Janeiro de 1969 - Elvis volta a gravar em Memphis.
Elvis retorna a Memphis para a realização de uma das maiores sessões de gravação de toda a sua carreira. No American Studios, cercado de uma nova banda e sob a supervisão do produtor Chips Moman, Elvis registra alguns dos maiores clássicos de toda a sua vida musical. Um renascimento épico. Com muita vontade de gravar material de qualidade e se tornar novamente um artista relevante, Elvis consegue recuperar todo o seu prestígio profissional. O Rei do Rock está de volta. O "American Studios" era um acanhado estúdio de gravação de Memphis. Elvis voltava às suas origens, o American era localizado em um bairro negro de Memphis e lá Elvis poderia novamente respirar a cultura que deu origem à sua própria musicalidade. Segundo Priscilla: "Depois do sucesso do especial, Elvis dedicou várias semanas a uma sessão de gravação, mais uma vez altamente motivado. Pela primeira vez em 14 anos ele fora persuadido a gravar em Memphis, em uma companhia negra em que muitos artistas importantes, inclusive Aretha Franklin, haviam gravado os seus sucessos mais recentes. Os músicos dos estúdios eram jovens e Elvis estabeleceu um grande contato com eles. Mais importante ainda: Elvis fazia uma música sensacional com eles. Ele ficava cantando no estúdio, até o amanhecer, voltava à noite, transbordando de energia, pronto para recomeçar. Sua voz estava em grande forma e seu entusiasmo era contagiante. Cada faixa ficava cada vez mais sensacional do que a anterior. Escutávamos as canções repetidamente e Elvis estava sempre gritando, exultante: -'Escutem esse som' - ou então decidia: - 'Vamos tocar tudo de novo'" Elvis Presley voltava a ser Elvis Presley, o Rei do Rock.
Fevereiro de 1969 - A RCA lança o single "Memories / Charro". Com o sucesso absoluto da exibição do NBC TV Special exibido no final de 1968, a RCA corre para aproveitar o momento e lança o single com uma das músicas mais representativas do especial. Memories (Strange / Davis) - Acho "Memories" realmente uma música muito especial. Muito bem escrita, bem arranjada e contando com Elvis em um dos seus melhores momentos. No especial Elvis fez uma grande apresentação da música, sentado ao lado de umas garotas bonitas, ainda com sua roupa de couro negro. Foi lançada em single no começo de 1969 com "Charro" (do filme de mesmo nome) no lado B. Foi um belo êxito de vendas, reconciliando definitivamente Elvis com as paradas de sucesso.
Março de 1969 - É lançado "His Hand In Mine / How Great Thou Art", meras reprises que não conseguem grande repercussão.
Março de 1969 - Elvis faz seu último filme ao velho estilo: "Change of Habit" (Ele e as três noviças). Com Mary Tyler Moore no elenco, esse filme marca o adeus de Elvis à sua carreira de ator em Hollywood. O filme só chegaria aos cinemas no ano seguinte.
Abril de 1969 - Chega às lojas o single de grande sucesso "In The Guetto / Any Day Now". In The Guetto (Mac Davis) - Em meio ao furacão que foi os anos sessenta Elvis lançaria esta música que trazia um conteúdo político em sua letra. A Guerra do vietnã, a revolução sexual e a luta dos negros contra o preconceito racial (luta pelos direitos civis) eram alguns dos fatos que estavam na ordem do dia. Elvis Presley não poderia ficar à margem de tudo isso. Em uma entrevista coletiva o repórter perguntou a Elvis: "Está tentando mudar sua imagem com temas tipo "In The Guetto"? Elvis respondeu: "Não. 'Guetto' é uma grande música e simplesmente não poderia dispensá-la após tê-la escutado". "In The Guetto" foi lançada como single alcançando o terceiro lugar das paradas dos EEUU e o segundo lugar no Reino Unido. Any Day Now (Hillard/Bacharad) - Sucesso do maestro Burt Bacharach que se tornou um grande sucesso na voz do cantor Chuck Jackson em 1962. No final dos anos 60 ainda foi gravada por Percy Sladge. Elvis escolheu o melhor para gravar durante estas sessões. Aqui se nota a marcante presença dos metais durante todo o arranjo. Foi lançada como lado B do single "In the Guetto" levando disco de ouro por suas vendas. É o primeiro single de Elvis Top 5 desde abril de 1965.
