Já no fim da vida Elvis costumava dizer que não queria mais gravar músicas que não acreditava. Ele estava farto, depois de anos e anos, de gravar material de que não gostava. Principalmente na era dos filmes em Hollywood ele teve mesmo que fazer muitas concessões. No final de sua carreira, quando o fim já se aproximava, Elvis poderia finalmente dizer que só gravava o que bem queria e quando queria.
E nessa fase ele adorava cada vez mais o country de seus anos de infância em Memphis. Havia material novo? Certamente sim. Porém ele sempre sondava e flertava com o passado. Era uma maneira de revisitar sua própria vida. Não podemos condenar Elvis por isso. Claro que não! De certa maneira isso lhe trouxe de volta o prazer de cantar ao vivo e de gravar material de que pessoalmente gostava.
Em 1967 Tom Jones havia gravado com sucesso a balada "I'll Never Fall In Love Again". Chegou inclusive a se apresentar na TV, soltando o vozeirão. O público gostou do que viu e ele ganhou uma excelente audiência. Elvis, que era muito amigo de Tom Jones, deve ter sentido uma pontinha de inveja porque nessa época ele estava preso com contratos de Hollywood. Não tinha poder de escolher aquilo que queria cantar. Tudo já vinha imposto pelos estúdios de cinema e pela RCA Victor. E como ele havia gostado muito da música surgiu mesmo aquela vontade de fazer sua versão que só iria chegar ao mercado em 1976 com esse disco "From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee". Curiosamente Elvis seguiu os arranjos da versão de Tom Jones sem mudar em quase nada. A única diferença veio justamente da performance vocal. Tom Jones era bom cantor, isso era inegável, mas não tinha a mesma potência vocal de Elvis que na sua versão não poupou emoção e poderio vocal. Quase a balada sentimental virou uma ópera, principalmente no último verso. Ficou bem bonita a versão de Mr. Presley. Tom Jones foi superado, algo que ele próprio reconheceu na época.
Em 1973 Larry Gatlin soltou sua versão intimista de "Bitter They Are, Harder They Fall". Pessoalmente gosto muito desse seu trabalho original. Mais uma vez, ele não tinha o poder vocal de Elvis, por isso optou por adotar uma postura bem mais contida, quase lacrimejante. Os violinos ao estilo country pontuavam toda a gravação e até pequenos sinos foram acrescentados. Com Elvis esse arranjo ficou mais grandioso. A TCB Band aqui foi por outra direção, deixando a voz de Elvis assumir o centro do palco. Afinal o que faltava em Larry Gatlin, sobrava no Elvis quarentão dos anos 70. E ele realmente caprichou. Em termos de comparação não há o que comentar. Elvis se impôs mais uma vez e o que era intimista e mais calmo, virou novamente uma explosão de voz nas notas alcançadas por Elvis Presley. Ouvindo esse tipo de gravação chegamos em uma conclusão óbvia. Ele foi um artista grandioso, não há como negar.
Pablo Aluísio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário