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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Sinfonia Prateada

A história é bem agradável. Samuel Fulton (Charles Coburn) é um dos homens mais ricos do mundo. Magnata da indústria percebe que sua vida está chegando ao fim e ele não tem a quem deixar sua fortuna milionária. Nunca se casou e nunca teve filhos, pois sua vida sempre foi focada no mundo dos negócios. Nesse momento lembra-se de uma antiga paixão, que já não vive mais. Resolve então transformar em herdeiros a filha e os netos de seu amor do passado, mas antes disso resolve ir conhecer a todos pessoalmente. Se fazendo passar por um velho artista aposentado, vivendo de empregos medíocres, chamado John Smith, ele se hospeda na casa da família para entender se eles merecem mesmo se tornarem seus herdeiros após sua morte. A experiência mudará a vida de todos, mas principalmente a do velho milionário.

"Sinfonia Prateada" é um primor. Dirigido por Douglas Sirk, o filme reúne um ótimo elenco, aliado a uma produção muito bem realizada, embalada por uma estória cativante. Sirk realizou uma fina comédia de costumes, onde mostra que dinheiro e riqueza podem apenas revelar o verdadeiro caráter das pessoas, mas nunca mudar sua verdadeira essência. O milionário que se faz passar por pobre velhinho sem ter onde cair morto é um achado. Interpretado excepcionalmente bem pelo talentoso Charles Coburn, ele é a alma da produção. Em determinado momento resolve testar a verdadeira personalidade da família que está conhecendo (e estudando) para ver como eles se comportam como novos ricos. Doa 100 mil dólares para observar como aquela família reage com um dinheiro desses. Claro que a partir desse momento tudo muda. A família que era unida e muito humana se torna vaidosa, dada a exageros, indo parar na pura cafonice. John Smith, claro, assiste tudo sem revelar sua verdadeira identidade.

 Uma das melhores coisas de "Sinfonia Prateada" é seu elenco. A começar pelos figurantes - isso mesmo! Imagine que numa ponta não creditada temos nada mais, nada menos, do que o mito James Dean em cena! Foi uma das primeiras oportunidades que teve em Hollywood. Ele interpreta o pequeno papel de um jovem desmiolado que pede um complicado sundae para John Smith, naquela altura de seu disfarce trabalhando como balconista de uma pequena mercearia. São poucos minutos em cena mas que entraram para a história do cinema. Já outro astro, Rock Hudson, faz o papel de um pobretão que quer casar com a doce Millicent Blaisdell (Piper Laurie), mas vê suas chances diminuírem consideravelmente após perceber que ela ficou rica da noite para o dia! Embora todos os jovens atores estejam marcantes de uma forma ou outra, temos que admitir que o filme pertence mesmo ao veterano Charles Coburn, que está realmente arrasador em seu personagem - que aliás é o principal de todo o enredo. Em suma, "Has Anybody Seen My Gal" é realmente uma delícia de filme. Encantador, charmoso e nostálgico, é aquele tipo de obra que nos deixam mais leves e felizes no final da exibição.

Sinfonia Prateada (Has Anybody Seen My Gal, Estados Unidos, 1952) Estúdio: Universal Pictures / Direção: Douglas Sirk / Roteiro: Joseph Hoffman, Eleanor H. Porter / Elenco: Piper Laurie, Rock Hudson, Charles Coburn, James Dean, Gigi Perreau / Sinopse: Velho milionário decide "testar" uma família de sua cidade para saber se eles seriam dignos de herdar sua grande herança.

Pablo Aluísio.


quarta-feira, 15 de julho de 2020

O Céu Pode Esperar

Ao morrer, Henry Van Cleve (Don Ameche) decide por conta própria se dirigir até o inferno onde é recebido cordialmente por um sujeito que responde apenas por “Excelência” (uma metáfora para o diabo em pessoa mesmo). Embora Henry queira ir logo para o “andar de baixo” o diabo não está convencido que esse seja realmente o seu lugar. Para convencer o dito cujo, Henry começa a recordar toda a sua vida, como que tentando demonstrar que o céu definitivamente também não era o seu lugar. Assim começa a trama sui generis de “O Céu Pode Esperar” (também conhecido como “O Diabo Disse Não”). O roteiro, muito bem escrito, se desenvolve enquanto o narrador-defunto vai contando os acontecimentos de sua existência. É um estilo narrativo que lembra inclusive o nosso Machado de Assis em sua famosa obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Nascido em família rica de Nova Iorque, Henry é cercado por luxo e riqueza desde a infância. Garoto travesso e desobediente, segue implicando com empregados e membros de sua família. Quando se torna jovem acaba roubando a noiva de seu primo, o advogado almofadinha Albert Van Cleve (Allyn Joslyn). O que parece ser um caso de impulso típico de jovens se revela porém um grande amor que atravessa décadas. Ao lado de Martha (Gene Tierney) ele finalmente encontra o equilíbrio em sua vida.

“O Céu Pode Esperar” é um filme acima de tudo muito elegante. Figurinos luxuosos, cenas bem realizadas, com muita pompa e glamour. A sociedade rica de Nova Iorque do final do século XIX é muito bem retratada e reconstituída. De certa forma a produção classe A mostra bem a fina elegância que rondava todos os filmes assinados pelo brilhante diretor Ernst Lubitsch. Veterano, gostava de realizar filmes que enchiam os olhos. Era adepto do cinema espetáculo, que mostrava pessoas ricas e sofisticadas. Curiosamente o cineasta não se deu muito bem com a atriz Gene Tierney. Em entrevistas ela chegou ao ponto de chamá-lo de “ditador”. Na realidade Lubitsch sempre foi um perfeccionista nato, que chegava quase às raias da obsessão. Quem ganhava no final das contas era o espectador.

O resultado como se pode conferir aqui era dos melhores, com muita sofisticação. O roteiro foi baseado em uma peça de teatro que fez grande sucesso no rádio. Nessa versão radiofônica o personagem Henry já havia sido interpretado por Don Ameche e por isso ele foi novamente escalado. Sua atuação foi tão bem realizada que ele próprio, muitas décadas depois, afirmou que essa sempre fora a atuação preferida de sua filmografia, dentre tantas que realizou ao longo da vida. No final tudo saiu a contendo. O filme fez bastante sucesso e acabou sendo indicado nas principais categorias do Oscar, entre elas Melhor Filme, Melhor Fotografia e Melhor Direção. Para quem aprecia o cicnema do passado é uma ótima dica conhecer esse excelente filme.

O Céu Pode Esperar / O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, Estados Unidos, 1943) Direção: Ernst Lubitsch / Roteiro: Samson Raphaelson baseado na peça de Leslie Bush-Fekete / Elenco: Gene Tierney, Don Ameche, Charles Coburn, Marjorie Main, Laird Cregar / Sinopse: Após morrer aos 70 anos de idade, Henry Van Cleve (Don Ameche) resolve se dirigir até as portas do inferno para pagar por seus pecados. Ao chegar lá o diabo em pessoa (Laird Gregar) decide ouvir sua história para ver se ele realmente merece ir para lá.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de julho de 2013

O Inventor da Mocidade

O Dr. Barnaby Fulton (Cary Grant) é o químico chefe do departamento de pesquisas de uma grande empresa. Sempre com o pensamento voltado para suas descobertas ele mal consegue pensar no dia a dia de sua vida. Sua esposa, a compreensiva Edwina (Ginger Rogers), tem que ter muita paciência com seu marido que parece estar sempre com o pensamento no mundo da Lua. Um dos sonhos de Barnaby é descobrir a fórmula que retarde o envelhecimento natural das pessoas. Até que um dia ele chega lá. Ao tomar a nova poção (que na realidade foi feita ao acaso por um chipanzé do centro de pesquisa) ele começa a ter reações adversas, inclusive se comportando como um inconseqüente e leviano adolescente, chegando inclusive a levar a bela senhorita Laurel (Marilyn Monroe), secretária do presidente da companhia, para um passeio em alta velocidade no carrão recém comprado por impulso! E agora, como o renomado doutor voltará ao normal?

