domingo, 22 de outubro de 2017
O Poço e o Pêndulo
Título Original: Pit and the Pendulum
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Roger Corman
Roteiro: Richard Matheson, baseado na obra de Edgar Allan Poe
Elenco: Vincent Price, Barbara Steele, John Kerr, Luana Anders
Sinopse:
Século XVI. Ao descobrir que sua irmã morreu em circunstâncias misteriosas, o nobre Francis Barnard (John Kerr) resolve ir até o castelo onde ela morava com o marido, Nicholas Medina (Vincent Price). O lugar é sinistro, uma velha construção medieval usada no passado como câmera de torturas da inquisição espanhola. Aos poucos Francis vai percebendo que nada é como lhe fora informado. Sua irmã não morrera de um ataque do coração e nem da maneira como ele pensava ter sido. Afinal qual seria a verdade dos fatos naquele ambiente doentio e assustador?
Comentários:
Falar que esse filme foi baseado na obra de Edgar Allan Poe é sem dúvida forçar um pouco a barra. Na verdade apenas os 10 minutos finais tem alguma semelhança com o conto escrito pelo genial Poe. O fato é que o texto original tem uma trama muito simples. Basicamente é um homem que acorda numa câmera de torturas da idade média, onde um pendulo com uma grande Lâmina desce em sua direção. O poço onde ele está seria assim uma metáfora do próprio inferno e o pêndulo uma alegoria do tempo que conforme vai passando vai consumindo nossa existência. Essa é em breves linhas o conteúdo do que Poe escreveu. O roteirista Richard Matheson precisou assim criar todo um enredo próprio para a realização do filme. Dessa maneira surge vários personagens que inexistiam na obra original de Poe, entre eles o fragilizado Nicholas Medina (Vincent Price). Seu pai foi um dos mais sádicos inquisitores da Espanha e quando descobriu que seu próprio irmão estava tendo um caso com sua esposa resolveu torturar a ambos nos mesmos instrumentos de tortura que mantinha nos porões de seu castelo. Ainda criança Nicholas assistiu a tudo. Com o trauma criou uma personalidade frágil e assustada, sempre aterrorizado com as sombras daquele lugar assustador. É curioso porque Price interpreta ambos os personagens, pai e filho. Como Nicholas (o filho) ele é perturbado e medroso, como Sebastian (o pai) é um torturador insano e masoquista. O diretor Roger Corman fez um bom filme (considerado clássico por alguns), mas de modo em geral ficou apenas na média. As cores berrantes do filme atrapalham um pouco, se fosse realizado em preto e branco seria claramente mais assustador. A trama tem bons momentos e como o filme é relativamente curto (pouco mais de 80 minutos), jamais chega a aborrecer o espectador. Corman sabia como dar um ritmo adequado e um corte certo para filmes como esse.
Pablo Aluísio.
Esposa Só no Nome
O grande interesse nessa produção vem do seu elenco, mas particularmente do desempenho da atriz Carole Lombard. Quando ela atuou nesse filme só tinha 3 anos de vida pela frente. Ela morreu tragicamente em um acidente de avião, enquanto trabalhava para vender bônus da segunda guerra mundial. Sua morte chocou Hollywood porque ela ainda era jovem, com apenas 33 anos de idade! Tinha uma bela carreira pela frente. Depois desse "Esposa Só no Nome" ela só faria mais quatro filmes. Outro destaque é a presença de Cary Grant, também ainda bem jovem. Seu papel é a de um homem, filho de uma rica e tradicional família do sul, que precisa enfrentar as barreiras da sociedade para ser feliz. Naqueles tempos romper um casamento, para se firmar em um romance com uma mulher viúva, era algo desastroso do ponto de vista social. Então é isso, "In Name Only" é certamente um filme bem interessante, contando no elenco com um grande galã de Hollywood atuando ao lado de uma jovem estrela que não viveria muito, vitimada por uma das grandes tragédias da história do cinema americano.
Esposa Só no Nome (Estados Unidos, 1939) Direção: John Cromwell / Roteiro: Richard Sherman, baseado na novela romântica escrita por Bessie Breuer / Elenco: Cary Grant, Carole Lombard, Kay Francis / Sinopse: Homem casado, mas infeliz em seu matrimônio, se apaixona por jovem viúva, artista de design de vestidos de luxo de Nova Iorque. O romance, encarado por ele como uma salvação para sua frustrada vida sentimental, logo se torna alvo de sua esposa, que não parece disposta a lhe dar o divórcio.
Pablo Aluísió.
sábado, 21 de outubro de 2017
Só Ficou a Saudade
Título no Brasil: Só Ficou a Saudade
Título Original: Kings Go Forth
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Delmer Daves
Roteiro: Merle Miller, baseado na novela de Joe David Brown
Elenco: Frank Sinatra, Tony Curtis, Natalie Wood, Karl Swenson
Sinopse:
Segunda Guerra Mundial. O tenente americano Sam Loggins (Frank Sinatra) e seu pelotão rumam em direção ao sul da França, país que estava sendo libertado naquele momento histórico da dominação nazista. Em seu grupo junta-se um novo cabo, Britt Harris (Tony Curtis), especialista em comunicação. Quando chegam numa pequenina cidade na costa descobrem que o local está praticamente livre de tropas inimigas. Assim eles partem para a diversão, indo à praia e namorando as garotas locais. Sam acaba se apaixonando pela doce e bela Monique Blair (Natalie Wood), mas ela parece ficar mais interessada por Harris, afinal ele é extrovertido, sedutor e boa pinta. O que eles nem desconfiam é que os alemães não estão tão derrotados como todos erroneamente pensam.
Comentários:
Depois de "A Um Passo da Eternidade" o cantor Frank Sinatra deu um tempo em dramas de guerra, só retornando mesmo com esse bom "Só Ficou a Saudade". Embora tenha cenas de ação e combate o filme não se propõe a investir muito nesse aspecto. Na realidade o roteiro está sempre muito mais focado em contar uma história de amor frustrado. A velha história do sujeito que ama uma mulher, mas que precisa se contentar com o triste destino, pois ela ama outro. É interessante que Sinatra tenha optado por interpretar um homem triste, melancólico e rejeitado que precisa manter a cabeça no lugar enquanto tenta sobreviver à guerra e ao fato de que um verdadeiro canalha (o cabo Harris) acabe roubando o coração da garota que ele tanta ama. Há uma linha de diálogo que reflete tudo isso. O tenente interpretado por Sinatra se vira para o personagem de Tony Curtis e desabafa, dizendo: "Olhe para você! É rico, bonito e se dá bem com as garotas. Eu sou pobre e feio!".
A impressão que tive foi que Sinatra, que vinha numa fossa tremenda em sua vida pessoal, por causa da rejeição de Ava Gardner, tentava transmitir tudo o que sentia justamente nesse papel em que atuava. Outro aspecto digno de nota vem da personagem Monique de Natalie Wood. Ela é filha de um negro americano que se enamorou de uma francesa. Em determinado momento do roteiro ela conta essa história para o tenente Sam. Ele fica chocado com as suas origens! Hoje em dia algo assim daria inúmeros problemas, certamente. Mas enfim... O diretor Delmer Daves, de tantos faroestes, até que se saiu muito bem dirigindo esse romance improvável e triste, sem final feliz. E para fechar a pequena resenha aqui vai também mais um fato curioso. Em determinada cena, numa boate esfumaçada, os soldados começam a pedir que um membro do pelotão suba ao palco para se apresentar. Obviamente por Frank Sinatra ser um dos maiores cantores de todos os tempos o espectador acabe pensando que ele dará uma canja em cena, mas não! Quem sobe ao palco para "dublar" um trompete é Tony Curtis! Assim, sinceramente, não dá para ser feliz...
Pablo Aluísio.
Amor de Dançarina
Título Original: Dancing Lady
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Robert Z. Leonard
Roteiro: P.J. Wolfson
Elenco: Joan Crawford, Clark Gable, Fred Astaire, Franchot Tone, May Robson, Grant Mitchell, Nelson Eddy
Sinopse:
A vida para Janie Barlow (Joan Crawford) é o mundo da dança. Ela sonha em ser uma grande estrela da Broadway e para isso se dedica o tempo todo para aprender novos passos, novas coreografias. Tod Newton (Franchot Tone) é um rico playboy que decide ajudá-la a transformar seus sonhos em realidade. Para isso ele pede para que o diretor de musicais Patch Gallagher (Clark Gable) dê uma chance a Janie.
