sábado, 2 de agosto de 2025
Bridget Jones: Louca pelo Garoto
Julie & Julia

A primeira personagem é a Julia Child, brilhantemente interpretada pela Mery Streep, uma americana esposa de diplomata que se atreve a entrar no restrito mundo da alta gastronomia francesa. Além de aprender ela ainda tenta levar todos aqueles pratos sofisticadas para os EUA, escrevendo um livro de receitas que deveria ser lido e usado por donas de casa simples de seu país. Seu objetivo era levar os segredos dos grandes pratos franceses para o cotidiano suburbano norte-americano. No começo até achei a caracterização da Meryl Streep um pouquinho caricatural mas depois olhando no Youtube a verdadeira Julia Child (ela também tinha um popular programa de TV) pude perceber como estava fiel o trabalho desenvolvido pela Meryl (que sinceramente é um atriz que dispensa maiores comentários).
A outra Julia, a blogueira Julie Powell cuja sua história se passa em 2002 no filme, também é outro ponto forte. Não sou particularmente fã da Amy Adams mas aqui ela está muito bem, nada exagerada, bem na medida certa, sem ofuscar a Meryl mas também sem perigo de estragar o filme com uma interpretação fraca. O resto do elenco de apoio também é todo bom, de Stanley Tucci (que já gosto há muito tempo) até Jane Lynch (a treinadora de Glee, aqui sob pesada maquiagem).
Ponto positivo também para a diretora Nora Ephron que vinha de um tremendo fracasso, "A Feiticeira", mas que felizmente aqui demonstra sinais de estar voltando ao caminho certo. Tomara que reencontre mesmo pois ela costuma fazer bons filmes, como esse. Foi bastante acertada a decisão de entregar a direção para uma mulher já que esse tipo de produção exige um tipo de sensibilidade que dificilmente seria encontrado em um cineasta do sexo masculino. Em conclusão "Julie & Julia" é uma boa pedida para quem deseja encontrar um entretenimento leve mas bem realizado que traz como bônus mais uma bela interpretação da grande Meryl Streep.
Julie & Julia (Idem, EUA, 2009) Direção de Nora Ephron / Roteiro: Nora Ephron baseado no livro de Julie Powell / Elenco: Amy Adams, Meryl Streep, Stanley Tucci, Chris Messina / Sinopse: Julie Powell (Amy Adams) cria um blog onde conta suas experiências culinárias ao tentar reproduzir todas as receitas contidas no livro de uma famosa escritora de gastronomia, Julia Child (Meryl Streep). Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Meryl Streep). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Meryl Streep). Também indicado ao prêmio de Melhor Filme - Comédia ou Musical.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
O Último Amor de Mr. Morgan
A Difícil Arte de Amar

Além do bom roteiro e argumento "Heartburn" tem como maior atrativo ver em cena dois dos grandes intérpretes do cinema americano: Meryl Streep e Jack Nicholson. Embora ambos estejam em grande forma deve-se reconhecer que o filme é de Meryl. Sem sinais de vaidade ela se entregou de corpo e alma a uma personagem sem nenhum glamour. Já Jack está ali como mera escada para Streep. Isso não é demérito e nem significa que ele esteja ruim em cena, pelo contrário, é uma consequência do próprio roteiro que foi concebido assim mesmo. Por fim, para os nostálgicos, o filme traz a famosa trilha sonora escrita e cantada por Carly Simon. A música tema foi um tremendo hit dos anos 80 e certamente todos vão se lembrar dela na primeira audição. Enfim, bom filme, com ótimas atuações mostrando a "vida como ela é".
A Difícil Arte de Amar (Heartburn, Estados Unidos, 1986) Diretor: Mike Nichols / Roteiro: Nora Ephron / Elenco: Meryl Streep, Jack Nicholson, Jeff Daniels, Maureen Stapleton, Milos Forman, Kevin Spacey / Sinopse: Rachel (Meryl Streep) e Mark (Jack Nicholson) são dois jornalistas que se conhecem em um casamento e, pouco tempo depois, se casam. Quando ela está na sua segunda gravidez, descobre que o marido tem um caso. O roteiro é uma visão autobiográfica da separação do casamento da roteirista Nora Ephron com Carl Bernstein (autor de Todos os Homens do Presidente) e foi baseado no best-seller da escritora.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 30 de julho de 2025
Inimigos Públicos
No elenco dois nomes se destacam: Johnny Deep como John Dillinger está, como sempre, ótimo, mas aqui um pouco mais contido do que o normal. Não há a menor sombra de exageros como seus outros personagens mais famosos como em Piratas do Caribe ou A Fantástica Fábrica de Chocolate. Ele faz um Dillinger bem mais soturno e realista, um bandido que vive o presente pois sabe que na vida que leva não terá um futuro. Já Christian Bale no papel do principal agente na caçada de Dillinger, Melvin Purvis, não consegue empolgar em nenhum momento. Para falar a verdade o ator repete o problema de Exterminador do Futuro 4, quando sua falta de carisma atrapalha o desenvolvimento de seus personagens. Mesmo fazendo o papel do homem da lei sua atuação não empolga e é apática.De qualquer maneira esse é o tipo de filme obrigatório nesse ano para quem gosta de cinema. Provavelmente ganhará algumas indicações ao Oscar na próxima premiação, pois sem dúvida é um filme feito para brilhar na noite de entrega dos prêmios da Academia. A produção é de luxo e sua estréia nos EUA já demonstra que será um grande sucesso de bilheteria.
Inimigos Públicos (Public Enemy, EUA, 2009) / Direção: Michael Mann / Elenco: Johnny Depp, Christian Bale, Marion Cotillard, Giovanni Ribisi, Channing Tatum, Stephen Dorff, David Wenham, Stephen Graham. / Sinopse: Durante a grande depressão nos anos 30, o FBI forma uma equipe especial para caçar o bando de assaltantes liderados por John Dillinger. Eleito o inimigo número 1 dos EUA todos os esforços são concentrados para colocar o criminoso atrás das grades.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 29 de julho de 2025
O Chicote Fatal
Título Original: Black Midnight
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Lindsley Parsons Productions
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Clint Johnston, Erna Lazarus
Elenco: Roddy McDowall, Damian O'Flynn, Lyn Thomas, Kirby Grant, Gordon Jones, Fay Baker
Sinopse:
O filme conta a história de uma família de rancheiros do velho oeste. Eles criam cavalos de raça e quando um dos animais é roubado surge uma dúvida sobre quem teria cometido o crime? No oeste a punição por roubo de cavalos era a morte por enforcamento.
