domingo, 26 de maio de 2013

João e Maria – Caçadores de Bruxas

A primeira vez que ouvi falar nesse projeto pensei que tudo não passava de uma piada de mau gosto. Afinal o conto infantil “João e Maria” era de uma singeleza cativante, uma estorinha de poucas linhas para ensinar os pequeninos do perigo de se confiar em pessoas estranhas. Eu me recordo inclusive que “João e Maria” fazia parte das cartilhas de ensino fundamental quando eu era apenas um garotinho de sete anos. Mas eis que finalmente o anúncio se tornou oficial: sim, “João e Maria” iria virar filme milionário em Hollywood, com direito a orçamento generoso e elenco caro! Pensei comigo mesmo: “Eles enlouqueceram de vez?!” Gente, eu já tinha escrito isso aqui antes e volto a repetir: contos de fadas nasceram para serem simples, são cativantes justamente por isso, ensinam para as crianças alguns pequenos valores morais. Mas como “Alice” de Tim Burton foi um enorme sucesso de bilheteria algum engravatado de Hollywood certamente pensou ter descoberto a fórmula do sucesso. Ledo engano.

É bem chato isso mas estamos vendo cada conto de fadas virar filme, em cada adaptação pior do que a outra (inclusive o gerador de toda essa modinha, “Alice” que também era ruim de doer). “João e Maria” não é exceção a essa regra. Em poucas palavras é um filme bem ruim, sem roteiro nenhum, com ares de “Anjos da Noite”, “Van Helsing” e até “Matrix” (acredite se quiser!). O filme começa mostrando o pequeno conto que todos conhecemos. Duas crianças, João e Maria, são deixados na floresta. Atraídos por uma pequena casa feita de doces eles acabam parando nas mãos de uma bruxa má que tenta engordá-los para depois os levar ao forno em banho maria (trocadilho infame!). Mas o feitiço acaba virando contra o feiticeiro e quem acaba sendo queimada viva é a bruxa malvada. Passam-se os anos e agora João e Maria são adultos. Eles ganham a vida caçando bruxas nas pequenas cidades e florestas por onde vivem essas figuras malignas. Tudo corre bem até que surge uma nova bruxa, muito mais poderosa do que as demais, que sabe de muitas coisas, inclusive do passado dos irmãos. Deu para sentir o drama? Bem, falar o quê mais sobre esse filme?! “João e Maria” tem muitos efeitos digitais mas o roteiro é medíocre. Idem o elenco. Até João virou diabético de tanto comer doce (é sério, está no filme, não é brincadeira!). Enfim, melhor esquecer. Compre o conto de fadas para seus filhos e leiam as belas estorinhas para eles dormirem. Você ganha muito mais. Só não vá passar esse abacaxi para eles, pois os danos culturais (e cerebrais) podem ser irreversíveis.

João e Maria – Caçadores de Bruxas (Hansel & Gretel: Witch Hunters, Estados Unidos, 2013) Direção: Tommy Wirkola / Roteiro: Tommy Wirkola, baseado no conto infantil "João e Maria" / Elenco: Jeremy Renner, Gemma Arterton, Famke Janssen / Sinopse: Adaptação para o cinema do famoso conto infantil João e Maria. Aqui os pequenos irmãos estão adultos e saem em busca de bruxas más que comem criancinhas na floresta.

Pablo Aluísio.

Batman – O Mistério da Mulher Morcego

Você já ouviu falar da Batwoman? Não, não estou me referido à Batgirl, que todos os fãs do Batman sabem muito bem ser a Bárbara Gordon. Estou falando de Batwoman, a Mulher Morcego! Pois é justamente a apresentação dessa nova personagem no universo de Gotham City que essa animação se propõe a fazer. Na estória Batman, em mais um dia de rotina combatendo a criminalidade em sua cidade, acaba se deparando com uma misteriosa mulher, mascarada e com um uniforme que lembro o próprio Batman. Ela também está combatendo o crime mas deixa o cavaleiro das trevas intrigado pois ele não tem qualquer associação com essa nova heroína.

Ao lado de Robin procura por pistas para tentar identificar sua verdadeira identidade. Acaba chegando em três possíveis suspeitas. A primeira é Kathleen 'Kathy' Duquesne, filha mimada de um mafioso ligado ao Pinguim. A segunda suspeita recai sobre Dr. Roxanne 'Rocky' Ballantine, uma especialista em informática que trabalha nas indústrias Wayne e por fim Batman entende ser possível que a Batwoman seja na verdade Sonia Alcana, uma nova policial subordinada ao Comissário Gordon. E afinal quem seria realmente a Batwoman? “Batman – O Mistério da Mulher Morcego” tem boa trama mas tecnicamente é apenas razoável, fruto é claro do fato de ter sido lançada já há algum tempo. Mesmo assim fica a dica para os fãs do personagem de Bob Kane.

