domingo, 28 de abril de 2013

O Hobbit

Com o sucesso espetacular da trilogia “O Senhor dos Anéis” era de se esperar que mais cedo ou mais tarde Hollywood fosse em busca de material dentro dos escritos deixados pelo autor J.R.R. Tolkien para produzir novos filmes baseados em seus livros. A solução encontrada foi adaptar, em uma nova trilogia, o romance “O Hobbit”. Adaptado pela primeira vez em 1977 para um telefilme inglês, “O Hobbit” trazia os acontecimentos que antecediam em muitos anos as aventuras que acompanhamos em “O Senhor dos Anéis”, a obra prima definitiva do escritor. A trama de “O Hobbit” é mais singela e menos pretensiosa do que a de outros textos de Tolkien. De certa forma é até um ensaio da grande obra que marcaria para sempre sua bibliografia. Todos os elementos que fizeram de “O Senhor dos Anéis” tão marcante já podem ser encontrados nesse texto, embora em menor escala. Aqui acompanhamos a rotina de Bilbo (Martin Freeman), um hobbit que leva uma vida mansa e pacifica em seu condado. Sua existência bucólica porem sofre uma completa reviravolta quando o mago Gandalf (Ian McKellen) chega em seu jardim para lhe perguntar se ele estaria interessado em viver uma grande aventura. Mesmo não mostrando nenhum entusiasmo na idéia, pelo contrário, a rejeitando completamente, Gandalf não desiste e em pouco tempo começam a chegar vários anões em sua pequenina casa! Todos fazem parte de uma pretensa companhia ou irmandade que tem como objetivo adentrar o antigo reino dos anões, Erebor, que agora se encontra dominado por um dragão feroz e milenar. Em jogo há inúmeras riquezas e a oportunidade de trazer de volta o antigo lar dos anões.

Muito se falou sobre “ O Hobbit” desde que o projeto foi anunciado. A internet ferveu com especulações e ataques de ansiedade, o que deve ter deixado o diretor Peter Jackson duplamente atarefado (realizando o filme e desmentindo muitos dos boatos sem fundamento que surgiam a cada semana). Todos queriam reencontrar nas telas os seus personagens preferidos. A conclusão pura e simples que chegamos após assistir a esse “O Hobbit” é que se trata realmente de mais um belo exemplar do talento de Jackson atrás das câmeras. Embora o livro original em que se baseia seja bem mais simples do que “O Senhor dos Anéis” Peter Jackson conseguiu novamente realizar um trabalho bonito de se ver, tecnicamente perfeito, onde tudo se encaixa maravilhosamente bem. “O Hobbit” tem excelentes seqüências e um roteiro redondinho que não cansa o espectador apesar de suas quase três horas de duração. Além disso marca a volta aos cinemas de personagens queridos dos fãs como o Mago Gandalf, Gollum (em ótima seqüência ao lado de Bilbo nas profundezas escuras de uma montanha) e claro todo o restante do universo muito rico e carismático da Terra Média com seus elfos, hobbits, anões e orcs! Claro que não se pode comparar ao impacto da trilogia original pois naqueles primeiros filmes tudo soava como novidade mas é inegável que Jackson conseguiu novamente entregar um filme muito bom, que não passa uma sensação de desgaste ou esgotamento sobre todo esse material. Dito isso não teria muito o que criticar aqui – achei o resultado acima das expectativas para falar a verdade. Embora não seja especialista nessa mitologia sempre gostei bastante desses filmes. Penso que Peter Jackson é um cineasta honesto que está trabalhando com algo que realmente gosta, e isso faz toda a diferença do mundo. Que venham os novos filmes dessa nova trilogia. Os fãs da Terra Média certamente agradecem.

O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, Estados Unidos, 2012) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson, Guillermo del Toro, baseados no livro “O Hobbit” escrito por J.R.R. Tolkien / Elenco: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Christopher Lee,  Ken Stott / Sinopse: Um grupo formado por anões, um mago e um hobbit tentará adentrar uma montanha isolada onde em um passado glorioso os anões construíram seu último grande reino na Terra Média. Agora dominado por um feroz dragão o lugar guarda muitos perigos e aventuras para todos aqueles que se atrevem a entrar em seus domínios.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de abril de 2013

O Silêncio dos Inocentes

Outro filme ícone sobre serial killers foi esse excelente “O Silêncio dos Inocentes”. Aqui temos um roteiro mais cerebral que investe muito mais no choque de personalidades entre a agente do FBI Clarice Sterling (a sempre ótima Jodie Foster) e o psicopata Hannibal Lecter (Anthony Hopkins, no papel de sua vida). Um dos grandes trunfos do roteiro é o próprio desenvolvimento do personagem Hannibal. Sujeito culto, inteligente, apreciador de boa música e artes, ele aparenta ser uma pessoa de fino trato. Por baixo de sua elegância e sofisticação porém se esconde um predador frio e cruel, capaz de cometer as maiores barbaridades com suas vítimas. Hannibal assim se revela como uma síntese da personalidade de muitos psicopatas e assassinos em série da vida real pois muitos deles são exatamente como o personagem retratado no filme, pessoas acima de qualquer suspeita, educados, elegantes no trato social mas verdadeiras feras insanas quando finalmente conseguem colocar as mãos em suas presas.

Anthony Hopkins já tinha muita bagagem quando foi escalado para dar vida ao psicopata Hannibal. Ator de muito talento já tinha garantido seu espaço na história do cinema com obras realmente marcantes mas foi apenas com esse personagem que ele conseguiu se tornar conhecido do grande público. A partir de “O Silêncio dos Inocentes” se tornou um astro de primeira grandeza, capaz inclusive de estrelar outros blockbusters do cinema americano. Já Jodie Foster já era bem conhecida do público. Na realidade ela cresceu na frente das câmeras, conseguindo fazer a complicada transição de atriz mirim para uma carreira adulta. Talentosa atriz e também cineasta de mão cheia ela quase não entrou no filme pois estava envolvida em tantos projetos paralelos na época que sentiu que essa personagem não traria muito para sua carreira. Apenas por amizade ao diretor Jonathan Demme resolveu aceitar o papel. A chance de contracenar com Hopkins também pesou em sua decisão de participar do filme. Curiosamente, apesar de todo o sucesso de bilheteria de “O Silêncio dos Inocentes”, Jodie nunca mudou de opinião sobre seu trabalho aqui. Em entrevistas esclareceu que achou uma experiência válida mas que não acredita que o filme tenha trazido muito para sua carreira com um todo. De uma forma ou outra fica a recomendação dessa produção que realmente marcou época e segue sendo um dos melhores retratos de criminosos seriais da história do cinema.

O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, Estados Unidos, 1991) Direção: Jonathan Demme / Roteiro: Ted Tally, baseado no romance escrito por Thomas Harris / Elenco: Jodie Foster, Anthony Hopkins, Lawrence A. Bonney, Kasi Lemmons / Sinopse: Uma agente do FBI tenta contar com a colaboração de um infame psicopata preso para tentar encontrar o rastro de um serial killer à solta na sociedade. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor (Jonathan Demme), Melhor Atriz (Jodie Foster), Melhor Ator (Anthony Hopkins) e Melhor Roteiro Adaptado (Ted Tally).

Pablo Aluísio.

A Hora do Espanto 2

Alguns filmes são tão bons e tão especiais que não precisam de seqüência. Seus enredos já são perfeitamente fechados em si, não havendo nenhuma razão racional para se levar em frente o tema. Foi o caso de “A Hora do Espanto”, considerado por muitos um dos melhores filmes de terror da década de 80. Infelizmente como se tornou um grande sucesso acabou virando também vítima de seu próprio êxito. O enredo de “A Hora do Espanto” era esperto, bem conduzido e único. Foi então que resolveram tentar apostar no grande sucesso do filme original para a produção dessa continuação desnecessária, sem qualquer charme ou razão plausível de existência. A trama e o roteiro eram tão oportunistas e picaretas que deixaram muitos fãs do primeiro filme completamente envergonhados. Não havia uma boa estória e nem um gancho para levar adiante tudo. Criaram uma nova vampira que seria supostamente a irmã do vampiro do primeiro filme (que vergonha meu Deus!), tudo embalado com efeitos especiais ruins e atuações medíocres.

Desnecessário esclarecer que “A Hora do Espanto II” foi um desastre em todos os aspectos. A tal vampira que surgia nesse enredo tão batido (Ele estava em busca de vingança?! Que novidade!!!) foi interpretada pela fraca atriz Julie Carmen que simplesmente não consegue dizer a que veio durante todo o filme. A intenção do roteiro era transformar essa personagem numa criatura da noite sensual e perigosa, uma versão feminina e barata do personagem feito por Chris Sarandon no primeiro filme. Bom, isso ficou apenas na intenção mesmo pois os resultados se mostraram muito ruins. A atriz falha em ser sensual e voluptuosa, se tornado ao invés disso apenas caricata, com muitas caras e bocas, sem esquecer é claro daqueles terríveis penteados armados da década de 80. Hoje soa tudo ridículo. Curiosamente no time dos vampiros malvados quem acabou se destacando foi um personagem secundário, Bozworth (Brian Thompson), um vampiro gourmet, apreciador de insetos nojentos que os devora como se fossem iguarias finas. Antes de comer ainda os cita pelo seu nome cientifico! Nonsense? Claro que sim, porém a coisa mais sem sentido mesmo em “A Hora do Espanto II” é a sua própria existência. Fuja desse filme como um vampiro foge da cruz!

A Hora do Espanto 2 (Fright Night 2, Estados Unidos, 1988) Direção: Tommy Lee Wallace / Roteiro: Tom Holland, Tim Metcalfe / Elenco: Roddy McDowall, William Ragsdale, Traci Lind, Julie Carmen, Brian Thompson / Sinopse: Após os acontecimentos do primeiro filme a dupla formada por Peter Vincent (Roddy McDowall) e Charley Brewster (William Ragsdale) se vê novamente às voltas com novos vampiros que agora estão sedentos não apenas de sangue mas de vingança também.

