Janeiro de 1968 - A RCA lança o disco Elvis Golden Records vol.4. Seguindo o esquema dos LPs da mesma coleção esse reunia os singles de maior sucesso da carreira de Elvis. Como eram apenas reprises de singles o disco chegou apenas ao 33º lugar entre os mais vendidos. Entre as faixas: Love Letters, What'd I Say, Whitcraft, Devil in the disguise, entre outras.
Janeiro de 1968 - Novo single de Elvis chega às lojas: "Guitar Man / Hi-Heel Sneakers". Mais um ótimo single retirado das sessões de setembro de 1967. Essas canções representavam para Elvis na época um salto de qualidade gigantesco em sua carreira musical. São músicas que demonstravam que Elvis ainda era o Rei do Rock, mesmo depois de tantos filmes e trilhas sonoras de baixa qualidade. Guitar Man seria utilizada posteriormente no NBC TV Special, o programa de TV que iria salvar a carreira de Elvis de uma vez por todas. E Hi-Heel Sneakers é um ótimo momento de Elvis cantando um Blues visceral. Sem as amarras típicas impostas pelos estúdios de cinema Elvis demonstrava com esse material que ainda tinha muita lenha para queimar em sua carreira. Ele não estava acabado, apenas deveria redirecionar os rumos de sua carreira. Esse single é um tiro certeiro nesse caminho.
Fevereiro de 1968 - Nasce no dia 1º Lisa Marie Presley, única filha de Elvis.
Fevereiro de 1968 - A RCA lança "US Male / Stay Away". No lado A mais uma música campeã, dessa vez gravada em janeiro de 68 juntamente com Too Much Monkey Bussines. Outro exemplo de ótimo momento de Elvis em estúdio. No Lado B, Stay Away, canção lançada para promover o péssimo filme Stay Away, Joe (Joe é muito vivo). Sem dúvida um single que retrata o novo e o velho Elvis, um esbanjando estilo em um country moderno da melhor estirpe e o outro preso às músicas medíocres de filmes B. Felizmente para todos os fãs o primeiro sairia vencedor dessa disputa.
Março de 1968 - Elvis lança o ótimo single Gospel "You'll Never Walk Alone / We Call On Him". Há muito tempo que Elvis não lançava 3 singles excelentes, um atrás do outro, em apenas 3 meses. Isso sinalizava uma só coisa: Elvis estava voltando aos seus dias gloriosos. Aqui uma música que traz uma das melhores interpretações da carreira do Rei do Rock. Elvis demonstra toda sua emoção em uma gravação eterna, para entrar na história da música religiosa dos Estados Unidos. Todas as duas canções foram gravadas nas maravilhosas sessões de setembro de 1967. Elvis estava aos poucos, renascendo e ressurgindo das cinzas, como um verdadeiro Fénix!
Março de 1968 - Um novo filme de Elvis chega às telas: Stay Away, Joe (Joe é muito vivo). No elenco os veteranos Burgess Meredith e Katy Jurado. Na direção Peter Tewksbury. A publicidade da produtora vende o filme com a seguinte frase: "Elvis vai para o Oeste e o Oeste se torna selvagem!". Elvis até mesmo defende o filme: "Em Stay Away, Joe represento um pele vermelha astuto e criativo. Acho que pode ser uma melhoria nas produções". A crítica porém não gosta do filme e Stay Away, Joe não consegue fazer sucesso nas bilheterias. O resultado é tão desanimador que pela primeira vez Elvis pensa em abandonar sua carreira de ator em Hollywood.
Maio de 1968 - A RCA lança "Your Time Hasn't Come Yet, Baby / Let Yourself Go". No Lado A apenas uma canção de rotina. No Lado B: Let Yourself Go (Joy Byers) - Gravada em 1967, se um remix fosse feito preferiria a versão de 68 onde os vocais de Elvis estão de matar. Sua voz estava rouca como na década de 50 só que mais grossa e madura. Parte da trilha de "Speedway" essa música alcançou apenas 72º lugar nas paradas e foi lado B, não recebendo maior atenção. Com uma letra maliciosa e ritmo que ficaria perfeito na voz de Britney Spears, essa música nas pesquisas entre os fãs é quase unânime como preferida para um remix. Muita gente já notou seu potencial, falta só o EPE e a BMG. Como vocês vêem Elvis não é só "Hound Dog" e "Tutti Frutti" e é o único cantor que conheço que quase trinta anos depois de sua morte possui pelo menos uma dezena de músicas, lançadas mas desconhecidas, com, talvez, o mesmo potencial de clássicos como os acima citados. "A Little Less Conversation" que o diga... (Victor Alves).