Batman - O Mistério da Mulher Morcego (Batman: Mystery of the Batwoman, Estados Unidos, 2003) Direção: Curt Geda / Roteiro: Alan Burnett, baseado no personagem Batman criado por Bob Kane / Elenco (vozes): Kevin Conroy, Kimberly Brooks, Kelly Ripa / Sinopse: Uma nova heroína surge nos céus de Gotham City chamada Batwoman. Mas quem seria ela? Em busca de respostas Batman e Robin começam a investigar a nova e misteriosa personagem.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Hemingway & Gellhorn

Ernest Hemingway (1899 – 1961) foi um dos maiores escritores da literatura americana. Embora fosse brilhante com as letras era um sujeito complicado de se viver. Sempre envolvido em brigas, caçadas, mulheres e bebidas, acabou criando uma mítica em torno de si mesmo e suas aventuras. Esteve presente em vários conflitos armados e foi justamente em um deles, na guerra civil espanhola, que se apaixonou por Martha Gellhorn, uma jornalista que atuava como correspondente de guerra. Enquanto o general Franco dizimava seus opositores (formados principalmente por voluntários que foram lutar pela democracia na Espanha), Hemingway e Gellhorn se apaixonavam perdidamente. E é justamente essa a história central dessa boa produção do canal HBO. Com Clive Owen e Nicole Kidman interpretando os personagens centrais o filme tenta captar aspectos da genialidade de Ernest Hemingway, ao mesmo tempo em que destrincha seu romance com Martha Gellhorn. É uma obra que exige fôlego do espectador pois tem mais de duas horas e meia de duração mas no final não decepciona, embora tenha alguns pequenos problemas.

Antes de mais nada é importante chamar a atenção para o fato de ser uma produção televisiva o que obviamente significa ter um orçamento bem mais modesto do que de um filme para o cinema. Aqui os produtores resolveram inserir os personagens principais dentro de cenas reais da época, tudo realizado de forma digital. Funciona? Em alguns momentos sim, em outros não. Claro que esse tipo de decisão foi feita para deixar o orçamento mais enxuto, pois seria bem complicado (e caro) reproduzir cenas da guerra civil da Espanha e da invasão da China pelo Japão (lugares onde o casal passa parte de sua história). Assim sempre que há necessidade da inclusão de alguma cena mostrando esses eventos históricos se utiliza dessa artimanha. Nicole Kidman está, como sempre, maravilhosa. Para os fãs de seu “talento natural” fica o aviso de que há boas seqüências sensuais dela ao lado do ator Clive Owen. Na mais marcante delas os dois se entrelaçam nus em um quartel de hotel em Madrid enquanto a cidade é bombardeada por forças leais a Franco. Por falar em  Clive Owen tenho algumas observações a fazer em relação ao seu trabalho. O seu Ernest Hemingway não me agradou completamente. Além de não serem fisicamente parecidos, Owen muitas vezes cai na caricatura ao retratar um escritor machista, porcalhão e nada ético. De uma maneira ou outra, mesmo com todas essas reservas, ainda vale a pena assistir ao filme, nem que seja para ter uma noção didática sobre a guerra civil espanhola e o nascimento da grande obra literária “Por Quem Os Sinos Dobram”. Fica a recomendação então.

Hemingway & Gellhorn (Idem, Estados Unidos, 2012) Direção: Philip Kaufman / Roteiro: Jerry Stahl, Barbara Turner / Elenco: Nicole Kidman, Clive Owen, David Strathairn, Rodrigo Santoro, Peter Coyote / Sinopse: O filme narra a história de amor entre a jornalista e corresponde de guerra Martha Gellhorn (Nicole Kidman) e o escritor Ernest Hemingway (Clive Owen).

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Os Caça-Fantasmas 2

Não sei bem a razão mas algumas vezes nos deparamos com seqüências de filmes de que gostamos que simplesmente não dão certo. Todos os elementos estão lá, geralmente a mesma equipe técnica, elenco, direção mas a coisa simplesmente não funciona. Eu acompanho cinema há muitos anos e uma das maiores decepções que tive foi justamente com esse “Os Caça-Fantasmas 2”. Havia uma grande expectativa porque o primeiro filme tinha sido tão divertido e legal. As negociações para a realização do filme foram complicadas porque o ator Bill Murray pediu uma verdadeira fortuna para repetir seu personagem mas quando ele finalmente acertou seu cachê com o estúdio as expectativas foram às alturas. Ele inclusive declarou que o filme teria um dos melhores roteiros da história e que as gargalhadas seriam histéricas nas exibições do filme. Será que ele estava curtindo com a nossa cara? Tudo leva a crer que sim.

Não tem jeito, o filme é bem decepcionante. Eu me recordo que já na época não tinha gostado mas recentemente revi por acaso em um canal a cabo. Alguns filmes melhoram com o tempo, isso acontece muitas vezes, geralmente a pessoa está em um dia ruim e acaba não gostando muito do filme mas depois em uma revisão muda de idéia. Infelizmente não é o caso aqui. Todos os elementos parecem presentes, os atores, a direção, os efeitos especiais, tudo mas... o filme não funciona! O roteiro não é bom, essa é a verdade, e a despeito de toda a competência técnica nada de muito engraçado ou memorável acontece. No fundo tudo se torna muito mais infanto-juvenil do que no primeiro filme (reflexos do desenho animado?) e o gostinho de decepção se torna inevitável. Como conseqüência o filme não foi bem nas bilheterias o que pareceu encerrar a franquia nos cinemas. Agora teremos um remake ou uma continuação tardia (não se sabe ainda ao certo) e sinceramente temo pelo pior. Talvez esse seja um daqueles casos em que um filme legal só funcione em determinada época e por uma única vez. Pensando bem era melhor ter parado no primeiro filme mesmo.