Comentários:
Um bom musical da Metro, hoje pouco lembrado, que procura explorar o mundo dos bastidores dos grandes musicais da Broadway. A protagonista é uma jovem que sonha com o sucesso e a fama, mas que vai descobrindo como é duro para se tornar uma verdadeira estrela. O filme tem muito charme, bonitas sequências, extremamente bem realizadas e a participação especial de Fred Astaire e Nelson Eddy como grandes astros da Broadway. O curioso é que Fred Astaire, considerado por muitos como o maior dançarino da história de Hollywood, faz o papel de si mesmo. Ele brinca com sua imagem pública e como sempre arrasa no momento de mostrar seus passos. O diretor Robert Z. Leonard logo entendeu a importância de ter um mito como Fred Astaire fazendo uma participação especial em seu filme e por isso pediu a ajuda dele nas coreografias mostradas ao longo desse musical. O resultado realmente ficou ótimo. Joan Crawford era uma graça na época, ainda bem jovem, com apenas 26 anos, e esbanja um carisma e uma alegria inocente que logo se tornaria uma raridade em sua filmografia, pois ela iria se especializar mesmo em personagens de mulheres fortes e decididas. Já Clark Gable fugiu do convencional. Filmes musicais eram exceções em sua carreira, já que a sua especialidade eram os filmes românticos. Aqui ele interpreta um diretor de musicais da Broadway, algo que fugia totalmente de seu habitual. Enfim, um belo musical dos tempos áureos da Metro em Hollywood.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
O Céu é Testemunha
John Huston aqui realiza mais uma de suas obras primas. Baseado em um roteiro que foi parcialmente inspirado em fatos reais, Huston explora duas figuras completamente diferentes entre si (um militar e uma religiosa) que se encontram em uma situação limite pela sobrevivência. O mais curioso é que Huston ousou até mesmo ultrapassar certos limites, criando uma atração entre o personagem de Robert Mitchum e a jovem e bonita irmã, interpretada por Deborah Kerr. A tensão sexual que se cria entre eles é uma das melhores coisas desse argumento. Outro fato digno de aplausos é a técnica que Huston explora para desenvolver sua história. Com basicamente dois personagens centrais ele desenvolve diversos temas interessantes, como a força da fé, os limites éticos que caem na luta pela sobrevivência e o que não poderia faltar em uma produção como essa, o senso de aventura.
O militar de Robert Mitchum é um tipo que, apesar de crer em Deus, nunca foi muito preocupado com essa questão religiosa. Órfão, criado em abrigos a vida inteira, chegou a se tornar um delinquente juvenil antes de decidir entrar nos fuzileiros navais e finalmente se encontrar na vida, trilhando um caminho seguro. Já a freira de Kerr é jovem, bela e ainda não fez os seus votos definitivos de castidade, o que abre uma pequena margem de esperanças para o militar, que claramente fica apaixonado por ela. Assim temos um ótimo filme, baseado em uma história que prende a atenção do começo ao fim. Nada mais normal para um gênio do cinema como John Huston.
O Céu é Testemunha (Heaven Knows, Mr. Allison, Estados Unidos, 1957) Direção: John Huston / Roteiro: John Huston, John Lee Mahin / Elenco: Robert Mitchum, Deborah Kerr / Sinopse: Um fuzlileiro naval dos Estados Unidos (Mitchum) consegue sobreviver a um ataque japonês ao seu navio durante a batalha do Pacífico, no auge da II Guerra Mundial. Ele acaba indo parar numa ilha onde conhece a bela e jovem freira irmã Angela (Kerr). Juntos vão tentar sobreviver ao mundo em chamas e à fúria da natureza do lugar. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Deborah Kerr) e Melhor Roteiro Adaptado (John Huston e John Lee Mahin). Indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Deborah Kerr). Também indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme - Estados Unidos e Melhor Ator (Robert Mitchum),
Pablo Aluísio.
O Tempo Não Apaga
Título Original: The Strange Love of Martha Ivers
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Robert Rossen
Elenco: Barbara Stanwyck, Van Heflin, Lizabeth Scott, Kirk Douglas, Judith Anderson, Roman Bohnen
Sinopse:
O ano é 1928. Baseado no romance "Love Lies Bleeding" escrito por John Patrick, o filme conta a história de Martha Ivers (Barbara Stanwyck), uma mulher dominadora e implacável, casada com um homem que tenta manipular de todas as maneiras. Martha tem um terrível segredo envolvendo seu passado, algo que não pode ser descoberto por ninguém.
Comentários:
Drama pesado, assinado pelo talentoso cineasta Lewis Milestone. O filme chegou a ser indicado a um Oscar, na categoria melhor roteiro. Curiosamente a indicação foi para o escritor John Patrick que escreveu o romance que deu origem ao filme e não propriamente ao roteirista dessa produção, Robert Rossen. Um tipo de erro que alguns anos depois a Academia iria consertar, mudando as regras de indicação a esse prêmio. Outro fato curioso é que o filme fez grande sucesso na Europa (mais do que dentro do mercado americano). Sua trama, bem pesada, calcada em personagens dramáticos e trágicos, foi bem de encontro ao gosto dos europeus. Por essa razão o filme acabou fazendo boa carreira no exterior, inclusive sendo reconhecido no Festival de Cannes daquele ano. Outro fato digno de nota é que esse foi o primeiro filme da carreira do ator Kirk Douglas. Ele interpreta um jovem procurador, ambicioso, mas honesto, chamado Walter O'Neil. Douglas ainda era bem moço, mas já demonstrava aquele carisma forte que iria construir toda a sua carreira, o transformando em um dos grandes astros da história de Hollywood nos anos seguintes. Já Barbara Stanwyck se sobressai bastante com sua atuação ao dar vida a uma mulher com poucos valores éticos, cujas ambições se resumem a ficar rica, seja de que maneira for. Ela inclusive guarda um terrível segredo em seu passado que agora tenta de todas as formas esconder. Enfim, um bom dramalhão dos anos 40, valorizado sobretudo por seu excelente elenco.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Perdidos na Tormenta
Título Original: The Search
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: Fred Zinnemann
Roteiro: Richard Schweizer, David Wechsler
Elenco: Montgomery Clift, Ivan Jandl, Aline MacMahon, Jarmila Novotna, Wendell Corey, Ewart G. Morrison
Sinopse:
Após o fim da II Grande Guerra Mundial, um militar norte-americano chamado Ralph Stevenson (Montgomery Clift) é enviado para Berlim. A outrora cidade alemã está reduzida a escombros por causa dos bombardeios que foram feitos pelos aviões americanos durante a guerra. No meio desse caos Ralph resolve ajudar um garotinho tcheco perdido a reencontrar sua mãe.
