sexta-feira, 25 de junho de 2010

Elvis Presley - Biografia - 1966

Elvis Presley 1966 – Uma Leve Brisa de Mudanças. Se 1965 foi um ano da carreira de Elvis para se esquecer, pois nada de muito relevante foi produzido nele, 1966 trouxe uma leve brisa de mudanças para melhor dentro do quadro geral desanimador que se abatia sobre a carreira do cantor desde 64. Logo no começo de 66 Elvis entrou pela primeira vez em um estúdio para gravar canções que não eram de filmes. Uma boa notícia que logo foi comemorada pelos fãs na época. Em maio de 66 lá estava Elvis tentando gravar algum material de qualidade. Seis canções foram gravadas, algumas demonstrando que o talento de Elvis ainda continuava intacto e que tudo o que ele precisava mesmo naquele momento era de material com um mínimo de qualidade. "Down In The Alley", "Tomorrow Is A Long Time" (a famosa canção de Bob Bylan), Love Letters (a versão original e não a regravação que deu origem a um disco de Elvis nos anos 70), "Beyond The Reef", "Come What May" e "Fools Fall in Love" mostravam que Elvis estava vivo e respirando, mesmo que com dificuldades. Essas seis canções, se tivessem sido lançadas em um disco normal, teriam amenizado e muito a crise musical e artística da carreira de Elvis. Mas infelizmente os executivos da RCA não souberam aproveitar. O single "Love Letters / Come What May", não contou com o mínimo de publicidade mas mesmo assim alcançou uma boa posição entre os mais vendidos nos EUA (19º lugar) e um ótimo sexto lugar na Inglaterra. Infelizmente os filmes e suas trilhas ruins não deixaram de ser produzidos, prejudicando o pouco retorno que essas gravações de qualidade poderiam alcançar. A crítica já nem prestava atenção mais nos discos de Elvis e única coisa que lhe restava era o prestígio do público. 

Não tardou muito para que seus fãs deixassem também de ficar ao lado desses filmes e discos de baixa qualidade. Os fãs ficavam indignados ao presenciar o artista que mudou o mundo da música no século XX cantando músicas de praia, cujas letras só falavam sobre mariscos e areia. Era demais para o estômago dos fàs mais conscientes! Para desgosto dos fãs clubs as três trilhas lançadas em 1966 (Frankie and Johnny, Paradise Hawaiian Style e Spinout) estavam no mercado relembrando a todos como a carreira de Elvis estava estagnada. Nenhuma delas fez grande sucesso e pela primeira vez Elvis não conseguia atingir o Top 10 americano. Merecidamente aliás. Spinout (minhas três noivas) foi lançado para comemorar os 10 anos de Elvis em Hollywood e os fãs, que já vinham pedindo mudanças na carreira de Elvis, deram o troco ao coronel e praticamente boicotaram o lançamento. O filme se tornou um grande fracasso comercial, o maior de todos na carreira cinematográfica de Elvis. Como as coisas não estavam correndo bem, Elvis voltou aos estúdios de Nashville em junho de 66 para tentar reviver sua carreira musical. Dessa sessão surgiram três ótimos momentos: "Indescribably Blue" (finalmente em anos uma música de Elvis recebia um tratamento decente em termos de arranjo e adaptação), "I'll Remember You" (ótima música que Elvis utilizaria mais tarde no Aloha From Hawaii) e "If Every Day Like Was Christmas" (belíssima canção natalina que fracassou injustamente como single no final do ano). Dentro dos estúdios Felton Jarvis vinha para mudar tudo. Ao contrário de muitos produtores que não traziam grandes contribuições a Elvis nas gravações, Felton aparecia com ânimo e vontade de produzir material de qualidade. Sem dúvida, tudo estava caminhando para que mudanças significativas fossem feitas nos anos seguintes e toda essa série de fatores iriam acabar culminando no NBC TV Special, o especial de TV que salvaria a carreira do Rei do Rock de uma vez por todas! Felton Jarvis era, naquele momento, apenas uma brisa de que Elvis precisava para retomar o fôlego e seguir em frente! Felizmente bons ventos logo iriam aparecer no horizonte, para o bem de Elvis e de todos os seus fàs!

