sábado, 24 de novembro de 2018

Maria Antonieta

Não faz muito tempo li duas biografias sobre a rainha da França Maria Antonieta. O tema me interessou e como gosto de história decidi ler as obras. Com isso tive o interesse também de ver esse filme clássico sobre a monarca. Se trata de uma produção de 1938, com tudo o que de luxuoso e reluzente Hollywood tinha a oferecer naquela época. Cenários perfeitos, figurino classe A, reconstituição histórica muito bem realizada. Chegou-se ao ponto inclusive de se filmar várias cenas no próprio palácio de Versalhes, onde toda a história real aconteceu. Em termos de produção realmente não haveria nada do que reclamar. O ponto central sobre o filme seria o roteiro. Até que ponto ele seria historicamente fiel aos fatos? Como em Hollywood sempre houve uma tradição de romancear ao máximo eventos da história fui conferir o filme não esperando por grande coisa nesse aspecto. Para minha surpresa pude constatar que dentro do possível o roteiro seguiu sim, de forma fiel, a história da rainha. Em pouco mais de duas horas e quarenta minutos de duração esse clássico conseguiu contar de forma historicamente correta a biografia daquela que foi a última rainha da França. Claro que alguns detalhes foram alterados para dar maior agilidade dramática às cenas, mas nem isso estraga a adaptação. São detalhes que apenas um historiador especializado na história francesa conseguiria descobrir. Os fatos mais importantes de sua vida estão todos no filme, sem maiores equívocos.

A atriz Norma Shearer interpreta Maria Antonieta e se sai muito bem. A rainha tinha um comportamento extrovertido, frívolo, muitas vezes deslumbrada demais com seus gostos pessoais, principalmente no tocante a roupas e penteados extravagantes. Norma conseguiu trazer para a tela esse lado da rainha. Só senti falta mesmo dos famosos penteados no estilo pouf. Só em duas cenas se fizeram presentes. Acredito que o estúdio achou que seria um pouco demais, assim decidiram substituir por plumas mais elegantes. Um pequenino erro histórico, perdoável. E como era de se esperar o galã Tyrone Power repete sua persona cinematográfica ao dar vida ao conde Axel de Fersen, o grande amor da vida de Maria Antonieta. Galante e heroico, ele mantém toda a dignidade, mesmo sendo o amante secreto da rainha.

Para finalizar gostaria de chamar a atenção para as cenas finais. O diretor W.S. Van Dyke usou de uma bela sutileza narrativa. Ao invés de mostrar os horrores da guilhotina, ele decidiu ser mais sutil e discreto, respeitando o seu público. Nada de sensacionalismo sangrento. Usando de meros efeitos da edição de som conseguiu trazer todo o terror dessa verdadeira máquina de morte, sem ter que mostrar nada, o que foi bem-vindo. Não espere ver cabeças nobres rolando pelo chão vermelho de sangue. Também trouxe um aspecto importante ao filme ao mostrar o outro lado da revolução francesa que poucos pararam para pensar e refletir. O lado violento, cruel e sanguinário de seus participantes. Sobre isso foi extremamente feliz em sua composição da narração dos fatos históricos.

Maria Antonieta (Marie Antoinette, Estados Unidos, 1938) Direção: W.S. Van Dyke / Roteiro: Claudine West, Donald Ogden Stewart / Elenco: Norma Shearer, Tyrone Power, John Barrymore, Robert Morley / Sinopse: O filme conta a história da rainha francesa Maria Antonieta (1755 - 1793). Desde o momento em que ela fica sabendo de sua mãe, a rainha Maria Teresa da Áustria, que vai se casar com o futuro rei da França, até o dia de sua morte trágica por causa dos acontecimentos desencadeados pela revolução francesa. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Norma Shearer), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Morley), Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons) e Melhor Música Original (Herbert Stothart).

Pablo Aluísio. 

A História de Elsa

Quem foi criança ou adolescente nos anos 70 no Brasil certamente vai se lembrar desse filme. Ele foi um dos maiores "clássicos" da Sessão da Tarde, sempre sendo reprisado nas tardes preguiçosas da semana. "A Historia de Elsa" conta a história real de um casal de americanos que acaba adotando uma leoa chamada Elsa. Eles são ligados ao meio selvagem, procuram desenvolver esse trabalho na África e acabam criando esse animal como se fosse um gatinho de estimação (algo que hoje em dia não é recomendado por especialistas na área). O curioso de tudo é que apesar de parecer um filme bem de rotina sobre animais, o filme acabou ganhando um grande prestígio entre a crítica americana em seu lançamento original, sendo vencedor até mesmo de dois prêmios Oscar naquele ano, algo que poucos sabiam quando o filme era exibido pela Rede Globo. Quem diria...