Junho de 1969 - "From Elvis in Memphis" é lançado.
Este disco representou muito na carreira de Elvis Presley. Depois de vários anos desperdiçando seu talento em trilhas sonoras, o cantor voltava a gravar músicas de qualidade. A fórmula "trilha / filme" já havia se esgotado pois o último grande êxito de Elvis tinha sido o filme "Viva Las Vegas" (amor a toda velocidade, 1964). De 1965 em diante Elvis iria lançar trilhas cada vez piores, como "Spinout" (minhas três noivas, 1966), "Double Trouble" (canções e confusões, 1967), "Clambake" (o barco do amor, 1967) e "Speedway" (o bacana do volante, 1968), que seriam grandes fracassos de vendas. Era hora de mudar para salvar a carreira do Rei do Rock. Em 1968 o cantor iria estrelar um especial de TV pela NBC que se tornaria um grande sucesso e que recuperaria o brilho de Presley. A Partir daí Elvis voltaria aos shows ao vivo e às paradas de sucesso, conquistando novamente público e crítica. A Revista Rolling Stone resumiu tudo no artigo referente ao lançamento deste disco: "From Elvis in Memphis é mais que um LP. É a prova de que quem começou tudo isso está melhor do que nunca. Um verdadeiro astro de Rock'n'Roll. Elvis domina um repertório que derrubaria dúzias de Mick Jaggers. Sem esforço algum, ele vai da ternura à fúria, da ironia à paixão, tudo em menos de um segundo. Ele só precisava de um disco para provar que ainda é o melhor de todos e este disco chama-se From Elvis in Memphis".
Destaques do disco: WEARIN' THAT LOVED ON LOOK (Dallas Frazier/Al Owens) - Elvis abre o LP com esta ótima canção. Priscilla Presley em seu livro "Elvis e eu" (Elvis and Me, Ed.Rocco, 1985) relembra sobre estas sessões de gravação: "Pela primeira vez em 14 anos ele fora persuadido a gravar em Memphis no American Studios(...) Os músicos do estúdio eram jovens e Elvis estabeleceu um grande contato com eles. Mais importante ainda: Elvis fazia uma música sensacional com eles". Essa canção inicial já trazia uma instrumentalização muito bem elaborada, muito distante dos arranjos feitos às pressas pelas sofríveis trilhas sonoras pós 65. Era o prenúncio do que estava por vir. ONLY THE STRONG SURVIVE (Gamble/Huff/Butler) - Grande sucesso do cantor e compositor Jerry Butler. O Estúdio escolhido para Elvis gravar este disco foi o American Studios em Memphis. Era um estúdio de gravação bem rústico localizado nos arredores de Memphis onde grandes nomes como Dione Warwick, Roy Hamilton, Neil Diamond, Aretha Franklin e Wilson Picket gravaram grandes sucessos. Era para muitos a "Volta ao lar de Elvis". LONG BLACK LIMOUSINE (George/Stavall) - Sucesso de Jody Miller. Foi a primeira música gravada por Elvis durante as sessões no American Studios. As músicas foram gravadas entre os dias 13 e 22 de Janeiro e 17 a 22 de Fevereiro de 1969. A intenção era gravar mais de trinta músicas em uma única vez, porém Elvis pegou uma infecção viral que o afastou dos estúdios durante um mês, voltando logo após para mais uma rodada de gravações. Detalhe: Elvis nunca mais gravaria com alguns desses músicos, pois ele iria montar o seu próprio grupo, a famosa TCB Band (das iniciais de "Taking Care of Business" ou em português "Tomando conta dos negócios", o lema de Elvis). A TCB iria acompanhá-lo até seus últimos shows e discos. IT KEEPS RIGHT A HURTIN (Tilloston) - Lançada originalmente em 1962 pelo cantor e compositor Johnny Tilloston. O maior especialista sobre a história de Elvis, Peter Guralnick, escreveu sobre estas sessões: "Elvis Presley será lembrado pela posteridade por suas músicas na Sun Records e pelas maravilhosas gravações no American Studios em Memphis". Sem dúvida, o salto de qualidade foi enorme e mostrou para Elvis que ele deveria deixar Hollywood para trás. Esses caras de cinema não entendiam nada de Rock 'n' Roll. I'M MOVIN ON (Hank Snow) - Música escrita