"Quando encontrei Elvis pela primeira vez em um estúdio ele estava desanimado e deprimido. Então aos poucos fui me tornando amigo dele. Eu disse: 'Elvis vamos fazer diferente dessa vez. Vamos melhorar os arranjos, acrescentar instrumentos, vamos tentar fazer sempre o melhor, ok?'. O meu interesse em melhorar as gravações dele o deixaram animado novamente. Em pouco tempo ele estava de volta à ativa, discutindo qual seria o melhor take, qual era a melhor forma de gravar essa ou aquela música. Ele tinha renascido. Então eu lhe trouxe várias músicas novas, canções que ele podia gravar. Ele ficou visivelmente interessado, bem diferente do que ocorria quando ele gravava as trilhas de seus filmes. Elvis tinha um talento latente e sabia o que tinha ou não qualidade. Era um martírio para ele gravar todas aquelas músicas ruins dos filmes. Mas agora ele havia se empolgado novamente e isso era o que importava para mim naquele momento. A ordem dentro dos estúdios eram claras: vamos mudar para melhor!" (Felton Jarvis, revista Billboard).

Fevereiro de 1966 - Elvis começa as filmagens de Spinout (Minhas três noivas), filme feito para comemorar seu 10º aniversário em Hollywood.

Fevereiro de 1966 - Dois singles, "Joshua Fit The Battle / Known Only To Him" e "Milky White Way / Swing Down Sweet Chariot", foram lançados conjuntamente em fevereiro de 1966. Como eram apenas reprises do disco gospel His Hand in Mine foram ignorados pelo público. Os dois singles não obtiveram sequer classificação na parada TOP 200 da Billboard. Sem dúvida uma mera tentativa da RCA em ganhar uns trocados a mais com o público gospel de Elvis, só que desta vez não colou.

Março de 1966 - O single "Frankie and Johnny / Please Don't Stop Loving Me" é lançado para promover o disco da trilha sonora do filme "Frankie And Johnny". Chegou a ser premiado com um disco de ouro, apesar de não Ter alcançado uma posição satisfatória nas paradas, apenas um mero 25º lugar nos Estados Unidos e 21º na Inglaterra. A trilha se saiu melhor, porém também não conseguiu entrar no Top 10. Esse filme traz uma seleção de canções com arranjos que lembram a clássica trilha de King Creole, mas fica muito longe do resultado de sua inspiradora predecessora. Apesar de tudo consegue ser um dos bons discos de Elvis em 1966, o que também não quer dizer grande coisa. Tanto o single como a trilha sonora foram rapidamente esquecidas pelo público.

Março de 1966 - Elvis lança o filme "Frankie And Johnny" (Entre a ruiva e a morena, no Brasil)
O primeiro disco de Elvis a ser lançado em março de 1966. O material não é de todo destituído de valor. Há raras exceções que conseguem manter o interesse. As duas primeiras faixas, "Frankie and Johnny" e "Come Along" conseguem mostrar Elvis em boa vocalização e a banda se mostra entrosada de uma maneira geral. O taipe de metais é bem produzido e não decepciona. Mas aí vem o desastre. "Petunia, The Gardeners Daughter" certamente é uma das piores músicas da discografia de Elvis. Idem para as seguintes, "Chesay", "What Every Woman Lives For" (com péssima letra) e "Look Out Broadway". As coisas melhoram um pouco com a boa canção "Begginers Luck", mas voltam a piorar com "Shout It Out". Mas como esse disco é uma verdadeira montanha russa as coisas melhoram bem com "Hard Luck". "Please Dont Stop Loving Me" é uma boa balada, mas não consegue salvar o navio, e esse, assim como o disco, afundam de forma melancólica. O resultado comercial do disco assustou pois alcançou apenas a 20º posição na lista dos mais vendidos. A mistura de New Orleans e música do começo do século seguramente não funcionou. O filme também se deu mal nas bilheterias, sendo o filme apenas o 48º mais assistido de 1966.