O filme recebeu duas estatuetas, ambas ligadas à parte musical da película. O maestro John Barry foi premiado duas vezes naquela noite. A primeira pela categoria de Melhor Música, essa chamada pelos americanos de Original Music Score se refere à trilha sonora incidental do filme, aquela trilha sonora que toca ao fundo nas cenas. Depois foi premiado na categoria de Música Original com a canção  "Born Free". Nada mal para esse grande compositor de tantos filmes, inclusive da franquia James Bond. Mais do que merecido pelo seu sempre caprichado trabalho.

A História de Elsa (Born Free, Estados Unidos, 1966) Direção: James Hill, Tom McGowan / Roteiro: Lester Cole, baseado no livro escrito por Joy Adamson / Elenco: Virginia McKenna, Bill Travers, Geoffrey Keen / Sinopse: O filme conta a história de uma família americana vivendo na África selvagem que acaba adotando uma pequena leoa órfã chamada Elsa. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A Volta dos Homens Maus

Mais um bom western estrelado por Randolph Scott. Ele interpreta um rancheiro que decide vender seu gado, sua propriedade, para ir embora, para outra cidade, onde está prestes a acontecer uma nova corrida ao ouro. Antes disso porém uma quadrilha de assaltantes a banco invade uma pequena cidade. No grupo se encontra até mesmo uma mulher, Cheyenne (Anne Jeffreys), que durante uma fuga acaba sendo baleada, indo parar no rancho de Scott. Ele decide ajudá-la. Não apenas a escondendo da patrulha que a persegue, como também pedindo ajuda ao médico local. Curada, ela decide finalmente se redimir daquela vida. Outro personagem interessante do filme - e o alívio cômico - vem do personagem interpretado pelo ator George 'Gabby' Hayes. Ele fez muitos filmes ao lado de John Wayne e John Ford, sempre interpretando velhinhos matutos e bons de briga. Aqui ele esbanja a mesma linha de humor que o tornou conhecido nos filmes de faroeste daquela época.

Outro ponto que vai chamar a atenção dos fãs de western vem da quadrilha de assaltantes a banco. Ela é formada por lendas do velho oeste como Billy The Kid, Sundance Kid, os irmãos Dalton. Clato que os roteiristas desse filme fizeram uma salada geral, juntando personagens históricos reais em um mesmo bando. Na realidade eles viveram em épocas e lugares diferentes e nunca se conheceram de fato. Porém para esse filme todos foram reunidos em prol da diversão do público. De maneira em geral gostei muito dessa produção. É bem realizado, tem um bom roteiro e um desfecho que segue a tradição de muitos filmes de western, com direito a um duelo bem no meio de uma cidade fantasma localizada no deserto.

A Volta dos Homens Maus (Return of the Bad Men, Estados Unidos, 1948) Direção: Ray Enright / Roteiro: Charles O'Neal, Jack Natteford / Elenco: Randolph Scott, Robert Ryan, Anne Jeffreys, George 'Gabby' Hayes, Jacqueline White / Sinopse: Quadrilha de pistoleiros e foras-da-lei se reúne em uma pequena cidadezinha do velho oeste para roubar o banco local. Enquanto isso um rancheiro decide vender tudo para entrar na corrida ao ouro que está sendo organizada rumo ao novo estado da Califórnia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Sabata Adeus

Título no Brasil: Sabata Adeus
Título Original: Indio Black, Sai Che Ti Dico: Sei Un Gran Figlio Di...
Ano de Produção: 1970
País: Itália, Espanha
Estúdio: Produzioni Europee Associati (PEA)
Direção: Gianfranco Parolini
Roteiro: Renato Izzo
Elenco: Yul Brynner, Dean Reed, Ignazio Spalla
  
Sinopse:
Sabata (Yul Brynner), o infame pistoleiro vestido de negro, resolve liderar um grupo de bandoleiros na perigosa tarefa de roubar um rico carregamento de ouro proveniente do império austro-húngaro em direção ao México. Para deter os impulsos criminosos de Sabata e seus homens a fortuna passa a ser protegida pelo Coronel Skimmel (Gérard Herter), um militar veterano e linha dura que está determinado a capturar e matar Sabata a todo custo.