pelo lendário Hank Snow e grande sucesso em 1950. Elvis que possuía uma incrível intuição artística sabia que estas canções iriam se transformar em grandes sucessos. Ele já tinha perdido a paciência de gravar tantas musiquinhas ruins das trilhas sonoras pós-65 e sabia que esta era a chance que ele precisava para voltar ao topo. Por essa razão deu o melhor de si nas sessões, trocando idéias com seus novos produtores Felton Jarvis e Chips Moman. Elvis sentiu durante muito tempo a falta de um bom produtor, pois passou os anos 60 produzindo praticamente sozinho seus discos. Jarvis se tornou um bom parceiro de estúdio para o cantor, tanto que dele não mais se separou. O produtor continuou trabalhando com Elvis até seu último disco, "Moody Blue". POWER OF MY LOVE (John Hartford) - A Melhor música do disco. Um dos músicos relembra sobre estas sessões: "O famoso cantor negro Roy Hamilton também gravava no American. Cantava nos clubes à noite e vinha de dia aos estúdios. Elvis gravava à noite, mas costumava chegar cedo aos estúdios para ouvir Roy" (Elvis adorava o sentimento e o estilo musical dos negros). E quando recebeu o Demo de "Angelica" deu para Roy gravar. A Música se tornou um grande sucesso mas infelizmente Roy Hamilton faleceu logo depois.
Junho de 1969 - Clean Up Your Own Back Yard / The Fair's Moving You, novo single de Elvis é lançado. Clean Up Your Home Backyard (Billy Strange / Mac Davis) - Com o especial de 68 no gatilho Elvis foi filmar "The Trouble With Girls" em outubro de 68, seu último filme pela MGM. O filme é bem diferente dos anteriores com Elvis em um papel no mínimo inusitado. Não acho o filme tão bom assim, mas está longe de ser o seu pior. Contém cinco músicas, a curta "Violet", um dueto na engraçada "Signs of the Zodiac", uma regravação de um gospel de 1960, "Swing Down Sweet Chariot", que acho que ficou bem melhor nessa versão de 68, a belíssima balada "Almost" e uma das músicas mais intrigantes da carreira de Elvis: Clean Up Your Home Backyard. Com uma das melhores letras que eu já ouvi, essa música pinta um retrato sarcástico da sociedade hipócrita de uma típica cidadezinha dos EUA: fala do falso religioso que prega e se mete na vida de todo mundo, mas que na verdade em vez de ir para a missa fica se embriagando em casa, o cara que critica todo mundo, mas que trai a esposa com a funcionária de sua loja etc. No final conclui: "Quando você chega no fundo da questão, não é uma pena que nessa pequena cidade ninguém consegue admitir que possa estar um pouco errado?" Não chega a ser uma música com conotação social como "If I Can Dream" ou "In The Guetto", mas é na mesma linha, só que nela o tópico é abordado de forma irônica. Possui ainda uma instrumentação meio blues / funk bastante interessante. Foi lançado como single e foi relativamente bem, alcançando 35º lugar. (Victor Alves) The Fair's Moving You (Fletcher / Flett) - Lado B de um single lançado em junho de 1969 com "Clean Up Your Own Back Yard", esta tema do filme "The Trouble With girls" (lindas encrencas, as garotas, 1969). Em 1969 Elvis terminava seu contrato de sete anos com a MGM. Estava cansado de Hollywood, de seus roteiros de baixo nível e do sistema industrial dos executivos da indústria do cinema. Queria sair novamente para a estrada e entrar em contato com seus fãs. Os seus três últimos filmes feito ao velho estilo foram: "Charro" (charro, 1969), um western com o cantor de barba! ; "The Trouble with Girls" (lindas encrencas, as garotas, 1969) o melhor dos três com a presença de Vincent Price no elenco e "Change of Habit" (ele e as três noviças, 1969), com Mary Tyler Moore, no qual o cantor interpreta um médico numa clínica pobre de um guetto de Nova York. Nesta época Elvis cunhou uma frase que resumia seus últimos filmes: "Pior que assistir um filme ruim é estar em um".
