terça-feira, 15 de outubro de 2019

Coringa

"Coringa" é um excelente filme! Poucas vezes um personagem de quadrinhos teve um tratamento tão perfeito em termos de desenvolvimento psicológico como o que vemos aqui nessa produção. O espectador inclusive vai se pegar torcendo para um dos vilões mais conhecidos da cultura pop. E isso é fruto da forma como sua história é tecida na tela. Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) é um pobre coitado. Ele tem problemas mentais, uma mãe doente em seu pequeno apartamento e todos os dias sai em busca de sua sobrevivência. E como ela é penosa. Trabalhando como palhaço no meio da rua acaba apanhando de um grupo de jovens delinquentes. Pior do que isso, além de ser muito mal pago ainda é alvo de todos os tipos de humilhações possíveis. Tem alma de artista, mas não tem talento para ser comediante de palco, como tanto sonha. Sua única apresentação é melancólica, depressiva e vira alvo de piadas de um apresentador de TV sem caráter (em mais um ótimo desempenho de Robert De Niro).

Enquanto consegue manter sua medicação Arthur consegue manter, a duras penas, um pé na sanidade. Quando o serviço social de que participa é fechado por corte de custos, Arthur fica sem remédios e ao "Deus dará". A partir desse ponto ele deixa cada vez mais de ser o sofrido Arthur para virar o Coringa, um palhaço criminoso que mata com um riso constrangido no rosto. O filme nesse ponto se torna dramaticamente muito rico, pois ao mesmo tempo que ficamos chocados com os crimes do "Joker", também sentimos uma compaixão pela situação que ele vive. E o curioso é que o roteiro também tem um toque de luta de classes. A família Wayne é retratada como parte de uma elite corrupta, sem sentimentos, mais preocupada em manter o fosso que a separa de uma cidade cheia de pobres e almas desesperadas. Esse aspecto do argumento vai tocar fundo em muitas pessoas - principalmente naquelas que cultivam um viés político mais à esquerda. Embora ele seja uma pessoa apolítica, seu ponto de vista com uma visão negativa do mundo é a que prevalece no filme.

O elenco está excepcional. Desnecessário elogiar a atuação de Joaquin Phoenix, Ele está estupendo! Coloca inclusive o veterano Robert De Niro no bolso e ainda dá troco. A alma de Heath Ledger (que Deus o tenha em boa mãos) que me perdoe, mas ele foi superado nesse papel. Seu Coringa era excepcional, mas ainda era um coadjuvante em um filme de Batman. Aqui temos o palco inteiro para o vilão da DC Comics brilhar. E com um background de história pessoal tão rico fica mesmo complicado superar. Não é de hoje que elogio Phoenix, mas nesse filme ele não apenas superou todos os demais, ele superou a si mesmo. E isso definitivamente não é pouca coisa. Deixo meus aplausos para ele nesse trabalho memorável. Que o Oscar lhe faça justiça na próxima premiação. Torcerei por ele por uma questão de pura justiça e merecimento.

Coringa (Joker, Estados Unidos, Canadá, 2019) Direção: Todd Phillips / Roteiro: Todd Phillips, Scott Silver / Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz / Sinopse: Arthur Fleck (Phoenix) vive um dia de cada vez. Ele mora com a mãe em um pequeno apartamento de Gotham City, uma cidade repleta de sujeira, crimes e violência. Fleck também precisa controlar sua doença mental, mas a cada dia isso vai se tornando cada vez mais complicado. A insanidade sempre parece estar batendo sua porta. E nessas ocasiões o Joker pode entrar em sua vida de uma vez por todas.

Pablo Aluísio. 

Fugindo do Inferno

Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio. Se compararmos os dois porém veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima do anterior, fruto é óbvio do grande sucesso do famoso western. Por trás das câmeras se sobressai o trabalho do excelente (e subestimado) John Sturges, que aqui entrega uma pequena obra prima dos filmes de guerra.

