sexta-feira, 17 de julho de 2020

Matando Sem Compaixão

“Billy Two Hats “ (Matando Sem Compaixão, no Brasil) é um western árido, cru, selvagem e muito eficiente. O enredo é muito simples: dois criminosos são implacavelmente caçados por um xerife sanguinário no meio do deserto, na fronteira árida e seca entre Estados Unidos e México. Nesse lugar onde não existe água e nem perdão, os dois fugitivos tentarão de todas as formas sobreviver, enfrentando não apenas a tenacidade do homem da lei, mas também a selvageria de um grupo de Apaches que vivem entre os despenhadeiros do lugar. Gregory Peck interpreta Arch Deans, um velho pistoleiro e ladrão de bancos que ao lado de seu fiel escudeiro, Billy Two Hats (Desi Arnaz Jr.), um mestiço que se torna seu braço direito no meio daquela terra de ninguém, tenta escapar do longo braço da lei e do grupo selvagem apache. O Xerife que persegue os bandoleiros no meio do nada é interpretado pelo sempre bom ator Jack Warden, veterano de longa tradição no gênero faroeste. Seu personagem é um sujeito rude e disposto a capturar os dois criminosos, custe o que custar.

“Matando Sem Compaixão” foi dirigido por Ted Kotcheff que até aquele momento só tinha experiência em dirigir telefilmes, sendo que esse foi o seu primeiro filme no cinema. Sua habilidade para dirigir seqüências de ação – bem demonstrada aqui nesse western – lhe valeu a indicação anos depois para dirigir seu maior sucesso nas telas, o famoso “Rambo – Programado Para Matar”, filme ícone com Sylvester Stallone, que dispensa maiores apresentações. Analisando bem, ambos os filmes possuem certas semelhanças. O enredo deles tratam sobre um mesmo tema, a perseguição implacável pela lei a homens que no fundo só estão tentando sobreviver ao ambiente violento em que encontram. Olhando por esse lado não há muita diferença entre o pistoleiro interpretado por Gregory Peck e o veterano do Vietnã feito por Stallone. Além de carismáticos são extremamente resistentes.

Um exemplo disso acontece quando o personagem de Peck fica encurralado pelos Apaches bem no meio do deserto. Sem saída procura se proteger embaixo de sua velha carruagem, mas isso acaba se tornando praticamente impossível pelas circunstâncias em que se encontra. O desfecho acaba sendo um dos momentos marcantes do filme. Curiosamente o filme foi realizado não no Novo México e nem no Arizona, locais tradicionais onde eram rodados filmes de westerns nos Estados Unidos, mas sim em Israel! Isso mesmo, a produção foi rodada em pleno deserto israelense, no Oriente Médio. Os produtores tomaram essa decisão não apenas em razão dos custos mais baixos de se filmar por lá, mas também por ser aquela região uma das mais secas do mundo, o que a tornava ideal para a história do filme. Enfim, fica a recomendação desse “Matando Sem Compaixão”, um western de ação que certamente vai agradar aos apreciadores desse tipo de filme de faroeste mais cru e violento.

Matando Sem Compaixão (Billy Two Hats, Estados Unidos, Israel, 1974) Direção: Ted Kotcheff /  Roteiro: Alan Sharp / Elenco: Gregory Peck, Desi Arnaz Jr, Jack Warden, David Huddleston, Sian Barbara Allen / Sinopse: O Xerife  Henry Gifford (Jack Warden) sai no encalço de dois fugitivos, Arch (Peck) e Billy (Arnaz), bem no meio do deserto, na fronteira entre México e Estados Unidos. O ambiente hostil e árido da região será o palco dessa caçada sem trégua.

Pablo Aluísio.

Caça aos Gângsteres

Título no Brasil: Caça aos Gângsteres
Título Original: Gangster Squad
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Ruben Fleischer
Roteiro: Will Beall, Paul Lieberman
Elenco: Josh Brolin, Sean Penn, Ryan Gosling, Emma Stone, Nick Nolte, Giovanni Ribisi 

Sinopse:
Na Los Angeles da década de 1930, um policial honesto chamado John O'Mara (Josh Brolin) forma um esquadrão de tiras para atuarem fora da lei. A missão é destruir o império do crime comandado pelo gângster Mickey Cohen (Sean Penn). Filme indicado ao Golden Trailer Awards e ao World Stunt Awards.