Começa assim essa simpática comédia “O Inventor da Mocidade”, dirigida pelo talentoso e reverenciado cineasta Howard Hawks. O ator Cary Grant desfila seu talento natural para as comédias de costumes (bem populares na época) mas de certa forma acaba sendo ofuscado por duas atrizes que se tornaram, cada um ao seu estilo, grandes nomes da história do cinema. A que mais chama a atenção é obviamente Marilyn Monroe, linda, bastante jovem e em um papel bem coadjuvante mas já desfilando muita graça, carisma e simpatia com sua presença em cena. O outro destaque é a presença no elenco de Ginger Rogers, a eterna parceira de Fred Astaire. Ela se notabilizou pelas ótimas coreografias ao lado do colega em vários musicais clássicos de sucesso mas aqui exerce basicamente seu talento humorístico (embora dê alguns passinhos em uma cena de dança para agradar aos seus fãs). No geral “O Inventor da Mocidade” não é uma comédia tão marcante mas mantém o interesse e tem cenas realmente divertidas e engraçadas, principalmente quando o casal principal se torna ainda mais jovem, virando pequenas crianças travessas. Procure assistir.

O Inventor da Mocidade (Monkey Business, Estados Unidos, 1952) Direção: Howard Hawks / Roteiro: Ben Hecht, Charles Lederer / Elenco: Cary Grant, Ginger Rogers, Charles Coburn, Marilyn Monroe / Sinopse: Um renomado cientista inventa uma fórmula que rejuvenesce os mais velhos. Tentando verificar a eficácia da nova poção o próprio doutor resolve tomar algumas doses o que dará origem a várias confusões pois ele começa a se comportar como um adolescente inconseqüente.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Anos de Ternura

Título no Brasil: Anos de Ternura
Título Original: The Green Years
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Victor Saville
Roteiro: Robert Ardrey
Elenco: Charles Coburn, Tom Drake, Beverly Tyler, Dean Stockwell, Gladys Cooper, Jessica Tandy

Sinopse:
Com roteiro baseado na novela escrita por A.J. Cronin, o filme "Anos de Ternura" conta a história do jovem irlandês Robert Shannon, Quando seus pais morrem, ele é enviado para morar com seus parentes na Escócia. E lá fica muito próximo do avô, Alexander Gow (Charles Coburn), um homem de bom coração, embora fosse dado a contar lorotas e beber em demasia. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Charles Coburn) e melhor fotografia (George J. Folsey).

Comentários:
Que ótimo filme! Adorei! É uma daquelas belas obras cinematográficas que caem injustamente no esquecimento. É um drama que conta a história de um rapaz que passa a ser criado por uma numerosa família escocesa após a morte de seus pais. E cada um dos parentes que passa a conhecer tem sua própria visão de mundo. Seu tio é um sujeito com mania de economizar em tudo, o que é até compreensível pois a família Leckie não é rica e tendo muitos membros precisa contar com cada centavo. A avó é do tipo austera, religiosa ao extremo. E aqui o filme abre um aspecto interessante. O pequeno rapaz por ter sido criado na Irlanda é católico, mas sua nova família é toda protestante, pois eles são escoceses. Porém nada supera o grande talento do ator Charles Coburn. Ele é o avô do menino. Um homem de coração imenso, mas incorrigível na questão da bebida e da mania de contar mentiras, lorotas sobre seu passado. Coburn foi indicado ao Oscar por esse papel e na minha opinião deveria ter vencido. Ele está excepcional no filme. No mais é um belo clássico do cinema que merece ser conhecido pelas novas gerações. Muitos jovens vão se identificar, principalmente na luta do jovem protagonista em estudar para entrar numa boa universidade. Um tipo de batalha pessoal que é realmente atemporal.

Pablo Aluísio.