Os últimos momentos de Maria Antonieta - Abandonada em uma cela escura, nas mãos de fanáticos da revolução francesa, os últimos momentos da rainha Maria Antonieta foram bem tristes. Os anos de glória, luxo e riqueza de Versalhes e principalmente do Petit Trianon, onde ela realmente foi feliz, havia ficado definitivamente no passado. Os revolucionários executaram o rei Luís XVI em um processo onde nada foi respeitado. Logo os revolucionários que se diziam adeptos dos mais altos valores democráticos não deram nenhuma chance ao rei. Ele foi condenado sumariamente, guilhotinado sem possibilidade de se defender de verdade. Com a execução de seu marido, Maria Antonieta sabia que estava condenada. Ele tentou de todas as formas pedir socorro para seus parentes na Áustria, pois ela era uma arquiduquesa da Casa de Habsburgo, mas ela foi tristemente ignorada. Sua mãe, a imperatriz da Áustria Maria Tereza havia morrido e seus sucessores não pareciam muito dispostos a entrarem em uma sangrenta guerra contra os revolucionários franceses. Assim Maria Antonieta foi abandonada por todos, pelos membros da decaída monarquia, por seus familiares austríacos e até mesmo por suas damas de companhia.
Curiosamente a dignidade da rainha em seus últimos dias conquistou a simpatia de seus próprios carcereiros. Eles decidiram que iriam ajudá-la em uma fuga desesperada. A rainha iria se vestir com o uniforme da guarda, iria para o pátio com seus filhos e depois sairia junto com os soldados de sua prisão. Infelizmente as coisas não deram certo pois uma carta anônima chegou até um fanático revolucionário que descobriu o plano, colocando tudo a perder. Assim a rainha ficou presa definitivamente ao seu destino. Ela tinha especial preocupação com seus dois filhos, Luís Carlos, o herdeiro do trono e Maria Teresa, a filha mais velha. Essa última seria a única a sobreviver às loucuras violentas dos revolucionários franceses. O pequeno Luís Carlos morreria no cárcere, em uma morte misteriosa que até hoje jamais foi solucionada inteiramente. Ele tinha apenas dez anos de idade e os revolucionários o jogaram em uma cela imunda, subumana, para que morresse de tuberculose ou outra doença qualquer. No final os tais revolucionários que vivam pregando o refrão de "solidariedade, fraternidade e solidariedade" não passavam de assassinos frios, que matavam até mesmo crianças apenas pelo fato delas serem herdeiras de uma monarquia que não mais existia.
A revolução francesa que tinha tantos ideais não soube respeitar os direitos mais básicos da rainha Maria Antonieta. Ela foi aprisionada junto com os filhos em uma cela sombria. Quais tinham sido os crimes de seus filhos? Onde estavam os princípios tão elevados da revolução francesa? Por que eles foram encarcerados? Que crimes cometeram? Nem a própria rainha havia sido acusada de nada. Ela simplesmente foi presa por ser a esposa do rei Luís XVI. Os processos que seriam movidos depois contra a rainha foram baseados em puro ódio, sem a presença de provas. Um absurdo. Nos últimos dias as atrocidades continuaram. Maria Antonieta sempre era acordada tarde da noite para a entrada de guardas dando ordens e assustando ela e as crianças. Pior aconteceu depois quando armaram um teatro bufo em um tribunal francês para acusá-la sem provas. Ela foi acordada durante a madrugada e levada para longe de seus filhos. Pode haver algo mais absurdo do que isso? Seu filho, o Delfim, herdeiro do trono, foi colocado em outra cela (sem qualquer acusação criminal). Maria Antonieta ficou desolada. Tudo o que ela conseguia ver era a sombra de seu pequeno filho brincando no pátio pela pequena janela de sua cela. Era um menino de apenas 10 anos de idade, preso em uma prisão medieval, sem direito a defesa e nem liberdade.
Onde estavam os direitos do homem, tão propagados pela revolução francesa naquele quadro desolador? O pior é que Maria Antonieta também foi abandonada por seus familiares austríacos. A casa de Habsburgo a abandonou embora ela ainda fosse uma arquiduquesa austríaca legítima, filha da imperatriz Maria Teresa, que infelizmente já tinha falecido naquela ocasião. Provavelmente se estivesse viva, Maria Teresa faria de tudo para salvar sua filha Maria Antonieta e seus dois filhos. Infelizmente os que estavam no poder durante seu martírio pouco deram atenção ao seu sofrimento. Uma rainha francesa decaída não tinha mais importância para Viena. No fim Maria Antonieta não parecia mais ter forças. Ela simplesmente havia aceitado seu destino trágico. Ela sabia que seria morta pela revolução, tal como havia acontecido com o Rei Luís XVI. O único que lutava bravamente em favor da rainha era o conde Hans Axel von Fersen. Dito por muitos historiadores como o verdadeiro amor da vida de Maria Antonieta, ela passou dias e mais dias tentando convencer os membros da corte de Viena para que salvassem a rainha. O mais absurdo de tudo é que os revolucionários pareciam dispostos a negociar pela vida de Antonieta, mas os membros da casa Habsburgo pareciam ter lavado as mãos.
Pablo Aluísio.
História e Literatura
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