sábado, 6 de fevereiro de 2010

A Dama de Ferro

Cinebiografia da mulher que durante onze anos e meio ocupou o cargo mais importante do governo britânico: a de primeiro ministro. O filme vem de maneira em geral sendo extremamente elogiado em relação à atuação de Meryl Streep no papel principal. Também há uma certa decepção dos espectadores sobre o conteúdo da produção, chata para alguns, pouco atraente para outros. No meu ponto de vista o maior problema de "A Dama de Ferro" nem é ser chato ou aborrecido mas sim ser superficial e sensacionalista além do que seria razoável. Esse sensacionalismo exacerbado aliás fez com que os familiares de Thatcher se recusassem a comparecer à estreia em Londres. Nesse aspecto não tiro a razão da família Thatcher. Ninguém gostaria de ser retratado (ainda mais estando ainda vivo) como uma pessoa envelhecida, tendo alucinações recorrentes com o marido falecido e à beira da senilidade completa. Eu penso que o roteiro focou demais na saúde mental da ex primeira ministra e esqueceu de contar sua história no comando do governo inglês. Para falar a verdade tudo é muito artificial no que diz respeito à política Thatcher. Seus principais atos administrativos são passados em ritmo de videoclip, nada é aprofundado, nada é muito explicado e a maioria das cenas só mostram a polícia dando pancadas em manifestantes, o que pode levar quem não conhece esse período como uma época de caos completo na Inglaterra, o que não é verdade.

Historicamente o filme é realmente raso, superficial. O sensacionalismo está lá a todo momento, forçando uma barra daquelas para mostrar o lado mais humano (e doente) de Thatcher. O que salva "A Dama de Ferro" de ser um filme totalmente sem importância é a presença magnífica de Meryl Streep em cena. Grandes atrizes conseguem esse tipo de feito: sumir dentro de seus personagens. Meryl desaparece em cena e só conseguimos visualizar mesmo a própria Margaret Thatcher. É um grande trabalho da atriz, que se não vencer o Oscar certamente se tornará uma das mais injustiçadas da história da Academia. Em resumo "A Dama de Ferro" falha em retratar uma das mulheres mais poderosas do século XX mas em compensação traz um trabalho de imersão singular de Meryl Streep. Apesar dos pesares recomendo o filme como um pontapé inicial para quem quiser conhecer melhor a política nos tempos da guerra fria pois mesmo sendo superficial como é, quem sabe poderá despertar o interesse dos espectadores nessa fase da história.

A Dama de Ferro (The Iron Lady, Estados Unidos, Inglaterra, 2011) / Direção: Phyllida Lloyd / Roteiro: Abi Morgan / Com: Meryl Streep, Harry Lloyd e Jim Broadbent / Sinopse: O filme é um retrato surpreendente e íntimo de uma mulher extraordinária e complexa, a ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher (Meryl Streep). Com o foco na política, a história diz respeito sobre a potência e o preço que se paga pelo poder

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sem Saída

Hollywood muitas vezes manipula a estréia de seus filmes visando o melhor momento para se colocar nos cinemas suas produções. Uma questão de marketing. O maior exemplo desse tipo de estratégia aconteceu com “Sem Saída”. O filme foi rodado antes de “Os Intocáveis” e quando foi realizado Kevin Costner ainda não era um astro. Com as filmagens de “Os Intocáveis” ganhando cada vez mais espaço em jornais e revistas a produtora resolveu segurar “Sem Saída” por meses seguidos, esperando o resultado do filme de Brian De Palma. Assim que o filme sobre Capone chegou aos cinemas e se tornou um grande sucesso de público e crítica a Columbia então decidiu finalmente colocar em cartaz esse thriller, que afinal de contas aproveitaria a repercussão do filme anterior de Costner. Publicidade gratuita sempre é bem-vinda. Deu muito certo pois com o ator em todas as capas de jornais e revistas de cinema o interesse pela produção duplicou, fazendo com que os cinemas ficassem com lotação esgotada. É curioso notar como Kevin Costner saiu do anonimato para a fama. Sua escalada rumo ao topo realmente aconteceu da noite para o dia. Poucas pessoas o conheciam de fato mas a imprensa americana o colocou na posição de ser o novo herói da América, o novo Gary Cooper. Naquele momento ele começou a encarnar todos os maiores valores da América. Seu rosto começou a estampar revistas como a Time, a Newsweek e Kevin Costner virou um astro. Foi justamente nessa época que “Os Intocáveis” e “Sem Saída” entraram em cartaz.