Comentários:
O primeiro filme de Montgomery Clift em Hollywood foi "Perdidos na Tormenta". Esse foi filme foi realizado em 1948, uma produção da Metro-Goldwyn-Mayer que tinha como tema o pós-guerra na Europa. Um tema muito adequado pois a II Guerra Mundial havia terminado apenas três anos antes. O diretor Fred Zinnemann queria trazer para o público americano a situação em que se encontrava os países europeus depois de um dos conflitos armados mais sangrentos da história. Foi uma excelente iniciativa pois capturava em tela a situação de Berlim, a antiga capital do III Reich de Hitler, agora reduzida a uma pilha de escombros depois dos intensos bombardeios dos aviões aliados. E foi justamente para esse caos que a equipe de filmagem foi enviada. Clift interpretava no filme um militar americano chamado Ralph Stevenson. Após o fim da guerra ele era enviado justamente para Berlim, onde acabava ajudando um garoto de origem tcheca a encontrar sua mãe.
Filmar ali foi uma grande experiência para o ator. Embora ele tivesse conhecimento de tudo o que havia acontecido na II Guerra, era algo bem diferente estar ali, bem no meio do povo alemão derrotado, tentando sobreviver de todas as formas. O filme também serviu como propaganda americana ao colocar soldados e militares dos Estados Unidos como pessoas prontas a ajudar os sobreviventes da guerra, os retratando como pessoas amigáveis e prestativas, militares honestos e de boa índole. Após seu lançamento o filme foi bastante elogiado, vencendo um Oscar numa categoria importante, a de Melhor Roteiro (prêmio dado aos roteiristas Richard Schweizer e David Wechsler). Além disso foi indicado ainda ao Oscar nas categorias de Melhor Direção e Melhor Ator, justamente para Montgomery Clift, que estreava assim com reconhecimento em Hollywood. Afinal ser indicado ao Oscar por seu primeiro filme era algo para poucos...
Pablo Aluísio.
A Praia dos Biquínis
Título Original: Bikini Beach
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: William Asher
Roteiro: William Asher, Leo Townsend
Elenco: Frankie Avalon, Annette Funicello, Martha Hyer, Don Rickles, Harvey Lembeck, John Ashley
Sinopse:
Entre várias ondas na praia, o jovem Frankie (Frankie Avalon) tenta conquistar mais uma vez o coração da doce e maravilhosa Dee Dee (Annette Funicello). Para isso porém ele terá que enfrentar mais uma vez as artimanhas de Eric Von Zipper (Harvey Lembeck) e seus motoqueiros e um cientista maluco, que quer provar que adolescentes e primatas possuem os mesmos instintos básicos de acasalamento!
Comentários:
Se você tiver curiosidade em saber como eram os filmes feitos para o público adolescente nos anos 60, uma boa dica é esse filme de verão chamado "Bikini Beach". Estrelado pelo casalzinho sensação da época, Frankie Avalon e Annette Funicello, essas produções eram extremamente lucrativas, porque tinham uma orçamento quase mínimo (esse aqui custou apenas 600 mil dólares!) e conseguiam faturar muito bem nas bilheterias. Essa fita aqui, por exemplo, foi a terceira de uma longa série de fitas rápidas que começaram com "A Praia dos Amores" no ano anterior, sendo seguida de "Quanto Mais Músculos Melhor". Haveria ainda um quarto filme intitulado "Folias na Praia" em 1965. Todos esses filmes foram bastante reprisados no Brasil, na década de 70, na Sessão da Tarde, por isso acabaram bem populares por aqui. Os roteiros eram sempre bem básicos. Avalon e Funicello em eterno namorico pelas praias da Califórnia, sendo importunados pelo motoqueiro maluco Eric Von Zipper (Harvey Lembeck). Tudo realmente muito pueril, inocente, bem de acordo com os padrões da época. Hoje em dia esses filmes, de baixo teor artístico e cinematográfico, servem apenas como curiosidades nostálgicas. Frankie Avalon, por exemplo, até tentou emplacar uma carreira de cantor ao estilo Elvis Presley, mas como ele definitivamente não era Elvis, acabou ficando pelo meio do caminho. De qualquer maneira assista e conheça, nem que seja para matar as saudades de um tempo que não existe mais.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Desaparecidas
Já Cate Blanchett também enche a tela com sua presença. Ela sempre ficou conhecida por suas personagens mais frias e elegantes, mas aqui consegue passar toda a fúria necessária para uma mãe que se viu sem sua filha. Ela vai da frieza para o desespero em questão de segundos. Ótima atuação. O clima em geral desse western é soturno. A fotografia valoriza um visual mais lúgubre, o que acaba se tornando sua principal característica. Os personagens em geral são pessoas com problemas de relacionamento, que não conseguem expressar adequadamente seus sentimentos. Quando se defrontam com uma situação limite acabam explodindo em uma obsessão de violência e fúria. Então é isso. Bom faroeste que merece ser conhecido, principalmente para quem deixou passar em branco.
