O filme conta a história real da pastora Tammy Faye (Jessica Chastain). Começa na década de 1960 quando ela começa a viajar ao lado do marido Jim (Andrew Garfield). Eram jovens, desempregados e pobres. Mesmo assim seguem com seus planos, pregando onde eram aceitos. A Tammy criou um número com fantoches, para ensinar o evangelho para crianças. Um pastor de uma cidade do sul achou interessante a ideia e acabou dando a eles um espaço em seu programa de TV. O sucesso se tornou imediato. Logo Tammy e o marido ganharam cada vez mais audiência, ao ponto de em pouco tempo conseguirem seu próprio programa. Essa história mostra como o mundo evangélico funciona nos Estados Unidos. Esse casal foi um dos primeiros a espalhar a teologia da prosperidade, que pregava que quanto mais o fiel doasse para a igreja mais seria abençoado com riqueza material. Se não doasse dinheiro, ficaria na miséria. Claro que Tammy e o marido acabaram muito ricos nesse processo.
Eles ficaram tão ricos com as doações dos que assistiam seus programas que logo compraram sua própria emissora de televisão. O problema é que com dinheiro demais, vem também os excessos. A Tammy usava um estilo que eu só poderia qualificar como "brega evangélica americana". Sempre com roupas luxuosas, maquiagem excessiva e muita ostentação de riquezas, com os dedos lotados de diamantes. Além disso havia mansões, carros luxuosos e tudo o que dinheiro podia comprar. Mensagem de Jesus? Esqueça, o negócio era ter muita grana mesmo! Com uma personagem tão extravagante assim a atriz Jessica Chastain conseguiu realizar aquele que talvez seja a melhor interpretação de sua carreira. Acabou sendo premiada com o Oscar de melhor atriz. Prêmio mais do que merecido.
Voltemos aos fatos. O fisco americano começou a ficar de olho no casal e aí já sabe. Descobriu-se que eles pediam dinheiro para construir casas para os mais pobres, mas que no fundo usavam o dinheiro em benefício próprio. A grana era gasta mesmo em suas vidas de luxos. O FBI bateu em cima e aí o império começou a ruir. A Tammy ainda conseguiu uma sobrevida porque era cantora gospel (daquelas bem bregas) e sempre teria como se sustentar. O problema é que o marido, que posava de senhor da moralidade, eram também um homossexual por trás das cortinas. A Tammy Faye já faleceu, mas deixou um legado bem negativo no mundo religioso dos EUA. Seu único aspecto positivo, pelo que vi no filme, foi que ela tentou combater o preconceito contra homossexuais dentro do mundo evangélico americano. Fora isso deixou discos bregas gospel e muita teologia da prosperidade na cabeça dos seguidores, algo que se repete à todo vapor no Brasil dos dias atuais. Que legado ruim, hein Tammy...
Os Olhos de Tammy Faye (The Eyes of Tammy Faye, Estados Unidos, 2021) Direção: Michael Showalter / Roteiro: Abe Sylvia / Elenco: Jessica Chastain, Andrew Garfield, Vincent D'Onofrio, Mark Wystrach / Sinopse: O filme conta a história da vida da pastora Tammy Faye; De origem humilde, ela se tornou fabulosamente rica ao lado do marido ao espalhar a teologia da prosperidade em programas de TV nos Estados Unidos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor maquiagem e cabelo e melhor atriz (Jessica Chastain).
Pablo Aluísio.