Julho de 1969 - Elvis volta aos palcos!
Elvis volta aos palcos e se apresenta em Las Vegas pela primeira vez. Dez dias depois que o primeiro homem pisou na Lua, finalmente Elvis volta aos shows e pisa no palco pela primeira vez desde 1961. Elvis está novamente empolgado, o NBC TV Special representou mais do que nunca uma virada decisiva em sua carreira. As sessões de janeiro no American Studios consolida a ótima fase que é coroada definitivamente com seu retorno ao local onde sempre foi rei: diante de seu público. Para lhe acompanhar Elvis forma uma excelente banda liderada pelo guitarrista James Burton e é acompanhado por uma orquestra de primeira linha. Em ótima forma física, esbanjando humor e alto astral Elvis conquista a todos numa série de apresentações com casa lotada. Jerry Hopkins, amigo e testemunha ocular de seu retorno triunfante relembra: "Elvis caminhou preguiçosamente até o centro do palco, agarrou o microfone do pedestal, fez uma pose dos anos 50 - pernas firmes, joelhos estalando quase imperceptivelmente - e antes que pudesse começar sua primeira música, a platéia o fez parar. Logo que ele ia começar a primeira música, levou no rosto um grande rugido. Todas aquelas milhares de pessoas estavam de pé, muitas em cima das cadeiras e gritando". Elvis então dá o melhor de si e mostra que não perdera seu toque mágico com o público e mostra que ainda é o rei do rock. O show se traduz em um enorme sucesso, tanto de público como de crítica. Elvis não contêm após a apresentação. Ao encontrar o Coronel Parker ambos se abraçam, lágrimas nos olhos, celebrando o grande momento e o grande triunfo. Elvis diz ao Coronel: "Temos que colocar o pé na estrada novamente, vamos ganhar o país!". No dia seguinte toda a imprensa falada e escrita do país está comentando e celebrando a volta de Elvis às apresentações ao vivo. O Coronel anuncia que em breve Elvis irá começar a visitar as cidades americanas. No último dia da temporada Elvis dá uma grande festa em seu apartamento no International Hotel. Elvis confidencia a Joe Esposito: "Joe, estou muito feliz, há muito tempo não sentia tanto prazer assim em cantar e me apresentar!". Assim se manifestou a revista Rolling Stone sobre os shows de Presley: "Elvis é sobrenatural. É a sua própria ressurreição". A Revista Newsweek escreveu: "Aconteceram muitos fatos na vida de Elvis, mas o mais inacreditável foi sua permanência no mundo musical, onde carreiras meteóricas quase sempre se desvanecem, tal qual estrelas cadentes". A revista "Elvis Monthly" expressou a opinião dos fãs: "Em 20 de julho de 1969, o Homem desceu na Lua, a Águia pousou e Neil Armstrong deu um pequeno passo para o homem, um gigantesco passo para a humanidade. A Atenção do mundo voltou-se para o Mar da Tranqüilidade e fez-se a História. Em 26 de julho de 1969, Elvis Presley pisou no palco do International Hotel - O Rei retornou. Pode ter sido um pequeno passo para Elvis, mas foi um gigantesco passo para seus fãs". Parte da temporada será lançada depois no disco duplo "From Memphis to Vegas / From Vegas To Memphis". Elvis ainda era o eterno Rei do Rock. Viva Elvis!
Agosto de 1969 - Pela primeira vez desde 1962 Elvis chega ao primeiro lugar da parada americana de singles da revista Billboard com o single "Suspicious Minds / You'll Think Of Me". Suspicious Minds (Mark James) - O grande sucesso de Elvis no período em que sua carreira renascia no final dos anos 60. O single "Suspicious Minds" ocupou a primeira posição no hit parade mundial exatamente na semana em que o festival de Woodstock acontecia nos EUA. No evento máximo da era de "Paz e Amor" a geração hippie prestou sua homenagem àquele que começou toda essa revolução cultural e comportamental lá nos distantes anos 50. Um grande momento de Elvis que ficou eternamente gravado na mente de todos os que viveram momento tão magico! A canção em si é muito bem arranjada e faz parte das maravilhosas sessões de Elvis em Memphis no American Studios. Elvis aqui conta com ótimo material composto por Mark James, que iria se tornar um de seus principais compositores nos anos 70 ao lado de Dennis Linde, Tony Joe White, Joe South, Jerry Reed e Mac Davis. You'll Think Of Me (Shuman) - Lado B do single "Suspicious Minds". Elvis utilizou o que de melhor havia em estúdio para gravar as músicas escolhidas por ele, bem ao contrário das trilhas de filmes em que o material era determinado pelos estúdios de cinema. Elvis sabia da má qualidade destas músicas e se sentia muito mal ao gravá-las. Finalmente em 1969 ele deu um basta a esta situação e decidiu que ninguém mais iria interferir no seu trabalho. Isto representou um saldo de qualidade imenso na carreira do Rei.