Junho de 1968 - Speedway (O Bacana do Volante) é lançado.
Aqui Elvis contracena com a filha de Frank Sinatra, Nancy. Na direção mais uma vez Norman Taurog. Novamente outro filme sem grandes novidades, com Elvis novamente interpretando um piloto de corridas. Nancy Sinatra por sua vez interpreta uma fiscal da receita federal que vai atrás do personagem de Elvis para lhe cobrar impostos sonegados. O filme se tornou um dos últimos de Elvis na MGM. O cantor apenas passeia entre as cenas, visivelmente entediado. A produção também não ajuda sendo apenas mais uma repetição de muitos filmes anteriores do "Rei do Rock". Esse é outro filme de Elvis que não se traduz em sucesso, revelando de uma vez por todas que a antiga fórmula está completamente esgotada. Nem os fãs mais ardorosos prestigiam. A trilha sonora chegou nas lojas um mês antes do lançamento do filme e se tornou um novo fracasso de vendas, com um péssimo 82º lugar entre os mais vendidos. Com isso a RCA disse basta ao lançamento de trilhas e decretou o fim das mesmas, para o alívio geral, diga-se de passagem. Speedway foi a pá de cal nesse velho esquema inventado por Tom Parker de lançar filme / trilha no mercado. Foi a última trilha sonora da carreira de Elvis e não deixou saudades. Um melancólico adeus, sem dúvida.
Junho de 1968 - Elvis viaja à Los Angeles para a gravação de um especial de TV a ser exibido pela NBC no natal. Em Burbank Elvis começa a gravação do mitológico Elvis NBC TV Special.
Setembro de 1968 - A RCA lança o single "A little Less Conversation / Almost In Love". O single se torna famoso por dois motivos: A Little Less Conversation (Mac Davis / Strange) - Uma canção obscura dentro da discografia de Elvis, fez parte do filme "Live a Little, Love a Little" (Viva um pouquinho, Ame um pouquinho, 1968) no final dos anos 60. No Brasil ela só foi lançada uma única vez, e mesmo assim em 1971 no também cavernoso disco "Almost in Love". Isso mudou radicalmente quando o DJXL resolveu fazer um remix em cima da música. Bingo! Com o apoio da Nike que a colocou em um de seus comerciais durante a Copa do Mundo 2002, a música se tornou um tremendo sucesso chegando ao primeiro lugar em inúmeros países. Foi a canção que comandou a verdadeira "Elvismania" que tomou conta do planeta em 2002. Almost In Love também se tornou bem conhecida pois foi a única música cantada por Elvis composta por um brasileiro, Luís Bonfá. E também foi a única Bossa Nova verdadeira interpretada pelo Rei do Rock. Elvis mostra aqui que seu vocal estava apto a encarar qualquer tipo de ritmo musical. Boa demonstração da versatilidade do cantor.
Setembro de 1968 - Elvis viaja ao Arizona para as filmagens de Charro, western da pequena produtora National General Corporation. O filme vai levar quase um ano para chegar às telas.
Setembro de 1968 - Morre Dewey Phillips o primeiro DJ a colocar um disco de Elvis Presley ao ar em uma rádio de Memphis. Elvis declara: "Estou muito abalado. Éramos amicíssimos. Sinto demais o passamento de Dewey. Nunca esquecerei o quanto me ajudou no começo da minha carreira."
Outubro de 1968 - É lançado para venda exclusiva nas lojas Singer o disco "Singer Presents Elvis Singing Flaming Star and Others". LP semi oficial sem importância reunindo de forma confusa várias canções de trilhas de filmes dos anos 60. Como não foi lançado em lojas de discos convencionais, não foi classificado na parada Top 200 da Billboard.
Novembro de 1968 - Novo filme de Elvis chega aos cinemas: Live A Little, Love a Little (viva um pouquinho, ame um pouquinho). O filme é criticado pelo próprio Elvis: "Meus filmes não foram lá essas coisas, mas o enredo desse último foi complicado demais. Faço o papel idiota de um fotógrafo atrás de uma linda morena, guardada por um enorme cachorro" O filme não faz qualquer sucesso e é ignorado pelo público, mas não pela crítica. O New York Times escreve: "Elvis mudou o mundo e a música há dez anos. Mas depois de tantos filmes ninguém mais pode afirmar que isso seja verdade".