Tanto um como o outro foram muito bem recebidos pela crítica. Não é para menos, são realmente filmes muito bons, excelentes produções em seus respectivos gêneros. Se “Os Intocáveis” revitalizava os chamados filmes de gangsters, “Sem Saída” era um ótimo thriller de suspense e tensão com ótimo roteiro, extremamente bem escrito. Outro destaque era o elenco excepcional. Além de Kevin Costner o filme trazia o sempre ótimo Gene Hackman e a cultuada atriz Sean Young, de “Blade Runner”, que infelizmente veria sua carreira naufragar anos depois por causa de seu estranho comportamento com colegas e demais profissionais da área (para alguns Sean Young sofria mesmo era de algum tipo de doença mental que a fazia assumir comportamentos completamente bizarros e fora do padrão). Deixando isso de lado, “Sem Saída” mostra em seu enredo a armadilha na qual se vê envolvido o oficial da Marinha americana Tom Farrel (Kevin Costner). Em um jogo perigoso onde se mesclavam poder e sedução, ele acaba descobrindo que sua namorada (Sean Young) é na realidade amante do secretário de defesa do Pentágono (Gene Hackman, em momento inspirado). O problema é que ela é assassinada misteriosamente e Farrel (Costner) se torna o último a vê-la com vida. Diante das circunstâncias ele acaba se tornando o principal suspeito do crime e tentará desvendar o caso de qualquer jeito para escapar da corte marcial. Para isso ele terá exatamente apenas 48 horas para provar sua inocência. Esse é o tempo exato em que o Departamento de Defesa levará para melhorar uma imagem de Farrel que o liga diretamente ao crime cometido. Suspense, mistério e uma bem amarrada trama de assassinato tornam “Sem Saída” um dos melhores filmes da carreira de Kevin Costner. Se ainda não assistiu corra para conferir.

Sem Saída (No Way Out, Estados Unidos, 1987) Direção: Roger Donaldson / Roteiro: Robert Garland baseado no livro de Kenneth Fearing / Elenco: Kevin Costner, Gene Hackman, Sean Young / Sinopse: Um oficial da Marinha Americana se vê envolvido numa rede de conspirações com o alto escalão do governo. No meio da trama sua namorada acaba sendo morta de forma misteriosa. Agora o oficial terá que provar sua inocência de qualquer forma antes que sua imagem numa foto o ligue diretamente ao local do crime.

Pablo Aluísio.

Cocktail

Com o sucesso de "Missão Impossível: Protocolo Fantasma" nos cinemas que tal rever outro pipocão da carreira de Tom Cruise? "Cocktail" é uma produção de 1988, feita única e exclusivamente para capitalizar em cima do lado galã do ator Tom Cruise. O filme é bem fraco, enredo bobinho e derivativo. Ele faz um sujeito que volta do serviço militar sem ter idéia do que fazer da vida. Sem emprego e sem perspectivas decide ir para Nova Iorque onde encontra todas as portas fechadas em sua cara pois não tem diploma de curso superior. Sem alternativas acaba se empregando como barman num pub local. Assim o filme se desenvolve, de noite Cruise faz malabarismos detrás do balcão ao lado de seu colega de trabalho (interpretado pelo sumido Bryan Brown) e de dia tenta se formar numa faculdade de administração de empresas. Não é fácil, trabalhando à noite ele geralmente acaba dormindo nas aulas de dia. Mesmo assim tenta seguir em frente atrás do chamado "Sonho Americano" O par romântico de Cruise no filme fica a cargo da bonitinha Elisabeth Shue, cuja carreira não decolou pois abandonou o cinema no auge de sua popularidade para se formar na prestigiosa universidade de Harvard. O diploma parece que não fez muita diferença na vida da moça pois atualmente ela tenta sobreviver fazendo filmes horríveis como Piranha 3D.

Tom Cruise fez nos anos 80 alguns filmes bem vazios onde não havia conteúdo - apenas um fiapinho de enredo para ele desfilar suas caras e bocas. Eram produções que mais pareciam videoclips da MTV (essa linguagem estava em alta com a moçada da época)."Cocktail" é um produto assim. Junto com "Dias de Trovão" é o que há de mais banal na carreira do ator. Nessa época ele ainda não havia despertado para produções melhores como "Nascido em 4 de Julho" ou "Rain Man" (seus filmes seguintes) e se concentrava mesmo em fazer papel de "gostosão de plantão atrás do balcão". Por isso não espere nada de "Cocktail" pois esse é na realidade apenas um clipão estendido com ares de cartão postal. Bonitinha a produção mas vazia como uma bola de chiclete.