Desaparecidas (The Missing, Estados Unidos, 2003) Direção: Ron Howard / Roteiro: Thomas Eidson, Ken Kaufman / Estúdio: Revolution Studios, Imagine Entertainment / Elenco: Tommy Lee Jones, Cate Blanchett, Evan Rachel Wood / Sinopse: Velho cowboy e sua filha vão atrás dos bandidos que sequestraram a pequena neta. A vingança será sem misericórdia ou perdão. Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival. Também indicado ao AARP Movies for Grownups Awards na categoria de Melhor Ator (Tommy Lee Jones).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 17 de outubro de 2017
Renegado Heróico
Título Original: Springfield Rifle
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: André De Toth
Roteiro: Charles Marquis Warren, Frank Davis
Elenco: Gary Cooper, Phyllis Thaxter, David Brian
Sinopse:
O Major Alex 'Lex' Kearney (Cooper) é um oficial do exército da União durante a Guerra Civil americana que se torna agente duplo no serviço de contraespionagem do governo americano. Agora ele terá que descobrir todos os planos dos inimigos para que os nortistas consigam vencer um dos conflitos históricos mais sangrentos da história dos Estados Unidos. Sua primeira missão é descobrir quem realmente estaria roubando os cavalos da União no território do Colorado.
Comentários:
Gary Cooper foi um dos grandes astros do cinema americano. Ele conseguiu transitar bem em praticamente todos os gêneros cinematográficos, mas é certo que se destacou muito nos filmes de western. Cooper tinha o tipo ideal. Era alto, passava integridade com o olhar e também se notabilizava por interpretar personagens extremamente íntegros e honestos. Aqui temos um filme menos conhecido do ator, nada que se compare com seus grandes clássicos como "Matar ou Morrer" onde interpretou o lendário xerife Will Kane. Aliás é bom salientar que esse filme foi justamente o faroeste que sucedeu aquela grande obra prima, lançada apenas alguns meses antes. Isso criou uma grande expectativa no público e crítica o que acabou causando uma certa decepção depois, durante o lançamento desse novo filme de Cooper. Acontece que as expectativas estavam altas demais. A verdade é que "Springfield Rifle" passa longe de ser marcante como o filme anterior. Aquele tinha um roteiro genial e uma brilhante direção do grande cineasta Fred Zinnemann; nada que se possa comparar com o trabalho "feijão com arroz" do apenas confiável André De Toth. A diferença de talento entre os diretores - diria até mesmo a diferença de nível - chega a ser covardia. Por isso assista ao filme com os pés no chão, procurando deixar de lado todas as comparações. Acaso pense e faça assim certamente conseguirá apreciar bem mais esse faroeste, vendo suas reais qualidades, entre elas a de ser um entretenimento mediano e bem realizado, honesto naquilo que se propõe a disponibilizar ao público. Não é uma obra prima da sétima arte e para falar a verdade essa nunca foi mesmo a intenção de seus realizadores. De qualquer forma tem Gary Cooper no elenco, o que convenhamos já é uma razão e tanto para assisti-lo.
Pablo Aluísio.
O Homem, O Orgulho, A Vingança
Título Original: L'uomo, l'orgoglio, la vendetta
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Regal Film, Fono Roma, Constantin Film
Direção: Luigi Bazzoni
Roteiro: Luigi Bazzoni, Suso Cecchi D'Amico
Elenco: Franco Nero, Tina Aumont, Klaus Kinski
Sinopse:
No México do século XIX um soldado, Don José (Franco Nero), conhece a linda cigana Carmen (Tina Aumont), cuja beleza é proporcional ao perigo de se relacionar com ela. Isso porque Carmen é uma verdadeira femme fatale. Suas pretensões românticas serão colocadas à prova em duelo contra o desprezível marido de Carmen, o violento e irascível vilão Miguel Garcia (Klaus Kinski), um homem brutal que não aceita ser desafiado por absolutamente ninguém. O choque de personalidades imediatamente o colocarão em confronto direto, mais cedo ou mais tarde. Apenas o mais forte e rápido no gatilho sobreviverá.