Comentários:
Pouca gente sabe, mas o fato é que esse foi o primeiro faroeste dirigido por Budd Boetticher. O cineasta seria um dos mais importantes e produtivos durante a era de ouro do western norte-americano. Não se sabe bem a razão, mas ele decidiu assinar o filme como Oscar Boetticher! O que teria levado ele a adotar um outro nome? De qualquer forma foi sua estreia no gênero cinematográfico do qual seria mais lembrado pelos anos. O filme é na média, nada excepcional. Um ponto que chama a atenção é que é estrelado pelo ator Roddy McDowall. que muitos anos depois iria interpretar no cinema um de seus personagens mais famosos, o caçador de vampiros fajuto Peter Vincent do grande sucesso de bilheteria "A Hora do Espanto". Foi um veterano do cinema, com mais de 250 filmes ao longo da carreira!!! Um recorde! Infelizmente ele faleceu em 1998. De qualquer forma o filme vale como registro do comecinho de sua carreira, quando ainda era apenas um jovem sonhando com o sucesso em Hollywood.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 28 de julho de 2025
Os Inocentes
Gostei de praticamente tudo em "Os Inocentes". O roteiro é muito bem escrito, se aproveitando muito bem do clima soturno, do argumento inteligente e das excelentes atuações. Embora muitos críticos não gostem do filme "Os Que Chegam Com a Noite" eu penso que ter assistido ele antes me ajudou muito na compreensão do texto desse "Os Inocentes". Isso porque a estória do filme de Marlon Brando nos mostra tudo o que aconteceu naquela casa antes dos acontecimentos que vemos aqui em "Os Inocentes". Assim já sabemos de antemão como era o relacionamento entre as crianças e Peter Quint (que era interpretado por Brando). Aliás vou além, recomendo que os filmes sejam assistidos em sequência, pois certamente um complementa o outro, deixando tudo mais fluído e bem compreendido para o espectador. São obras cinematográficas que se completam.
"Os Inocentes" é um terror psicológico que se fundamenta muito no chamado poder de sugestão. Ao invés de mostrar monstros de borracha sem cabeça (como era comum em alguns filmes da época), o filme apenas sugere certas situações, certos momentos, tudo com elegância e sofisticação. Talvez por isso não tenha envelhecido, mesmo tendo sido produzido no começo dos anos 1960. O roteiro também é aberto a várias interpretações. Por exemplo, há uma certa controvérsia até hoje entre os cinéfilos sobre o que teria realmente acontecido com o garoto Miles (interpretado muito bem pelo ator mirim Martin Stephens). Possessão demoníaca? Ou apenas pura maldade e perversidade pessoal do garoto? Cada espectador acaba criando sua própria conclusão, o que demonstra bem como o roteiro é muito bem escrito e imaginativo.
Também não é para menos uma vez que estamos falando de um filme que foi adaptado da obra de um dos maiores escritores da história, Henry James. Por essa razão espere por um excelente suspense de terror mas não por um filme banal, de soluções fáceis e sustos gratuitos. O inteligente argumento no fundo explora o lado mais sombrio da alma humana, dissecando a própria natureza do ser humano, que já nasce corrompida e tendente à maldade pura, como muito bem demonstrado nos garotos de “Os Inocentes”. São crianças, mas nem um pouco inocentes como o próprio título do filme sugere em fina ironia. Enfim, "Os Inocentes" é uma bela obra cinematográfica que mostra que muitas vezes o implícito é bem mais assustador do que o explicito em filmes de suspense e terror. Além disso disseca como poucos a verdadeira natureza humana. Você vai se surpreender com o resultado final.
Os Inocentes (The Innocents, Inglaterra, 1961) Direção: Jack Clayton / Roteiro: John Mortimer baseado no livro de Henry James / Elenco: Deborah Kerr, Peter Wyngarde, Megs Jenkins / Sinopse: Miss Giddens (Deborah Kerr) é contratada por um rico homem de negócios para cuidar de seus sobrinhos órfãos. Eles vivem em uma isolada e distante mansão no interior inglês. Não demora a perceber que algo muito sinistro está ocorrendo no local. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor filme britânico.
Pablo Aluísio.
domingo, 27 de julho de 2025
Imperador Romano Maximiano
sábado, 26 de julho de 2025
The Beatles - Revolver (1966)
Embora McCartney tenha sido genial nesse disco com suas ternas melodias o legado mais revolucionário do álbum pertence mesmo a John Lennon. Desde a primeira faixa Lenniana, "I´m Only Sleeping", com escala musical incomum, John deixa claro que veio para testar os limites do Rock na época. Sua "She Said, She Said" é uma pedrada no formato convencional (e careta) que predominava na música da década de 60. Dr. Robert, por sua vez, é um manifesto com referências ao movimento psicodélico que nascia naquele momento e "Good Day Sunshine", com sua linha saudosista, vinha para satirizar com muito bom humor o comodismo da classe média e seus valores quadrados. Mas foi com "Tomorrow Never Knows" que Lennon realmente chutou o balde. Essa canção pode ser considerada, sem a menor hesitação, como uma das mais influentes do rock mundial moderno. Não existe sequer uma única banda da atualidade que não beba de sua fonte maravilhosamente enlouquecida e sem freios. "Tomorrow Never Knows" até hoje soa extraordinariamente criativa, imaginativa e acima de tudo revolucionária. Não importa qual seja a sua banda favorita e nem a época, de Radiohead a Oasis, nenhum grupo conseguiu sequer chegar aos pés dessa doce alucinação. Não há como duvidar, Lennon realmente era um gênio musical. Revolver retrata o momento em que os Beatles romperam com tudo o que se fazia na época, inclusive com seu próprio modelo, que definitivamente a partir desse momento era deixado para trás. Apenas pela coragem de romper tabus musicais Revolver já teria garantido seu lugar na história da música do século XX, mas o álbum é muito mais do que isso, é uma obra simplesmente indispensável para se entender a arte de nosso tempo.