Comentários:
Esse é o segundo filme presente no box The Spaghetti Western Collection. Como se sabe o personagem Sabata foi imortalizado nas telas pelo ator Lee Van Cleef em "Sabata, o Homem que Veio para Matar" (1969). Apesar do grande sucesso de bilheteria ele recusou todas as propostas para voltar ao papel. Estava com receios de ficar marcado apenas por um personagem. Assim os produtores tiveram que pensar em um substituto à altura. Resolveram então importar o russo Yuli Borisovich Bryner do cinema americano. Brynner naquela altura já estava consagrado graças a filmes de sucesso que realizou nos Estados Unidos como por exemplo o clássico western "Sete Homens e um Destino". Isso por si só já trazia grande publicidade para o filme. Além disso o fato de interpretar um personagem tão marcante como Sabata chamaria a atenção do público em geral de uma maneira ou outra. De fato o filme fez sucesso, mas também foi alvo de críticas, principalmente por causa de Brynner, acusado de não ter conseguido fazer um grande trabalho com o famoso pistoleiro do western spaghetti. Em minha opinião ele não se saiu mal, o problema é que o público realmente queria reencontrar Cleef do filme original. Tanto que atendendo aos apelos dos fãs Lee Van Cleef finalmente aceitaria fazer novamente Sabata em "Sabata Vem para Vingar" (1971), sua despedida final do personagem. Esse "Sabata Adeus" tem uma excelente produção (o filme foi rodado nos famosos estúdios de Cinecittà em Roma), mas realmente não criou um vínculo maior com seu público. Agora, passados tantos anos, temos uma boa oportunidade para fazer uma revisão mais imparcial sobre os méritos dessa obra cinematográfica.

Pablo Aluísio.

Vou, Mato e Volto

Título no Brasil: Vou, Mato e Volto
Título Original: Vado... l'Ammazzo e Torno
Ano de Produção: 1967
País: Itália
Estúdio: Fida Cinematografica
Direção: Enzo G. Castellari
Roteiro: Tito Carpi, Enzo G. Castellari
Elenco: George Hilton, Edd Byrnes, Gilbert Roland
  
Sinopse:
Quando um rico carregamento de ouro desaparece, provavelmente fruto do roubo de uma gangue de criminosos, três homens decidem ir atrás do tesouro roubado. Um bandoleiro, um banqueiro e um homem de passado incerto conhecido apenas como "o estranho". Juntos eles estão dispostos a lutar e enfrentar qualquer desafio para resgatar os 300 mil dólares em metal precioso que se encontram de posse dos ladrões.

Comentários:
Dando prosseguimento na análise dos filmes que fazem parte do box "The Spaghetti Western Collection" chegamos nesse curioso faroeste que nos Estados Unidos recebeu o título de "Any Gun Can Play". O filme é estrelado por George Hilton, o ator uruguaio que se passava por americano em filmes italianos! Mais internacional do que isso, impossível! Seu personagem novamente não tem nome, dando sequência na tradição do western spaghetti da época onde pistoleiros sem nome chegavam em cidades perdidas do velho oeste para trazer alguma justiça naquelas terras sem lei. Nesse tipo de caracterização o mistério em torno desse tipo de personagem já era a metade da atração do roteiro em si. Além disso, como convém a todo pistoleiro durão, quanto menos palavras tivesse a declamar em cena, melhor. Afinal de contas eram homens de ação e não de palavras. Em vista disso não era necessário também ter grandes atores em cena para encarnar esse tipo de papel. O sujeito, para falar a verdade, só precisava mesmo ter uma boa pinta de gringo para emplacar uma produtiva carreira no cinema italiano. Era bem o caso de Jorge Hill Acosta y Lara ou melhor dizendo George Hilton. Sob direção do bom cineasta Enzo G. Castellari (de outras conhecidas fitas do gênero como "Deus Criou o Homem e o Homem Criou o Colt", "Vou, Vejo e Disparo" e "Mate Todos Eles e Volte Só"), Hilton acaba convencendo. No geral é um bom spaghetti, valorizado ainda mais pelas boas sequências de ação e tiroteios.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A Renegada

Título no Brasil: A Renegada
Título Original: Woman They Almost Lynched
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Allan Dwan
Roteiro: Steve Fisher, Michael Fessier
Elenco: Joan Leslie, John Lund, Brian Donlevy, Audrey Totter, James Brown 
  
Sinopse:
Sally Maris (Joan Leslie) é uma professorinha de ensino fundamental que decide ir até o velho oeste ensinar crianças. No meio da viagem sua diligência é atacada pela terrível quadrilha liderada por Charles Quantrill (Brian Donlevy). Levada para Border City ela tenta recomeçar sua vida, mas fica decepcionada ao saber que seu próprio irmão agora é dono de saloon na cidade. Uma atividade que ela considera indigna. Após ele ser morto numa briga com membros da gangue de Quantrill ela acaba herdando o estabelecimento, para escândalo das mulheres da região.