Os Caça-Fantasmas 2 (Ghostbusters II, Estados Unidos, 1989) Direção: Ivan Reitman / Roteiro: Dan Aykroyd, Harold Ramis / Elenco: Bill Murray, Dan Aykroyd, Sigourney Weaver, Harold Ramis, Rick Moranis, Ernie Hudson / Sinopse: Os Caça-Fantasmas voltam para novas aventuras em Nova Iorque. Agora terão que enfrentar um novo e perigoso desafio.

Pablo Aluísio.

Alvo Duplo

Esse é o novo filme do astro Sylvester Stallone. O roteiro foi baseado na graphic novel "Du Plomb Dans La Tête" de Alexis Nolent. A primeira cena já dá bem uma idéia do que virá pela frente. Jimmy Bonomo (Sylvester Stallone) e seu parceiro entram em uma suíte de motel. Estão atrás de um policial corrupto que naquele momento está em um encontro intimo com uma garota de programa. Eles são assassinos profissionais e foram contratados para liquidar o policial em um típico serviço de queima de arquivo. Em poucos minutos o personagem de Stallone executa o serviço, eliminando seu alvo com três tiros certeiros. Depois vai até o banheiro onde se encontra a garota. Como se sabe testemunhas não devem ser deixadas para trás. Serviço feito, ele descobre que foi enganado. Provavelmente nada receberá pelo crime e o pior, se tornará ele próprio um alvo de seus “clientes”. Para tirar Jimmy do mapa, um outro assassino, mercenário, ex-combatente da legião francesa, é especialmente contratado para eliminar todos os vestígios do crime. Sem alternativas o personagem de Stallone sai em busca dos verdadeiros responsáveis por tudo, ao mesmo tempo em que se alia com um policial oriental que está na cidade em busca de respostas para uma investigação criminal que ao que tudo indica tem fortes ligações com as mortes.

Assim começa “Alvo Duplo” mais uma produção de ação que agora mostra Stallone em um papel pouco comum na sua carreira, a de assassino profissional, um sujeito que faz o que deve ser feito, sem pensar muito em questões éticas ou morais. O principal antagonista de Stallone na trama é outro assassino profissional como ele, interpretado pelo ator havaiano Jason Momoa, o mesmo que recentemente tentou dar certo no cinema como Conan. Ele também é conhecido por fazer o papel de Khal Drogo em “Game of Thrones”. É um sujeito forte e com tipo ideal para filmes de ação e pancadaria mas não tem muito carisma para falar a verdade. Sua luta final com Stallone se dá com machados o que faz com que Sly pergunte ironicamente: “O que é isso?! Somos vikings agora?!”. Esse é um pequeno momento bem humorado em um filme seco, cru, de pura ação, sem qualquer tipo de preocupação em desenvolver melhor seus personagens. O diretor veterano Walter Hill entrega um filme típico de sua carreira. Cineasta que dirigiu no passado filmes famosos de ação como “Ruas de Fogo”, “Inferno Vermelho” e “O Último Matador” volta ao seu estilo preferido. Nada de perda de tempo, dando ao espectador o que ele espera de uma fita assim. O resultado dessa forma de pensar e dirigir é justamente um filme violento, forjado em muitos tiros, lutas corporais e sangue. Em certos momentos até me lembrei de “Os Senhores do Crime”, principalmente na cena em que Stallone luta ferozmente contra um inimigo numa sala de massagem. Todo tatuado a cena é bem parecida com a seqüência do filme de David Cronenberg. Deixando isso de lado acredito que “Alvo Duplo” irá agradar aos fãs de Stallone. Não é um grande filme e nem será considerado um de seus melhores no futuro, mas de um modo em geral consegue ao menos divertir em seus (poucos) 85 minutos de duração.

Alvo Duplo (Bullet to the Head, Estados Unidos, 2012) Direção: Walter Hill / Roteiro: Alessandro Camon, i baseado na graphic novel "Du Plomb Dans La Tête" de Alexis Nolent / Elenco: Sylvester Stallone, Sung Kang, Jason Momoa / Sinopse: Bonomo (Sylvester Stallone) é assassino profissional que se torna alvo após matar um policial corrupto a mando de um chefão do mundo crime. Agora ele próprio terá que sobreviver a uma caçada por sua cabeça, pois seu antigo cliente não quer deixar nenhuma pista no meio do caminho. 

Pablo Aluísio.

O Acordo

Sem medo de errar começo a resenha dizendo que esse é muito provavelmente o melhor filme da carreira de Dwayne Johnson, também conhecido como The Rock. Não se trata de um filme de ação descerebrado, sem roteiro nenhum, com uso de pura pancadaria gratuita. “O Acordo” está muito longe disso. Na realidade o que temos aqui é um bom roteiro, com um enredo que realmente prende a atenção, fugindo sempre das fórmulas fáceis do gênero. Na estória Dwayne Johnson interpreta um bem sucedido empresário do ramo de transportes da construção civil. Divorciado, ele agora está em um belo momento da vida, realizado profissionalmente, com um bom relacionamento com sua esposa atual e pai de uma adorável filhinha. As coisas começam a mudar quando seu primeiro filho (que mora com a sua ex-esposa) resolve de forma impensada entrar no esquema de tráfico de drogas de seu amigo, Graig. Pego em flagrante pela agência antidrogas dos EUA ele vai preso imediatamente.