Novembro de 1968 - A RCA se antecipa ao especial da NBC e lança o single "If I Can Dream / Edge of Reality". If I Can Dream (Brown) - Pôxa! às vezes eu gosto tanto de uma música de Elvis Presley que fica até difícil escrever sobre ela. É esse o caso. Sem dúvida uma das minhas preferidas disparadas. Em uma palavra: épica! Com um simples single Elvis colocou os Beatles e os Rolling Stones no bolso e detonou eles das paradas! Depois de anos sendo superado, por causa de suas trilhas ruins, Elvis mostrou quem é que mandava. Os fãs do Rei ficaram de peito lavado e eu também (se tivesse tido a oportunidade e a idade de vivenciar isso, claro!). Mas deixando essas questões puramente comerciais de lado, se "If I Can Dream" fosse apenas um compacto obscuro na carreira de Elvis eu ainda iria amar essa música, sem dúvida nenhuma. Ela foi lançada com "Edge of Reality" no natal de 1968 e foi ouro na mesma semana. Foi uma das mais políticas músicas de Elvis, que tratava e falava de forma poética de vários problemas que a sociedade americana e mundial vinham enfrentando naquela época. Para gravá-la Elvis pediu que ficasse sozinho no estúdio, que fossem apagadas todas as luzes. Ele se sentou no chão do estúdio e comovido presenteou e deixou para a eternidade um momento simplesmente insuperável! Um momento raro. Os produtores e engenheiros de som do Burbank Studios ficaram simplesmente de queixo caído! Anos depois, Bones Howe, um dos presentes, confidenciou que após gravar a música Elvis conversou baixinho com alguém no estúdio! Ainda sentado no chão ele agradeceu, emocionado, a essa "entidade" pela inspiração. Não se sabe o que ocorreu, mas dizem que naquela noite conversou com sua querida mãe, falecida dez anos antes... ela estava ao seu lado, segurando sua mão...
Dezembro de 1968 - NBC TV Special é exibido.
No final dos anos 60 a TV NBC passava por uma séria crise financeira e de audiência. Suas concorrentes ABC e CBS ganhavam cada vez mais espaço, enquanto a NBC perdia cada vez mais. Para mudar esse quadro, a direção da emissora resolveu apostar alto em uma nova grade de programação, dando destaque especial para a sua área de shows. A NBC resolveu investir pesado e entrou em contato com o coronel Tom Parker para a realização de um especial de final de ano com Elvis Presley. Seria a principal atração do fim da temporada, com ampla publicidade e ótimos contratos de marketing. Elvis precisava tanto da NBC quanto ela precisava de Elvis. O Rei do Rock vinha em um mal momento da carreira. Seus filmes já estavam desgastados, Elvis sentia-se cada vez mais frustrado com a política dos grandes estúdios de cinema de Hollywood, que lhe mandavam fazer o mesmo filme ano após ano, com as mesmas trilhas sonoras e os mesmos roteiros estúpidos. Elvis estava mais do que farto deste esquema em 1968. Quando soube da idéia do especial, se empolgou e disse ao seu empresário que fechasse o contrato, pois ele queria voltar o quando antes a se apresentar ao vivo. Ainda tinha contratos a cumprir na costa oeste, mas queria que estes fossem os últimos. Sem dúvida, para quem apostava em uma carreira de ator, aquilo tudo representava um grande retrocesso. Era uma derrota para Elvis deixar Hollywood assim. A verdade era que ele descobriu, ao longo dos anos, que nenhum estúdio iria lhe dar uma chance para desenvolver uma carreira dramática em Hollywood. Para os chefões Elvis tinha que sempre desempenhar o mesmo papel: o de Elvis Presley. Se continuasse no esquema dos estúdios cinematográficos, Elvis iria continuar a fazer uma comédia musical atrás da outra até sua carreira se apagar de vez. Ele estava decidido a pular fora e salvar o que ainda tinha restado de seu legado musical. E assim foi feito. Depois de acertar seu cachê (meio milhão de dólares por quatro dias de trabalho) Elvis finalmente se preparou para sua volta. O show seria transmitido no final do ano, em dezembro. O coronel Parker sugeriu um roteiro simplesmente desastroso para o especial: "Elvis entraria de papai noel, cantaria meia dúzia de músicas natalinas e iria embora pela chaminé". Elvis e o produtor Steve Binder simplesmente odiaram