1. Taxman (Harrison) - Nesse disco George e John trabalharam juntos em algumas faixas. Essa parceria Lennon e Harrison se mostraria mais forte em "Taxman". Anos depois, após o fim dos Beatles, John Lennon iria reclamar publicamente de George Harrison que segundo ele nunca teria dado os créditos merecidos na gravação dessa música. John afirmava que George havia chegado nos estúdios Abbey Road apenas com um esboço muito primário do que seria Taxman. Assim ele e George passariam horas lapidando a música, com John Lennon fazendo grande parte dos arranjos. Curiosamente a dobradinha "Harrison / Lennon" também não apareceu na contracapa do álbum, sendo a canção creditada apenas a George Harrison. Na época John Lennon pareceu não ligar muito para isso, mas depois, já nos anos 70, reclamou da falta de consideração de seu colega de banda.
2. Eleanor Rigby (Lennon / McCartney) - Paul McCartney compôs "Eleanor Rigby" durante as filmagens de "Help!". Ele inclusive quase escolheu a música para fazer parte da trilha sonora do filme, mas pensou melhor e resolveu trabalhar ainda mais nela, antes de a levá-la para o estúdio. Assim que George Martin a ouviu pela primeira vez percebeu que ali havia uma faixa clássica que não se enquadraria com os instrumentos de um grupo de rock. Era algo completamente novo para um disco dos Beatles. Era necessário escrever um arranjo mais erudito, usando um quarteto de cordas, de preferência. Paul aceitou imediatamente as sugestões. Assim os instrumentos básicos dos Beatles foram deixados de lado. Um grupo de músicos foi contratado e Paul e Martin começaram a lapidar a canção em Abbey Road. Para se ter uma ideia, Ringo Starr nem sequer participou da gravação da música. John e George só colaboraram fazendo os vocais de apoio. Embora John tenha creditada a canção como uma de suas criações, o fato é que sua participação na criação da música foi praticamente nula. Paul esclareceria anos depois que John havia escrito apenas uma linha da letra e feito o backing vocal, nada muito além disso. Aliás nenhum dos Beatles tocou na faixa, sendo tudo providenciado mesmo pelo gênio George Martin. A letra, composta quase que exclusivamente por Paul falava sobre solidão. Essa é certamente uma das letras mais cinematográficas dos Beatles pois em essência narra o enterro de Eleanor Rigby, uma pessoa solitária, em cujo funeral ninguém compareceu a não ser o Padre McKenzie para fazer as orações finais. Durante anos Paul disse que a personagem Eleanor Rigby era ficcional, tanto que antes de escolher esse nome outros foram usados na composição como Miss Daisy Hawkins. A sonoridade desse nome porém não agradou Paul completamente, tanto que depois finalmente encontrou o que procurava em "Eleanor Rigby". A explicação soava até bem plausível, isso até historiadores dos Beatles encontrarem uma lápide real no cemitério de Liverpool com o nome de Eleanor Rigby, cuja data de falecimento constava como o de 1939. Eleanor Rigby assim era o nome real de uma pessoa real, que viveu e morreu em Liverpool bem no começo da II Guerra Mundial. Informado sobre a descoberta, Paul se disse completamente surpreso! Quem sabe seu nome ficou em seu subconsciente, pois Paul costumava frequentar o local quando era mais jovem. Mais um mistério na história desse verdadeiro clássico da carreira dos Beatles.
3. I'm Only Sleeping (Lennon / McCartney) - E a última grande criação de John Lennon para "Revolver" foi "I'm Only Sleeping". Durante anos se especulou que John novamente fazia referências ao uso de drogas na letra dessa canção. Ele porém rechaçou essa interpretação. John dizia que era a pessoa mais preguiçosa do mundo, que amava ficar em sua cama durante o dia inteiro, sem fazer nada. A letra era assim a mais direta possível, uma declaração de um preguiçoso sobre a arte de não fazer absolutamente nada, de ficar apenas dormindo o dia inteiro. Aliás o próprio John admitira esse aspecto de sua personalidade várias vezes ao longo da vida em entrevistas. Certa vez ele declarou: "Os Beatles só voltavam a se reunir em estúdio por insistência de Paul. Ele me ligava e dizia que tínhamos que gravar um novo disco, ao qual eu respondia que não queria, que estava com preguiça. Então Paul ficava ligando por uma ou duas semanas, insistindo, até eu finalmente sair da cama para trabalhar!"
4. Love You To (Harrison) - Outra surpresa em termos de arranjo do "Revolver" veio com a gravação de "Love You To". Que George Harrison estava completamente imerso na religião hindu, todos já sabiam. De todos os Beatles ele foi aquele que mais caiu de cabeça dentro da cultura oriental, quando o grupo foi até a Índia atrás dos ensinamentos de um guru indiano, o Maharishi Mahesh Yogi. O que ninguém esperava era que George iria trazer o som da Índia para dentro dos discos dos Beatles. No começo houve uma certa resistência de Paul em colocar a música dentro do álbum. Era estranha demais para os ouvidos dos ocidentais, dos fãs dos Beatles. Depois cansado das brigas com Harrison, finalmente cedeu. A música serve de certa maneira como uma forma de enriquecimento cultural maior dos trabalhos dos Beatles, mas Paul tinha razão em dizer que ela não deveria ter entrado no disco. Teria sido bem melhor que George Harrison a tivesse lançado em um single solo, até mesmo porque ele foi o único Beatle a participar da gravação. Todos os demais, por questões óbvias, ficaram de fora. Ninguém sabia tocar aqueles estranhos instrumentos musicais indianos.