Cocktail (Cocktail, Estados Unidos, 1988) Direção: Roger Donaldson / Roteiro: Heywood Gould / Elenco: Tom Cruise, Bryan Brown, Elisabeth Shue / Sinopse: Jovem (Tom Cruise) tenta subir na vida em Nova Iorque estudando de dia e trabalhando de Barman durante à noite.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Os Intocáveis

Al Capone (1899 – 1947) foi um dos mais famosos gangsters dos Estados Unidos. Controlando um império formado pela trindade bebidas, prostituição e jogo, ele dominou Chicago. Sua influência não atingia apenas o submundo mas também a esfera política da cidade. Muitos dos prefeitos iam até ele pedir apoio para vencer as eleições. O Departamento de Polícia também era controlado pelo famoso criminoso. Com tanto poder não é de se admirar que tenha virado um ícone do mundo do crime. Acabou sendo preso em Alcatraz não por seus inúmeros assassinatos, extorsões e roubos mas sim por sonegação fiscal. O policial que conseguiu colocar o velho Al atrás das grades foi Eliot Ness (1903 – 1957) que usando de inteligência conseguiu colocar as mãos nele. Essa pelo menos é a versão oficial dos fatos. Historicamente falando as coisas não ocorreram bem assim e nem Eliot Ness foi esse herói todo mas o cinema e a TV não se importaram com isso. Tanto a famosa série “Os Intocáveis” como esse brilhante filme de Brian De Palma abraçam o lado mais romântico da história onde vilões e heróis estão bem colocados em cena. Por isso “Os Intocáveis” não é um filme para quem está atrás da verdade histórica mas quem está à procura de um ótimo filme policial rodado ao velho estilo, com excelentes e marcantes cenas de ação, não pode deixar de conhecer a película.

No filme acompanhamos a formação de um grupo de policiais de alto nível cuja principal função é combater o contrabando e a comercialização de bebidas. O contexto histórico se passa na época da chamada Lei Seca, quando o consumo de álcool foi proibido dentro das fronteiras americanas. Foi justamente aí que Capone criou seu império criminoso. O contrabando de bebidas e sua venda geraram uma verdadeira fortuna para o gangster. Não tardou para que Ness e Capone batessem de frente nessa guerra. Um dos grandes méritos de “Os Intocáveis” é seu elenco maravilhoso. Robert De Niro entrega uma de suas mais brilhantes interpretações como Al Capone. Cheio de maneirismos o ator literalmente incorpora o siciliano com maestria. Impossível esquecer, por exemplo, a famosa “cena do taco de beisebol”. Vivendo em luxo e riqueza ele esbanja aquele ar de quem está acima da lei. Com brilhante direção de arte e reconstituição histórica o filme marca pelo bom gosto e pela estética brilhante. Já o íntegro policial Eliot Ness encontra seu intérprete perfeito na pele de Kevin Costner. No auge da carreira Costner incorporava naquele momento todos os ideais americanos mais caros: virtude, honradez, bom mocismo, honestidade. Colecionando grandes sucessos de bilheteria ele foi até mesmo comparado ao mito Gary Cooper. Para completar o time de estrelas temos Sean Connery em uma atuação digna do Oscar que levou para casa. Sua morte é uma das mais marcantes e sensacionais da história recente do cinema americano. Inesquecível. Aliás de cenas inesquecíveis o filme está cheio. Como esquecer a cena no terminal com o carrinho de bebê descendo as escadas? Uma óbvia homenagem de De Palma para o clássico “O encouraçado Potemkin". Enfim, “Os Intocáveis” consegue ser saudosista e moderno ao mesmo tempo. Um tipo de produção que anda muito rara no cinema americano atual. Uma obra prima que infelizmente marcou o adeus de Brian de Palma à sua melhor fase como cineasta. Não faz mal, o filme segue sendo uma referência e um modelo de ótimo filme policial que mesmo não respeitando integralmente os fatos históricos consegue divertir com maestria.

Os Intocáveis (The Untouchables, Estados Unidos, 1987) Direção: Brian de Palma / Roteiro: Oscar Fraley, David Mamet baseado no livro de Eliot Ness / Elenco: Kevin Costner, Sean Connery, Charles Martin Smith, Andy Garcia, Robert De Niro, Richard Bradford, Jack Kehoe / Sinopse: Al Capone (Robert De Niro) é o mais famoso criminoso de Chicago. Controlando um império de jogos, bebidas e prostituição ele domina todos os setores da cidade. Para combater sua rede criminosa o policial Eliot Ness (Kevin Costner) resolve formar um grupo de policiais de elite chamado "Os Intocáveis". Sua função é combater o contrabando de bebidas e colocar Capone atrás das grades. Vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Sean Connery) e indicado para as categorias de Melhor Direção de Arte, Figurino e Trilha Sonora.