essa idéia. Juntos, trocaram pensamentos e conceitos e chegaram a um modelo básico. Elvis seria acompanhado de sua primeira banda, Scotty Moore e D.J. Fontana (Bill Black havia morrido em 1965). Seria um show acústico (o primeiro da história), com Elvis vestindo uma roupa de couro negro, tocando uma guitarra Gibson, tudo de forma natural e autêntica. Ele interpretaria seus velhos sucessos e duas canções escritas especialmente para o programa: "If I Can Dream" e "Memories". Estava em ótima forma física e empolgado pela chance de voltar a apresentar um material de qualidade. Tudo que precisava era uma chance de mostrar novamente seu incontestável talento. Os ensaios foram exaustivos, Elvis tomou a frente, elaborando arranjos e produção, esse foi um momento crucial de sua vida, se falhasse, provavelmente seria o fim de sua carreira. E ele sabia disso. Em 1968, aos 33 anos de idade, Elvis Presley finalmente voltou à TV, num especial histórico para NBC em comemoração ao natal. O cantor estava no auge de sua beleza física e o show foi um marco em sua vida. Com cenas em estúdio e ao vivo, Elvis estava natural, espontâneo, Elvis como ele só. Priscilla Presley em seu livro "Elvis e eu" relembra o impacto do show: - "O especial de Elvis foi um sucesso espetacular e alcançou o maior índice de audiência do ano. A música final, "If I Can Dream", foi sua primeira gravação que ultrapassou a barreira de um milhão de cópias vendidas em muitos anos. Sentamos em torno da TV assistindo ao programa, esperando nervosamente pela reação. Elvis se manteve silencioso e tenso durante toda a exibição do programa, mas assim que os telefones começaram a tocar, compreendemos que ele conquistara um novo triunfo. Não perdera a classe, ainda era o rei do rock'n'roll". Com esse programa Elvis se convenceu que era hora de deixar Hollywood para trás e retomar os rumos de sua carreira musical. Não haveria mais trilhas sonoras insípidas, o momento era de entrar em estúdio novamente para gravar canções de qualidade, para mudar novamente os rumos musicais de seu tempo.
Destaques do Especial: Trouble (Jerry Leiber / Mike Stoller) / Guitar Man (Hubbard) - Para abrir o programa Elvis apresentou esse Medley bem sacado. Em um disco pirata dos anos 80, pode-se ouvir Elvis trocando idéias sobre esses arranjos com W. Earl Brown. Elvis diz: - "Vamos balancear a orquestra com a banda, cara!", no que o produtor responde: -"Também pensei nisso, ok!". O acompanhamento ficou bem mais forte e presente, sem dúvida. A orquestra presente foi a da NBC. Isso se nota bem, pois seu som é bem peculiar dentro da discografia de Elvis, essa você só vai ouvir nesse disco. Mas, vamos às músicas: "Trouble" é a melhor música da trilha do filme "King Creole" e também a mais conhecida. Trouble é uma preciosidade composta por Leiber e Stoller em que o ritmo e o conteúdo de sua letra caiu como uma luva para a estória do personagem Danny Fisher, um garoto correto que tenta sobreviver numa New Orleans infestada de Gangsters. Esta versão que foi utilizada no memorável "Comeback Special" de 1968 é muito boa. Porém sem sombra de dúvida "Trouble" vai ficar imortalizada mesmo na versão original gravada por Elvis no dia 15 de Janeiro de 1958 para o filme "King Creole". "Se você procura por encrenca, veio ao lugar certo!" Já "Guitar Man" é a típica música de Elvis pós 67: muito mais arranjada do que o normal trazendo a excelência instrumental do compositor Hubbard. Ela foi lançada em um single em janeiro de 1968 com "Hi-Heel Sneakers" no lado B. Baby, What You Want Me to Do - Clássico de Little Richard e Jimmy Reed. Elvis pára a música no meio para brincar um pouco, falando com os músicos e com a platéia: ao simular um problema no lábio Elvis vira a boca e diz: "Espere caras, estou com um problema nos lábios", dá seu sorriso ímpar e diz: "Pois fique sabendo que fiz 29 filmes desse jeito". Todos riem. Depois relembra seus shows na Flórida onde não podia mexer nada, apenas seu dedo mindinho. Lembra que os shows eram filmados pela polícia para impedir que ele fizesse "imoralidades" nos palcos. Elvis se diverte com o fato. Mostra o lado