Pablo Aluísio. 

Rocky III

“Rocky III” foi uma produção nitidamente de transição dentro da série de filmes sobre o boxeador mais famoso do cinema. Aqui já não se vê mais a preocupação de Stallone em desenvolver profundamente os personagens e nem a trama. Na verdade esse filme seria mais pop, mais centrado na luta em si do que em qualquer outro aspecto. É certo que “Rocky III” não é tão pop quanto “Rocky IV”, o filme pop por excelência da franquia, mas mesmo assim se formos comparar com os dois primeiros filmes a diferença será logo notada. Dessa vez o grande antagonista é novamente um boxeador negro, com cara de poucos amigos e sedento pela fama e glória de ser o número 1. Interpretado pelo carismático Mr. T (da série de TV de sucesso “Esquadrão Classe A”), o personagem James "Clubber" Lang em certos aspectos lembrava e muito a arrogância e o jeito abusado de ser de um dos mais famosos lutadores da história, Cassius Clay. Embora Stallone nunca tenha admitido isso o fato é que tudo leva a crer que Clubber nada mais seja do um espelho de Clay em seus tempos áureos.

O roteiro se concentra nas lutas – todas excelentes e extremamente bem coreografadas. Stallone em excelente forma física e no auge da carreira resolveu apostar também em outros aspectos do filme, um deles a sua trilha sonora. Comprou os direitos da música "Eye of the Tiger" do Survivor e a lançou em single que virou um hit instantâneo, se tornando a canção definitiva do personagem até os dias de hoje. Tão marcante se tornou que conseguiu até mesmo ser nomeada ao Oscar na categoria “Melhor Canção Original”, perdendo infelizmente para outro também enorme sucesso daqueles anos, a marcante "Up Where We Belong" de “A Força do Destino” (An Officer and a Gentleman). A nota triste é que alguns dos personagens mais marcantes da série também deram adeus aqui em “Rocky III”. Mas isso é o de menos, o que vale mesmo aqui é ver as ótimas seqüências de boxe, tudo embalado ao som da imortal música do “Olho do Tigre”.

Rocky III – O Desafio Supremo (Rocky III, Estados Unidos, 1982) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Sylvester Stallone / Elenco: Sylvester Stallone, Talia Shire, Burt Young, Carl Weathers, Burgess Meredith, Mr. T / Sinopse: Rocky Balboa (Stallone), o campeão de pesos pesados, resolve finalmente se aposentar. Após anunciar sua decisão surge um novo desafiante, um pugilista negro arrogante e ofensivo chamado Clubber Lang (Mr. T) que desafia Rocky publicamente para uma última e decisiva luta pelo título mais importante da categoria do boxe mundial.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Blade

Já que os personagens de quadrinhos estão em alta ultimamente no mundo do cinema que tal relembrar de um dos mais improváveis sucessos desse universo? Se trata de “Blade”, personagem de segundo escalão que nunca conseguiu se destacar nem nas revistas em quadrinhos. Também pudera, se tratava de um herói incomum, meio homem, meio vampiro, um morto-vivo amaldiçoado que habitava o universo do submundo em plena década de 70. Tudo muito exagerado, gore e sujo. Blade era uma espécie de vira-lata no meio do panteão Marvel com todos aqueles heróis virtuosos e cheios de moralidade Made in USA. Ele não era alto, loiro e nem bonitão, pelo contrário era um personagem negro, feio e com cara de poucos amigos. Uma mudança de paradigma certamente. Blade era nitidamente encarado como um recurso de último mão, vindo do gueto, quando não havia mais nenhuma outra estória para publicar nas revistas – quase um tapa-buraco mesmo. Talvez por ser tão sem importância o anúncio de seu filme tenha causado tanta surpresa na época. Se por um lado isso era ruim também era bom pois dava muito mais liberdade para os realizadores, sem aquela legião de leitores “especialistas” pegando no pé o tempo todo!

Os vampiros hoje estão na moda mas “Blade” foi realizado muitos anos antes disso. Era uma produção modesta com nenhuma pretensão de se tornar um blockbuster. Se desse um pequeno lucro já estava de bom tamanho. Os efeitos eram em pequeno número e serviam basicamente à estória, ao enredo e não o contrário. Para o papel principal o ator Wesley Snipes foi contratado. Ele estava longe de ser um astro e sua carreira era formada basicamente por filmes de ação de segunda linha que faziam mais sucesso no mercado de vídeo do que nas salas de cinema. O curioso de tudo é que quando chegou nas telas “Blade” começou a surpreender. Foi alcançando posições e mais posições entre os mais vistos e em pouco tempo estava desbancando grandes produções de estúdios rivais. De fato olhando para trás “Blade” é de certa forma o grande responsável pelo boom de adaptações dos personagens Marvel que viria a seguir. Ele mostrou que havia todo um mercado ávido em consumir os personagens desse universo. Seu sucesso abriu as portas para o Homem de Ferro, o Capitão América, Thor e todos os demais. Quem diria que um vampiro underground conseguiria realizar tal feito? Então se você está hoje assistindo ao novos filmes da Marvel agradeça a ele, ao Blade!