5. Here, There and Everywhere (Lennon / McCartney) - Bom, o que não poderia faltar em um bom disco dos Beatles nos anos 60 era uma bela e romântica balada. Invariavelmente essas lindas canções de amor eram compostas por Paul McCartney. Aqui não houve exceção. "Here, There and Everywhere" fazia jus a esse legado. Uma das melodias mais bonitas compostas por Paul. Ele a criou em homenagem à sua namorada na época, a ruivinha Jane Asher. Todos os Beatles acreditavam que Paul um dia iria se casar com Jane. Eles estavam juntos há muito tempo e ela foi a fonte de inspiração de algumas das melhores músicas de amor de Paul. John vivia provocando Paul, querendo saber quando seria o dia do casamento pois ele estava cansado de ser o único Beatle casado! Curiosamente Jane e Paul romperiam alguns anos depois. "Uma surpresa e tanto, pensei que eles iriam se casar!" - resumiria depois John em uma entrevista. Pelo menos as ótimas canções românticas que embalaram esse romance sobreviveram ao tempo.
6. Yellow Submarine (Lennon / McCartney) - Até hoje ninguém sabe ao certo quem teve a ideia de compor uma música psicodélica chamada "Yellow Submarine". Pelo tema de fantasia poderíamos dizer que foi Paul, mas as contribuições de John Lennon também não foram poucas. O que se sabe com certeza é que todo álbum dos Beatles, desde o primeiro, tinha que trazer uma música mais simples para ser cantada pelo baterista Ringo Starr. O próprio John explicaria isso ao dizer: "Eu e Paul sempre fazíamos alguma música para Ringo cantar. Ele não era o melhor cantor do mundo, então as músicas dadas a ele eram as mais simples!". Bom, olhando para o resultado final podemos dizer que esse nem foi bem o caso da música. "Yellow Submarine" foi intensamente trabalhada por Paul, John e George Martin dentro dos estúdios. Tudo para criar aquela sonoridade única que ouvimos, algo parecido com um desenho animado segundo a opinião de Paul. O curioso é que de fato ela iria virar uma animação futuramente, mas na época em que foi gravada ninguém realmente pensava que isso iria acontecer. Era apenas mais uma faixa do "Revolver" que fugia completamente dos padrões do que os Beatles tinham gravado antes.
7. She Said She Said (Lennon / McCartney) - Para o álbum "Revolver" John Lennon parecia estar mesmo muito inspirado. Tanto que ele iria trazer outra "pauleira" para ser gravada. A música se chamava apenas "She Said She Said". Ao contrário de "Tomorrow Never Knows" essa já estava praticamente feita quando John a apresentou aos demais membros da banda. Ele havia gravado uma fita demo e tudo já estava ali, sem precisar trabalhar muito nela. Mais uma vez a presença do produtor George Martin se mostrou vital. Ele sugeriu a John que aumentasse a distorção das guitarras, já que ele queria um rock bem ao velho estilo. O resultado saiu melhor do que o esperado. A composição surgiu de uma conversa entre John e Peter Fonda. A inspiração obviamente veio do LSD, o ácido lisérgico, que ia se tornando cada vez mais popular. John e Paul não se deram muito bem durante as gravações. Eles discordaram muito sobre como a música deveria ser gravada. Paul queria mais melodia, enquanto John queria um som bem mais cru. Como não chegaram a um acordo satisfatório, Paul resolveu abandonar sua participação na música. John então pediu a George Harrison que tocasse o baixo. Isso demonstrava que o stress e as brigas entre John e Paul já vinha de algum tempo. Algo que iria destruir o grupo em alguns anos.
8. Good Day Sunshine (Lennon / McCartney) - "Good Day Sunshine" era outra boa composição de John Lennon. Aliás se formos analisar bem veremos que o último álbum de grande colaboração de John na seleção musical havia sido mesmo o "Revolver". Depois dele o próprio John admitia que havia entrado numa fase de pasmaceira criativa, onde ele geralmente chegava sem canções finalizadas dentro do estúdio, precisando da ajuda dos demais Beatles para completar aquelas ideias inacabadas, muitas vezes sendo apenas trechos e esboços de músicas, tudo sem arte final. A letra, composta ao piano, parecia em uma primeira audição bem bobinha. John porém queria criticar exatamente a chatice da vida das pessoas, todas embaladas por sonhos de consumo medíocres, como se fossem grande coisa.
9. And Your Bird Can Sing (Lennon / McCartney) - "And Your Bird Can Sing" também fugia do lugar comum. Aqui John Lennon quis dar uma espécie de resposta para a faixa anterior de Paul, também com um arranjo diferente. Porém ao contrário de Paul, John não quis deixar as guitarras debaixo da cama. Ao contrário disso as deixou em primeiro plano, em excelentes solos que iam se revezando ao longo de toda a faixa. Curiosamente o principal parceiro de John na elaboração dessa música dentro do estúdio não foi Paul McCartney, mas sim George Harrison. Afinal ambos eram os guitarristas da banda, então era natural que eles se sentassem para escrever juntos as linhas de melodia que iriam usar. Apesar disso, da intensa colaboração de Harrison, a música acabou sendo creditada, mais uma vez, como uma criação de Lennon e McCartney, apesar da participação de Paul ter sido mínima.
10. For No One (Lennon / McCartney) - Paul também foi o criador de outro momento sublime do álbum. A música se chamava "For No One". Assim como aconteceu com "Eleanor Rigby", Paul e o produtor e maestro George Martin sentaram para discutir como seria gravada essa linda balada. Usar os instrumentos básicos dos Beatles (guitarras, baixo e bateria) parecia soar banal demais para Paul McCartney. Ele queria algo mais erudito, mais clássico. Assim Paul dispensou as participações de John Lennon e George Harrison. Ao invés deles Paul trouxe para o estúdio o músico Alan Civil. Dos demais Beatles apenas Ringo compareceu fazendo uma percussão bem mais sutil. A letra foi mais uma vez inspirada no relacionamento de Paul com Jane Asher. Paul descrevia pequenos detalhes que revelavam como o namoro entre eles estava chegando ao fim. Uma grande composição de Paul McCartney, sem dúvida.
