A maior tragédia da Alemanha foi que sua democracia não conseguiu parar extremistas fascistas como Adolf Hitler. Pior do que isso, suas próprias instituições democráticas o elevaram ao poder. E houve também muitos erros por parte daqueles políticos que realmente detinham o poder na República de Weimar, que era um regime político realmente democrático, um Estado Democrático de Direito de fato. Paul von Hindenburg era o presidente da Alemanha democrática naquele período. Estava velho e cansado. Ele definitivamente não via Hitler com bons olhos. Na realidade não gostava dele em nenhum aspecto.
Porém os resultados das eleições do ano anterior havia dado muitas cadeiras no parlamento para o Partido Nazista. Enfraqueceram nesse processo os demais partidos importantes da época, como o Socialdemocrata e o Partido Socialista Alemão. E aí residiu todo o problema. O presidente precisava nomear um novo chanceler e isso deveria ser feito de acordo com a bancada partidária no parlamento. Como o Partido Nazista agora tinha muita representação, Hitler era o nome mais cotado para ser o novo chanceler. E assim, muito pouco feliz com a decisão, Hindenburg nomeou Hitler como chanceler. Foi um erro que custaria muito caro ao povo alemão e ao mundo em geral.
Hitler odiava a democracia e o Estado Democrático de Direito. Ele só queria mesmo uma oportunidade como aquela para tomar todo o poder para em suas mãos. Não demorou muito e começou a tomar medidas de puro autoritarismo. Suas tropas SA começaram a espancar judeus e outras minorias. E tudo piorou quando Hindenburg morreu. A partir daí não haveria mais ninguém para deter Hitler. Ele tornou todos os partidos da Alemanha ilegais, menos o Partido Nazista. Passou a matar e perseguir os políticos de outros partidos, que tinham formado sua oposição. Professores em universidades, que tinham alertado sobre o perigo dos nazistas no poder, também foram perseguidos, presos e mortos. Hitler nem pensou duas vezes em rasgar a boa constituição alemã.
Assim a insanidade nazista se alastrou na sociedade. Através de propaganda política massiva, Hitler passou a controlar todos os meios de imprensa. Matou jornalistas e mandou queimar e destruir as sedes dos principais jornais do país. As rádios e o cinema também passaram por forte censura. A partir daquele momento só haveria uma opinião oficial e aceita na Alemanha, a dos próprios Nazistas. Eles escolheram os judeus, os comunistas, os sociais democratas e os liberais como os grandes inimigos do povo alemão. Minorias também deveriam ser eliminados do solo alemão como homossexuais, ciganos, eslavos, negros, doentes mentais e qualquer pessoas que não fosse um ariano, o tipo de ser humano perfeito, alto e loiro, o único admitido dentro do país como pessoas detentoras de direitos civis. Todos os demais deveriam ser executados. Hitler mandou construir o primeiro campo de concentração da Alemanha justamente para prender todos esses seus inimigos políticos.
Depois disso houve o estranho e nunca devidamente solucionado caso do incêndio do parlamento alemão, o Reichstag. As chamas destruíram em uma noite o prédio, a sede do congresso alemão. Era o sinal mais claro de que Hitler estava destruindo de vez a democracia na Alemanha. Depois daquela noite ele tomou todos os poderes da República em suas mãos. Não haveria mais legislativo e nem poder judiciário independentes. Juízes e advogados que eram contra a ideologia nazista foram mortos. A única vontade que existia era a dele, a do líder supremo, do Fuhrer, como passou a se chamar. Hitler afirmou em discurso que aquele era o Terceiro Reich do Império Alemão que iria durar mil anos! Ele havia se tornado o ditador máximo da Alemanha. A catástrofe e a tragédia estavam prestes a começar por toda a Europa com toda a fúria que a ideologia nazista havia planejado.
Pablo Aluísio.