quinta-feira, 10 de junho de 2021

Caixa de Pássaros

Esse é um daqueles filmes que exigem uma grande cumplicidade do espectador. Você vai ter que assumir a proposta do roteiro (que foi baseada em um livro de sucesso escrito por Josh Malerman). E qual seria essa premissa complicada? O mundo começa a entrar em caos social após um estranho fenômeno acontecer. As pessoas que olham para esse evento perdem o juízo, cometem atos de loucura e até mesmo se suicidam. A única maneira de escapar é ficar de olhos vendados. A protagonista, Malorie (Sandra Bullock), é uma jovem mãe que tenta sobreviver e ao mesmo tempo manter seus filhos salvos dessa loucura completa que assola a humanidade.

O filme apresenta duas linhas narrativas, uma no passado e outra no presente. No passado os acontecimentos são contados desde o começo, quando esse estranho fenômeno começou a acontecer, a morte de sua irmã e a fuga para uma casa onde um pequeno grupo tenta sobreviver. No presente é mostrada a luta dela em navegar por um rio, de olhos vendados, enquanto tenta encontrar uma comunidade de sobreviventes. Funciona a trama? Em termos. No geral essa coisa toda de ficar de olhos vendados se torna cansativa depois de um tempo. Também faltam maiores explicações. Seria tudo fruto de alucinações? Seriam entidades sobrenaturais atacando o mundo? Bom, esse tipo de resposta não será dada ao espectador. Só sobra assim torcer para que eles sobrevivam. Poderia ser um filme melhor se fosse melhor explicado.

Caixa de Pássaros (Bird Box, Estados Unidos, 2018) Estúdio: Netflix / Direção: Susanne Bier / Roteiro: Eric Heisserer, baseado no livro Caixa de Pássaros escrito por Josh Malerman / Elenco: Sandra Bullock, John Malkovich, Trevante Rhodes, Sarah Paulson, Danielle Macdonald, Lil Rel Howery / Sinopse: Após um estranho fenômeno inexplicável que assola o mundo, uma jovem mãe tenta sobreviver ao lado de seus filhos. Filme premiado pelo Fangoria Chainsaw Awards.

Pablo Aluísio.

De Quem é a Vida Afinal?

Título no Brasil: De Quem é a Vida Afinal?
Título Original: Whose Life Is It Anyway?
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Badham
Roteiro: Brian Clark
Elenco: Richard Dreyfuss, John Cassavetes, Christine Lahti, Bob Balaban, Kenneth McMillan, Kaki Hunter

Sinopse:
Ken Harrison (Richard Dreyfuss) é um artista, um escultor, que fica paralítico após um sério acidente de carro. Inconformado com sua nova situação de saúde que é irreversível, ele passa a lutar pelo direito de tirar a própria vida. Uma questão jurídica que se torna alvo de polêmicas.

Comentários:
O filme "De Quem é a Vida Afinal?" discute a questão do suicídio assistido e até mesmo da eutanásia. O roteiro pergunta se o direito de tirar a própria vida pertence ao próprio indivíduo que não quer mais viver ou se isso pode ser impedido legalmente pelo Estado. Tema polêmico, com defensores ardorosos de ambos os lados. Outro aspecto interessante desse filme é que apesar do tema pesado, há uma certa leveza na forma como se comporta o personagem principal. Alguns críticos chegaram até mesmo a considerar o filme uma espécie de comédia de humor negro, algo que eu pessoalmente não concordo pois se trata mesmo de um drama, mesmo que o protagonista interpretado pelo ator Richard Dreyfuss seja em alguns momentos morbidamente engraçado. Então é isso, deixo a dica do filme para quem se interessa pelo tema proposto pelo seu roteiro. Dentro dessa seara é um dos melhores filmes já feitos sobre o assunto.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Fievel - Um Conto Americano

Título no Brasil: Fievel - Um Conto Americano
Título Original: An American Tail
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Don Bluth
Roteiro: Judy Freudberg, Tony Geiss
Elenco: Dom DeLuise, Christopher Plummer, Erica Yohn, John Finnegan, Will Ryan, Hal Smith

Sinopse:
Ao emigrar para os Estados Unidos, um jovem ratinho russo chamado Fievel se separa de sua família, enquanto tenta sobreviver em um novo país e a uma nova realidade de vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor música original ("Somewhere Out There" de James Horner, Barry Mann e Cynthia Weil).