Comentários:
Um filme bem produzido, com excelente elenco, contando a história real do gângster Mickey Cohen? Ora, não poderia haver nada tão promissor. Porém o filme, apesar de todo o capricho no design de produção, cenários, figurinos, etc, não conseguiu me empolgar. O elenco, como já frisei, é um dos melhores já reunidos nos últimos anos, mas o resultado final realmente deixa a desejar. O filme não foi um fracasso de bilheteria, pelo contrário, gerou lucro, mas bem abaixo do que era esperado. E aqui temos um velho problema do cinema americano se repetindo. A tentativa de sempre procurar fazer algo comercial demais, acaba estragando muitos filmes. É o caso aqui. Os realizadores deveriam ter optado por um clima mais realista, mais de acordo com os acontecimentos do passado. O Mickey Cohen certamente sempre foi um personagem interessante, mas na história real ele passou longe de ser uma espécie de Al Capone de Los Angeles. O roteiro desse filme exagerou bastante nas tintas, assim como Sean Penn que tentando se parecer ao máximo com o gângster acabou usando uma estranha maquiagem. Ryan Gosling é um ótimo ator, mas aqui surge bem apagado. Não tem o espeço suficiente para brilhar. Já Josh Brolin me fez ficar com saudades de Kevin Costner em "Os Intocáveis". Pois é, esse filme até tenta em alguns momentos seguir a obra-prima de Brian De Palma, mas sem conseguir chegar perto. Ficou apenas na tentativa mesmo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Uma Mulher Fantástica

Título no Brasil: Uma Mulher Fantástica
Título Original: Una Mujer Fantástica
Ano de Produção: 2017
País: Chile
Estúdio: Participant, Fabula
Direção: Sebastián Lelio
Roteiro: Sebastián Lelio, Gonzalo Maza
Elenco: Daniela Vega, Francisco Reyes, Luis Gnecco, Aline Küppenheim, Nicolás Saavedra, Amparo Noguera

Sinopse:
Após a morte do companheiro, a transgénero Marina Vidal (Daniela Vega) precisa lidar com todo o preconceito da ex-esposa dele. A família quer que ela desapareça, não vá ao funeral do companheiro e nem lute por seus direitos. Isso tudo cria um clima de tensão entre Marina e os familiares do namorado falecido.

Comentários:
Esse bom filme chileno tem um tema que é mais recorrente do que muitas pessoas podem pensar. Quando um companheiro falece dentro de um relacionamento homossexual há uma série de problemas que surgem envolvendo a família do falecido e o parceiro sobrevivente. No caso desse filme temos a trans Marina que precisa lidar com a ex-esposa do seu companheiro. Ela tenta disfarçar todo o preconceito que nutre pela protagonista, mas isso vai criando uma situação insuportável. Pior é o filho, que ameaça Marina abertamente, inclusive partindo para as vias de fato. A atriz Daniela Vega tem bastante talento e sua atuação não se resume apenas em interpretar bem sua personagem. Ela é cantora lírica na vida real. Em dois momentos do filme ela demonstra todo o seu talento no palco, cantando e muito bem. Em suma, um filme LGBT muito bem realizado. De quebra o roteiro ainda levanta questões importantes, principalmente para pessoas da area jurídica. Não sei como anda as coisas no Chile, mas pelo menos no Brasil as relações homossexuais são amplamente protegidas pela lei e pela jurisprudência. Essa história no Brasil teria todo o amparo da lei e da justiça.

Pablo Aluísio.

Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu

Título no Brasil: Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu
Título Original: Airplane!
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Jim Abrahams, David Zucker
Roteiro: Jim Abrahams, David Zucker
Elenco: Robert Stack, Leslie Nielsen, Lloyd Bridges, Robert Hays, Julie Hagerty, Kareem Abdul-Jabbar,

Sinopse:
Durante uma viagem de avião, um dos pilotos morre, causando um grande caos entre a tripulação e os passageiros. Caberá agora a uma jovem aeromoça a complicada tarefa de pousar aquele enorme avião no aeroporto mais próximo. Salve-se quem puder! Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme - comédia ou musical. Também indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor roteiro.

