terça-feira, 14 de julho de 2020

O Parceiro do Diabo

Após cumprir uma sentença de sete anos de prisão, o ladrão de bancos e pistoleiro Clay Lomax (Gregory Peck) finalmente volta para as ruas. Seu primeiro objetivo agora em liberdade é procurar seu antigo parceiro de roubos, o traidor Sam Foley (James Gregory). Acontece que no último roubo da dupla, Sam procurando ficar com todo o dinheiro do banco roubado, acabou atirando pelas costas em Clay, o deixando gravemente ferido e à mercê dos homens da lei. Depois de um tempo em recuperação foi finalmente enviado para a prisão para cumprir sua sentença por roubo a bancos. Livre finalmente, Clay agora procura por vingança, para um acerto de contas final. O problema é que sem aviso Clay acaba recebendo uma encomenda inesperada. Uma antiga amante lhe deixa de “presente” uma pequena garotinha de apenas cinco anos, que fará balançar o coração do velho durão! “O Parceiro do Diabo” é um western diferente. Ao mesmo tempo em que lida com a mitologia da vingança no velho oeste, tema de tantos filmes ao longo desses anos, também mostra um lado mais sentimental e humano na relação que nasce entre um velho pistoleiro e uma criança, que pode ou não ser sua filha. De certa forma o tema já tinha sido explorado antes com grande êxito em “Bravura Indômita” do mesmo diretor, mas aqui surge com mais suavidade e frescor.

O ator Gregory Peck era um excelente escolha para esse tipo de personagem, a do sujeito durão, disposto a resolver tudo com seu revólver, mas ao mesmo tempo um homem de bom coração. É incrível como mesmo interpretando um ladrão de bancos, ele conseguia trazer toda aquela dignidade pessoal que foi tão presente em toda sua carreira. O elenco de apoio também é excelente com destaque para Robert F. Lyons no papel do cowboy e também pistoleiro Bobby Jay Jones. Poucas vezes vi um vilão de western tão irritantemente insuportável, sádico e sem escrúpulos como ele. Em uma das cenas mais lembradas de “O Parceiro do Diabo” ele faz toda uma família refém e começa a fazer das crianças seu alvo humano, mandando colocar copos de vidros em suas cabeças para treinar sua pontaria. Além disso seu jeito um tanto quanto imaturo e sem noção o torna ainda mais perigoso. Lyons está perfeito em sua caracterização, chegando inclusive a ofuscar o grande mito Peck nas cenas em que atuam juntos. Aliás é bom destacar que o duelo final entre ambos também é um dos melhores já vistos em filmes dessa época. Clay resolve devolver na mesma moeda o sadismo de Jones.

O diretor Henry Hathaway era realmente um cineasta com talento de artesão pois conseguia realizar grandes filmes mesmo com roteiros e enredos aparentemente simples, sem grandes pretensões. Infelizmente esse “O Parceiro do Diabo” foi seu último grande faroeste no cinema. Com problemas de saúde, só dirigiria mais um filme, “Hongup”, três anos depois.  Não faz mal, produções como essa lhe garantiram o lugar no Olimpo dos grandes mestres do western americano. Uma despedida à altura para uma carreira tão marcante no gênero.

O Parceiro do Diabo (Shoot Out, Estados Unidos, 1971) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Marguerite Roberts baseada na novela de Will James / Elenco: Gregory Peck, Patricia Quinn, Robert F. Lyons, James Gregory, Susan Tyrrell / Sinopse: Após cumprir sete anos de prisão por assalto a bancos o pistoleiro Clay Lomax (Gregory Peck) resolve sair no encalço de seu antigo parceiro de crimes, o traidor Sam Foley (James Gregory). Seus planos porém mudam após ele receber de “presente” de uma antiga amante uma garotinha de apenas cinco anos de idade para cuidar!

Pablo Aluísio.

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