Blade, O Caçador de Vampiros (Blade, Estados Unidos, 1998) Direção: Stephen Norrington / Roteiro: David S. Goyer / Elenco: Wesley Snipes, Kris Kristofferson, Stephen Dorff / Sinopse: Blade, um sujeito dividido entre o mundo dos homens e dos vampiros precisa deter uma nova ameaça que vem diretamente das trevas para o mundo dos vivos. Agora ele lutará para sobreviver ao caos que se instala.

Pablo Aluísio.

Seven

Filmes sobre psicopatas geralmente costumam ser muito bons, principalmente quando o roteiro explora a mente desses assassinos de forma inteligente e original. É uma longa tradição em Hollywood a produção desse tipo de filme, basta lembrar do clássico “Psicose” do mestre Hitchcock para entender bem esse aspecto. Aqui em “Seven – Os Sete Crimes Capitais” temos um exemplo mais recente de uma obra cinematográfica que aborda o tema de forma maravilhosamente bem executada. Embora conte em seu elenco com um jovem Brad Pitt a verdade pura e simples é que a grande estrela de “Seven” é seu roteiro muito bem trabalhado e estruturado. Na trama um serial killer mata suas vítimas com requintes de crueldade, tentando reviver nas mortes os chamados sete pecados capitais, a saber: Luxúria, Gula, Preguiça, Ira, Inveja, Cobiça e Vaidade. Em cada assassinato o psicopata deixa sua marca, numa clara tentativa de punir suas vitimas por serem pecadores desses sete pecados capitais.

Para investigar as mortes é designada uma dupla de policiais, formada pelo veterano tenente William Somerset (Morgan Freeman) e pelo novato detetive David Mills (Brad Pitt), jovem e explosivo tira com sede de novas experiências. O roteiro, muito bem escrito, explora um dos tipos de serial killers mais interessantes que existem para a dramaturgia, os chamados “assassinos religiosos” que geralmente encontram base para seus crimes em textos litúrgicos, onde imprimem uma interpretação mais do que pessoal ao que lêem nesses livros. A direção de arte é um dos grandes trunfos de “Seven” pois todas as cenas dos crimes mais parecem quadros macabros da mente do assassino. No fundo é apenas uma das várias assinaturas que o cineasta David Fincher vai deixando pelo caminho. Um dos últimos diretores realmente autorais do cinema americano da atualidade, Fincher faria sua obra prima alguns anos depois em “Clube da Luta”. Assim fica a recomendação de “Seven” um filme inteligente e perturbador nas medidas certas. Grande momento do chamado filão de filmes sobre assassinos em série.

Seven – Os Sete Crimes Capitais (Se7en, Estados Unidos, 1995) Direção: David Fincher / Roteiro: Andrew Kevin Walker / Elenco: Brad Pitt, Morgan Freeman, Gwyneth Paltrow / Sinopse: Assassino em Série começa a executar suas vítimas usando como modelo os sete pecados capitais. Cada um dos crimes procura reproduzir as sete infrações religiosas. Para descobrir a autoria dos assassinatos dois policiais, um veterano e um novato, entram em campo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Inferno Vermelho

Durante décadas os russos foram os vilões preferidos dos filmes americanos. Não é de se admirar uma vez que o mundo vivia a Guerra Fria onde o mundo era basicamente dividido entre o bloco ocidental capitalista liderado pelos Estados Unidos e o bloco oriental comunista liderado pela União Soviética (formada pela Rússia e vários pequenos países satélites). Esse quadro começou a mudar com a subida ao poder de Mikhail Gorbachev que promoveu uma série de mudanças em seu país, levando finalmente ao desmantelamento daquele regime em 1989 com a queda do Muro de Berlim. Esse clima de novos ares acabou sendo captado por filmes como esse “Inferno Vermelho” que já não via os russos como vilões sem alma, muito pelo contrário, o roteiro do filme colocava o astro austríaco como um policial soviético chamado Ivan Danko (Arnold Schwarzenegger) que trabalhava em cooperação com o tira americano (interpretado pelo ator e comediante James Belushi) com o objetivo de prender um perigoso assassino e traficante russo.

O personagem interpretado por Arnold Schwarzenegger surgia como um policial soviético austero, disciplinado mas longe da caracterização de vilão, papel que era sempre reservado para personagens vindos de Moscou nos filmes americanos da época. Como não poderia deixar de ser o policial interpretado por James Belushi era um clichê ambulante baseado naquela visão um tanto quanto boba que os americanos tem de si mesmos. Um sujeito boa praça, chegado numa piada, sempre mascando chicletes, ou seja, o extremo oposto do russo feito por Arnold Schwarzenegger. De qualquer modo, mesmo com todos os clichês possíveis e imagináveis, “Inferno Vermelho” se revelou um bom filme de ação e o mais importante de tudo, com roteiro bem antenado com o que acontecia no mundo naquele momento. O diretor Walter Hill já havia trabalhado em bons filmes como “Ruas de Fogo”, “48 Horas” e “A Encruzilhada” e manteve o bom nível técnico aqui. Enfim, “Inferno Vermelho” é certamente uma fita de ação dos anos 80 que não irá decepcionar os fãs do estilo. Se ainda não assistiu não deixe de conferir.