Junho de 1966 - A RCA Victor lança o single "Love Letters / Come What May", considerado o melhor single de Elvis no ano, contando com as ótimas músicas gravadas em maio de 1966. Seis canções convencionais e inéditas foram gravadas nessa ocasião, algumas demonstrando que o talento de Elvis ainda continuava intacto e que tudo o que ele precisava mesmo naquele momento era de material com um mínimo de qualidade. "Down In The Alley", "Tomorrow Is A Long Time" (a famosa canção de Bob Bylan), Love Letters (a versão original e não a regravação que deu origem a um disco de Elvis nos anos 70), "Beyond The Reef", "Come What May" e "Fools Fall in Love" mostravam que Elvis estava vivo e respirando, mesmo que com dificuldades. Essas seis canções, se tivessem sido lançadas em um disco normal, teriam amenizado e muito a crise musical e artística da carreira de Elvis. Mas infelizmente os executivos da RCA não souberam aproveitar. O single "Love Letters / Come What May", não contou com o mínimo de publicidade mas mesmo assim alcançou uma razoável posição entre os mais vendidos nos EUA (19º lugar) e um ótimo sexto lugar na Inglaterra.

Julho de 1966 - Elvis começa novo filme nos Estúdios em Culver City pela MGM. Double Trouble (Canções e confusões).

Agosto de 1966 - O filme "Paradise, Hawaiian Style" (No Paraíso do Havaí, no Brasil) é lançado nos cinemas americanos. O que escrever sobre Paradise, Hawaiian Style? Esse é um material tão inconsistente e falso que fica até difícil começar a apontar seus defeitos. Em primeiro lugar é um projeto que tenta imitar descaradamente Blue Hawaii, aliás com a metade dos dólares gastos no filme anterior (ordens do Coronel). Depois Elvis é jogado numa das piores trilhas sonoras de sua carreira (se não for a pior!). A faixa título é muito ruim, com péssima letra (com um verso pra lá de estúpido: "Puxa! Como é bom estar no 50º Estado!") E a partir daí é uma ladeira abaixo, com canções de mal gosto (Scratch My Back), infantis e maçantes (Datin) constrangedoras (A Dogs Life) e mal produzidas (Stop Where You Are). Nem This Is My Heaven consegue manter a dignidade. A única e honrosa exceção no meio desse pântano de músicas ruins e baratas é mesmo, como já foi dito, a bela canção Sand Castles. E por incrível que pareça ela foi a única cortada do filme! Como pôde acontecer uma coisa dessas? Realmente Paradise, Hawaiian Style é impressionante, pois até nisso eles se equivocaram. Não há muito o que comentar nesse momento opaco, depois dessa é melhor esquecer que nosso querido ídolo se envolveu em tamanho abacaxi, literalmente!.