Comentários:
Até a década de 1980 a Disney reinava soberana no mercado de animações em longa-metragem para o cinema. Simplesmente não havia concorrência. A partir de filmes como "Fievel" essa realidade começou a mudar. Essa animação foi produzida pela Universal, quase como um teste de mercado, para sondar se havia espaço mesmo para outras animações que não fossem dos estúdios do ratinho Mickey Mouse. E o resultado foi melhor do que o esperado. O filme foi elogiado pela crítica e rendeu uma boa bilheteria, chamando a atenção para todos os demais estúdios de Hollywood, o que fez mudar definitivamente esse mercado de animações. E não podemos deixar de elogiar também o trabalho do diretor Don Bluth. Cineasta e animador talentoso, ele vinha justamente dos estúdios Disney onde havia trabalhado por muitos anos. Não havia nome melhor para enfrentar o império Disney do que alguém formado em seus próprios estúdios de animação. Então é isso, "Fievel" não foi apenas uma ótima animação, foi também uma mudança de paradigma em todo esse universo das animações cinematográficas.

Pablo Aluísio.

Nem que a Vaca Tussa

Título no Brasil: Nem que a Vaca Tussa
Título Original: Home on the Range
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: Will Finn, John Sanford
Roteiro: Will Finn, John Sanford
Elenco: Judi Dench, Cuba Gooding Jr, Jennifer Tilly, Steve Buscemi, Estelle Harris, Randy Quaid

Sinopse:
No velho oeste, três vaquinhas se unem para ajudar a manter a fazenda onde sempre viveram e que agora corre risco por causa de um malfeitor e de dívidas da proprietária, uma senhora bondosa. Filme indicado ao Annie Awards, o Oscar da animação.

Comentários:
Fazia muitos anos que os estúdios Disney não  profuzia mais animações ao estilo clássico, chamado hoje em dia de animação 2D. Assim causou surpresa no mercado quando os executivos da Disney anunciaram a produção dessa animação intitulada "Home on the Range", com técnicas de animação bem tradicionais, sem o uso intensivo da tecnologia digital como havia se tornado comum. Era um desenho animado de acordo com os valores da velha escola. O resultado ficou muito bom, bem nostálgico, muito embora a Disney percebesse que as crianças atuais preferiam mesmo animações digitais, de preferência em 3D. Não foi assim um grande sucesso de bilheteria. De qualquer maneira essa produção serviu para resgatar o antigo modo de fazer esse tipo de filme, o mesmo que havia criado lá atrás toda a tradição cinematográfica da própria Disney.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de junho de 2021

Chá com Mussolini

Título no Brasil: Chá com Mussolini
Título Original: Un tè con Mussolini
Ano de Produção: 1999
País: Itália, Inglaterra
Estúdio: Medusa Films, Cattleya Cinema
Direção: Franco Zeffirelli
Roteiro: John Mortimer, Franco Zeffirelli
Elenco: Maggie Smith, Cher, Judi Dench, Lily Tomlin, Joan Plowright, Baird Wallace, Baird Wallace

Sinopse:
Um grupo de senhoras inglesas, na terceira idade, vivendo em Florença na Itália nas vésperas da eclosão da II Guerra Mundial, acabam sendo vítimas do regime fascista de Mussolini, apenas por causa de sua nacionalidade. E algumas delas, por ironia do destino, tinham até grande apreço pela figura do Duce. Filme premiado pelo BAFTA Awards na categoria de melhor atriz coadjuvante (Maggie Smith).

Comentários:
Bom filme. O contexto histórico é dos mais interessantes, mostrando a Itália nas vésperas do pais entrar de vez na II Guerra Mundial como aliado dos nazistas de Hitler. Aqui o mais interessante é como os fascistas são mostrados. No começo do filme eles são vistos pelas senhoras inglesas como bons rapazes, patriotas, cristãos, que querem implantar a lei e a ordem no país. Só que não demora muito e a verdadeira face deles surge, com muita violência e perseguições, inclusive contra elas. Há um garoto que permeia toda a trama, um jovem que o pai tenta esconder da esposa porque ele é fruto de um caso extraconjugal. Acaba indo parar em um orfanato. E esse menino termina sendo adotado informalmente pelas senhoras britânicas. As características do cinema italiano também se fazem bem presentes, com aqueles temas incidentais bem melosos e piegas. A única coisa que não me convenceu muito nesse bom filme foi justamente o trabalho da cantora Cher. Ela interpreta uma americana rica e espalhafatosa. Sua atuação não ficou boa. Colocar Cher em filme de época, com todos aqueles figurinos antigos, definitivamente não funciona muito bem. Fica muito superficial e nada convincente. Fora isso, o filme pode ser considerado até muito bom.

Pablo Aluísio.

Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão

Título no Brasil: Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão
Título Original: A Midsummer Night's Sex Comedy
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Mia Farrow, José Ferrer, Julie Hagerty, Tony Roberts, Mary Steenburgen

Sinopse:
Um inventor maluco e sua esposa convidam dois outros casais para uma festa de fim de semana em uma romântica casa de verão no interior.  E na casa de campo começam os jogos de sedução e também de humor, uma vez nem todos possuem o jeito certo para seduzir.

Comentários:
Esse é considerado um dos filmes fracos do Woody Allen. Nem os críticos que sempre parecem estar ao seu lado apreciaram muito esse filme. Há coisas bem diferentes aqui. Woody Allen deixou sua Nova Iorque querida, onde realizou praticamente todos os seus filmes, para rodar um filme em um lugar mais rural, no campo, longe da cidade grande. Sua intenção era fazer uma espécie de paródia em cima de duas obras de Shakespeare, "Sonho de uma noite de verão" e "A tempestade". Deu certo? Não muito. Eu fiquei com a impressão que ele não conseguiu passar todas as referências que queria nesse roteiro. Além disso o humor inteligente não se fez tão presente. Assim tudo o que sobra é um filme bem esquecível que não vai definitivamente agradar a todo mundo - e nem muito menos aos fãs mais exigentes de Woody Allen.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Agatha e a Maldição de Ishtar

Após se divorciar do marido, a famosa escritora Agatha Christie (Lyndsey Marshal) decide viajar, fazer turismo. O lugar escolhido é a antiga Mesopotâmia (atual Iraque) onde ela pretende visitar alguns amigos que estão participando de escavações de arqueologia de civilizações antigas. Acaba chegando no local, após uma longa viagem, justamente na mesma ocasião do assassinato de um dos ingleses que faziam parte da expedição. Assim ela decide participar das investigações e tal como o personagem mais famoso de seus livros, o inspetor belga Hercule Poirot, ela tenta decifrar o misterioso crime.

O que temos aqui é um filme que mistura fatos históricos reais e pura ficção. Sim, a escritora Agatha Christie realmente viajou até o Iraque na década de 1930 para fazer turismo, entretanto não se envolveu em uma trama de mistério e assassinato como vemos no filme. É puro realismo fantástico. Isso não significa que o filme em si seja ruim, longe disso. O roteiro é criativo, achei até bem original, muito embora o mistério não chegue nem perto das bem elaboradas tramas dos livros da verdadeira escritora. É a tal coisa, isso só seria possível se ela tivesse escrito o roteiro. Como isso obviamente não aconteceu, o que temos aqui é apenas uma pálida cópia de seus livros.

Agatha e a Maldição de Ishtar (Agatha and the Curse of Ishtar, Inglaterra, 2019) Direção: Sam Yates / Roteiro: Tom Dalton / Elenco: Lyndsey Marshal, Bronagh Waugh, Jonah Hauer-King / Sinopse: A escritora Agatha Christie se envolve em um mistério de assassinato durante uma viagem de turismo pelo Iraque, numa situação que lembra demais seus próprios livros de romances policiais.

Pablo Aluísio.

A Fogueira das Vaidades

Título no Brasil: A Fogueira das Vaidades
Título Original: The Bonfire of the Vanities
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Michael Cristofer
Elenco: Tom Hanks, Bruce Willis, Melanie Griffith, Morgan Freeman, Kim Cattrall, Kevin Dunn

Sinopse:
Baseado no livro escrito por Tom Wolfe, o filme "A Fogueira das Vaidades" conta a história de um choque violento de classes sociais. Depois que sua amante atropela um jovem adolescente negro, um figurão de Wall Street vê sua vida se desfazer sob os holofotes da imprensa sensacionalista

Comentários:
Tinha tudo para ser um grande filme, um grande sucesso. Elenco recheado de astros e estrelas de Hollywood, um bom diretor e um livro de sucesso como base do roteiro. Só que ao invés disso "A Fogueira das Vaidades" se tornou um dos grandes fracassos do cinema americano nos anos 90. O que deu errado? Acredito que o problema principal veio do roteiro mal escrito. Perceba que a fina ironia do texto original escrito pelo autor Tom Wolfe simplesmente se perdeu nessa adaptação. Tudo ficou truncado, resultando em um filme realmente ruim de se assistir. Além disso o elenco não pareceu se encaixar bem, nem mesmo Tom Hanks parece bem. Inclusive considero esse seu pior filme. E assim o que era para ser um sucesso, uma obra-prima, afundou de forma absoluta. Pena que um livro tão interessante tenha resultado em um filme tão fraco. E o pior de tudo é que como o filme foi malhado pela crítica e o público não se interessou em assistir, provavelmente não haverá uma tentativa de adaptação do livro mais uma vez para o cinema. Bom material que se perdeu de forma definitiva na sétima arte.

Pablo Aluísio.