Pablo Aluísio.

Viver e Morrer em Los Angeles

Título no Brasil: Viver e Morrer em Los Angeles
Título Original: To Live and Die in L.A.
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: William Friedkin
Roteiro: Gerald Petievich, William Friedkin
Elenco: William Petersen, Willem Dafoe, John Pankow

Sinopse:
Dois policiais de Los Angeles tentam seguir os passos de um perigoso grupo de criminosos envolvidos em tráfico de drogas e outros esquemas ilegais. Um deles é encurralado e morto covardemente. O outro jura e promete vingança pelo sangue derramado do colega, amigo e parceiro.

Comentários:
Mesmo passando por uma grave crise na carreira o diretor William Friedkin conseguiu rodar esse bom policial, ambientado no mundo do tráfico de drogas em Los Angeles durante a década de 1980. O filme tem um roteiro muito bem escrito pelo próprio diretor, baseado na novela policial de Gerald Petievich e consegue prender a atenção do começo ao fim. De certo modo é um herdeiro da linguagem mais cru e realista da década anterior e talvez por essa razão, por não ser um produto meramente pop como "Um Tira da Pesada", por exemplo, não conseguiu fazer o sucesso merecido nas bilheterias. Eu analiso o fracasso comercial dessa fita fazendo um paralelo da mudança de mentalidade entre os públicos da década de 70 e 80. Nos anos 70 havia todo um sentimento de uso do cinema como meio de mudança social, onde os grandes temas em voga na sociedade estavam mais em voga. Já nos ano 80 imperou a fantasia e o pop, principalmente das produções comandadas por Steven Spielberg e todos aqueles que o seguiam esteticamente. Por essa razão " To Live and Die in L.A." não foi tão bem recebido como merecia. O consolo vem do fato de que os anos fizeram jus a esse policial e ele hoje é reconhecido como um dos melhores daquela década. Antes tarde do que nunca.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Assalto em Dose Dupla

Patrick Dempsey surgiu no cinema na década de 80 como ídolo teen. Fazia filmes bem fraquinhos mesmo na época. Seu maior sucesso foi "Namorada de Aluguel", fime muito bobinho que cansou de passar na Sessão da Tarde. Depois disso sua carreira que já não era lá essas coisas afundou de vez e ele passou uns bons anos sumido. Só veio a ressurgir para a popularidade quando mudou de meio e foi para a TV. Lá acabou estrelando o sucesso "Grey´s Anatomy" que em sua oitava temporada não mostra sinais de queda de popularidade e nem de audiência. Renovado o ator desde então tem tentado emplacar no cinema novamente. Bom, não foi dessa vez. "Assalto em Dose Dupla" é muito fraquinho, com cara de produção de filmes lançados diretamente no mercado de venda direta ao consumidor. Uma vez li que um filme de assalto tinha que ser muito ruim para não agradar uma vez que esse subgênero dos filmes policiais eram à prova de falhas. Pois bem, como toda regra há exceção... "Assalto em Dose Dupla" cai bem nesse sentido.

O roteiro é mais do mesmo. Os personagens são fracos, frouxos e o espectador vai aos poucos perdendo o interesse. Tudo se resume em saber quem seria o autor intelectual do tal assalto a banco. Sabe-se lá o porquê o fato é que ele é uma das pessoas que estão dentro da agência bancária que está sendo assaltada. Pode ser um dos bandidos mas também pode ser um dos reféns. Eu me lembrei do velho jogo de tabuleiro chamado Detetive onde ganhava quem descobrisse quem era o assassino. Aqui sucede a mesma coisa, mas sem diversão, sem consistência. Eu pessoalmente achei a caracterização do Dempsey bizarra pois ele interpreta um personagem que toma drogas prescritas contra transtornos psicológicos. Ao invés de lidar isso com elegância o ator simplesmente parte para a caricatura e o exagero. Patrick, meu amigo, volte para as séries médicas por favor!

Assalto em Dose Dupla (Flypaper, Estados Unidos, 2011) Diretor: Rob Minkoff / Elenco: Patrick Dempsey, Ashley Judd, Tim Blake Nelson, Octavia Spencer, Beau Brasseaux, Jeffrey Tambor, Mekhi Phifer, Pruitt Taylor Vince / Sinopse: Duas gangues diferentes aparecem para roubar o mesmo banco. Durante o assalto um cliente tenta proteger a gerente em meio ao tiroteio.

Pablo Aluísio.