Encarcerado ele tem duas opções. Ou entrega outros traficantes e assim diminui sua pena ou então encara no mínimo dez anos de cadeia. O problema é que ele não conhece outros criminosos pois só tinha contato com Graig. Para ajudar na situação de seu filho, Dwayne resolve tomar uma atitude radical: ele mesmo decide procurar por traficantes da área para em um acordo com a promotoria diminuir o tempo de prisão de seu filho. Através de um ex-detento que trabalha em sua firma ele entra em contato com uma gangue de criminosos que entende ser uma boa opção traficar as drogas através dos caminhões da empresa de Johnson. A partir daí os acontecimentos tomam rumos inesperados. Uma das melhores coisas desse “O Acordo” é sua tentativa de sempre manter os pés no chão. O personagem de “The Rock” não é um super-herói de ação que sai matando um exército de bandidos de uma vez só. Pelo contrário, é um pai de família que entra em um negócio sujo para livrar seu filho de uma longa pena, uma vez que provavelmente não sobreviverá à dura realidade da cadeia. O filme tem um ótimo elenco de apoio, com destaque para a sempre excelente Susan Sarandon e um clima de tensão e medo que abrilhanta ainda mais o resultado final. É sem dúvida um filme bem acima da média das produções atuais do gênero.

O Acordo (Snitch, Estados Unidos, 2013) Direção: Ric Roman Waugh / Roteiro: Ric Roman Waugh, Justin Haythe / Elenco: Dwayne Johnson, Nadine Velazquez, Jon Bernthal, Susan Sarandon, J.D. Pardo, Harold Perrineau, Michael Kenneth Williams, Benjamin Bratt, Barry Pepper / Sinopse: Para livrar o filho de uma longa pena por tráfico de drogas um pai desesperado entra em acordo com a promotoria federal. Ele se infiltrará dentro de uma rede de traficantes locais em troca de redução da pena de seu filho.

Pablo Aluísio.

Silent Hill – Revelação 3D

Silent Hill virou franquia, quem diria. O primeiro filme me agradou bastante principalmente pela direção de arte primorosa que realmente jogava o espectador em um universo único, bizarro, sem definição. Apesar das críticas que sofreu achei um filme de terror realmente interessante, nada condizente com o que diziam dele em resenhas raivosas. Agora com o sucesso de filmes em 3D os produtores voltam à tona lançando “Sillent Hill – Revelação 3D”. Seguindo os passos de “Massacre da Serra Elétrica 3D” o filme tenta pegar carona nessa nova moda de Hollywood que investe em filmes de terror em terceira dimensão. Afinal se deu certo uma vez provavelmente dará certo de novo. Na trama acompanhamos Heather Mason (Adelaide Clemens) e seu eterno inferno pessoal. Ela tenta fugir das forças inexplicáveis que rondam sua vida. Sem compreender do que se trata tenta de alguma forma se livrar delas. A coisa piora ainda mais quando se pai desaparece sem explicação nenhuma.

Em busca de respostas acaba retornando ao universo de pesadelos e delírios que a atormentam desde quando era uma simples garotinha. Como se pode perceber em termos gerais o enredo segue os passos do primeiro filme, o que não é de se espantar já que se trata de uma adaptação do famoso game de terror japonês. É o tipo de produto que se destaca mais pelo estilo e visual do que propriamente por aspectos como roteiro, direção ou atuação. De certa maneira me lembra até de outro clássico de terror, “Hellraiser”, pois ambos possuem um estilo único, com personagens que parecem nascer dentro de um universo próprio e singular, sem qualquer semelhança com qualquer outro filme do gênero. A boa notícia é que o “Silent Hill – Revelação” tenta manter a qualidade do primeiro filme, embora seja levemente inferior. A produção também faz bom uso do 3D o que certamente vai agradar aos fãs dessa técnica. Se é fã dos games e do mundo de “Silent Hill” não deixe de assistir.

Silent Hill - Revelação (Silent Hill: Revelation 3D, Estados Unidos, 2012) Direção: Michael J. Bassett / Roteiro: Michael J. Bassett / Elenco: Adelaide Clemens, Kit Harington, Carrie-Anne Moss, Sean Bean, Radha Mitchell / Sinopse: Garota em busca do paradeiro de seu pai acaba dentro do universo aterrorizante e bizarro de Silent Hill.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Amor Profundo

Filmes desse estilo sempre são interessantes, principalmente para quem é particularmente interessado em história e costumes da sociedade. O roteiro mostra um aspecto em que muitas mulheres provavelmente vão se identificar. A personagem principal da trama é Hester Collyer (Rachel Weisz). Aparentemente é uma jovem que tem tudo que toda mulher almeja em sua vida, uma boa posição social, uma excelente reputação, uma vida financeira estável e confortável e um bom casamento – ela é casada com um influente e prestigiado juiz. A questão é que a verdadeira felicidade sempre parece ser algo mais. Embora seja casada ela não se sente realizada ou feliz do ponto de vista emocional. Por isso, contra todas as convenções sociais, morais e religiosas, resolve arriscar tudo ao se envolver com outro homem, um piloto da força aérea, interpretado pelo bom ator Tom Hiddleston. Não demora muito para ela entender que na sociedade a hipocrisia e a mentira são mais bem aceitos do que a verdade e a busca pela felicidade plena.