Comentários:
Sem favor algum digo que esse foi o maior e melhor besteirol já produzido por Hollywood. Uma obra prima assinada pelo talentoso trio ZAZ (formado pelos irmãos Zucker e por Jim Abrahams). Eles foram geniais ao criarem essa sátira mordaz aos filmes da franquia "Aeroporto" que era um dos maiores sucesssos dos anos 70 e 80. Curiosamente esse filme de certa forma enterrou os filmes de "Aeroporto" porque depois dele ninguém mais levou à sério aquela linha de cinema catástrofe. Outro aspecto interessante é que o ZAZ escalou um elenco de atores que não eram comediantes. Todos os principais nomes do elenco era formado por veteranos sérios do cinema nos anos 50. Inclusive Leslie Nielsen, que depois desse filme encontrou um novo rumo na carreira, estrelando uma série sem fim de filmes nesse mesmo estilo. Comédias desmioladas que satirizavam grandes sucesso de cinema. O sucesso foi tão grande na época que uma sequência foi logo filmada e lançada logo em seguida. Era uma novidade completa, pois não havia filmes produzidos nesse esquema. Era algo inovador e muito divertido. Hoje em dia o filme de certa maneira perdeu parte de sua força porque foi imitado por anos. Além disso os mais jovens não conhecem mais os filmes da marca "Aeroporto". Mesmo assim devo dizer que as piadas funcionam, sem sua maioria, mesmo revisto hoje em dia. Enfim, uma comédia para ter na coleção, um ótimo momento do humor dos Estados Unidos. Hilário e até hoje imperdível.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

À Véspera da Morte

William Barclay "Bat" Masterson (1853 – 1921) foi um dos mais famosos xerifes do velho oeste. Elegante, sempre se vestia muito bem, mas não deixava de impor a lei e a ordem nas cidades onde exercia suas funções. Sua história pessoal e seus feitos deram origem a vários filmes e até mesmo a uma bem sucedida série de TV nas décadas de 1950 e 1960. Até música de sucesso virou no Brasil na voz de Carlos Gonzaga. Esse “À Véspera da Morte” é mais um bom western que tem como tema principal a história da vida de Bat Masterson. Nesse filme ele é interpretado por Joel McCrea. O roteiro se foca nos primeiros anos de Masterson. Após se envolver numa confusão numa pequena cidade do velho oeste, Bat resolve ir até Dodge City, onde seu irmão Ed Masterson (Harry Lauter) está profundamente envolvido na eleição do próximo xerife da cidade. Acontece que o atual xerife de Dodge City, o corrupto Jim Regan (Don Haggerty), está também tentando a sua reeleição. No meio do acirramento de ânimos pela disputa do cargo, Ed Masterson acaba sendo morto covardemente, nas sombras da noite. Só então a partir daí que Bat Masterson resolve ele próprio se candidatar a xerife da cidade. Com fama de rápido no gatilho e pistoleiro acaba vencendo o pleito, mas terá que provar o seu valor ao tentar impor ordem em Dodge City pois o lugar é infestado de criminosos, bêbados e desordeiros de todo tipo.

Algumas coisas me chamaram atenção nesse “The Gunfight at Dodge City”. O roteiro é bastante econômico e eficiente e não perde muito tempo em subtramas paralelas, muito provavelmente por causa de sua curta duração. Joel McCrea está muito bem no papel de Bat Masterson. Assim que é eleito o novo xerife da cidade ele começa a se vestir com aquela roupa característica desse personagem, terno e chapéu preto acompanhados da famosa gravata ao estilo francês. A única coisa que faltou mesmo no figurino clássico de Bat Masterson foi sua inseparável bengala, mas aqui é fácil de entender sua ausência. Masterson só começaria a usá-la muitos anos depois ao ser atingido por uma bala em seu joelho. Como a estória desse filme se passa antes desse evento era mais do que natural que o personagem surgisse sem esse acessório.

O vilão do enredo é obviamente o xerife Jim Regan que não se destaca muito. A produção é da Mirisch Corporation, uma produtora que sabia muito bem conciliar filmes de orçamentos baixos com bons resultados cinematográficos. Enfim, como não recomendar um western em que Joel McCrea interpreta o lendário Bat Masterson? Simplesmente impossível. Por isso não deixe de assistir e se possível procure ter o filme em sua coleção. Será uma bela aquisição.

À Véspera da Morte (The Gunfight at Dodge City, Estados Unidos, 1959) Direção: Joseph M. Newman / Roteiro: Martin Goldsmith, Daniel B. Ullman / Elenco: Joel McCrea, Julie Adams, John McIntire, Don Haggerty, Harry Lauter / Sinopse: Após chegar em Dodge City pela primeira vez o pistoleiro Bat Masterson (Joel McCrea) resolve disputar a eleição de xerife da cidade após a morte covarde de seu irmão mais velho, Ed Masterson. A decisão irá colocar a pequena cidade do velho oeste em pé de guerra.

Pablo Aluísio.