Olho Clínico: Sobre Paradise, Hawaiian Style... Bom, o Pablo já escreveu sobre as melhores coisas que Elvis fez em 66. Texto maravilhoso que só mostra como ele é realmente um mestre em Elvis. Como sou vira lata vou falar sobre os restos. E assim chegamos a Paradise, Hawaiian Style, algo como "Paraíso ao estilo havaiano". O filme é um primor trash. Aliás de trash eu entendo pois meu DVD de cabeceira é o trash supremo "A noiva de Chucky", e nem adianta rir, Chucky é um ícone que faz Shakespeare parecer um amador!! Mas enfim... Voltemos a Elvis e os mariscos. Como disse Pablo, aqui está Elvis Presley, um dos maiores ícones do século XX, um cara que mudou o mundo, cantando "Queenie, Wahines Papaya", puxa vida!!! Socorro!!! E para completar ainda colocaram ele para contracenar com a garotinha pentelho Donna Butterworth (que diabos de nome é esse??!! Tente falar esse nome em voz alta para você ver como é complicado!!! Buterrwwoowoeeioeowrowqi – putz, deixa pra lá!) Existe uma regra entre os atores em Hollywood que diz: "Nunca contracene com animais e crianças, pois elas irão roubar seu filme". Sem dúvida uma verdade absoluta! Então o que o coronel barriga faz? Ora, coloca Elvis para contracenar com a senhorita Buterrmeoasdirnereri (chega de tentar escrever esse maldito nome) e um monte de cachorros em uma cena no qual ele canta a imortal "A Dog's Life"! (Não disse que sou expert em trashs!!) . Coitado do Elvis. Essa cena só serve para os fãs hardcores do rei conhecer alguns cachorros que eram de Elvis na época e nada mais!!! E o que o rock tem a ver com isso afinal??? Elvis está em controle remoto durante todo o filme com uma pancinha considerável. O figurino é hilário, Elvis está quase explodindo de rir da maioria das cenas e tudo é muito trash mesmo (como eu gosto afinal), e o restos da músicas são desconcertantes mesmo. A que dá nome ao filme tem um verso estúpido que diz "É bom estar no 50º Estado", afinal quem escreveu uma droga dessas!!! Obviamente compositores com danos cerebrais!!! Mas no meio dos tambores e mariscos vou salvar duas músicas que adoro, sério, adoro mesmo: Datin e Sand Castles! Puxa, tem gracinha maior que "Datin"?? Duvido. A letra é muito bonitinha, a cena lindinha e o acompanhamento fofinho. Pode me chamar de bobinho, mas dessa canção eu gosto e ponto final. Para quem gosta de ouvir Elvis rindo procure os takes alternativos dessa sessão, pois ao gravar Datin Elvis morreu de rir em algumas versões, não sei se ele estava rindo da música, dele mesmo ou dos fãs que iriam comprar o disco depois! Mas deixa pra lá... Já Sand Castles é bonita demais, me leva direto para à beira da praia no Hawaii, deitado numa rede, um pouco de água de coco, uma garota bonita de lado, poxa, me sentindo o próprio Elvis (sem a pancinha do filme, por favor!). Puxa, até parece que estou no 50º Estado...Putz esse negócio pega mesmo... (Erick Steve)

Setembro de 1966 - O Single "Spinout / All That I Am" é lançado para promover o filme Spinout (minhas três noivas, no Brasil). Como esse fracassou nas bilheterias e enterrou qualquer pretensão em se divulgar mais a trilha sonora, que tinha uma qualidade musical acima da média em comparação às outras lançadas nesse ano, o single acabou sendo seriamente prejudicado, não recebendo a atenção devida nos EUA. Ao contrário do filme que é destituído de valor artístico, a parte musical de Spinout traz pela primeira vez em muitos anos de trilhas sonoras fracas, uma seleção bastante interessante de momentos e até mesmo algumas músicas excelentes da carreira de Elvis como "Down in the Alley", "I'll Remember You" e "Tomorrow is a long Time" de Bob Dylan (Todas como Bonus Songs da trilha). Isso se deveu a um fator que ocorreu nos bastidores da RCA Victor em 1966. Por motivos de saúde o produtor de Elvis, Chet Atkins, teve que se afastar dos estúdios. Isso abriu caminho para que os trabalhos musicais de Elvis fossem providenciados por um novo produtor: Felton Jarvis. Ao contrário de Atkins, que apesar de ser um produtor e músico talentoso estava muito acomodado, Jarvis chegava com muita vontade de mostrar serviço. Resolveu embelezar as músicas de Elvis com novos arranjos e lhes dar maior qualidade harmônica, mesmo que essas fossem apenas canções descartáveis de filmes. Enfim, finalmente havia um sopro de ar fresco pairando dentro dos estúdios da RCA Victor. All That I Am - (S. Tepper / R.C. Bennett) - A prova viva de que Felton Jarvis vinha para ficar! Nesse caso o produtor pegou uma música despretensiosa que fazia parte da trilha e resolveu escrever um belíssimo arranjo de cordas em violino! A nova versão ficou tão bela que, com a concordância de Elvis, Jarvis resolveu lançá-la em single antes do filme. O resultado foi tão satisfatório que a música chegou ao Top 20 na Inglaterra, se tornando também bem conhecida no resto da Europa. Nesse compacto europeu ela foi lançada como lado A, ao contrário do single americano original que vinha com "Spinout" no lado principal e com "All That I am" no lado B. O disco com a trilha sonora se saiu melhor que o filme e conseguiu também ser Top 20 nos EUA (18º lugar entre os mais vendidos). Um excelente sinal de mudanças positivas nas combalidas trilhas sonoras de Elvis nesse período.

