domingo, 13 de junho de 2010

Elvis Presley - Double Features II

Spinout / Double Trouble é melhor, com não menos que 11 notáveis que se sobressaem das 18 músicas. Se "Stop, Look And Listen" é somente um fac-símile tolo de rock' n' roll, "Adam And Evil" é o puro rock. Já "All That I Am", a primeira canção que Elvis gravou com acompanhamento de violinos, é uma grande balada, um verdadeiro prazer sem culpas (e um grande hit na Europa). "Never Say Yes" é um lixo, mas "Am I Ready" é uma balada que provavelmente você nunca escutou antes, ou passou batido quando viu o filme. Escutá-la após estes anos todos, é sentir que ela está imaculada e bela. Mas, como este é um caso daquele tipo de arte com altos e baixos, a próxima faixa, "Beach Shack" é horrenda. "Spinout" a musica título é fraca, mas após tanta repetição, agora em 1995, me parece bem melhor.

A parte Spinout do disco termina com uma música, da qual simplesmente não consigo dizer o bastante sobre ela — K. D. Lang terminou sua grande tournée americana de 92 com "I 'll Be Back". Por mais que eu procurasse essa música não a encontrava, até agora. Escondida nesta colcha de retalhos musical, "I 'll Be Back" é como um original de Monet perdido numa pilha de reproduções. Sem discussão, é o melhor momento de Elvis num filme musical, pós-exército. Não consigo parar de tocá-la e depois da 20º audição, torna-se uma experiência religiosa. Estarei obcecado?

A porção Double Trouble do disco, mesmo sem conter nada nem remotamente similar a "I 'll Be Back", é surpreendentemente livre de chatices. Mostra as várias vozes de Elvis em múltiplas situações. A faixa-título "Double Trouble" é outro prazer sem culpas. "Baby lf You'll Give Me Ali Of Your Love" é um rock incendiário! As três seguintes: "Could I Fall ln Love" "Long Legged Girl (With The Short Dress On)" e "City By Night" provam que, não importa o quanto Elvis tenha se tornado irrelevante na época, ele ainda podia ser capaz de emocionar. Então, tudo cai por terra com a terrível "Old MacDonald". Engraçado, mas mesmo na mais mortificante das canções, Elvis permanece bem e dá tudo de si. Em seguida, a igualmente embaraçante marcha, "I Love Only One Girl", antes das 2 últimas faixas deixar tudo a salvo, satisfatoriamente. "There Is So Much World To See" e "It Won't Be Long" são o tipo de canções sexy de Las Vegas, que somente Elvis pode torná-las agradáveis.

O último Double Feature, na verdade, contém músicas de três filmes, Kissin' Cousins / Clambake / Stay Away Joe. Com suas 24 faixas durando 54:56, é o mais longo dos três, mas em compensação, apenas cinco delas mantém o interesse. O produtor Sam Katzman era conhecido em Hollywood como "O Rei da Rapidez". Foi quem conduziu a carreira fílmica de Elvis! E pensar que ele teve no seu currículo grandes performances cinematográficas, como em Love Me Tender, Jailhouse Rock e especialmente King Creole, onde provou que poderia ser James Dean por um dia, terminar fazendo Kissin' Cousins!? Que pena! De fato, estou convicto que Barbra Streisand poderia ter salvo a carreira de Elvis no cinema, quando ela foi nos bastidores naquela noite em Las Vegas e ofereceu a Elvis uma participação em A Star Is Bom ao seu lado, um papel no qual ele estaria muito bem, e que ele estava querendo fazer, até seu empresário Parker recusar.

Alguns dizem que ele não queria deixar seu garoto interpretar um derrotado. Outros dizem que a questão foi dinheiro. Outros ainda afirmam que Parker não permitiu que Elvis recebesse menos que Streisand. Qualquer que seja a razão, Kris Kristofferson ganhou o papel e Elvis se afundou na sua mistura de pílulas, mulheres, música ruim e misticismo religioso da nova era, que o fascinou até a morte. Não há muita música para se comentar nesta hora opaca. Mais marchas ruins, mais uma dose de country-music de mau-gosto ("Barefoot Ballad"), que, sem conseguir, tentou reacender um pouco das glórias passadas. Mas tem as cinco canções já mencionadas. "Once Is Enough" é abrilhantada por um vocal perfeito de Elvis. Pelo menos, a letra não é estúpida e tem até uma melodia discernivel! "Kissin' Cousins" é assumidamente burra, mas não posso evitar gostar de seu fraseado tipo pára-e-continua e sua intensa alegria. "You Dont Know" já foi cantada por diversos intérpretes mais notadamente por Ray Charles e Eddy Arnold — mas ouvi-la com Elvis, é uma completa emoção. "The Girl I Never Loved" é uma canção forte, com versos fortes e cantada convincentemente. "How Can You Lose What You Never Had" tem um balanço macho, que é tanto blues quanto rock! Mas, é isto ai.

Rock in Portfólio.

Um comentário: