"Never Again" tem um dos melhores arranjos do disco. Começa com um belo dedilhado de dois violões, criando uma atmosfera intimista, lembrando até mesmo baladas de gêneros mais introspectivos, como a nossa conhecida "Bossa Nova". Curiosamente a estrutura da melodia segue uma linha que agradava muito Elvis nessa época, com aquele estilo de ir sempre crescendo ao longo de sua execução. Começa quase sussurrada, vai subindo o tom, até ganhar ares de grandiosidade. Um tipo de estilo musical em que Elvis poderia mostrar todo o seu potencial vocal. E o coro também não fica atrás, principalmente nas últimas notas quando eles (Elvis e seus grupos vocais de apoio) levam tudo para uma espécie de explosão emocional coletiva.
A letra é interessante. Ela mostra a história de um homem que amou demais, se entregou demais a uma paixão avassaladora do seu passado, mas acabou magoado, traído, ferido por aquela que ele considerava ser o amor de sua vida. Não quero passar a imagem de alguém que se repete, mas essa letra é bem óbvia em relação ao que Elvis passou em seu casamento com Priscilla. A mágoa que sofreu, por ter sido traído pela sua própria esposa e mãe de sua filha, a enorme fossa que ele entrou depois disso, a depressão que teve que passar, tudo isso o fez jurar que nunca mais iria passar por algo assim novamente. A primeira parte da letra já deixa isso muito claro, principalmente quando Elvis canta versos como esse: "Espero nunca amar alguém tanto assim de novo! Eu não quero mais suportar isso, pois já estive ferido antes". Recado mais claro do que isso, impossível.
"The Last Farewell" é outro bom momento desse álbum cheio de baladas tristes, mas ao mesmo tempo relevantes. Esse é outro bom trabalho de arranjo do produtor Felton Jarvis, mas ao contrário de outras canções como "Never Again" que começa calma e vai crescendo, aqui a introdução é um tanto épica, para depois as coisas irem acalmando aos poucos. A melodia é agradável aos ouvidos, com Elvis cantando quase a meia voz, como se estivesse curtindo bastante a melodia junto ao ouvinte, criando com isso um sentimento de cumplicidade com seus fãs. A música em si foi muito trabalhada depois por Felton Jarvis pois ele acrescentou muitos instrumentos posteriormente à gravação. Antes do lançamento os acréscimos foram levados para aprovação de Elvis e ele gostou do resultado final.
Essa letra é quase cinematográfica. Ela leva o ouvinte a imaginar uma determinada situação, onde um marinheiro se despede de sua amada no porto, prestes a ir para a "velha Inglaterra". Mesmo Elvis não tendo sido da marinha e nem ter qualquer ligação com isso (a não ser pelo fato de ter interpretado um marinheiro em "Girls, Girls, Girls") a mensagem da canção é que provavelmente gerou interesse em Elvis. É praticamente um roteiro de cinema, com começo, meio e fim, explorando a dor da despedida de alguém que vai para o mar, mas deixa seu grande amor para trás - imagine aí em sua mente Elvis vestido de marinheiro dando um abraço final na sua amada para ir embora para a Inglaterra. Ficou estranho? Um pouquinho, mas devo dizer que no final o resultado ficou muito bom, criando um clima bem diferente nos discos de Mr. Elvis Presley.
Pablo Aluísio.
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