“Amor Profundo” é um drama ao velho estilo. A estória não tem pressa de acontecer e a teia de relacionamentos vai se construindo aos poucos, de forma gradual. Eu particularmente gosto desse estilo de narrativa, mas entendo que o público atual vai acabar se sentindo um pouco entediado com o desenrolar da trama. Em tempos atuais, onde os filmes precisam ter um ritmo acelerado, feito para jovens com déficit de atenção, é muito prazeroso encontrar uma obra assim em cartaz. O filme mostra muito bem as rígidas regras sociais vigentes no período pós-guerra, onde um caso extraconjugal poderia arruinar a vida de uma esposa. Na mentalidade de então era preferível que a mulher mantivesse um casamento de fachada, mesmo que se sentisse extremamente infeliz do que partir para novas experiências, ouvindo o seu coração abertamente. Reconstituição de época maravilhosa, excelentes figurinos e um sensível elenco completam o quadro. Rachel Weisz está cada vez melhor. Suas cenas à beira do suicido são grandiosas e não me admirei em nada quando foi indicada ao Globo de Ouro por sua sensível atuação. Enfim, “Amor Profundo” é pesado, dramático e complexo e por isso merece ser assistido por pessoas em busca de algo mais cultural e relevante nos cinemas.

Amor Profundo (The Deep Blue Sea, Estados Unidos, 2012) Direção: Terence Davies / Roteiro: Terence Davies / Elenco: Rachel Weisz, Tom Hiddleston, Ann Mitchell, Jolyon Coy, Karl Johnson / Sinopse: Durante o pós-guerra, esposa infeliz no casamento com um importante juiz decide ouvir seu coração ao se relacionar com um piloto da força aérea.

Pablo Aluísio. 

Matemática do Amor

Se você estiver em busca de um filme modesto, com estorinha cativante e uma trilha sonora com muita música indie, então indico esse “Matemática do Amor”. Jessica Alba interpreta um papel completamente oposto à imagem que criou por todos esses anos. Se na vida real a atriz é conhecida por seus dotes físicos e beleza, aqui ele deixa tudo isso de lado para interpretar uma tímida professora de matemática do ensino fundamental. Seu pai tem um problema de saúde indefinido e sua mãe cansada de ver a filha não fazendo nada de sua vida arranja um emprego para ela como professora na escola local. Detalhe interessante para os brasileiros: Sonia Braga faz a mãe da personagem de Alba. Sem nenhum glamour, não usando maquiagem e assumindo a idade a atriz acaba surpreendendo, mesmo em um papel coadjuvante.

No novo emprego a meiga professora Mona Grey (Alba) conhece um professor de ciências boa pinta e começa a ver uma luz no fim do túnel de sua solidão. Também começa a superar seu problema de TOC (Transtorno obsessivo compulsivo) que a faz contar tudo ao redor, vendo números em todos os lugares, até mesmo quando bate de forma insistente na madeira de móveis em geral, cadeiras, mesas, etc. É louvável o esforço de Jessica Alba em dar veracidade ao seu papel. Ela propositalmente se enfeia ao máximo, usa roupas cafonas e um penteado realmente horrível (uma franjinha fora de moda). Pela tentativa de fazer algo fora de sua zona de conforto acabei simpatizando com ela durante todo o filme. No geral é um filme inofensivo, bem ao estilo “Sessão da Tarde”, que ajuda a passar o tempo de forma bem descompromissada. Vale a pela assistir nem que seja pelo menos uma única vez.

Matemática do Amor (An Invisible Sign, Estados Unidos, 2010) Direção: Marilyn Agrelo / Roteiro: Pamela Falk, Michael Ellis / Elenco: Jessica Alba, Chris Messina, Sônia Braga / Sinopse: Tímida professora de ensino médio se apaixona por professor de ciências na escola onde trabalha. Ao mesmo tempo tenta superar as inseguranças e anseios em sua vida.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de maio de 2013

K-19: The Widowmaker

Apesar de não ter dirigido o filme esse foi um dos projetos mais pessoais de Harrison Ford. Ele entrou depois que o estúdio já havia começado a pré-produção do filme mas assim que aceitou participar do elenco começou também a exigir mudanças. As primeiras foram no roteiro que não agradavam a Ford. O texto original era baseado em um fato real ocorrido com um submarino nuclear soviético perto da costa dos Estados Unidos. Um fato histórico que quase levou as duas nações a um conflito armado. Ford porém não gostou desse enfoque e pediu que alterações fossem feitas. Nessa modificação certamente “K-19” perdeu em realidade e fidelidade histórica mas também ganhou em aventura e agilidade. Outro problema surgiu quando Harrison Ford decidiu que interpretaria seu personagem, um oficial da marinha vermelha, com forte sotaque russo! O estúdio não concordava com a decisão pois isso poderia prejudicar o filme comercialmente, mas Ford não deu ouvidos.

No meio de tantas intervenções do astro principal no filme (ele chegou até mesmo a implicar com o material promocional do filme), o estúdio não teve outra alternativa a não ser aceitar tudo de forma passiva. Afinal Harrison Ford era um dos maiores campeões de bilheteria da história do cinema americano e tinha certamente força para fazer impor sua vontade. Quando o filme finalmente foi lançado porém as expectativas logo se transformaram em decepções. O público não comprou a idéia do filme e “K-19”, assim como o submarino que retratava em seu enredo, afundou de forma desastrosa nas bilheterias. A verdade é que o filme não empolga, não convence. Ford está especialmente ruim em sua caracterização mais parecendo um lunático do que um oficial graduado das forças armadas soviéticas. Junte-se a isso os problemas de ritmo e as forçadas de barra do roteiro. “K-19” também foi alvo de criticas por parte dos familiares dos marinheiros mortos no evento real e dos veteranos da marinha que acharam tudo um grande desrespeito. Definitivamente foi uma película de guerra que não deu muito certo.

K-19: The Widowmaker (Idem, Estados Unidos, 2002) Direção: Kathryn Bigelow / Roteiro: Louis Nowra, Christopher Kyle / Elenco: Harrison Ford,  Liam Neeson, Sam Spruell, Peter Stebbings, Christian Camargo / Sinopse: Submarino das forças armadas russas é levado a uma missão onde testará todos os seus limites, colocando EUA e o império vermelho em rota de colisão. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

A Informante

Filme que denuncia um dos maiores escândalos da história da ONU (Organização das Nações Unidas). Baseado em fatos reais o enredo mostra a luta de Kathryn Bolkovac (Rachel Weisz), uma jovem policial americana que é designada pela ONU para trabalhar na Bosnia Herzegovina. Como se sabe desde o fim dos regimes socialistas do leste europeu muitos países se fragmentaram, sendo um dos mais atingidos nesse processo a antiga Iugoslávia. Depois de anos de guerra civil várias nações surgiram como Croácia e Bósnia. Kathryn começa como investigadora de pequenos casos e depois começa a ser promovida na carreira. Em um novo posto, de hierarquia mais elevada, começa a descobrir a existência de uma grande rede de tráfico humano, que leva garotas jovens e pobres de países do leste europeu para casas de prostituição na Bósnia. Para sua grande surpresa descobre também que os principais clientes eram, ora vejam só, funcionários e membros de equipes de empresas privadas e órgãos internacionais como a própria ONU. Tentando denunciar tudo o que acontecia a oficial acabou sendo perseguida e depois demitida de suas funções. Uma história escabrosa!

O filme choca o espectador porque mostra um completo desvirtuamento de valores. Pessoas que deveriam zelar pela paz e segurança daquelas populações acabaram se envolvendo em crimes horríveis. Os chefões desses esquemas de tráfico humano e prostituição jogavam todas aquelas garotas jovens e bonitas em um verdadeiro terror. Os locais onde viviam mais pareciam masmorras medievais, com correntes e completa falta de higiene. Para piorar elas viravam verdadeiras escravas pois os cafetões não deixavam voltar ao seu país de origem antes que pagassem todas as suas contas de despesas, algo que as impedia de fugir daquele show de horrores. O pior de tudo porém é saber que americanos e europeus, agentes enviados para a Bósnia para ajudar a população local se aproveitavam disso, se envolvendo até o pescoço com todos esses crimes. Triste e lamentável. O filme é muito bom, extremamente bem roteirizado e conta com o grande talento da atriz Rachel Weisz, que tem se destacado cada vez mais em produções relevantes, de excelente nível cinematográfico. Não deixe de conhecer “A Informante” que mostra que de boas intenções o inferno realmente está cheio!

A Informante (The Whistleblower, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, 2010) Direção: Larysa Kondracki / Roteiro: Larysa Kondracki, Eilis Kirwan / Elenco: Rachel Weisz, Vanessa Redgrave, Monica Bellucci / Sinopse: Policial americana a serviço da ONU na Bósnia acaba descobrindo uma rede de tráfico humano e prostituição envolvendo membros da organização. Depois de revelar tudo acaba sofrendo todos os tipos de pressões para abafar o caso.

Pablo Aluísio.

Confusões em Família

Antes de mais nada é preciso ignorar o péssimo título nacional desse filme. O nome original é “City Island”, justamente a região onde o personagem principal mora, nos arredores de Nova Iorque, em uma antiga vila de pescadores. Ele é Vince Rizzo (Andy Garcia), um pai de família comum que ganha a vida como agente penitenciário. Casado com Joyce (Julianna Margulies), pai de dois filhos, ele seria como qualquer outro americano da classe trabalhadora daquele país se não fosse por um pequeno detalhe: fã do ator Marlon Brando ele sonha, em segredo, se tornar um ator profissional. Para isso freqüenta às escondidas um curso de teatro em Nova Iorque e se aventura a fazer testes pela cidade em busca de uma oportunidade. Com medo de sofrer reprimendas por parte de sua família, freqüenta as aulas sem falar nada para ninguém. Ao mesmo tempo tem que lidar com um filho adolescente desbocado e rebelde e uma filha, que ele pensa estar indo para a faculdade, mas que na realidade é uma stripper em um clube adulto de New Jersey.

Para piorar ainda mais sua conturbada vida familiar descobre que um dos novos detentos da prisão onde trabalha é seu filho bastardo, fruto de um antigo caso de juventude. Tentando ajudar o rapaz (que não sabe que ele é o seu pai verdadeiro) o leva para casa sob condicional. Não demora muito para aos poucos todos os segredos familiares sejam descobertos. “City Island” é um projeto bem pessoal do ator Andy Garcia que produziu o filme. Aqui ele presta uma homenagem às pessoas que mesmo diante de todas as dificuldades pessoais, familiares, etc não perdem a capacidade de sonhar e ir atrás de seus objetivos. A vida familiar de seu personagem é caótica mas no meio de tudo aquilo ele ainda, muito humildemente, tenta abrir caminho na complicada carreira de ator em Nova Iorque. No elenco um dos maiores destaques vem com a presença da atriz Julianna Margulies. Na série “The Good Wife” ela interpreta uma advogada de muita fibra e classe. Já aqui ela faz uma dona de casa suburbana sem nenhuma sofisticação, em um papel que realça seu grande talento dramático. Assim fica a dica desse pequeno filme que certamente vai agradar a muitos.

Confusões em Família (City Island, Estados Unidos, 2009) Direção: Raymond De Felitta / Roteiro: Raymond De Felitta / Elenco: Andy Garcia, Julianna Margulies, Steven Strait / Sinopse: Pai de família comum sonha em se tornar ator profissional como seu grande ídolo, Marlon Brando, ao mesmo tempo em que tem que lidar com sua família mais do que problemática.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Afinado no Amor

Alguns atores fazem sucesso na carreira e sinceramente não consigo entender a razão. Não tem carisma, não são bons intérpretes, não tem talento. Quando o assunto é humor então o que dizer de um comediante sem graça? É justamente o caso desse Adam Sandler. O sujeito basicamente só sabe fazer um tipo de papel, não é engraçado e nem muito menos talentoso, além de ter uma lista incrível de filmes simplesmente pavorosos no currículo mas.... mesmo assim lá está Sandler, ano após ano, lançando seus abacaxis no cinema. Provavelmente se formou naquela escola de “atores” onde quanto pior, melhor. Egresso da TV, mais precisando do Saturday Night Live, Sandler prova que o público americano de fato não é dos mais inteligentes, sofisticados e nem cultos do planeta, tamanha a atenção que lhe dão em todos os filmes bombas que lança!

Esse aqui foi um de seus primeiros sucessos no cinema. Ele interpreta um cantor de casamentos chamado Robbie que se apaixona pela gracinha Julia (Drew Barrymore). Ela é garçonete e está comprometida para desapontamento de Robbie. Ele por sua vez amarga uma fossa sem fim desde que levou um fora de sua ex-namorada. Dando vexames nos casamentos em que trabalha, por causa da depressão que se abate sobre ele, Robbie começa a ter dificuldades até para arranjar novos eventos. Sua salvação virá mesmo através de Julia, a garota de seus sonhos. Bom, se formos comparar “Afinado no Amor” com algumas porcarias que Sandler fez depois na carreira chegaremos na conclusão que esse é quase um “Cidadão Kane” de sua filmografia! Mesmo assim é bem fraco, muito meloso e apelativo – com a óbvia ajuda de uma trilha sonora escolhida justamente para isso. De bom mesmo apenas a simpática presença de Barrymore que ajuda a passar o tempo. Agora complicado mesmo é suportar o mala do Sandler mas aí vai depender da tolerância de cada um com a canastrice alheia.

Afinado no Amor (The Wedding Singer, Estados Unidos, 1998) Direção: Frank Coraci / Roteiro: Tim Herlihy / Elenco: Adam Sandler, Drew Barrymore, Christine Taylor / Sinopse: Cantor de casamentos de quinta categoria se apaixona por garçonete enquanto tenta curar a dor de cotovelo de um fora colossal que levou. O problema é que a garota está comprometida.

Pablo Aluísio.

Parker

Título no Brasil: Parker
Título Original: Parker
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Taylor Hackford
Roteiro: John J. McLaughlin
Elenco: Jason Statham, Jennifer Lopez, Nick Nolte
  
Sinopse:
Com roteiro baseado no romance policial escrito por Donald E. Westlake, o filme "Parker" conta a estória nada convencional de Johnny Parker (Jason Statham), um criminoso e ladrão profissional de bancos que acaba sendo traído por seu grupo e deixado para morrer em uma estrada. Recuperado da traição que visava lhe matar ele decide retornar para um acerto de contas final e sangrento com todos os que quiseram sua morte. Filme indicado ao World Stunt Awards.

