sintetiza tudo: é um filme de diálogos e interpretação, nada mais. Sua gênese teatral não é disfarçada e nem amenizada até porque estamos tratando de Tennessee Williams, um dos grandes dramaturgos da cultura americana.
Achei Elizabeth Taylor extremamente bonita e talentosa no filme. Ela já estava entrando nos seus 30 anos mas ainda continuava belíssima. Mostra talento em cada cena mas não fica à altura de Hepburn (essa realmente foi uma das maiores atrizes da história). Já Montgomery Clift deixa transparecer as cicatrizes e deformações de seu rosto, após o grave acidente que sofreu ao sair de uma festa na casa da amiga Liz Taylor. Ele está contido no papel mas consegue dar conta muito bem do recado mesmo com as várias dores que sofria (atuou praticamente sedado durante todo o filme). O texto é rico e claramente trata da questão homossexual do personagem Sebastian. E foi justamente por essa razão que foi censurado nas telas. A censura partiu do próprio estúdio. A razão foi tentar conseguir uma classificação etária melhor, além de evitar maiores polêmicas com os chamados setores da "boa decência" da sociedade americana, bem atuantes na época de lançamento do filme. A questão da homossexualidade do personagem Sebastian inclusive ficou tão truncada no roteiro final (do aclamado Gore Vidal) que muitos nem se darão conta disso. Por isso recomenda-se conhecer melhor a peça no qual o filme foi adaptado para entender melhor a motivação dos personagens. Os textos de Tennessee Williams eram considerados fortes demais para os padrões morais da época e geralmente chegavam no cinema atenuados ou suavizados. De qualquer forma o resultado não pode ser classificado como menos do que grandioso. Todos brilham em cena – na realidade se trata de uma rara oportunidade de ver tantos talentos juntos em um só filme, o que torna a produção simplesmente imperdível para qualquer cinéfilo que se preze.
De Repente No Último Verão (Suddenly, Last Summer, Estados Unidos, 1959) Direção: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Gore Vidal baseado na peça "The Roman Spring of Mrs. Stone" de Tennessee Williams / Elenco: Elizabeth Taylor, Katharine Hepburn, Montgomery Clift, Albert Dekker e Mercedes McCambridge./ Sinopse: A história se passa em Nova Orleans, em 1937. Katharine Hepburn, indicada ao Oscar pela sétima vez, está no papel da rica viúva Violet Venable, que quer que um cirurgião (Montgomery Clift) faça uma lobotomia em sua sobrinha Catherine (Elizabeth Taylor, também indicada ao Oscar). Catherine sofre de terríveis pesadelos e impulsos violentos desde a morte do primo, filho de Violet, quando os dois viajavam pela Europa no último verão. Aos poucos os mistérios que cercam sua condição são desvendados.
Pablo Aluísio.
Avaliação:
ResponderExcluirDireção: ★★★★
Elenco: ★★★★
Produção: ★★★
Roteiro: ★★★★
Cotação Geral: ★★★★
Nota Geral: 8.8
Cotações:
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★★★★ Muito Bom
★★★ Bom
★★ Regular
★ Ruim