O Céu Pode Esperar

Ao morrer, Henry Van Cleve (Don Ameche) decide por conta própria se dirigir até o inferno onde é recebido cordialmente por um sujeito que responde apenas por “Excelência” (uma metáfora para o diabo em pessoa mesmo). Embora Henry queira ir logo para o “andar de baixo” o diabo não está convencido que esse seja realmente o seu lugar. Para convencer o dito cujo, Henry começa a recordar toda a sua vida, como que tentando demonstrar que o céu definitivamente também não era o seu lugar. Assim começa a trama sui generis de “O Céu Pode Esperar” (também conhecido como “O Diabo Disse Não”). O roteiro, muito bem escrito, se desenvolve enquanto o narrador-defunto vai contando os acontecimentos de sua existência. É um estilo narrativo que lembra inclusive o nosso Machado de Assis em sua famosa obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Nascido em família rica de Nova Iorque, Henry é cercado por luxo e riqueza desde a infância. Garoto travesso e desobediente, segue implicando com empregados e membros de sua família. Quando se torna jovem acaba roubando a noiva de seu primo, o advogado almofadinha Albert Van Cleve (Allyn Joslyn). O que parece ser um caso de impulso típico de jovens se revela porém um grande amor que atravessa décadas. Ao lado de Martha (Gene Tierney) ele finalmente encontra o equilíbrio em sua vida.

“O Céu Pode Esperar” é um filme acima de tudo muito elegante. Figurinos luxuosos, cenas bem realizadas, com muita pompa e glamour. A sociedade rica de Nova Iorque do final do século XIX é muito bem retratada e reconstituída. De certa forma a produção classe A mostra bem a fina elegância que rondava todos os filmes assinados pelo brilhante diretor Ernst Lubitsch. Veterano, gostava de realizar filmes que enchiam os olhos. Era adepto do cinema espetáculo, que mostrava pessoas ricas e sofisticadas. Curiosamente o cineasta não se deu muito bem com a atriz Gene Tierney. Em entrevistas ela chegou ao ponto de chamá-lo de “ditador”. Na realidade Lubitsch sempre foi um perfeccionista nato, que chegava quase às raias da obsessão. Quem ganhava no final das contas era o espectador.

O resultado como se pode conferir aqui era dos melhores, com muita sofisticação. O roteiro foi baseado em uma peça de teatro que fez grande sucesso no rádio. Nessa versão radiofônica o personagem Henry já havia sido interpretado por Don Ameche e por isso ele foi novamente escalado. Sua atuação foi tão bem realizada que ele próprio, muitas décadas depois, afirmou que essa sempre fora a atuação preferida de sua filmografia, dentre tantas que realizou ao longo da vida. No final tudo saiu a contendo. O filme fez bastante sucesso e acabou sendo indicado nas principais categorias do Oscar, entre elas Melhor Filme, Melhor Fotografia e Melhor Direção. Para quem aprecia o cicnema do passado é uma ótima dica conhecer esse excelente filme.

O Céu Pode Esperar / O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, Estados Unidos, 1943) Direção: Ernst Lubitsch / Roteiro: Samson Raphaelson baseado na peça de Leslie Bush-Fekete / Elenco: Gene Tierney, Don Ameche, Charles Coburn, Marjorie Main, Laird Cregar / Sinopse: Após morrer aos 70 anos de idade, Henry Van Cleve (Don Ameche) resolve se dirigir até as portas do inferno para pagar por seus pecados. Ao chegar lá o diabo em pessoa (Laird Gregar) decide ouvir sua história para ver se ele realmente merece ir para lá.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de julho de 2020

O Parceiro do Diabo

Após cumprir uma sentença de sete anos de prisão, o ladrão de bancos e pistoleiro Clay Lomax (Gregory Peck) finalmente volta para as ruas. Seu primeiro objetivo agora em liberdade é procurar seu antigo parceiro de roubos, o traidor Sam Foley (James Gregory). Acontece que no último roubo da dupla, Sam procurando ficar com todo o dinheiro do banco roubado, acabou atirando pelas costas em Clay, o deixando gravemente ferido e à mercê dos homens da lei. Depois de um tempo em recuperação foi finalmente enviado para a prisão para cumprir sua sentença por roubo a bancos. Livre finalmente, Clay agora procura por vingança, para um acerto de contas final. O problema é que sem aviso Clay acaba recebendo uma encomenda inesperada. Uma antiga amante lhe deixa de “presente” uma pequena garotinha de apenas cinco anos, que fará balançar o coração do velho durão! “O Parceiro do Diabo” é um western diferente. Ao mesmo tempo em que lida com a mitologia da vingança no velho oeste, tema de tantos filmes ao longo desses anos, também mostra um lado mais sentimental e humano na relação que nasce entre um velho pistoleiro e uma criança, que pode ou não ser sua filha. De certa forma o tema já tinha sido explorado antes com grande êxito em “Bravura Indômita” do mesmo diretor, mas aqui surge com mais suavidade e frescor.