O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga (que foi real e aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial). Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. Aliás essa falta de veracidade seria satirizada anos depois na comédia "Top Secret" de 1984. O fato é que "Fugindo do Inferno" é acima de tudo uma obra de entretenimento e não esconde isso, principalmente em seus letreiros iniciais quando deixa claro que embora baseado em história real houve várias mudanças nos personagens, locais e tempo em que aconteceram os fatos reais. Longo em sua duração o filme não cansa o espectador pois a trama é muito bem amarrada e mantém o interesse. O roteiro também causa surpresa por ter basicamente dois finais, o primeiro na fuga e o segundo nos acontecimentos que ocorreram após a mesma ter sido levado a cabo. De qualquer forma "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Se não conhece ainda não deixe de assistir.

Fugindo do Inferno (The Great Escape, EUA, 1963) Direção: John Sturges / Roteiro: James Clavell, W.R. Burnett baseados no livro de Paul Brickhill / Elenco: Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, James Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, James Coburn, Hannes Messemer, David McCallum / Sinopse: Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito.

Pablo Aluísio.

Jovens Demais Para Morrer

Roteiro e Argumento: O roteiro de Young Guns II mistura fatos reais com ficção. De forma geral é bem mais fantasioso do que o primeiro filme. Existem cenas que jamais aconteceram na história real como o encontro de Billy The Kid com o governador. Outras são totalmente corretas do ponto de vista histórico como a fuga de Billy da delegacia e a morte dos dois homens da lei. De maneira em geral o roteiro adaptou muita coisa para dar mais agilidade ao filme no que fez bem pois o resultado final é bem dinâmico e não há problemas de ritmo na fita.

Produção: Essa franquia Young Guns sempre foi muito bem produzida. Filmada no Arizona o clima da região em que viveu Billy The Kid é muito bem recriada em cena (embora a história real tenha se passado no Novo México, muito mais árido e inóspito). De resto tudo está muito bem fiel, tanto do ponto de vista de figurinos (Billy quase sempre está com roupas modestas) como de costumes (apenas o bordel mostrado do filme é muito mais luxuoso do que realmente era na época).

Direção: Esse é o filme de maior projeção da carreira do diretor Geoff Murphy. Dele só consigo me lembrar do péssimo Freejack, aquele filme B com o Mick Jagger. De qualquer forma temos que reconhecer que seu trabalho aqui está muito bom. Na verdade alguns membros da equipe dizem que o filme foi co-dirigido por Emilio Estevez que apenas não quis se comprometer assinando a direção também.

Elenco: A franquia Young Guns é conhecida por reunir em seu elenco jovens atores que estavam na crista da onda na época. Assim temos além de Emilio Estevez como Kid, os atores Kiefer Sutherland (Garotos Perdidos), Lou Diamond Phillips (La Bamba). Como coadjuvantes algumas boas surpresas como a presença do veterano James Coburn e de Alan Ruck (O amigo de Mathew Broderick em Curtindo A Vida Adoidado).

Jovens Demais Para Morrer (Young Guns II, EUA, 1990) Direção: Geoff Murphy / Roteiro: Geoff Murphy / Elenco: Emilio Estevez, Kiefer Sutherland, Lou Diamond Philiphs, Christian Slater, Alan Ruck, James Coburn e Viggo Mortensen / Sinopse: O filme narra os últimos momentos da vida do famoso pistoleiro Billy The Kid (Emilio Estevez) ao mesmo tempo em que levanta a curiosa hipótese em que Billy não teria sido morto por Pat Garret como diz a história oficial mas sim que teria sobrevivido e chegado à velhice, onde finalmente revela sua verdadeira identidade.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro

Esse filme de terror foi lançado recentemente nos cinemas brasileiros e até fez uma carreira bem sucedida no circuito comercial. Assim que comecei a assistir ao filme pude perceber duas influências bem óbvias. A primeira vem em relação ao próprio "It" de Stephen King. Assim como no filme do palhaço temos aqui um grupo de adolescentes que começam a lidar com uma força sobrenatural poderosa. E tudo se passa numa pequena cidadezinha do interior. Numa noite de Halloween eles decidem entrar numa velha casa assombrada. Ali viveu uma rica família no passado, dona de uma fábrica da região. A filha do industrial era trancada em seu quarto, dada como louca. Enclausurada ela passou a escrever histórias de terror em um caderno e essas histórias acabaram saindo das páginas de papel para o mundo real. A jovem garota do grupo de adolescentes acaba encontrando esse manuscrito e abre uma maldição que vai atingir a todos.