11. Doctor Robert (Lennon / McCartney) - É a tal coisa, se tivesse que escolher o melhor rock do álbum "Revolver" certamente apontaria para a canção "Doctor Robert". Essa canção, como diria John Lennon anos depois, tinha realmente um grande pulso, uma grande pegada! A letra foi composta por John durante a excursão americana dos Beatles. A letra era meio enigmática, porém a ligação com as drogas que os Beatles estavam consumindo na época era bastante óbvia! E afinal quem era o tal Doutor Robert citado na letra? John costumava dizer que era ele mesmo, assim apelidado pelos demais Beatles por estar sempre com todas as pílulas na mão! Se algum membro da banda quisesse tomar alguma droga, já sabia, deveria procurar por Doutor Robert, ou seja, Lennon, que guardava as drogas com ele. Ele costumava andar com uma pequena maletinha onde guardava as substância químicas ilegais. Outros porém dizem que Lennon quis preservar a identidade do verdadeiro Dr. Robert, que seria na verdade o médico Robert Freymann, que vendia prescrições médicas falsas para os figurões do mundo da música em Londres. Era uma espécie de traficante travestido de médico!
12. I Want to Tell You (Harrison) - Por falar em George Harrison ele também trouxe suas próprias composições para o disco. Uma delas foi "I Want to Tell You". Nessa todos os Beatles estavam presentes. No começo Paul não gostou muito da melodia e disse a George que era necessário trabalhar mais na música antes de gravá-la. Era precisa escrever mais algumas linhas de melodia, acrescentar mais notas musicais, mas Harrison recusou a ajuda de Paul. No final a música foi gravada do jeito que George queria, embora ao ouvi-la se chegue na conclusão de que Paul McCartney realmente tinha razão. A música parece não ir para lugar nenhum, exagerando no uso e abuso do refrão, algo que no final das contas se torna até mesmo cansativo.
13. Got to Get You into My Life (Lennon / McCartney) - O álbum "Revolver" foi de fato o primeiro a romper completamente com aquela sonoridade dos primeiros discos dos Beatles. Não havia mais necessidade de seguir uma determinada fórmula comercial à risca. Ao contrário disso eles queriam mesmo arriscar, sondar novos territórios musicais. Em "Got to Get You into My Life" Paul quis recriar o som da gravadora negra Motown, Por isso pediu a George Martin que ele providenciasse um arranjo com muitos metais. Praticamente foi dispensada a formação clássica de instrumentos dos Beatles. Guitarras e baixo foram colocados em segundo plano. O destaque ficou concentrado mesmo apenas naquele tipo de som que ficaria muito adequado em um lançamento da gravadora de Detroit.
14. Tomorrow Never Knows (Lennon / McCartney) - A obra prima de John Lennon em "Revolver" foi justamente essa estranha (para a época) "Tomorrow Never Knows". Para muitos especialistas em rock essa canção foi o verdadeiro marco zero no que viria a ser depois chamado de Rock Psicodélico. Quando John entrou em Abbey Road pela primeira vez com o esboço da letra dessa música ele não tinha exatamente ideia do que ela iria se transformar. Ao lado do maestro e produtor George Martin ele passou dias, horas e mais horas de estúdio, tentando reproduzir o tipo de sonoridade que ele procurava. John queria que George Martin recriasse o som que ele definia como a de uma fita de gravação sendo rebobinada. Algo inédito na época. Depois de muitas tentativas e erros finalmente a gravação foi finalizada, se tornando a primeira grande experimentação musical dos Beatles em sua discografia. Não havia mais limites a respeitar em termos de criatividade dentro dos estúdios.
The Beatles - Revolver (1966) - John Lennon (vocais, guitarra, violão e piano) / Paul McCartney (baixo, violão, piano e bateria) / George Harrison (vocais, violão, guitarra) / George Harrison (vocais, guitarra, violão) / Ringo Starr (vocais, bateria) / Jurgen Hess (violino) / Tony Gilbert (violino) / Sidney Sax (violino) / John Sharpe (violino) / Stephen Shingles (viola) / John Underwood (viola) / Derrick Simpson (Cello) / Norman Jones (Cello) / George Martin (Órgão, piano, backing vocals) / Geoff Emerick (backing vocals) / Mal Evans (backing vocals, bumbo) / Neil Aspinall (backing vocals) / Brian Jones (backing vocals, efeitos sonoros) / Marianne Faithful (backing vocals) / Alan Civil (Trompa) / Peter Coe (Sax Tenor) / Eddie "Tan Tan" Thornton (trompete) / Alan Branscombe (Sax Tenor) / Les Conlon (Trompete) / Ian Hammer (Trompete) / Data de gravação: 6 de Abril a 21 de junho de 1966 / Local de gravação: Abbey Road Studios, Londres / Data de Lançamento: 5 de agosto de 1966 / Produção: George Martin.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 25 de julho de 2025
Meu Nome era Eileen
quinta-feira, 24 de julho de 2025
M3GAN 2.0
quarta-feira, 23 de julho de 2025
Deixa Ela Entrar
Essa pequena obra prima é uma das gratas surpresas do ano nas telas de
cinema do Brasil. "Deixa Ela Entrar" tem todo os ingredientes que vão
agradar aos fãs de terror, além dos que gostam de bom cinema de uma
forma em geral. Baseado em um livro de sucesso do escritor John
Lindqvist o filme tem um desenvolvimento único e cativante, que prende a
atenção do espectador desde o primeiro momento. Como o filme é sueco
ficamos salvos dos velhos clichês que imperam nos filmes de vampiro
provenientes de Hollywood. Não há profusão de sangue e nem de efeitos
especiais, tudo é realizado e mostrado de forma sutil e delicada, com
cadência, o que exalta ainda mais as virtudes do roteiro inteligente e
bem escrito.
O argumento em si é simples. Logo no começo do filme somos
apresentados à tediosa rotina de vida do garotinho Oskar (Kare
Hedebrant). Ele vive em um conjunto habitacional de prédios em sua
cidade na Suécia. De dia frequenta o colégio, onde logo vira alvo de
bullying de alguns garotos de sua classe. Solitário e sem amigos uma
noite ele encontra uma garotinha de 12 anos chamada Eli (Lina
Leandersson) no pátio em frente ao local onde mora. Logo nasce uma bela
amizade entre os dois. Ao mesmo tempo a pequena cidade onde vive vira
inexplicavelmente palco de inúmeras mortes de moradores locais, embora
isso pareça ter pouca importância para Oskar nos divertidos momentos em
que passa ao lado de sua amiguinha. O que ele provavelmente nem
desconfie é que ambas as situações tem ligação entre si.