O ator Gregory Peck era um excelente escolha para esse tipo de personagem, a do sujeito durão, disposto a resolver tudo com seu revólver, mas ao mesmo tempo um homem de bom coração. É incrível como mesmo interpretando um ladrão de bancos, ele conseguia trazer toda aquela dignidade pessoal que foi tão presente em toda sua carreira. O elenco de apoio também é excelente com destaque para Robert F. Lyons no papel do cowboy e também pistoleiro Bobby Jay Jones. Poucas vezes vi um vilão de western tão irritantemente insuportável, sádico e sem escrúpulos como ele. Em uma das cenas mais lembradas de “O Parceiro do Diabo” ele faz toda uma família refém e começa a fazer das crianças seu alvo humano, mandando colocar copos de vidros em suas cabeças para treinar sua pontaria. Além disso seu jeito um tanto quanto imaturo e sem noção o torna ainda mais perigoso. Lyons está perfeito em sua caracterização, chegando inclusive a ofuscar o grande mito Peck nas cenas em que atuam juntos. Aliás é bom destacar que o duelo final entre ambos também é um dos melhores já vistos em filmes dessa época. Clay resolve devolver na mesma moeda o sadismo de Jones.

O diretor Henry Hathaway era realmente um cineasta com talento de artesão pois conseguia realizar grandes filmes mesmo com roteiros e enredos aparentemente simples, sem grandes pretensões. Infelizmente esse “O Parceiro do Diabo” foi seu último grande faroeste no cinema. Com problemas de saúde, só dirigiria mais um filme, “Hongup”, três anos depois.  Não faz mal, produções como essa lhe garantiram o lugar no Olimpo dos grandes mestres do western americano. Uma despedida à altura para uma carreira tão marcante no gênero.

O Parceiro do Diabo (Shoot Out, Estados Unidos, 1971) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Marguerite Roberts baseada na novela de Will James / Elenco: Gregory Peck, Patricia Quinn, Robert F. Lyons, James Gregory, Susan Tyrrell / Sinopse: Após cumprir sete anos de prisão por assalto a bancos o pistoleiro Clay Lomax (Gregory Peck) resolve sair no encalço de seu antigo parceiro de crimes, o traidor Sam Foley (James Gregory). Seus planos porém mudam após ele receber de “presente” de uma antiga amante uma garotinha de apenas cinco anos de idade para cuidar!

Pablo Aluísio.

Desta Vez te Agarro

Título no Brasil: Desta Vez te Agarro
Título Original: Smokey and the Bandit II
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Hal Needham
Roteiro: Hal Needham
Elenco: Burt Reynolds, Jackie Gleason, Jerry Reed, Dom DeLuise, Sally Field, Paul Williams

Sinopse:
O destemido Bandit (Burt Reynolds) faz outra corrida com seu carrão envenenado, agora rompendo todos os limites, transportando um elefante da Flórida para o Texas. E mais uma vez acaba sendo perseguido pelo xerife Buford T. Justice (Jackie Gleason) que jura pegá-lo nas estradas.

Comentários:
Continuação de Agarra-me se Puderes (1977). É a tal coisa, se o primeiro fez sucesso, rendeu ótima bilheteria, por que iriam desperddiçar a chance de levar a franquia em frente? E as coisas não iriam parar por aqui pois um terceiro filme seria realizado alguns anos depois, Agora Você Não Escapa (1983). A bem da verdade nenhum desses filmes foi grande coisa, mas eram produções adoradas pelo público que ia ao cinema nos anos 1970, 1980. O Burt Reynolds era um astro nessa época, lotando cinemas e causando alvoroço por onde passava. Esse filme em especial não tem grande diferença do primeiro a não ser um enorme elefante (isso mesmo, um elefante) que o protagonista tenta levar de um estado para o outro. E ele tem apenas 3 dias para cumprir essa verdadeira façanha. Enfim, assista e mate saudades das antigas sessões da tarde. É coisa antiga, mas que ainda diverte. E misturando com nostalgia funciona ainda melhor.

Pablo Aluísio.