Setembro de 1969 - "Charro" é lançado.
Depois de um ano de suas filmagens, Charro chega aos cinemas americanos. A excelente fase em que Elvis passa se reflete na boa bilheteria do filme, porém a crítica não perdoa. A revista Variety decreta sobre o filme: "Charro é um western americano que tenta imitar os westerns spaguettis, que por sua vez são imitações baratas das produções americanas! Como conciliar tamanha contradição? Só em uma coisa o filme é superior aos faroestes baratos italianos: A canastrice de Elvis supera em muito a de Giulianno Gemma". Dois meses depois outro filme de Elvis estréia nos Estados Unidos: The Trouble With Girls (Lindas encrencas, as garotas), outra produção que é relativamente prestigiada pelo público. Mesmo com os bons resultados Elvis não pensa mais em voltar aos cinemas, pois tudo o que lhe importa agora é cair na estrada e voltar a fazer shows. A carreira de ator de Elvis Presley está definitivamente encerrada.
Novembro de 1969 - É lançado o último single de Elvis nos anos 60: Don't Cry Daddy / Rubberneckin'. O single se torna um grande sucesso chegando ao Top 10 da Billboard. (6º lugar). Don't Cry Daddy - impossível não se sentir emocionado ao ouvir essa música. Letra brilhante e passional, interpretação maravilhosa, Elvis demonstra que é um artista único e que jamais poderá ser substituído. "Don't Cry Daddy" foi gravada nas fantásticas sessões do American Studios no começo de 1969. Muitos anos depois sua filha, Lisa Marie Presley, fez uma bonita e sincera homenagem ao pai em um dueto de Don't Cry Daddy. Tocante e sensível, para dizer o mínimo. Já Rubberneckin também teve uma trajetória curiosa ao longo dos anos. Gravada inicialmente para o filme Change of Habit (Ele e as três noviças), a canção foi parcialmente esquecida durante anos. Porém em 2003 ela foi redescoberta pelo BMG que produziu um remix, que ao ser lançado, chegou ao primeiro lugar nas paradas americanas. Um merecido sucesso, diga-se de passagem. Um belo embalo que fez jus ao legado deixado por A Little Less Conversation. Lançada no Brasil no LP Almost in Love. Nota 10.
Dezembro de 1969 - "From Memphis to Vegas / From Vegas To Memphis" é lançado.
Este é um disco monumental. Foi o primeiro álbum duplo da carreira de Elvis. Seguindo os passos de seu trabalho anterior, "From Elvis in Memphis", este também traz músicas gravadas no American Studios em Memphis juntamente com o primeiro registro ao vivo da carreira de Elvis a ser lançado em sua discografia oficial. Assim o antigo vinil duplo era dividido entre o Disco I "From Memphis to Vegas" com o show ao vivo gravado em Las Vegas no mês de agosto de 1969, e o disco II "From Vegas to Memphis" com mais canções da fantástica sessão de gravação do American Studios em Memphis. No mesmo mês da gravação do disco I e do festival de Woodstock, Elvis chegava ao primeiro lugar nas paradas com o single "Suspicious Minds / You'll Think of Me". Este foi um dos períodos mais produtivos e bem sucedidos da carreira de Presley. Em 1970 este disco iria ser dividido, sendo lançado separadamente, surgindo assim os LPs "Elvis in Person at International Hotel" e "Back in Memphis". O disco foi lançado em novembro de 1969 e se tornou um grande sucesso. Este foi sem dúvida um ponto alto na carreira do Rei do Rock'n'Roll. O Disco "From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis" (LSP 6020) foi um grande sucesso da carreira de Elvis.