O filme tem um roteiro extremamente impactante. Em tempos de moda, o
vampirismo ganha uma nova conotação e um novo enfoque, completamente
originais. Curiosamente os produtores suavizaram um pouco o teor do
livro original que é bem mais pesado e mais enigmático. Flashbacks que
explicam a história de Eli foram completamente omitidos em prol de uma
maior leveza no desenvolvimento da trama. Outro aspecto que foi mudado
foi o próprio sexo de Eli. No original se tratava de um garoto,
andrógino ao extremo, que acaba se envolvendo com Oskar, mas a direção
do filme resolveu dar características femininas ao personagem principal
para não chocar o público.
Além disso o homem que auxilia Eli no filme
não tem sua origem explicada. Já no livro o papel desse companheiro é
bem claro: se trata de um pedófilo que havia tentado violentar Eli no
passado e que agora lhe serve como escravo. Nenhuma dessas mudanças
porém comprometem em absoluto as qualidades desse filme. "Deixa ela
entrar" é inovador, original e traz um sopro de qualidade ao tão batido
tema dos filmes de vampiros. Em tempos de Crepúsculo e outras bobagens
é sempre bom assistir um filme que respeite a longa tradição dos
sugadores de sangue da noite, mesmo que no final, temos que admitir,
essa herança tenha sido salva justamente por uma garotinha pré
adolescente. Em tempo: já está acertado o remake do filme em Hollywood.
Só nos resta rezar para que tudo não seja destruído nas mãos dos
produtores americanos.
Deixa Ela Entrar (Låt den rätte
komma in, Suécia, 2008) Direção: Tomas Alfredson / Roteiro: John
Ajvide Lindqvist, John Ajvide Lindqvist / Elenco: Kåre Hedebrant, Lina
Leandersson, Per Ragnar / Sinopse: Garotinho de nome Oskar (Kåre
Hedebrant) sofre bullying escolar mas encontra apoio em sua nova
vizinha, a garota Eli (Lina Leandersson)
Pablo Aluísio.
terça-feira, 22 de julho de 2025
Homens Mortos não Fazem Sombra
Título Original: Inginocchiati straniero... I cadaveri non fanno ombra!
Ano de Produção: 1970
País: Itália
Estúdio: Tarquinia Internazionale Cinematografica
Direção: Demofilo Fidani
Roteiro: Demofilo Fidani, Franco Mannocchi
Elenco: Jack Betts, Franco Borelli, Benito Pacifico, Attilio Dottesio, Simonetta Vitelli, Amerigo Castrighella
Sinopse:
Lazar Peacock (Jack Betts) é um caçador de recompensas que percorre o velho oeste em busca de criminosos procurados vivos ou mortos. Assim que os localiza, os mata e parte para receber seu prêmio, até que de caçador ele passa a ser caçado no deserto por um estranho.
Comentários:
Pode-se dizer tudo dos filmes italianos de faroeste, menos que eles não tivessem muita imaginação para títulos. Esse aqui também foi chamado no Brasil de "Os Cadáveres não Fazem Sombra", muito embora eu prefira mesmo o título nacional que foi lançado em nossos cinemas na década de 1970, uma tradução literal do nome original do filme na Europa. O ator que interpretava o caçador de recompensas, sempre vestido de negro, era o americano Jack Betts. Seu personagem já era tão interessante que ele apenas não tinha que estragar tudo em cena. E assim o fez, sempre com um sorriso sarcástico no rosto, principalmente quando dava um tiro na cabeça dos homens que procurava. Esse protagonista vilão é uma das boas coisas desse western spaghetti. Outra é o seu rival, um sujeito parecido com Terence Hill que passa a persegui-lo, obviamente em busca de vingança pessoal, velho tema dos antigos filmes de faroeste. No geral é um bom filme, apesar de sua produção ser um pouco fraca, o que piora nas péssimas cópias que foram vendidas no Brasil. No mais é tudo bem de acordo com o estilo italiano de fazer faroeste, ou seja, violência estilizada, trilha sonora forte e interpretações exageradas. É ver para crer - e se divertir.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 21 de julho de 2025
O Príncipe Ladrão
domingo, 20 de julho de 2025
Um Domingo Qualquer

No fundo o roteiro de "Um Domingo Qualquer" foca sobre as características de personalidade que formam o caráter de um verdadeiro líder de equipe. Isso é bem demonstrado na relação do quaterback Foxx com os demais jogadores. A partir do momento em que se torna queridinho da mídia ele passa a se auto vangloriar em demasia e o pior começa a criticar abertamente outros membros do time. Obviamente que em um esporte coletivo isso é literalmente dar um tiro no pé! A direção de Oliver Stone (que faz pequenas aparições como um comentarista esportivo) é centrada muito em uma edição que de certa forma imita as transmissões de jogos de canais como ESPN. Tudo muito rápido, nervoso, tentando captar a paixão e o calor do momento das partidas. Funciona? Sim, em termos. Dramaticamente era de se esperar um melhor aproveitamento de Al Pacino em cena mas isso não acontece. Como eu disse Stone preferiu mesmo glorificar a NFL. Se você gosta de filmes esportivos pode vir certamente a apreciar. Já os que querem ver o talento de Al Pacino podem ficar um pouco decepcionados. No final vale a pena assistir embora não seja dos melhores trabalhos de Oliver Stone.
Um Domingo Qualquer (Any Given Sunday, Estados Unidos, 1999) Direção: Oliver Stone / Elenco: Al Pacino, Cameron Diaz, Dennis Quaid, James Woods, Jamie Foxx, LL Cool J, Matthew Modine, Charlton Heston, Aaron Eckhart e Tom Sizemore / Sinopse: Um íntimo olhar sobre os bastidores do futebol americano, passando desde os jogadores até os treinadores, a mídia e os donos de times, que controlam o jogo como um grande negócio que lucra milhões de dólares todo ano.