Comentários:
Dentro do vasto universo das produções ao estilo Spaghetti Western o fã desse tipo de cinema poderá descobrir filmes realmente curiosos e interessantes. Um exemplo vem com esse "O Homem, O Orgulho, A Vingança" (que nos Estados Unidos recebeu o título de "Man, Pride & Vengeance"). O filme foi estrelado pelo eterno Django Franco Nero, mas é um erro dizer que se trata de mais um filme com o personagem. Na realidade em alguns países o material promocional do filme realmente usou o nome de Django para atrair bilheteria, porém o fato é que Nero interpretava apenas um militar (e pistoleiro) chamado Don José. Nada a ver com o Django original. O roteiro foi inspirado na ópera "Carmen", o que por si só já é uma curiosidade e tanto, algo bem diferente em se tratando de faroestes italianos. Franco Nero, já naquela época, procurava por algum tipo de material diferente, mesmo que fossem Westerns, para ser reconhecido como bom ator. Além dele o elenco tem dois óbvios atrativos. O principal deles é a presença de Klaus Kinski como um vilão louco e sádico (especialidade na carreira do ator). As melhores sequências do filme em termos de ação e atuação devem ser creditadas a Kinski que na vida real era tão insano quanto seus próprios personagens, por isso tudo acabava funcionando muito bem na tela. E para trazer beleza para a produção nada melhor do que a presença de Tina Aumont, uma das mais bonitas atrizes da época. Muitos pensavam que ela era italiana, mas não, Tina nasceu em Los Angeles, nos Estados Unidos, filha de um casal de imigrantes italianos que depois retornaram para seu país de natal. Sua familiaridade com a língua inglesa, além de sua estética sensual, lhe abriram muitas portas no cinema europeu. Por fim um detalhe curioso. A primeira versão de "L'uomo, l'orgoglio, la vendetta" foi lançada falada em alemão. Só depois surgiu a versão em italiano. No Brasil o filme foi um dos primeiros a serem exibidos dublados no cinema, fruto de seu apelo popular. A fita ficou meses em cartaz em pequenos cinemas de bairro, algo que hoje em dia infelizmente não existe mais. Foi um sucesso de bilheteria em nosso país.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
O Pistoleiro do Rio Vermelho
Título no Brasil: O Pistoleiro do Rio Vermelho
Título Original: The Last Challenge
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Thorpe
Roteiro: John Sherry
Elenco: Glenn Ford, Angie Dickinson, Chad Everett
Sinopse:
Dan Blaine (Glenn Ford) é um xerife de uma cidade do velho oeste que precisa lidar com sua fama de ser o homem mais rápido do gatilho de todo o Arizona. Isso faz com que ele tenha que enfrentar de tempos em tempos vários pistoleiros que vão até onde mora pois todos querem provar que são melhores do que Blaine. Entre esses desafiantes está o pistoleiro Lot McGuire (Chad Everett). Ele conhece Blaine por acaso, sem saber que ele é exatamente o xerife que procura para um duelo mortal. Dessa fortuita amizade surge um conselho dado por Blaine para que ele deixe suas ambições de lado pois certamente morrerá se for em frente com seus planos.
Comentários:
O tema desse roteiro é bem recorrente em faroestes antigos. A sina do gatilho mais rápido do oeste foi explorado em centenas de filmes. O sujeito é o melhor, mas isso também significa ter que lidar com vários desafiantes em duelos para se chegar naquele que finalmente seria o melhor da raça. Até filmes de ficção como "Highlander" beberam dessa mesma fonte. Pois bem, esse também é o destino do velho xerife Blaine (Interpretado por um envelhecido Glenn Ford). No passado ele foi o ás do gatilho, um pistoleiro temido, jamais vencido. Agora, entrando na velhice, ele procura por uma certa estabilidade na vida. Se torna xerife e começa a ter um relacionamento com a dona do saloon local, a bela Lisa Denton (Angie Dickinson). O problema é que seu passado não o abandona. De vez em quando chega uma forasteiro na cidade onde trabalha justamente para duelar com ele. Todos os pistoleiros querem o título e a honra de terem matado o homem que era considerado o mais rápido gatilho do oeste. Para Blaine não sobra outra alternativo do que enfrentá-los, já que uma recusa o colocaria na posição de covarde, algo fatal para um xerife.