Inferno Vermelho (Red Heat, Estados Unidos, 1988) Direção: Walter Hill / Roteiro: Walter Hill, Harry Kleiner / Elenco: Arnold Schwarzenegger, James Belushi, Peter Boyle / Sinopse: Dois policiais, um soviético (Arnold Schwarzenegger) e um americano (James Belushi), unem forças para colocar na prisão um perigoso assassino e traficante russo que se encontra solto pelas ruas de Chicago.

Pablo Aluísio.

Linha de Ação

Título no Brasil: Linha de Ação
Título Original: Broken City
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Allen Hughes
Roteiro: Brian Tucker
Elenco: Mark Wahlberg, Russell Crowe, Catherine Zeta-Jones, Jeffrey Wright
  
Sinopse:
O prefeito Hostetler (Russell Crowe) anda desconfiado de sua jovem esposa. Ele tem até bastante razão para desconfiar dela, que parece ter um relacionamento com ele apenas por causa do status e dinheiro do político. Para confirmar suas suspeitas ele contrata os serviços do detetive particular Billy Taggart (Mark Wahlberg) para seguir os passos de sua esposa infiel, o que dará inicio a uma série de eventos perigosos e mortais.

Comentários:
Detetives sempre renderam excelentes filmes ao longo dos anos. Pena que esse “Linha de Ação” não confirme a regra. É uma produção que não deixa de ser boa, mas fica longe de ser excepcional. O filme narra a vida do detetive particular Billy Taggart (Mark Wahlberg). Ex-membro do Departamento de Polícia de Nova Iorque ele agora ganha a vida espionando esposas infiéis e trapaceiros em geral. Em crise por causa da falta de pagamento de muitos de seus clientes, Billy parece tirar a sorte grande quando o próprio prefeito da cidade (Russel Crowe) o contrata para seguir os passos de sua esposa (interpretada por Catherine Zeta-Jones). O astuto político não parece muito preocupado com a traição em si mas sim na possibilidade de vir a ser o centro de um grande escândalo de teor pessoal o que poderia arruinar sua carreira política. E como todos sabemos isso é apenas o começo de uma intrigada rede que envolverá algo bem maior, inclusive assassinato. A primeira coisa que chama a atenção em “Linha de Ação” é a presença do astro Russel Crowe no papel de um político enfadonho e traído. Parece que a carreira de Crowe está mesmo chegando em um impasse pois em seus dias de glória ele jamais aceitaria interpretar um personagem coadjuvante para um ator como Mark Wahlberg que, diga-se de passagem, nunca teve o mesmo status em sua carreira do que Crowe. A fita é um mediano thriller de suspense e ação que serve muito bem aos seus propósitos de entreter o espectador. Não se trata de nenhuma obra prima policial e nem muitos menos de um filme que será lembrado com muita frequência no futuro, mas mesmo assim merece a recomendação. “Linha de Ação”, apesar de não ser marcante, não se torna em nenhum momento um desperdício de tempo do público.

Pablo Aluísio.

Homem de Ferro 3

Filmes de número 3 sempre são problemáticos. Há uma certa tradição em dizer que geralmente são os piores de várias trilogias (com raras exceções). Infelizmente “Homem de Ferro 3” vem para confirmar essa regra! Poucos pensariam que um filme tão equivocado fosse feito após o sucesso de público e crítica de “Os Vingadores”. A impressão porém é que a Marvel, completamente entupida de dólares, esqueceu de caprichar no produto, entregando praticamente qualquer coisa para os fãs de quadrinhos consumirem. “Homem de Ferro 3” erra em muitos aspectos mas o pior deles é seu roteiro que preguiçosamente tenta dar alguma agilidade a várias cenas de ação mal explicadas que passam a sensação de pura embromação (o espectador ficaria assim distraído do argumento capenga da produção). Outro problema muito visível é a atuação de Robert Downey Jr como Tony Stark. Esse ator tem que sempre estar em rédeas curtas pois caso contrário seus maneirismos e atitudes bobas dominam a cena.
   
Em “Homem de Ferro 3” ele está fora de controle. Como toda celebridade que se preze o astro interferiu em muitos aspectos do roteiro inserindo uma quantidade enorme de piadas sem graça em cada momento. Em certa altura o espectador começa a questionar se está assistindo a um filme de super-herói ou uma comédia boboca cheia de “cacos” inseridos pelo ator principal. Outro problema muito sério desse filme: nenhuma adaptação de quadrinhos funciona sem um grande vilão por trás. Esse aliás sempre foi o segredo do sucesso de todos os filmes da franquia Batman. Infelizmente o Homem de Ferro sempre foi carente nesse aspecto (até nos quadrinhos) e aqui o problema se repete. O tal de Mandarim mais parece um palhaço do que um antagonista de verdade. Fazer de sua participação uma mera escada cômica é seguramente um enorme equívoco. Em suma, “Homem de Ferro 3” é uma terceira seqüência digna de Hollywood: preguiçosa, com atuações negligentes, sem novidades e esbanjando sinais de cansaço por todos os lados. Melhor encerrar a franquia por aqui.

Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, Estados Unidos, 2013) Direção: Shane Black / Roteiro: Shane Black, Drew Pearce / Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Guy Pearce, Ben Kingsley, Paul Bettany, Rebecca Hall / Sinopse: O milionário industrial Tony Stark (Robert Downey jr) tem que enfrentar um novo vilão ao mesmo tempo em que tenta lidar com inúmeros problemas pessoais e profissionais.

Pablo Aluísio.

The Bridge

Título no Brasil: The Bridge
Título Original: The Bridge
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: FX
Direção: Gwyneth Horder-Payton, Alex Zakrzewski
Roteiro: Elwood Reid, Björn Stein, Meredith Stiehm
Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish

Sinopse: 
O corpo de uma mulher é encontrado na linha que separa a fronteira entre Estados Unidos e México. Inicialmente o caso fica sob jurisdição da polícia de El Paso mas depois que se descobre que na verdade são pedaços de duas mulheres diferentes, uma americana e uma mexicana, a solução do crime passa a ser de competência tanto da polícia dos Estados Unidos como da do México.

Comentários:
Nova série do canal FX (uma subsidiária dos estúdios Fox) que tem feito grande sucesso na TV americana. A premissa é interessante pois coloca dois estilos de investigação bem diferentes (a americana e a mexicana) tentando solucionar o caso. A policial de El Paso é uma mulher com alguns problemas de comportamento, com tendências de sofrer de transtorno obsessivo compulsivo. Já o policial mexicano é um veterano que não está muito empenhando em descobrir ou ir a fundo no crime (na verdade a polícia mexicana é retratada na série da pior forma possível, como um bando de sujeitos que não estão nem aí com a explosão da violência que assola seu país). "The Bridge" na verdade é um remake (pensou que só no cinema acontecia esse tipo de coisa?) de uma série européia de grande sucesso. O grande diferencial é que aqui o foco se transfere para explorar as diferenças culturais existentes entre dois países tão diferentes quanto Estados Unidos e México. Apesar do olhar preconceituoso em certos momentos o programa certamente vale a pena, confirmando mais uma vez a explosão de criatividade que impera nas séries americanas atualmente.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Implacável

O filme é um remake de um antigo filme estrelado por Michael Caine em 1971 chamado “Carter, o Vingador”, que por sua vez foi baseado no livro “Jack´s Return Home” de autoria de Ted Lewis. Na trama o mafioso de Las Vegas Jack Carter (Sylvester Stallone) volta para sua cidade natal para acompanhar os funerais de seu irmão. Chegando lá ele acaba descobrindo que a morte não foi acidental mas sim uma execução. O que parecia um acidente na verdade foi um assassinato. A partir desse ponto Carter começa a ligar os fios da história da morte de seu irmão para chegar na identidade dos verdadeiros assassinos, iniciando uma onda de violência e vingança que parece não ter mais limites. “O Implacável” foi uma clara tentativa de levantar a carreira de Stallone que parecia ter perdido o brilho para seus grandes êxitos de bilheteria do passado. Infelizmente não deu certo e o resultado foi decepcionante, não conseguindo sequer recuperar seu investimento, seu custo, um verdadeiro fracasso comercial.

Aqui Stallone está em cena com um cavanhaque fora de moda em atuação muito fraca, realmente inexpressiva, se limitando a distribuir socos e pontapés por onde passa. Mickey Rourke volta a ser vilão em um filme de ação. O personagem de Rourke, Cyrus, não é muito relevante. Aqui ele é o antagonista para o astro Sylvester Stallone. Como seu personagem não era central ele pelo menos foi poupado de ser acusado de ser o culpado por mais esse fracasso em sua filmografia. Na época eram apenas dois astros da década de 80 tentando reencontrar o rumo do sucesso. Eles só voltariam a dar a volta por cima alguns anos depois. O curioso é saber que esse roteiro tão derivativo e sem imaginação foi escrito por um bom roteirista, David MacKeena, do excelente “Um Outra História Americana”. Pelo jeito nem sempre a união de estrelas, bons roteiristas e direção promissora resulta necessariamente em bons filmes.