Sucker Punch

Garota chamada Baby Doll (Emily Browning) é internada em um hospício por seu padastro. Uma vez lá dentro ela começa a perder a noção do mundo ao seu redor, se envolvendo em fantasias e alucinações onde não consegue mais separar a realidade do surrealismo. Esse "Sucker Punch" é aquele tipo de filme que ou você embarca na proposta do roteiro ou vai odiar. Eu achei a estrutura do argumento bem curiosa. No fundo há três mundos paralelos: o primeiro seria a realidade onde Baby Doll é levada a uma instituição psiquiátrica para se submeter a uma lobotomia. O segundo seria seu universo de fantasia onde ela alucina pensando estar em uma boate com shows de Vaudeville e por fim a terceira realidade surreal: quando dança ela se transporta para uma dimensão de guerras e lutas onde convivem samurais gigantes, batalhas da I Guerra Mundial e lutas em ritmo de videogame. Claro que muitas pessoas vão acabar se perdendo nessas "dimensões dentro de outras dimensões dentro de outras dimensões".

Eu devo confessar que embarquei no filme. Curti o visual ultra exagerado, beirando o kitsch e todos os excessos que acompanhamos na produção. O fato é que as garotas são carismáticas e não há como não se solidarizar com a triste situação em que vivem. Em minha opinião o Zack Snyder literalmente chutou o balde com esse filme. Sem as amarras de uma obra conhecida, como aconteceu em "Watchmen", ele literalmente deu asas à sua própria imaginação (e coloca imaginação nisso!). O filme é uma overdose de efeitos digitais, lutas inverossímeis e tudo mais o que essa geração criada a videogame e internet tem direito. Arrisque, não garanto que todos vão gostar, mas pelo menos a experiência vai valer a pena.

Sucker Punch (Sucker Punch, Estados Unidos, 2011) Direção: Zack Snyder / Roteiro: Zack Snyder e Steve Shibuya / Elenco: Emily Browning, Vanessa Hudgens, Jena Malone, Carla Gugino / Sinopse: Babydoll (Emily Browning) foi internada em um sanatório pelo padrasto, de olho na fortuna da mãe. Para sobreviver ao tormento e escapar de uma provável lavagem cerebral, ela descobre que pode se refugiar dentro da própria mente, criando um universo paralelo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Red Scorpion

Título no Brasil: Red Scorpion
Título Original: Red Scorpion
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Abramoff Production
Direção: Joseph Zito
Roteiro: Jack Abramoff, Robert Abramoff
Elenco: Dolph Lundgren, M. Emmet Walsh, Al White

Sinopse:
Nikolai (Dolph Lundgren) é um agente soviético da KGB enviado para se infiltrar e esmagar um levante rebelde Africano. Uma vez lá acaba atraído pela causa dos guerrilheiros, uma traição que enfurece seus superiores russos. Agora ele se tornará o alvo do serviço secreto comunista. Fugindo através do deserto inóspito, na companhia de um jornalista americano contraditório (M. Emmet Walsh), Nikolai alia-se com uma tribo de bosquímanos rebeldes, e ganha o codinome de "Red Scorpion" por causa de sua extrema coragem em combate.

Comentários:
Quando não está tirando algum doutorado em Engenharia Elétrica em seu país de origem, a Suécia, o fortão Dolph Lundgren vai tentando consolidar sua carreira no cinema. Pode-se até duvidar de seus talentos dramáticos, mas não se pode chamar o ator de pouco trabalhador pois até o momento ele já atuou em nada mais, nada menos do que quase sessenta filmes, uma marca e tanto para ele, que na realidade nunca conseguiu virar um genuíno astro de filmes de ação. Esse "Red Scorpion" foi uma clara tentativa de faturar em cima da imagem construída por Dolph Lundgren em "Rocky IV". Assim como lá ele aqui interpreta um russo na era da guerra fria. Essa é uma daquelas produções feitas para um público específico, que corre atrás de muita pancadaria, cenas de ação e pouco papo furado (entenda-se roteiros mais bem trabalhados). Assim Lundgren desce a porrada em quem ousa cruzar seu caminho atrapalhando seus planos. Simples não? Mas também bem divertido.

Pablo Aluísio.

O Legionário

Título no Brasil: O Legionário
Título Original: Legionnaire
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Edward R. Pressman Film, Long Road Productions
Direção: Peter MacDonald
Roteiro: Sheldon Lettich, Jean-Claude Van Damme
Elenco: Jean-Claude Van Damme, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Steven Berkoff

Sinopse:
Um boxeador chamado Alain Lefevre (Jean-Claude Van Damme) engana um perigoso mafioso e para se manter vivo se alista na famosa Legião Francesa. Enviado até os confins do deserto ele começa a entender como é dura e brava a vida de todos aqueles legionários.