Inicialmente pensei que o filme iria ter várias histórias relativamente independentes, como era comum em produções de terror dos anos 70 e 80, mas o diretor André Øvredal optou por uma linha narrativa mais tradicional, com um gancho central puxando todos os acontecimentos. A segunda semelhança com o sucesso de Stephen King vem do uso de criaturas sobrenaturais. Só que aqui devo confessar que fiquei um pouco decepcionado pois em se tratando de um filme que tem Guillermo del Toro como um dos roteiristas era de se esperar por algo mais criativo. Assim temos um espantalho que ganha vida no meio do milharal (e que não é nenhuma novidade em filmes de terror), um ser disforme que perde partes do seu corpo enquanto persegue suas vítimas e até uma estranha mulher gorda que absorve literalmente suas presas. Não é nada muito impactante. Por fim no quesito propriamente dito de dar sustos na plateia, devo dizer que não existe nada de muito assustador aqui. E isso não é uma boa notícia para um filme que se chama "Histórias Assustadoras para Contar no Escuro".

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (Scary Stories to Tell in the Dark, Estados Unidos, Canadá, China, 2019) Direção: André Øvredal / Roteiro: Guillermo del Toro, Dan Hageman, Kevin Hageman / Elenco: Zoe Margaret Colletti, Michael Garza, Gabriel Rush / Sinopse: Garota colegial e seus amigos de escola acabam achando um livro amaldiçoado numa velha casa assombrada. Nas páginas desse manuscrito todas as histórias de terror que são lidas acabam acontecendo no mundo real, trazendo horror e desespero para os moradores de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos.

Pablo Aluísio. 

domingo, 13 de outubro de 2019

Jogo Entre Ladrões

Mais um filme sobre roubo de joias. Esse é um nicho ainda bem popular no cinema. Aqui dois ladrões profissionais interpretados por Morgan Freeman e Antonio Banderas, resolvem unir forças para roubar as milionárias joias que um dia pertenceram à dinastia Romanov da Rússia. O principal alvo vai para os famosos ovos Fabergé, maravilhosas peças cravejadas dos mais caros e finos diamantes. Cada uma valendo algo em torno de 20 milhões de dólares. O problema passa a ser colocar as mãos nessas peças, uma vez que elas ficam em um cofre com os mais modernos e rígidos esquemas de segurança. Para piorar a máfia russa entra na jogada e começa a chantagear os dois ladrões, pois caso eles não consigam roubar os ovos, a bela namorada de Banderas no filme será executada. 

Bom, considerei um filme bem na média. É uma fita rápida, com pouco mais de 90 minutos de duração. Não se perde muito tempo tentando desenvolver os personagens principais. Tudo é posto com uma relativa pressa em meu ponto de vista. Há uma ou outra cena mais sensual entre Banderas e a linda atriz australiana  Radha Mitchell (uma tremenda gata!) com cenas moderadas de nudez e sexo, mas fora disso tudo se concentra mesmo nos preparativos do roubo e na execução final dos planos. Nessas cenas do roubo propriamente dito é que está o calcanhar de Aquiles desse filme pois não vi nada de muito original ou criativo. Fica na média mesmo, mais do mesmo. Teria sido interessante ao roteiro desenvolver melhor a história das joias, como elas foram feitas, etc, mas como já escrevi o filme foi feito mesmo para ser algo rápido, sem delongas. No geral é apenas mediano. Uma dessas produções de roubos mirabolantes que apenas cumpre tabela, sendo de rotina. Nada espetacular ou memorável. Dá para assistir... e é só!

Jogo Entre Ladrões (Thick as Thieves, Estados Unidos, 2009) Direção: Mimi Leder / Roteiro: Ted Humphrey / Elenco: Morgan Freeman, Antonio Banderas, Radha Mitchell, Robert Forster, Rade Serbedzija / Sinopse: Dois ladrões profissionais unem forças para roubar as joias da dinastia Romanov, peças históricas e de grande valor no mercado negro. O problema vai ser superar o mais moderno sistema de segurança do cofre onde elas se encontram.