Pablo Aluísio.
Beleza Roubada
Título Original: Stealing Beauty
Ano de Produção: 1996
País: Itália / França / Reino Unido
Estúdio: Fiction Films, France 2 Cinéma
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Bernardo Bertolucci, Susan Minot
Elenco: Liv Tyler, Jeremy Irons, Jason Flemying, Stefania Sandrelli, Rachel Weisz.
Sinopse:
Lucy Harmon (Liv Tyler) é uma jovem americana que decide ir até a Itália para descansar, reencontrar velhos amigos e repensar sua vida. Sua mãe havia se suicidado e ela procura entender o que de fato teria acontecido. A paz e a tranquilidade da Europa podem lhe trazer todas as respostas. Além disso ela pretende na viagem à Toscana descobrir a identidade de seu pai biológico, há muito desconhecido. A bucólica região acabará lhe trazendo novas perspectivas, com alegrias, novos amores e reflexões sobre si mesma.
Comentários:
O filme mais leve e despretensioso do grande cineasta Bernardo Bertolucci. Aqui ele deixa a complexidade torturada de alguns de seus personagens de filmes anteriores para mostrar a bucólica realidade de uma garota que está em busca do amor de sua vida enquanto passeia numa Itália dos sonhos. Essa produção transformou Liv Tyler na musa dos filmes cults, muito embora tenha chamado a atenção inicialmente em sua carreira em diversos videoclips ao estilo MTV. Em termos de elenco porém quem rouba os holofotes é realmente Jeremy Irons que está soberbo em cada cena. Um grande ator em um filme menor. A Toscana nunca foi tão linda e solar! Mesmo assim acho um filme bem mediano que exagera na linguagem e no ritmo europeu de fazer cinema. No fundo a estória criada por Bernardo Bertolucci não é grande coisa e ele próprio parece deslumbrado com a presença de Liv Tyler em seu filme. Por certo estava apaixonado! Infelizmente nada disso transparece para a tela e Beleza Roubada logo se torna cansativo. Pois é, até beleza demais cansa em excesso.
Pablo Aluísio.
sábado, 19 de julho de 2025
Toda Forma de Amor

O elenco está excepcionalmente bem. Também pudera, essa é um produção fundada em diálogos e boas atuações. Essas eram mais do que necessárias para dar tudo certo. Após um hiato de alguns anos aparecendo em filmes apenas medianos o ator Ewan McGregor finalmente volta à boa forma. O personagem que interpreta, Oliver, sem dúvida é um presente para qualquer intérprete. Irônico, levemente deprimido, ele vê o mundo pelos olhos da arte que produz e isso faz toda a diferença no resultado final. Já Christopher Plummer parece também ter tirado a sorte grande. Interpretando o velho Hal ele simplesmente dá show em cena. Ao dar vida a uma pessoa que não precisa mais provar nada à ninguém ele brilha em cena. Não me admira em nada o fato dele ter sido o vencedor do Oscar e ter ganho vários prêmios. Merece. Enfim, "Toda Forma de Amor" é simpático, agradável e muito bem atuado. Nos tempos atuais em que o cinema cada vez mais demonstra sinais de escassez dessas qualidades o filme é mais do que recomendado.
Toda Forma de Amor (Beginners, Estados Unidos, 2011) Direção: Mike Mills /Roteiro: Mike Mills / Elenco: Ewan McGregor, Christopher Plummer e Mélanie Laurent / Sinopse: Oliver (Ewan McGregor) conhece a irreverente e imprevisível Anna (Mélanie Laurent), alguns meses após seu pai Hal Campos (Christopher Plummer) ter falecido. Este novo amor preenche a memória de Oliver com recordações de seu pai, que saiu do armário aos 75 anos, após a morte de sua esposa de 45 anos, para viver uma vida completa.
Pablo Aluísio.
Cine Majestic
Título Original: Cine Majestic
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment, Village Roadshow
Direção: Frank Darabont
Roteiro: Michael Sloane
Elenco: Jim Carrey, Martin Landau, Bob Balaban
Sinopse:
Peter Appleton (Jim Carrey) é um roteirista americano que acaba caindo na infame lista negra do Macartismo. Acusado de ser comunista ele vê sua carreira acabar literalmente da noite para o dia. Até mesmo sua namorada, um relacionamento de longos anos do qual ele realmente acreditava, chega ao fim. Numa noite particularmente depressiva, durante a chuva, Peter sofre um acidente, perde sua memória e vai parar numa cidadezinha do interior. Lá ele acaba sendo confundido com outra pessoa, o filho do dono da única sala de cinema da região. Esse verdadeiro recomeço em sua vida o marcará para sempre.
Comentários:
Esse filme foi a aposta do comediante Jim Carrey em ser levado finalmente à sério como ator. A aposta foi bastante alta mas a produção, apesar de suas boas intenções, não conseguiu emplacar. O estúdio tentou vender a produção como um "Cinema Paradiso" americano mas na verdade convenceu pouca gente. Para se ter uma ideia de como foi pretensiosa a realização desse filme o ator Jim Carrey declarou em várias entrevistas que tinha muita esperança de que fosse indicado ao Oscar de Melhor Ator por seu personagem. Na verdade ele ia além, deixando sua modéstia de lado chegou a dizer que merecia o prêmio naquele ano. Hollywood não abre mão de certas tradições e uma delas é raramente premiar comediantes. Isso não é algo novo. Nem mesmo Charles Chaplin, um gênio do cinema, conseguiu ser premiado por alguns de seus filmes (só muitos anos depois, já envelhecido, recebeu um prêmio de consolação pelo "conjunto da obra"). Assim "Cine Majestic" acabou sendo vítima de suas próprias aspirações descabidas. Não é um filme ruim no final das contas, e até interessante e bem realizado, mas seu erro maior talvez tenha sido mesmo querer ir longe demais.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 18 de julho de 2025
Sete Dias Com Marilyn
Felizmente respirei aliviado quando "My Week With Marilyn" terminou.. Tudo é de muito bom gosto, o roteiro é bem escrito e as atuações são ótimas. Na minha forma de ver essa estrutura do argumento em que é valorizado apenas algum evento especifico da vida do biografado costuma dar muito mais certo do que quando tentam em um só filme retratar toda a história de vida da pessoa enfocada. Isso aconteceu recentemente com "A Dama de Ferro" em que tentaram dar um passo maior do que a perna e contar toda a história de Margaret Thatcher em apenas um filme - algo simplesmente impossível e que geralmente resulta em produções vazias e incompletas (apesar da ótima atuação de Meryl Streep considerei seu filme muito superficial).