Outubro de 1966 - A trilha sonora do filme "Spinout" é lançada. Esse disco consegue (graças em parte às suas bonus songs) manter o interesse. Nada menos que três ótimas canções foram colocadas no disco por Felton Jarvis, certamente para evitar um vexame consecutivo a Elvis, depois de "Frankie And Johnny" e "Paradise, Hawaiian Style". "Down In The Alley", "Tomorrow Is A Long Time" e "I'll Remember You" salvaram o disco de se tornar mais uma decepção completa. Além dessas a bela balada "All That I Am" se destaca, principalmente por se tornar um belo sucesso de Elvis na Europa na época. Foi a primeira gravação do cantor a utilizar um arranjo de violinos. Mostra sem dúvida a seriedade de Felton Jarvis como produtor de Elvis. "I'll Be Back" também é uma música que sempre é citada como um ponto alto do disco. Porém para fazer jus ao material inconsistente gravado por Elvis para as trilhas sonoras nessa época, essa também marca presença na lista das piores músicas da discografia com a inacreditável Beach Shack. Simplesmente horrível. Porém se levarmos em conta que há cinco faixas fortes no disco, podemos considerar esse disco um bom sinal de mudanças na carreira de Elvis. Antes tarde do que nunca: O disco chegou ao Top 20 e o filme chegou na lista vexatória dos 50 piores filmes de todos os tempos publicada pela revista americana Premiere. Nada é perfeito.