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“Parker” é mais um filme de ação estrelado por Jason Statham que foi exibido nos cinemas brasileiros. A bilheteria foi muito boa, diga-se de passagem. Ao contrário de outras fitas de ação de rotina do ator esse aqui traz algumas novidades. A primeira delas – e mais visível – é a presença da atriz e cantora Jennifer Lopez que parece ter deixado as comédias românticas de lado para investir em mais filmes de ação como esse. Por mais incrível que possa parecer até que ela não se sai mal. A trama de Parker é relativamente simples. Baseado nos livros de grande sucesso Flashfire, de autoria do escritor Donald E. Westlake, o filme narra as estórias de Parker (Jason Statham), um ladrão profissional que a despeito de viver à margem da lei segue padrões de comportamento e códigos de ética que determinam que seus serviços devem ser limpos, sem morte ou danos a pessoas inocentes. O problema é que Parker se une a um grupo de assaltantes que não pensam da mesma forma e após um roubo em que tudo vai mal ele é traído, ferido e deixado para morrer no meio da estrada. Recuperado é hora de partir para o acerto de contas. Para conseguir seu objetivo Parker (Statham) resolve colocar então um plano em execução, se disfarçando de texano milionário, com a qual pretende se vingar daqueles que quase o mataram. O diretor que dirige Jason Statham dessa vez é o cineasta Taylor Hackford, profissional talentoso que entre outros filmes dirigiu “Advogado do Diabo”. O problema central que podemos perceber em “Parker” é que Hackford definitivamente não tem muita intimidade com os filmes de ação. Embora “Parker” vá por vários caminhos (é um thriller com pitadas de romance e comédia também) o fato é que em essência essa é uma fita de ação e o diretor comete um pecado mortal nesse tipo de filme: ele perde o pique em vários momentos, deixando a produção cair em um incomodo marasmo. De qualquer forma, no saldo final, fica a boa novidade de ver Jason Statham saindo um pouco de seu habitual, encarando um roteiro diferente (apesar dos furos). Para os fãs do ator certamente será uma boa opção. 

Pablo Aluísio.

A Morte do Demônio

E a onda de remakes continua. A bola da vez agora é “Evil Dead”, um dos clássicos de terror da década de 80. O filme original era quase amador, feito com recursos mínimos mas que caiu no gosto do público por causa de seu estilo cru e hardcore. O tempo passou, aquele jovem que filmou “Evil Dead”, chamado Sam Raimi, virou um sujeito rico e poderoso dentro da indústria e agora surge produzindo esse remake de sua própria obra. Para dirigir contratou outro jovem, tal como ele era na época, o cineasta Fede Alvarez. A trama continua a mesma: grupo de jovens resolve se isolar numa cabana no meio da floresta. Uma das garotas tem problemas com drogas e o local parece ser o adequado para ela superar seu vicio. Também é um lugar pacato, onde todos podem repensar sobre suas vidas. O cheiro de algo apodrecido porém logo chama a atenção deles. Descobrem que o cheiro ruim vem do porão e decidem investigar. Má idéia. Apesar da escuridão encontram vários objetos que parecem ser de feitiçaria e um livro, que não deve ser aberto e nem muito menos lido. Como não poderia deixar de ser é lógico que um deles se interessará pelo tal livro amaldiçoado.

A estranha obra literária acaba sendo aberta e lida por um dos membros do grupo que para piorar ainda evoca sem saber uma entidade maligna milenar, um “devorador de almas” que logo toma de possessão uma das jovens. A partir daí já sabemos bem o que acontece. Apesar do cinema atual ter muito mais recursos do que na época do “Evil Dead” original, o fato é que essa refilmagem não consegue repetir a qualidade do primeiro filme. Para os que já conhecem os filmes de Raimi não há muita serventia em rever tudo de novo sob a ótica de um cineasta novato. Talvez apenas o público mais jovem, que não viu e nem assistiu o primeiro “Evil Dead”, possa sentir algum impacto com o novo filme. Para quem não conhece e nunca viu nenhum “Evil Dead” é bom saber que se trata de um filme de terror sem concessões, sem piadinhas e nem alívios cômicos. É muito violento, barra pesada e cheio de cenas de revirar o estômago. Talvez por isso seja tão cultuado até hoje. Nessa nova versão sentimos bem o pesar do tempo. Acontece que “Evil Dead” foi tão copiado durante todos esses anos que sua estória acabou virando algo banal. Até porque esse enredo do tipo “grupo de jovens em cabana isolada” vem sendo copiado em centenas de produções. De tão usado acabou saturado. De qualquer maneira para os mais jovens, que nunca viram a trilogia original, o filme pode até mesmo funcionar. Claro que nada do que está em cena vai impressionar aos veteranos fãs de filmes de terror, mas para o público neófito a fita pode servir como introdução a esse universo aterrorizante. Para esses então fica a dica: Arrisque uma sessão e boa sorte! 

A Morte do Demônio (Evil Dead, Estados Unidos, 2013) Direção: Fede Alvarez / Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues, baseados no filme “Evil Dead” dirigido e roteirizado por Sam Raimi / Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci / Sinopse: Grupo de jovens em cabana isolada evoca sem querer a presença de um demônio, devorador de almas, que necessita de cinco almas para fazer o “céu sangrar”. Agora terão que sobreviver à presença da maligna entidade sobrenatural do mal.

Pablo Aluísio.