Comentários:
Era de se esperar mesmo que mais cedo ou mais tarde o belga Jean-Claude Van Damme viesse a interpretar um legionário no cinema. Afinal de contas a legião francesa até hoje exerce um grande fascínio entre os europeus de uma forma em geral. Conhecidos por sua bravura e determinação, esses soldados povoam o imaginário popular há décadas. Curiosamente a estória foi escrita pelo próprio Jean-Claude Van Damme que tinha esse velho sonho de infância. Ele acreditou tanto nessa sua ideia que bancou a produção desse filme. "O Legionário" não é lá grande coisa mas dentro do padrão dos filmes que ele realizou ao longo da carreira até que fica um pouco acima da média do que seus fãs costumavam ver. Claro que por estar em um contexto diferente, cujo enredo se passa na década de 1920, há até uma melhor produção, com figurinos de época e reconstituição histórica mais caprichada, o que talvez justifique o fato de "O Legionário" ter sido elogiado em seu lançamento por causa da bela fotografia e da bem colocada trilha sonora.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Contrabando

Irmão mais jovem de antigo contrabandista que tenta se redimir (Mark Wahlberg) se complica ao jogar fora carregamento de drogas que levava em um navio mercante que acabou sendo alvo da Alfândega americana. Devendo a traficantes sua última saída é ao lado do irmão tentar levar ao território americano um carregamento de notas falsas fabricadas no Panamá. "Contrabando" é um eficiente thriller policial e de ação que a despeito de ter alguns clichês em seu roteiro consegue entreter e divertir. Um dos pontos mais positivos do roteiro é a constante tensão vivida pelos personagens. Todos de uma forma ou outra fazem parte de uma grande teia de contrabandistas, traficantes e meliantes de toda ordem. Uma das situações mais curiosas reveladas pelo filme é o modus operandi que muitos contrabandistas usam para levar carga ilegal para dentro dos EUA. Engajados como marinheiros em grandes navios de carga logo usam de todos os artifícios para burlarem a fiscalização (alguns muito bem bolados e inteligentes). O argumento mostra de certa forma que é simplesmente impossível um país ter uma sistema de rastreamento de contrabando 100% eficiente. Mesmo com todas as ferramentas e equipamentos sempre existe a possibilidade de adentrar o território fiscal sem pagamento de impostos ou taxas (isso quando a carga por si própria já não é totalmente ilegal como drogas ou dinheiro falso).

O elenco de "Contrabando" é muito bom. Mark Wahlberg continua o mesmo, nada de muito relevante na questão atuação mas também não compromete o resultado final. O grande destaque aqui é novamente a presença do ator Ben Foster. Eu já tive a oportunidade de elogiar ele várias vezes, inclusive por suas ótimas atuações em filmes como "Alpha Dog" e "Os Indomáveis". Aqui Foster repete mais uma boa performance. Já Kate Beckinsale não tem muito o que fazer a não ser desfilar com sua natural beleza. Em conclusão recomendo "Contrabando" como um bom filme de entretenimento. Não é nenhuma obra prima mas dentro de suas propostas cumpre bem suas promessas.

Contrabando (Contraband, Estados Unidos, 2012) Diretor: Baltasar Kormákur / Elenco: Mark Wahlberg, Kate Beckinsale, Ben Foster, Giovanni Ribisi, J.K. Simmons / Sinopse: Mark Wahlberg vive Chris Farraday, um contrabandista que larga a vida do crime para cuidar de sua família. No entanto, quando seu jovem cunhado Andy estraga uma importante operação de drogas, Chris se vê obrigado a voltar ao seu antigo trabalho para tentar salvar sua esposa e o jovem inconsequente.

Pablo Aluísio.

O Caçador

Uma boa produção australiana. O filme conta a estória de um caçador (Willem Dafoe) que é contratado por uma grande empresa de engenharia genética para ir até a Tâsmania (na Austrália) com o objetivo de capturar o que seria a última espécie de um famoso tigre que é dado como extinto pela ciência desde a década de 20. Chegando lá ele acaba conhecendo a família de um ecologista desaparecido. Também tem que lidar com a hostilidade dos moradores locais que pensam que ele também é um pesquisador ecologista, O fato é que a indústria madeireira da região é a única fonte de trabalho dos moradores do local. O filme é lindamente fotografado em uma região extremamente bela da Oceania. Há longas tomadas da fauna e flora da densa floresta australiana. O roteiro soube explorar bem esse lado mais natural sem esquecer também de desenvolver o afeto que o caçador vai nutrindo pela família que lá encontra.