Destaques do disco: MEDLEY: MISTERY TRAIN (Philips / Parker) / TIGER MAN (Lewis / Burns) - Ótimo Medley reunindo "Mystery Train", canção da época da Sun Records e Tiger Man, que se tornou conhecida após Elvis a apresentar no NBC TV Special em 1968. Tudo foi perfeitamente arranjado por Felton Jarvis e Elvis, com um maravilhoso balanço e equilíbrio entre cordas e metais. Este mesmo medley foi utilizado por Elvis no começo do filme "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970). A coreografia e os efeitos de luzes do cinema completaram o magnifico show visual e sonoro desta jóia do Rock. WORDS (B.Gibb / R.Gibb / M. Gibb) - Ótimo momento do disco. Aqui se percebe toda a versatilidade de Elvis, pois esta é uma música do conjunto Bee Gees, muito popular nos anos 70, principalmente pela trilha sonora do filme "Saturday Night Fever" (os embalos de sábado à noite, 1977). Este grupo se tornou um dos símbolos dos anos em que a discoteque dominava o mundo musical americano e mundial. INHERIT THE WIND (Rabbit) - Canção que abre o segundo disco denominado "From Vegas to Memphis". Esta segunda parte traz músicas gravadas por Elvis em estúdio em Memphis no American Studios. O Coronel Tom Parker, empresário de Elvis, resolveu em 1970 relançar este álbum duplo de Presley em dois LPs separados. Assim o disco "Back in Memphis" nada mais é que o segundo disco do álbum duplo "From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis". A estratégia do coronel acabou dando certo, levando Elvis a receber mais um disco de ouro pelo LP "Elvis in Person at International Hotel". STRANGER IN MY OWN HOME TOWN (Mayfield) - Mais um blues dentro da carreira de Elvis. O cantor apreciava particularmente R&B, ou seja, Rinthim and Blues, mas sempre estava à procura de um bom material para gravar blues. Aqui ele encontra um de ótimo nível, o que resulta num dos melhores momentos do disco. Na caixa "Walk a mile in my shoes" há uma versão envenenada desta música, bem melhor que a oficial. A LITTLE BIT OF GREEN (Arnold / Morrow / Martin) - Canção que foi sucesso na voz do cantor Eddy Arnold. Elvis apreciava muito o estilo de Arnold, chegando inclusive a gravar duas vezes seguidas uma música de Eddy nos anos sessenta: "You Don't Know Me". A primeira versão foi completada para o filme "Clambake" (o barco do amor, 1967), mas Elvis não gostou e resolveu gravá-la novamente. AND THE GRASS WON'T PAY NO MIND (Neil Diamond) - Sucesso de Neil Diamond. Elvis iria gravar outras canções de Diamond como "Sweet Caroline". Neil Diamond foi um típico cantor romântico dos anos setenta e não conseguiu ficar muito tempo entre os mais do Hit Parade mundial. Sua carreira entrou em decadência no início dos anos oitenta, mas mesmo assim ele gravou vários outros discos. DO YOU KNOW WHO I AM? (Russel) - Uma magnifica interpretação de Elvis Presley. Mais uma vez fica evidenciado a perfeita harmonia entre o cantor e sua equipe vocal. Elvis a gravou diversas vezes para se chegar a um resultado perfeito. Nestes casos Elvis usava um modo original de gravar. Ele mandava apagar as luzes do estúdio para sentir maior inspiração. Ouvindo a canção chega-se a conclusão que a tática deu certo. Esta sem dúvida é uma das melhores canções que Elvis gravou em Memphis em 1969. Um primor. FROM A JACK TO A KING (Miller) - Era uma das preferidas de Priscilla Presley, a esposa de Elvis. Numa versão pirata pode-se ouvir Elvis e seu Produtor Felton Jarvis discutindo o melhor modo de gravá-la. É um grande registro do que se passava dentro do estúdio, com Presley cheio de idéias para transformar o demo numa grande música.
Dezembro de 1969 - Elvis passa o reveillon assistindo suas sessões privadas de cinema em Memphis.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
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