Um a um eles vão sendo mortos por Blaine, até o dia em que durante uma pescaria ele conhece esse jovem, Lot McGuire (Chad Everett), e acaba simpatizando com ele. A questão é que esse nada mais é do que mais um desafiante em sua vida. Blaine não quer matá-lo, mas pelo visto não terá outra alternativa. A direção de Richard Thorpe (que dirigiu o sucesso musical "O Prisioneiro do Rock" com Elvis Presley) é um tanto burocrática. Thorpe, que também produziu o filme, não parece ter pressa em contar sua história, o que dá um ritmo próprio ao filme, bem mais cadenciado. Isso não é necessariamente um defeito, mas uma marca do filme. Em termos de elenco o astro Glenn Ford até que cumpre seu papel, meio preguiçosamente é verdade, até porque naquela altura de sua carreira ele já não tinha mais nada a provar. O curioso é que Ford parecia sempre usar o mesmo figurino em todos os seus faroestes - até mesmo o chapéu era o mesmo! Por fim a presença de Angie Dickinson também chama muito a atenção. A atriz era bem jovem quando o filme foi feito e se sai muito bem em sua atuação (apesar da pouca idade). Ela em breve deixaria esse tipo de personagem, a de heroínas apaixonadas, para se destacar em uma bela carreira no cinema, em dramas fortes e de muita carga dramática.
Pablo Aluísio.
O Passado Não Perdoa
Título no Brasil: O Passado Não Perdoa
Título Original: The Unforgiven
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Huston
Roteiro: Ben Maddow, baseado no livro de Alan Le May
Elenco: Burt Lancaster, Audrey Hepburn, Audie Murphy, Lillian Gish
Sinopse:
O filme narra as lutas do clã Zachary. O patriarca foi morto há muitos anos pela tribo Kiowa. Agora a liderança da família pertence ao irmão mais velho, Ben Zachary (Burt Lancaster). Ao mesmo tempo em que negocia gado ele precisa manter a salvos seus irmãos mais jovens, entre eles Cash (Audie Murphy) e Rachel (Audrey Hepburn). Essa última tem traços indígenas, o que leva algumas pessoas da região a desconfiarem de que ela na verdade seria Kiowa. A relativa tranquilidade dos Zacharys muda completamente quando guerreiros nativos voltam para seu rancho. Eles querem Rachel, o que dará origem a uma nova guerra entre brancos e índios.
Comentários:
Só o simples fato de ter sido dirigido pelo mestre John Huston já chama a atenção. Quem conhece a obra desse cineasta sabe muito bem que ele nunca rodou filmes banais, que caíssem no lugar comum. É verdade que Huston não realizou muitos filmes de faroeste ao longo de sua carreira, mas quando o fez certamente caprichou. Não há outra qualificação para essa produção, trata-se de mais uma obra prima da filmografia desse talentoso diretor. O roteiro mostra a vida da família Zachary. Eles vivem há décadas em um rancho em um território dominado pela tribo Kiowa. De tempos em tempos ocorrem matanças entre brancos e nativos. Depois de um longo período de paz eles retornam. Querem Rachel (Hepburn) que eles alegam ter sido raptada de sua tribo no passado. Acontece que Rachel já é uma mulher adulta, plenamente integrada à sociedade civilizada. Ela jamais seria levada de volta para as montanhas onde vivem os Kiowas. Para Ben (Lancaster) essa hipótese jamais poderia ser nem ao menos cogitada. A recusa dele para os Kiowas eleva à tensão ao máximo, o que desencadeia uma nova era de conflitos entre os brancos e índios da região.
Huston não se contenta em apenas contar um filme onde nativos são vilões e colonizadores brancos são mocinhos. Ele procura desenvolver cada personagem, cada membro da família Zachary. Com um elenco maravilhoso em mãos, Huston criou um filme que é considerado um dos melhores da década de 1960. Além dos familiares protagonistas da estória, Huston inseriu um personagem por demais interessante, um homem velho em roupas de soldado confederado que passa de tempos em tempos proclamando profecias e trechos do velho testamento, tal como se fosse um profeta do velho oeste. Outro aspecto que chama a atenção é o tema do racismo. Em pleno auge da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, Huston soube como poucos tratar sobre o tema racial de uma forma extremamente inteligente. Se formos analisar atentamente veremos que esse faroeste tem como tema central justamente a diferença de raças e o preconceito sempre latente na mente humana. Em conclusão, temos aqui um excelente filme, genial realmente. Tudo acontece no seu devido tempo e Huston se mostra mais uma vez como um verdadeiro artesão da sétima arte. "The Unforgiven" é item obrigatório em qualquer coleção de western de respeito. Não deixe de assistir.