Os fãs do cinema americano provavelmente vão estranhar um pouco o ritmo da produção que não tem pressa nenhuma em contar a estória. Há uso de efeitos digitais também mas eles são discretos e necessários uma vez que o tal tigre da Tasmânia está extinto mesmo e eles tiveram que recriar o animal digitalmente. O roteiro é bem escrito e redondinho e não tem pretensões de ser épico ou tentar desenvolver os personagens mais profundamente. No fundo é um misto de mensagem ecológica com cenas de cartão postal. A única crítica mais severa que faço a "The Hunter" é o seu desfecho que achei realmente imoral e indigno. Poderiam ter desenvolvido outro destino para o animal caçado - do jeito que ficou o final me deixou realmente aborrecido. De qualquer forma assistam, penso que irão gostar (principalmente os defensores da natureza).

O Caçador (The Hunter, Austrália, 2011) Direção: Daniel Nettheim / Roteiro: Alice Addison / Elenco: Sam Neill, Willem Dafoe, Frances O'Connor, Sullivan Stapleton , Dan Wyllie, Callan Mulvey, Jacek Koman, Morgana Davies / Sinopse: Martin David (Willem Dafoe) é um caçador que é contratado por uma empresa de biotecnologia para ir até distante floresta australiana com o objetivo de capturar o último tigre da Tasmânia.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Estranhas Presenças

Título no Brasil: Estranhas Presenças
Título Original: Presence Of Mind
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, Espanha
Estúdio: Columbia Pictures, Canal+ España
Direção:  Antoni Aloy
Roteiro:  Antoni Aloy
Elenco: Sadie Frost, Harvey Keitel, Lauren Bacall, Ella Jones:

Sinopse:
Baseado no livro "A Outra Volta Do Parafuso", de Henry James. Uma jovem reprimida, muito religiosa, é contratada como preceptora de um estranho casal de crianças. Com o passar do tempo, desconfia que ambas estão sofrendo a influência de um forte trauma sofrido no passado, que envolveu a morte de um casal de ex-funcionários da casa.

Comentários:
Mais uma boa adaptação do famoso livro A Outra Volta Do Parafuso, de Henry James. O texto já deu origem a vários filmes famosos no passado e agora volta com nova roupagem, tentando se modernizar aos novos tempos. De uma maneira em geral não temos nada de muito marcante mas o elenco de fato é acima da média. Nesse quesito dois atores devem merecer menção. O primeiro é o sempre correto Harvey Keitel que surge em uma caracterização mais soturna (e até sinistra) do que o habitual. Já para os fãs do cinema clássico esse filme se torna uma ótima oportunidade de ver a grande diva Lauren Bacall em cena novamente. Enfim, não é o melhor filme sobre o texto já feito mas certamente é um dos mais caprichados

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Dogma

Dois anjos caídos (Matt Damon e o canastrão Ben Affleck) tentam retornar ao paraíso indo até New Jersey onde um cardeal da cidade promete a todos que atravessarem o portal de sua catedral o perdão de Deus para todos os seus pecados. Perdoados poderão retornar finalmente ao céu, após séculos de exílio em Wisconsin. Para impedir que isso aconteça uma pequena trupe formada por dois idiotas, uma descendente de Jesus Cristo, uma musa e um apóstolo negro (não citado no novo testamento) se unem para deter os anjos revoltosos. Kevin Smith, o diretor, quis com esse Dogma fazer piada sobre tudo o que diz respeito à doutrina cristã. Logo no começo do filme ele colocou um pequeno aviso para que as pessoas não se sentissem ofendidas com o teor do roteiro pois a produção não devia em nenhuma hipótese ser levada à sério. Realmente nesse ponto Smith tem razão. "Dogma" é apenas uma divertida sessão da tarde, dessas que se assiste e depois se esquece completamente (tanto que já tinha assistido anos antes mas me recordava realmente de pouca coisa).

O roteiro é bobo e por vezes disperso. Smith tenta fazer piada com tudo, com a cor do Cristo histórico, com a chamada imaculada concepção, com os apóstolos, demônios e anjos. Algumas piadas são divertidas e outras não. No geral o roteiro exige uma certa cumplicidade do espectador pois quem é completamente leigo em teologia certamente deixará passar batidas várias ironias do argumento. O que faz com que "Dogma" não seja uma perda de tempo completa é seu bom elenco. Além da dupla Damon e Affleck (é sempre divertido ver a falta de talento desse último) o filme ainda tem um curioso Jason Lee muito jovem (e com cabelos) fazendo um personagem endiabrado. Enfim, "Dogma" é indicado para nerds que gostam de debater sobre religião, se for o seu caso, aleluia! Faça bom proveito.