Pablo Aluísio.

Os Quatro Heróis do Texas

Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA. "Os Quatro Heróis do Texas" é uma produção muito fraca estrelada pelos dois maiores nomes do chamado Rat Pack, Sinatra e Martin. Eles já estiveram bem melhores antes mas aqui não convencem, não fazem rir e nem divertem. O filme tem um timing de comédia pastelão que nunca encontra o tom certo. As piadas são fracas e as situações não agradam. Sinatra está particularmente antipático em um papel sem qualquer empatia. Martin está um pouco melhor mas seu personagem também não ajuda muito. O título nacional mais uma vez se mostra equivocado pois não há nenhum herói na estória. Os tais quatro citados são Sinatra, Martin e as atrizes beldades Ursula Andress e Anita Ekberg. Essa última já havia contracenado com Dean Martin numa comédia ao lado de Jerry Lewis chamada "Ou Vai Ou Racha". Aqui ela repete o mesmo papel de mulher deslumbrante, só que servindo de par romântico para o apático Sinatra. Já a Bond Girl Ursula Andress não mostra a que veio em um personagem de nome masculino (Max) que pouco acrescenta no resultado final.

O que mais me deixou surpreso aqui é que o filme não foi dirigido por um diretor medíocre mas sim pelo excelente cineasta Robert Aldrich de tantos títulos marcantes em seu filmografia. Ele não só dirigiu a fita como a produziu. O que deu errado dessa vez? Acredito que o problema central de "Os Quatro Heróis do Texas" seja seu roteiro tolo e abobado que não consegue convencer nem como western e nem como comédia. Nem a participação especial dos Três Patetas consegue levantar a bola do humor do filme. Tudo é muito frouxo e sem graça. As piadas não funcionam e definitivamente Sinatra não tinha talento para esse tipo de filme. Em suma, um grande desperdício no final das contas. "Os Quatros Heróis do Texas" pode ser resumido como um filme ruim que foi dirigido por um excelente diretor e com um bom elenco. Pena que deu tudo errado.

Os Quatro Heróis do Texas (4 For Texas, EUA, 1963) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Teddy Sherman, Robert Aldrich / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Ursula Andress, Anita Ekberg / Sinopse: Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA.

Pablo Aluísio. 

Sabrina

Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora muito a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem. "Sabrina" é o mais elegante filme da carreira de Billy Wilder. Tudo é de muito bom gosto na produção - roupas de grife, trilha sonora de alto nível e um clima de sofisticação que impera em todas as cenas. Audrey Hepburn encontra em Sabrina um papel bem adequado ao seu estilo de interpretação. Seus pretendentes em cena, Humphrey Bogart e William Holden, também estão muito bem em seus respectivos personagens, dois irmãos que são opostos entre si, o primeiro trabalhador e responsável e o segundo um playboy incorrigível.

Durante muitos anos "Sabrina" virou um ícone dos filmes românticos em Hollywood tanto que daria origem até mesmo a uma série de publicações de mesmo nome que exploravam bem um clima de romance idealizado, escrito e consumido por jovens que sonhavam com seu príncipe encantado. Curiosamente no filme Audrey acaba tendo que escolher entre a paixão platônica de sua adolescência ou a figura de um homem mais equilibrado e seguro de si o que demonstra que nem sempre o homem de seus sonhos é aquele que você pensava ser o ideal. Outro fato interessante é perceber como Audrey, mesmo no começo de sua carreira, não se mostra intimidada de contracenar com o mito Bogart que aqui deixa de lado seus personagens cínicos e perigosos que desempenhava em seus outros filmes. Na verdade ele entrou no elenco na última hora pois o ator que havia sido escalado inicialmente, Cary Grant, não se recuperou de um acidente que havia sofrido e por determinação médica foi afastado do filme. Já William Holden está bem diferente da imagem que estamos acostumados, ele surge em cena de cabelo pintado, um loiro falso que chama a atenção pelo exagero. "Sabrina" fez sucesso de público e crítica quando foi lançado. Concorreu a vários prêmios da Academia e levou o Oscar de Melhor Figurino (para Edith Head, uma veterana em Hollywood). Já o diretor Billy Wilder, que também assinava o roteiro, foi premiado pelo Globo de Ouro por seu belo texto. O filme ganharia uma nova versão na década de 90 com Harrison Ford mas esse remake era infinitamente inferior. Melhor ficar com o original mesmo, "Sabrina" é sem dúvidas uma ótima dica para o cinéfilo que procura um filme clássico com muita classe e elegância. Pode assistir sem receios que não vai se arrepender.