Pablo Aluísio.
domingo, 15 de outubro de 2017
Um Colt... para os Filhos do Demônio
Título Original: Al Di Là Della Legge
Ano de Produção: 1968
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Roxy Film
Direção: Giorgio Stegani
Roteiro: Warren Kiefer, Mino Roli
Elenco: Lee Van Cleef, Antonio Sabato, Gordon Mitchell
Sinopse:
Três vigaristas liderados pelo bandoleiro e pistoleiro Billy Joe Cudlip (Lee Van Cleef) tentam colocar as mãos numa pequena fortuna, na verdade a folha de pagamento de uma empresa de mineração e ferrovias do velho oeste. Fingindo ser um homem bom, honesto e íntegro o bandido Billy Joe consegue ainda mais, se tornando xerife da cidade. No fundo o que ele deseja mesmo é dar um grande golpe para fugir em direção ao deserto, rico e livre da lei.
Comentários:
O filme foi lançado nos Estados Unidos com o título "Beyond The Law". No Brasil recebeu esse título nacional no mínimo curioso e diria até adequado pois os filmes do estilo Western Spaghetti sempre chegavam em nossos cinemas com títulos desse tipo, bem chamativos, muitas vezes comicamente sensacionalistas. O roteiro desse filme soube muito bem explorar o talento do ator Lee Van Cleef. Há uma certa comicidade quando seu personagem, um vagabundo, facínora e ladrão, começa a enganar a todos como um xerife honesto e honrado. Ele troca os farrapos por um terno elegante e acaba incorporando a imagem de bom moço, algo que ele nunca foi de verdade. Os elementos de humor foram bem inseridos e são espontâneos, nada forçados ou ao estilo pastelão. Há também boas cenas de ação, em especial a que Cleef enfrenta um bando de desordeiros. O diretor Sergio Sollima parece ter a intenção de demonstrar com seu filme que as circunstâncias podem mudar o cárater de uma pessoa. Mesmo sendo apenas um pilantra ladrão o Billy Joe de Cleef começa aos poucos a ter momentos de justiça e honra em suas atitudes. Apesar de ser um bom momento na carreira de Lee Van Cleef ele foi prejudicado pela má qualidade das cópias durante sua comercialização no mercado de vídeo VHS há alguns anos. No Brasil o filme foi lançado pelo selo Century Vídeo numa qualidade sofrível que deixou muito a desejar. De qualquer maneira, pelos toques de inteligência que apresenta em seu roteiro esse é certamente um bom Western Spaghetti a se conhecer, principalmente pelo fato de que quando foi lançado o estilo estava em seu auge de popularidade, ganhando espaço inclusive no circuito norte-americano de cinemas, um feito e tanto para uma produção italiana naqueles tempos distantes.
Pablo Aluísio.
Keoma
Ano de Produção: 1976
País: Itália
Estúdio: Uranos Cinematografica
Direção: Enzo G. Castellari
Roteiro: Luigi Montefiori, Mino Roli
Elenco: Franco Nero, William Berger, Olga Karlatos, Orso Maria Guerrini
Sinopse:
Após o fim da guerra civil o misterioso Keoma (Franco Nero) surge das ventanias do deserto de volta ao seu antigo lar. Para sua infelicidade descobre que o lugar está dominado por uma quadrilha de bandoleiros. Logo ele entende que precisará fazer algo e sozinho, pois não consegue confiar em absolutamente mais ninguém sob a face da Terra. Keoma veio para espalhar justiça e pavor entre os bandoleiros e malfeitores em geral, tudo isso feito ao seu próprio modo.
Comentários:
Qualquer retorno de Franco Nero ao Western Spaghetti era comemorado pelos fãs do estilo. Isso porque ele foi um dos atores mais populares desse gênero cinematográfico tendo estrelado o filme de maior bilheteria do cinema italiano da época, "Django". Embora procurasse sempre desenvolver um trabalho paralelo ao faroeste o fato é que sempre retornava, até porque a oferta dos produtores era generosa. Ter Franco Nero estrelando filmes sobre o velho oeste era bilheteria certa. Em 1976 o Spaghetti já caminhava para seu fim, mas Nero deu o ar de sua graça novamente em "Keoma". Seu visual estava bem diferente, com longas barbas, como se fosse um caçador de ursos das montanhas. O diretor Enzo G. Castellari rejeitou a ideia de fazer um filme com bom humor e cenas pastelão como vinha ficando comum no Spaghetti. Ao invés disso determinou que o roteiro fosse mais realista, sem gracinhas estúpidas. Essa seriedade acabou atraindo Franco Nero para o projeto, já que ele próprio vinha se irritando com a mistura de cenas de comédia em filmes de western. Era algo que nunca lhe agradou. O curioso é que o roteiro também empresta uma dimensão surrealista ao personagem, como se ele fosse uma entidade de aspecto quase religioso e redentor. O uso de flashbacks também se mostra muito bem realizado. Destaque para o clímax do filme, que se tornou um marco do cinema italiano da época. Em suma, um filme diferente, que poucos realmente entenderam completamente em seu lançamento original, mas que hoje em dia ganhou um status de cult movie, por causa de suas boas ideias e produção com temática diferenciada.
Pablo Aluísio.