O Implacável (Get Carter, Estados Unidos, 2000) Direção: Stephen Kay / Roteiro: David McKenna / Elenco: Sylvester Stallone, Miranda Richardson, Rachael Leigh Cook, Alan Cumming, Mickey Rourke, Michael Caine / Sinopse: Mafioso de Las Vegas descobre que o irmão não morreu em um acidente como foi levado a crer. Agora partirá para sua vingança pessoal contra os responsáveis pela morte dele.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Glória Feita de Sangue

Provavelmente seja o melhor filme já realizado enfocando a I Guerra Mundial. Esse foi um conflito terrível onde as batalhas eram travadas por meses a fio, sem movimentação, em trincheiras imundas e enlameadas onde as tropas literalmente apodreciam de doenças e frio enquanto os oficiais do alto comando viviam em ambientes luxuosos, verdadeiros palacetes, se auto reverenciando com suas medalhas sem honra. Stanley Kubrick criou uma obra prima a partir de uma estória até mesmo simples mas muito significativa. Na trama uma ordem sem qualquer base na realidade é passada entre os oficiais sedentos por novas condecorações e promoções. A meta é tomar uma posição praticamente inexpugnável em uma colina íngreme e fortemente defendida pelo exército inimigo. O grande Kirk Douglas interpreta o Coronel francês Dax que acaba tendo que cumprir as ordens provenientes de dois generais sem qualquer contato com a realidade do front. Ele sabe que o ataque é impossível em vista da situação de seus homens mas tem que ir em frente para cumprir as ordens de seus superiores.

Na hora do ataque uma parte dos soldados franceses simplesmente se recusa a avançar por ser um ato praticamente suicida. Em vista disso uma corte marcial é instaurada, com soldados inocentes sendo levados para a pena capital como meros bodes expiatórios. Stanley Kubrick, de forma genial, expõe as vísceras do exército francês durante o conflito. Generais insanos, embriagados em sua própria glória infame, tenentes covardes, soldados abandonados à própria sorte e um Coronel tentando a todo custo trazer de volta a verdadeira honra para as fileiras de um alto comando condenado do ponto de vista moral. O roteiro é um primor e foge completamente da fórmula dos filmes da época, evitando sempre cair na armadilha fácil e boba do patriotismo ufanista, erguendo ao invés disso uma bandeira de realismo que soa completamente revolucionária para os filmes de guerra daqueles anos. No final não sobra pedra sobre pedra. O filme no fundo mostra a pior situação que um bom soldado pode se encontrar numa guerra, quando seu comando é completamente inepto e enlouquecido. Um filme muito atual e completamente essencial para quem gosta do gênero. Obra prima certamente.

Glória Feita de Sangue (Paths of Glory, Estados Unidos, 1957) Direção: Stanley Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, Calder Willingham / Elenco: Kirk Douglas, Ralph Meeker, Adolphe Menjou / Sinopse: Durante a Primeira Guerra Mundial um General francês almejando subir ainda mais na hierarquia militar promove um ataque suicida sem qualquer possibilidade de sucesso. O desastre acaba levando alguns soldados à corte marcial acusados injustamente de covardia. Para defende-los um Coronel ético e idealista tenta evitar que sejam executados por não terem levado em frente aquelas ordens superiores sem qualquer base na realidade do front.

Pablo Aluísio.

Amor

Esse é um filme muito humano, muito digno, que retrata os últimos dias de vida em comum do casal formado por Anne (Emmanuelle Riva) e Georges (Jean-Louis Trintignant). São músicos talentosos, pianistas, intelectuais, que vivenciam a velhice, as doenças e os problemas inerentes à sua idade. O filme adota um tom melancólico, triste, em que a câmera do diretor atesta a decadência física dos protagonistas que vão aos poucos tomando consciência do fim mas que se recusam a perder a dignidade, mesmo sob condições completamente adversas. A filha é também uma música erudita, como os pais, mas mantém uma vida independente e também distante deles. A família que sempre adotou uma postura racional e até mesmo distante sente o peso da nova situação quando a mãe Anne sofre um grave acidente que lhe coloca em risco sua vida. A partir daí os laços emocionais e afetivos da família são colocados à prova.

O diretor Michael Haneke, com raro talento, conseguiu captar toda a sensibilidade que o tema exige e extraiu de seus atores atuações simplesmente perfeitas. De fato esse é um dos poucos filmes que assisti recentemente que conseguiram lidar com os desafios próprios da terceira idade de seus personagens com o devido respeito e sensibilidade. O roteiro foge da armadilha fácil de cair em um dramalhão pesado para propor uma reflexão mais profunda sobre os caminhos da vida e os lugares para onde um dia todos nós iremos. Por essa razão não é surpresa nenhuma a coleção de prêmios e indicações que o filme vem recebendo desde o seu lançamento. Além de ter vencido o Oscar de Mlehor filme estrangeiro também recebeu indicações nas categorias de Melhor Filme, Atriz (Emmanuelle Riva), Diretor e Roteiro Original. Também se tornou vencedor na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro, Bafta e César (O Oscar do cinema francês). Assim fica a dica mais do que preciosa: “Amor”, um filme delicado, especialmente indicado para pessoas sensíveis e emotivas.

Amor (Amour, França, 2012) Direção: Michael Haneke / Roteiro: Michael Haneke / Elenco: Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert, Alexandre Tharaud / Sinopse: “Amor” narra os desafios, lutas e batalhas de um casal de idosos na terceira idade.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Drogas S.A.