Novembro de 1966 - Estréia o filme "Spinout" (Minhas três noivas).
Em 1966 Elvis Presley completou dez anos de carreira em Hollywood. Os executivos da MGM então resolveram elaborar um intenso projeto de marketing para celebrar a data com muito material promocional, posters, álbuns, comerciais, folders etc. No centro das comemorações estava a realização de mais um filme de Elvis na produtora: Spinout (Minhas três noivas, no Brasil). As filmagens começaram em fevereiro de 1966 e duraram dois meses. Para contracenar com Elvis foram chamadas três beldades da época: Shelley Fabares (que já havia atuado ao lado de Elvis), Debora Walley (que chegou a ter um casinho com Elvis no set de filmagem) e Diana McBaine. Na direção o "pau-pra-toda-obra" dos estúdios Norman Taurog. Infelizmente os executivos da MGM não quiseram se arriscar e resolveram apostar na velha fórmula dos filmes anteriores de Elvis, que já estavam bastante desgastados pela crítica e até mesmo pelos fãs, que vinham exigindo atráves do fanzine "Elvis Monthly" mudanças na carreira de Elvis. Ou seja, muitos fãs estavam mais lamentando esse "aniversário" do que comemorando tal data. A falta de inovação da carreira de Elvis o levou a um impasse: ele tinha que mudar o rumo que vinha tomando há tempos ou afundaria de vez e se tornaria apenas uma "lenda viva" sem relevância artística. Os primeiros sinais já tinham aparecido no ano anterior com as más bilheterias de seus últimos filmes. O público estava cansado dos mesmos roteiros, das mesmas estórias e o pior de tudo: da má qualidade do material musical apresentado nesses filmes. E Elvis tinha consciência disso, porém preso a muitos contratos cinematográficos desde a primeira metade dos anos 60 o cantor se viu amordaçado não só aos grandes estúdios como também à sua própria gravadora que lançava todas as trilhas sonoras - e que por sua vez também estava presa à obrigações com os estúdios de cinema. Por incrível que isso possa parecer a melhor coisa a acontecer na carreira de Elvis nesse período era um grande fracasso no cinema! E o que todos de certa forma já previam finalmente aconteceu! Spinout foi lançado em novembro de 1966 e afundou nas bilheterias! Nem todo o marketing do mundo o salvou de ser um dos piores fracassos da carreira de Elvis! Até mesmo os fãs resolveram boicotar o lançamento e isso acabou sendo muito bom, pois acendeu de vez a luz vermelha nas organizações Presley - não dava mais para seguir essa velha linha "Trilha / Filme". Para se ter uma idéia do tamanho da bomba, basta afirmar que o filme não conseguiu ficar nem entre os 50 mais vistos do ano - logo Elvis que mesmo em suas bilheterias mais fracas conseguia ficar no top 10 ou até mesmo no top 20. O ano que viria apenas iria corroborar essa visão e tudo isso iria desbancar na realização do NBC TV Special de 68 que iria reviver a carreira de Elvis e o levar de uma vez por todas para longe de Hollywood, para o seu próprio bem e dos seus fãs, é claro!

Novembro de 1966 - Para comemorar as festas de fim de ano a RCA lança o single "If Every Day Like Christmas / How Would You Like To Be". A música natalina If Every Day Like Christmas é ótima e não teve o merecido reconhecimento quando foi lançada, sendo outro single de Elvis que também não foi classificado no Top 200 nos Estados Unidos. Um pena. Já os ingleses demonstraram mais sensibilidade e por lá fez um sucesso merecido, chegando ao muito bem vindo nono lugar nas paradas inglesas. Sem dúvida um ótimo resultado. Talvez o single não tenha feito sucesso nos EUA por causa de seu péssimo lado B. Os americanos pensaram certamente que se tratava de material já anteriormente lançado e ignoraram completamente todo o single. Uma perda grande mesmo, tanto para Elvis como para o público em geral que perdeu a chance de conhecer um clássico absoluto. Mas um single tem dois lados e o Lado B era dose. Convenhamos, How Would Like To Be do filme de 1963 "It Happened At World's Fair" é péssima. Depois que Elvis cantou "Wooden Heart" em "G.I. Blues" (Saudades de um Pracinha, no Brasil) com as marionetes, os produtores chegaram a brilhante conclusão de que todos os seus filmes seguintes teriam que Ter pelo menos uma música mais voltada para o seu público infantil. Péssima idéia. E essa foi feita exatamente para atender aos desejos deles em Hollywood. Então lá foi Elvis cantar durante mais de 3 minutos (uma eternidade para o padrão geral de duração de sua músicas) uma musiquinha muito maçante e boba, que não chega a lugar nenhum. O pior é acompanhar um irritante arranjo de percussão que dura toda a canção, ficando no mínimo chato e no máximo constrangedor. Fico imaginando Elvis no estúdio ao lado de seu grupo, que outrora revolucionou a música mundial, ensaiando tamanha bobagem. Não me admira que Elvis muitas vezes perdia a paciência durante algumas sessões desses filmes dos anos 60. E você também vai perder a paciência ao ouvir esse equívoco musical, tenha certeza. Esse é sem dúvida um dos pontos mais baixos da carreira do "Rei Do Rock".

Pablo Aluísio.

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