Aqui acompanhamos a complicada gravação do filme "O Príncipe Encantado" que Marilyn Monroe (Michelle Williams) filmou na Inglaterra (fato único em sua carreira). Não deixa de ser cômico acompanhar o britânico Sir Laurence Olivier (Keneth Branagh) com toda sua organização e pontualidade arrancando os cabelos da cabeça com os constantes problemas de Marilyn durante as filmagens (sempre atrasada, sempre errando o texto do filme, tendo crises matrimoniais e depressivas, etc). O curioso é que o filme conseguiu retratar esse lado nada lisonjeiro do mito de forma não agressiva ou desrespeitosa. Seria muito fácil colocar uma Marilyn caindo pelo set, obviamente drogada ou bêbada. Felizmente o bom senso falou mais alto e aqui acompanhamos ela tal como realmente aconteceu - a atriz com muitos problemas pessoais, porém sem cair no sensacionalismo barato.
O foco do filme se concentra na aproximação de Marilyn com o terceiro assistente de direção, o jovem Collin Clarke (Eddie Redmayne). No meio do caos ela acaba se aproximando desse garoto que dentro da equipe não tinha nenhuma importância mas que acaba ganhado sua amizade e afeto. O curioso é que tudo que vemos na tela foi inspirado no próprio relato de Collin Clarke que por uma sorte do destino estava lá, no lugar e no tempo certos! Uma dessas coisas que só acontecem mesmo uma vez na vida de qualquer pessoa! Existe até hoje uma certa dúvida sobre a veracidade ou não de seu livro mas de certa forma isso não tem tanta importância pois não seria o primeiro livro a misturar fatos reais com toques de ficção! O texto é divertido e se for apenas uma lorota temos que reconhecer que é tudo muito bem escrito (e descrito). Infelizmente o autor faleceu em 2002 e não teve a oportunidade de ver sua obra adaptada tão bem para a tela de cinema.
Como já era esperado Michelle Williams só tinha dois caminhos ao interpretar Marilyn: ou atuar de forma convincente ou cair na caricatura! Muitos atores que interpretam mitos do passado como Elvis ou Marilyn inevitavelmente caem na caricatura pura e simples! Viram palhaços de forma inconsciente! Embora não seja muito parecida fisicamente com Monroe a atriz Michelle surpreende. Ela está doce, delicada (e complicada) em cena, tal como a Norma Jean da vida real. Concorrendo ao Oscar contra Meryl Streep por "A Dama de Honra" realmente ficarei chateado se perder pois considero seu trabalho muito superior à da colega. Sem grande uso de maquiagem pesada (como Streep), Michelle Williams conseguiu sumir dentro da personagem, o que prova seu fenomenal trabalho de atuação. O fato é que Marilyn era uma pessoa com sonhos, sentimentos e pensamentos que a distanciavam do estereotipo de "loira burra" que seus personagens acabaram criando na mente do público. Captar a essência dessa pessoa é o grande trunfo desse filme.
O diretor Simon Curtis tem uma das melhores séries da BBC no currículo, chamada Cranford (que acompanhei e fiquei maravilhado). Aqui ele repete integralmente seu bom gosto e finesse em cena. Tudo é encenado e recriado com uma delicadeza cuidadosa que foge sempre do lugar comum. A reconstituição de época também me agradou bastante, assim como os pequenos detalhes da produção (que contam muito no saldo final). A única crítica maior que teria a fazer ao filme seria a pouco relevância dada pelo roteiro a outro mito da história do cinema presente na história: Vivien Leigh, esposa de Laurence Olivier. No filme sua figura surge apagada e sem grande atrativo. Uma pena, mas tudo bem, "My Week With Marilyn" não deixa de ser brilhante por esse pequeno tropeço. Do jeito que está o filme me agradou bastante e recomendo aos fãs da eterna Marilyn Monroe, uma mulher tão linda quanto complexa, uma combinação totalmente explosiva vamos convir. Assistam sem susto, pois o filme é acima de tudo uma bela homenagem ao maior mito sexual da história do cinema.
Pablo Aluísio.
Jovens Adultos

Depois de se envolver com algumas bobagens como "Garota Infernal" finalmente Diablo reencontra o caminho dos bons roteiros. "Jovens Adultos" não é um filme excepcional mas dentro de sua proposta é muito bem realizado e escrito. E o mérito não cabe apenas a Diablo Cody mas também a ótima atriz Charlize Theron. Sua personagem não é nenhuma heroína romântica, pela contrário, ela mente, age mal e tenta de todas as formas roubar o antigo namorado de sua atual esposa. Em nenhum momento tem alguma crise de consciência por agir assim e nem está preocupada com os fatores morais de sua decisão. Em outras palavras é uma personagem muito próxima do que efetivamente acontece na maioria da vida das pessoas. Eu particularmente gostei bastante do resultado final justamente por isso, de sua veracidade. Enfim "Jovens Adultos" é uma boa pedida, espero que daqui em diante Diablo Cody realize mais projetos como esse e "Juno" e deixa as bobagens definitivamente de lado.
Jovens Adultos (Young Adult, Estados Unidos, 2011) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Diablo Cody / Com: Charlize Theron, Patrick Wilson e Patton Oswalt / Sinopse: Charlize Theron interpreta Mavis Gary, uma escritora de livros infantis que retorna para sua pequena cidade natal para recuperar seus dias de glória do tempo em que era a rainha da beleza em sua escola.
Pablo Aluísio.