divertido do Rei do Rock. Where Could I Go But The Lord (James B. Coats) - Canção do disco "How Great Thou Art", por demais conhecida no mundo Gospel norte americano. Foi escrita inicialmente pela dupla de compositores K.E.Harris e J.M.Black em 1890. Em 1940 J.B.Coats escreveu uma versão bastante modificada. Foi gravada ainda por Red Foley em 1951 e por Faron Young em 1954. Elvis a utilizou ainda no NBC TV Special num medley com outras canções evangélicas. Up Above My Head (Brown) - Esse medley continua com essa música inédita. São ao todo sete minutos e meio de gospel. Faz sentido. Até porque era época de natal e também porque Elvis não ia dispensar essa chance de colocar esse ritmo, o seu preferido, no seu especial de retorno. Esse é um gospel tocado principalmente em igrejas de negros no sul dos Estados Unidos. Elvis sempre teve uma posição altamente positiva em relação à questão racial. Colocava artistas negros para lhe acompanhar em seus shows (como as Sweet Inspirations) e sempre que podia incentivava e elogiava a cultura negra de seu país. Para um sulista isso significava uma atitude altamente louvável, pois estes Estados sulistas dos EUA sempre foram os mais racistas. Saved (Leiber / Stoller) - Até hoje me pergunto: como uma dupla de judeus iria escrever uma música gospel como essa? Só mesmo Leiber e Stoller para aprontar uma dessas. Devem ter deixado seu rabino com os cabelos em pé, sem dúvida. Viva o ecumenismo! Medley: Nothingville (Strange / Davis) / Big Boss Man (Smith / Dixon) / Guitar Man (Hubbard) / Little Egipt (Leiber e Stoller) / Trouble (Leiber e Stoller) / Guitar Man (Hubbard) - O último medley do especial, juntando músicas novas e inéditas como Nothingville (nunca mais foi usada por Elvis) com trilhas sonoras (Little Egipt de "Carrossel de Emoções"), além das já citadas "Guitar Man" e "Trouble". Funciona? Em termos, acho que "Big Boss Man" merecia uma faixa solo e não cortada como saiu. Tremenda geléia geral que às vezes dá indigestão! Esse medley foi utilizado no especial como pano de fundo de várias cenas de estúdio, com Elvis, dançarinos e um fiapinho de roteiro. Totalmente dispensável. Não deveriam ter cortado vários trechos de Elvis ao vivo para colocar isso. Felizmente anos depois, as cenas inéditas apareceram e tudo foi corrigido.
Dezembro de 1968 - A RCA lança a trilha do NBC TV Special. É o primeiro álbum de Elvis Presley a alcançar o Top 10 desde 1965. O disco vende muito bem e Elvis se reconcilia com o sucesso finalmente. A imprensa americana em peso elogia a perfomance de Elvis no Especial. Muitos analistas acabam denominando o show de "Comeback Special", ou seja, o especial da volta de Elvis. Ao longo dos anos o apelido pegará e o NBC TV Special acabará ficando conhecido por esse nome. Muitos jornais e revistas colocam Elvis e seu retorno em destaque. A revista Eye escreve: "É um milagre ver um homem perdido reencontrar o caminho. Elvis cantou com o ímpeto que as pessoas esperam de um verdadeiro astro de Rock'n'Roll. Movimentou seu corpo com um empenho tão natural que deve ter deixado Jim Morrison verde de inveja. Não importa que a maioria das músicas tenha mais de dez anos, pois Elvis as interpretou como se tivessem sido escritas ontem!". A Record World celebrou a volta de Elvis: "Não foi o velho Elvis, comercializado na nostalgia de seus velhos rocks e na ridícula censura de Ed Sullivan, mas sim uma apresentação atual, viril, cheia de humor, vibrante e com a agitação de nossos dias". O New York Times, sempre cético em relação aos filmes de Elvis disse: "Parece que Elvis finalmente vai seguir o caminho da luz da boa música e do bom gosto, luz essa que passa bem longe de seus filmes em Hollywood". A Variety estampou com destaque: "Elvis enfim ressuscita!".
Dezembro de 1968 - A revista inglesa New Musical Express, mais influente publicação de música do Reino Unido, coloca Elvis na capa e o elege o "Cantor número um do ano". A Billboard faz uma votação entre seus leitores e o NBC TV Special vence como melhor apresentação musical do ano na TV americana.
Pablo Aluísio.
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