Cinebiografia da mulher que durante onze anos e meio ocupou o cargo mais  importante do governo britânico: a de primeiro ministro. O filme vem de  maneira em geral sendo extremamente elogiado em relação à atuação de  Meryl Streep no papel principal. Também há uma certa decepção dos  espectadores sobre o conteúdo da produção, chata para alguns, pouco  atraente para outros. No meu ponto de vista o maior problema de "A Dama  de Ferro" nem é ser chato ou aborrecido mas sim ser superficial e  sensacionalista além do que seria razoável. Esse sensacionalismo  exacerbado aliás fez com que os familiares de Thatcher se recusassem a  comparecer à estreia em Londres. Nesse aspecto não tiro a razão da  família Thatcher. Ninguém gostaria de ser retratado (ainda mais estando  ainda vivo) como uma pessoa envelhecida, tendo alucinações recorrentes  com o marido falecido e à beira da senilidade completa. Eu penso que o  roteiro focou demais na saúde mental da ex primeira ministra e esqueceu  de contar sua história no comando do governo inglês. Para falar a  verdade tudo é muito artificial no que diz respeito à política Thatcher.  Seus principais atos administrativos são passados em ritmo de  videoclip, nada é aprofundado, nada é muito explicado e a maioria das  cenas só mostram a polícia dando pancadas em manifestantes, o que pode  levar quem não conhece esse período como uma época de caos completo na  Inglaterra, o que não é verdade.Historicamente o filme é realmente raso, superficial. O sensacionalismo está lá a todo momento, forçando uma barra daquelas para mostrar o lado mais humano (e doente) de Thatcher. O que salva "A Dama de Ferro" de ser um filme totalmente sem importância é a presença magnífica de Meryl Streep em cena. Grandes atrizes conseguem esse tipo de feito: sumir dentro de seus personagens. Meryl desaparece em cena e só conseguimos visualizar mesmo a própria Margaret Thatcher. É um grande trabalho da atriz, que se não vencer o Oscar certamente se tornará uma das mais injustiçadas da história da Academia. Em resumo "A Dama de Ferro" falha em retratar uma das mulheres mais poderosas do século XX mas em compensação traz um trabalho de imersão singular de Meryl Streep. Apesar dos pesares recomendo o filme como um pontapé inicial para quem quiser conhecer melhor a política nos tempos da guerra fria pois mesmo sendo superficial como é, quem sabe poderá despertar o interesse dos espectadores nessa fase da história.
A Dama de Ferro (The Iron Lady, Estados Unidos, Inglaterra, 2011) / Direção: Phyllida Lloyd / Roteiro: Abi Morgan / Com: Meryl Streep, Harry Lloyd e Jim Broadbent / Sinopse: O filme é um retrato surpreendente e íntimo de uma mulher extraordinária e complexa, a ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher (Meryl Streep). Com o foco na política, a história diz respeito sobre a potência e o preço que se paga pelo poder
Pablo Aluísio.