Sabrina (Sabrina, EUA, 1954) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, Samuel Taylor, Ermst Lehman / Elenco: Audrey Hepburn, Humphrey Bogart, William Holden / Sinopse: Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem.

Pablo Aluísio.

Justiceiro Implacável

Título no Brasil: Justiceiro Implacável
Título Original: Rooster Cogburn
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Stuart Millar
Roteiro: Charles Portis
Elenco: John Wayne, Katharine Hepburn, Anthony Zerbe, Richard Jordan, John McIntire, Paul Koslo
  
Sinopse:
Com roteiro escrito por Charles Portis, baseado em personagens da novela "True Grit" de Martha Hyer, o filme mostra a estória do velho xerife Rooster Cogburn (John Wayne) que resolve ajudar Eula Goodnight (Katharine Hepburn) na caça dos bandidos que assassinaram seu pai numa missão religiosa em um lugar remoto do Oregon. Juntos, eles precisam superar suas próprias diferenças pessoais para trazer um pouco de justiça ao velho oeste selvagem.

Comentários:
"Justiceiro Implacável" é uma espécie de continuação de "Bravura Indômita" com John Wayne retornando ao papel que lhe deu o Oscar. O interessante é que o roteiro é praticamente o mesmo do primeiro filme! Duvida disso? Então vejamos: Rooster Cogburn (John Wayne) é um Marshal beberrão e rabugento que vai em caça a um grupo de criminosos e a contragosto tem levar junto uma companheira cujo o pai foi morto por esses bandidos. O papel da vítima, que antes era da garotinha em "Bravura Indômita", agora é personificada pela grande dama do teatro e do cinema Katherine Hepburn em uma caracterização simpática e divertida. São personagens diferentes, mas que cumprem a mesma função nas duas produções. O único diferencial é que o humor está muito mais presente no roteiro desse filme. Se o anterior também tinha doses pontuais de humor, mas ao mesmo tempo mantinha uma postura mais séria e dramática, aqui o tom leve é muito mais acentuado. Katherine Hepburn e John Wayne parecem se divertir como nunca - levando pouca coisa è sério. Sua animação e clima ameno despontam em cada cena, em cada tomada.

É um western muito soft, sem qualquer carga dramática mais forte. A rabugice do personagem Rooster Cogburn, por exemplo, assume um tom frontalmente humorístico e cômico. Completando o clima bucólico, a produção ainda traz uma bela fotografia natural. O filme foi rodado numa reserva de preservação ambiental do Estado americano do Oregon e por isso há um farto aproveitamento das paisagens naturais do local, locações que realmente são de encher os olhos, com lindas florestas de pinheiros e longos rios de águas cristalinas. Destaque para as cenas filmadas em uma correnteza em um desses belos rios da região. Com tantos elementos suaves em cena a direção toma uma posição muito discreta. Confesso que obviamente minha preferência seria por Henry Hathaway, o diretor do primeiro filme. Em "Justiceiro Implacável" a direção ficou a cargo de Stuart Millar, um cineasta com pouca experiência para dirigir atores tão consagrados. Em conclusão, podemos dizer que "Rooster Cogburn" é bem inferior ao filme original, mas nem por isso é destituído de qualidades. No apagar das luzes só o fato de ver John Wayne contracenando ao lado de Katherine Hepburn, dois grandes mitos da história do cinema, já vale muito a pena para qualquer cinéfilo.

Pablo Aluísio.