Dogma (Dogma, Estados Unidos, 1999) Direção de Kevin Smith / Roteiro de Kevin Smith / Com Ben Affleck, Matt Damon, Linda Fiorentino, George Carlin, Salma Hayek, Jason Lee, Jason Mewes, Kevin Smith./ Sinopse: Dois anjos caídos (Matt Damon e o canastrão Ben Affleck) tentam retornar ao paraíso indo até New Jersey onde um cardeal da cidade promete a todos que atravessarem o portal de sua catedral o perdão de Deus para todos os seus pecados. Perdoados poderão retornar finalmente ao céu, após séculos de exílio em Wisconsin. Para impedir que isso aconteça uma pequena trupe é formada.

Pablo Aluísio.

Hamlet

Título no Brasil: Hamlet
Título Original: Hamlet
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Castle Rock Entertainment, Turner Pictures
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Kenneth Branagh,
Elenco: Kenneth Branagh, Julie Christie, Derek Jacobi

Sinopse:
Baseado na obra "Hamlet" escrita por William Shakespeare em 1599. Hamlet (Kenneth Branagh), príncipe da Dinamarca, retorna para casa para encontrar um caos familiar e de valores. Seu pai foi assassinado e sua mãe está envolvida amorosamente com o suposto assassino. O mundo parece desmoronar ao redor do nobre escandinavo. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e Melhor Música. Também indicado ao Bafta Awards nas categorias de Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino.

Comentários:
Adaptar William Shakespeare para o cinema nunca foi algo fácil. A linguagem rebuscada e muito rica do autor acaba assustando o público em geral que frequenta as salas de exibição ao redor do mundo nos dias atuais. Assim, para amenizar esse aspecto muitas adaptações procuraram modernizar ou minimizar os textos originais. Alguns cometeram inclusive a heresia de substituir os diálogos originais por um palavreado mais corriqueiro, do dia a dia. Indo contra essa tendência o ator e diretor Kenneth Branagh resolveu fazer algo mais fiel ao texto do autor. O resultado é uma produção para poucos. De longa duração, com figurinos e cenários luxuosos, o "Hamlet" de Kenneth Branagh veio com o status de ser o filme definitivo sobre o trágico personagem shakesperiano. O filme é pesado, excessivo e dura mais de quatro horas! Certamente seria mais conveniente se fosse realizado como uma minissérie. Mesmo assim consegue agradar e muito a quem se aventurar por essa película. Obviamente que exigirá uma certa bagagem cultural do espectador. Não é aquele tipo de produção que vai agradar a todos, pois é essencial conhecer o mínimo sobre William Shakespeare e sua obra magnífica para desfrutar melhor essa realização cinematográfica. Assim se você estiver curioso em conhecer mais sobre o famoso autor o filme virá bem a calhar. Esse "Hamlet" é requintado, elegante, fiel ao texto original e definitivamente não faz nenhuma concessão comercial. Uma obra para puristas em geral.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Loucos do Alabama

Título no Brasil: Loucos do Alabama
Título Original: Crazy in Alabama
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Antonio Banderas
Roteiro: Mark Childress
Elenco: Melanie Griffith, David Morse, Lucas Black

Sinopse:
O sonho de Lucille Vinson (Melanie Griffith) é se tornar uma estrela em Hollywood. Para isso ela resolve ir dirigindo para a ensolarada Califórnia enquanto seu sobrinho tenta desvendar um assassinato envolvendo um xerife corrupto do Alabama. Filme indicado ao Framboesa de Ouro na categoria de pior atriz (Melanie Griffith).

Comentários:
Primeiro filme como diretor do ator Antonio Banderas! Pois é, quem esperava por algo a mais se deu mal. O fato é que Banderas é tão ruim como cineasta como é como ator. Ele não consegue acertar uma! O filme não tem foco nenhum, não se define em ser um drama, um filme de ação ou uma comédia. Tentando atirar para todos os lados acaba não acertando em nada, nada mesmo! Ao que parece Banderas quis acima de tudo fazer uma ode cinematográfica para sua esposa, Melanie Griffith. O problema básico é que o público não tem nada a ver com isso e acabou vendo um pastel de vento de celuloide, pois tudo é muito rasteiro e irrelevante. Para não falar que nada presta, com muito esforço ainda se salva um pouco sua trilha sonora e o figurino de época. Infelizmente são detalhes menores que não conseguem salvar "Crazy in Alabama" de ser um tremendo abacaxi sulista!

Pablo Aluísio.