Sempre gostei bastante dos programas e documentários do canal National Geographic e isso não é de hoje. Eu me recordo bem que o selo foi um dos pioneiros no lançamento de documentários em nosso país. Na época do mercado de vídeo VHS não existia ainda o advento dos canais a cabo e as fitas lançadas pela National Geographic eram praticamente a única opção para se assistir a algo com mais conteúdo e cultura. Agora já temos no conforto de nossas casas o canal Nat Geo em que programas e documentários de alto nível são exibidos diariamente. Entre tantos eu destaco essa série chamada “Drogas S.A”. Os produtores desse programa se propõem a expor o lado mais disseminado das drogas dentro da cultura americana, mostrando o lado mais comercial, sem freios ou regras, que impera entre traficantes, usuários e o departamento de repressão do governo americano, o DEA. Existem programas temáticos – como por exemplo aqueles que mostram uma droga especifica como cocaína, maconha, heroína, etc – ou então que mostram a situação das drogas em determinadas cidades americanas.

Desse último tipo eu chamo a atenção para os episódios que mostram as drogas em Hollywood e em Las Vegas. Para quem cresceu amando filmes americanos é muito chocante ver a realidade das ruas próximas aos famosos letreiros de Hollywood. Muitos moradores de rua, prostitutas baratas e viciados em drogas. A chamada calçada da fama – onde estão os nomes dos grandes ídolos do cinema do passado e do presente – nada mais é do que uma rua decadente localizada numa área barra pesada nos arredores de Los Angeles. O documentário mostra um veterano da guerra do Vietnã que pede esmolas no local para turistas para depois comprar crack com o dinheiro que as pessoas lhe dão. Em outro momento um sem-teto viciado em metafentamina (a droga dos pobres, muito popular hoje nos EUA) monta sua barraca a poucos metros do famoso letreiro. Ele vive nas colinas de Hollywood HIlls, passa fome, mas não deixa de adquirir suas drogas diárias. Muitos dos que perambulam pelas ruas são pessoas que foram até Hollywood em busca do sonho de se tornarem astros famosos. Infelizmente só encontram a sarjeta a lhes esperar. Uma viciada em heroína resume tudo a comparar o brilho de Hollywood com uma ilusão. Outro, um ator desempregado que virou traficante de drogas, afirma que apenas 1% dos artistas que vivem por lá conseguem viver de sua arte. O resto se torna morador de rua, viciado em crack ou então prostituta (isso se tiveram atributos físicos para isso). Assim a verdadeira face do sonho americano se revela sem meias verdades. Um tapa na cara para quem ainda acredita em estrelas que não estão no céu.

Drogas S.A. (Drugs, Inc, Estados Unidos, 2010 - 2013) Direção: David Herman, Tom Willis / Produzido por National Geographic / Apresentado por Mike Secher / Sinopse: A série mostra o lado mais terrível do comércio de drogas nos EUA. Traficantes, usuários e policiais são entrevistados mostrando um dos maiores problemas da nação: o disseminado uso de drogas entre a população americana.

Pablo Aluísio.

The Wicked

Um grupo de jovens decide passar o fim de semana em um acampamento no meio da floresta. Nesse local há uma lenda envolvendo uma bruxa que havia sido queimada durante o século XVII. Sua casa ainda se encontra de pé no meio da floresta sinistra e está abandonada há séculos. Sabendo dessa velha estória de fantasma os jovens decidem ir conhecer a velha cabana da bruxa. Chegando lá eles começam a jogar pedras na casa e são surpreendidos pela presença de uma entidade maligna em trajes medievais. Agora terão que pegar por suas brincadeiras juvenis! Sinceramente há pouco coisa boa a dizer desse “The Wicked”. As bruxas não tem tido muita sorte em Hollywood gerando uma sucessão de filmes ruins, de baixo orçamento, com roteiros previsíveis e sem inspiração. Aqui nessa produção temos uma enxurrada de clichês batidos sem nenhuma originalidade.

Os jovens obviamente começam a ser caçados no meio da floresta pela tal bruxa e eventualmente acabam em seu moedor de carne humana nos fundos do porão da casa da bruxa! As situações são todas batidas e pouca coisa convence. Será que nunca vão se cansar dessa coisa de jovens se dando mal em cabana no meio da floresta? O roteiro também tem muitos furos. A tal bruxa aparece e desaparece ao seu bel prazer dentro de uma nuvem de fumaça escura mas depois fica presa dentro de um dos cômodos da casa! Vai entender uma coisa dessas... Há cenas grotescamente mal realizadas com efeitos especiais amadores e mal realizados. Para completar o festival de clichês aqui também temos uma dupla de policiais patetas para completar o quadro. Em suma pouca coisa realmente presta aqui nesse “The Wicked”. Tudo é muito derivativo, mal feito e bobo. Melhor procurar por algo melhor dentro do gênero.

The Wicked (Idem, Estados Unidos, 2013) Direção: Peter Winther / Roteiro: Michael Vickerman / Elenco: Devon Werkheiser, Diana Hopper, Nicole Forester / Sinopse: Bruxa secular resolve voltar a atacar após um grupo de jovens perturbar seu descanso numa velha cabana perdida no meio de uma floresta sinistra.

Pablo Aluísio.