Comentários:
Bom western B da Republic Pictures que explora novamente a figura de Charles Quantrill (Brian Donlevy). Ele foi um personagem real da história americana, um bandoleiro que inicialmente se uniu às tropas confederadas durante a guerra civil, mas que depois foi renegado pelo próprio general Robert Lee por causa de sua brutalidade contra as populações civis das cidades às quais atacava. Nesse filme ele surge de forma romanceada, inclusive os famosos irmãos James, que faziam parte de seu bando, estão também completamente desvirtuados do que foram na vida real. Jesse James (Ben Cooper), por exemplo, é apenas mais um garoto valentão, um pistoleiro que apesar da pouca idade já matou muitas pessoas. O roteiro se desenvolve mesmo em cima das personagens de Sally Maris (Joan Leslie), uma garota do leste que vai ao velho oeste ensinar as crianças e acaba dona de saloon e Kate Quantrill (Audrey Totter), mulher de Quantrill, uma mulher tão violenta e boa do gatilho quanto seu próprio marido. Ela teria tido um caso amoroso no passado com o irmão assassinado de Sally e por essa razão cria-se logo uma grande rivalidade entre elas - com direito a uma briga violenta no saloon entre as duas mulheres, rolando pelo chão, puxando cabelos, etc! Acima de tudo "Woman They Almost Lynched" prova que a Republic também sabia produzir bons faroestes quando tinha material de qualidade em mãos.

Pablo Aluísio.

Mate Todos Eles e Volte Só

Título no Brasil: Mate Todos Eles e Volte Só
Título Original: Ammazzali Tutti e Torna Solo
Ano de Produção: 1968
País: Itália, Espanha
Estúdio: Fida Cinematografica, Centauro Films
Direção: Enzo G. Castellari
Roteiro: Tito Carpi, Enzo G. Castellari
Elenco: Chuck Connors, Frank Wolff, Franco Citti
  
Sinopse:
Clyde Mac Kay (Chuck Connors) é um mercenário que resolve aceitar a proposta do exército confederado durante a guerra civil americana. Ele deverá se alistar no exército da União com seu bando, com o objetivo de roubar milhões de dólares em ouro das reservas do governo de Washington. A fortuna deverá ser usada pelos rebeldes para prolongar a guerra o máximo possível, evitando assim uma derrota humilhante.

Comentários:
De uma coisa não se pode acusar o Western Spaghetti: de não ter títulos imaginativos! O diretor Enzo G. Castellari então era bem criativo no momento de nomear seus próprios filmes. Aqui Castellari contou com a presença do americano de origem irlandesa Chuck Connors. A história dele é bem interessante. Connors foi um bem sucedido jogador de beisebol nos Estados Unidos antes de virar ator. Ele brilhou nos campos jogando para times populares como o Chicago Cubs e o Brooklyn Dodgers. Depois do sucesso como esportista decidiu que queria ser ator. Participou de filmes famosos como "Sangue de Apache" e "Da Terra Nascem os Homens". Percebendo que a concorrência era muito acirrada nos Estados Unidos resolveu tentar a sorte na Itália, realizando filmes de faroeste no velho continente. Acabou se dando bem, colecionando sucessos no Western Spaghetti. Essa foi uma das fitas que rodou. Anos depois ele teria sua carreira abalada após tabloides de Los Angeles divulgarem que ele era gay! De qualquer maneira nesse "Mate Todos Eles e Volte Só" ele está em seu tipo habitual nas telas, a do pistoleiro durão, de poucas palavras, que não leva desaforos para casa.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

O Quarto Andar

Esse é daquela série "filmes que ninguém viu e se viu, já esqueceu". O roteiro propõe a ser um suspense sobre uma jovem garota chamada Jane Emelin (Juliette Lewis). Ela acaba herdando o velho apartamento de seu avô. O que parece ser algo bom, acaba se revelando um presente de grego, já que o lugar esconde segredos. O próprio avô morreu em circunstâncias misteriosas e os vizinhos parecem saber de tudo, mas nada contam. Aliás são pessoas esquisitas e estranhas, uma verdadeira fauna de tipos bizarros. O filme tem boa premissa, mas falha em desenvolver seu enredo. O que se sobressai no final das contas é o bom elenco de apoio.

William Hurt, um ator sempre correto em cena, está especialmente sinistro. E o que dizer de Shelley Duvall? Ela sempre foi muito adequada para esse tipo de personagem. A simples aparição da atriz em corredores mal iluminados já garante o susto ao espectador. Enfim, não é um suspense nota 10, mas também passa longe de ser desprezível. O filme foi esquecido, quase que completamente, mas vale a espiada. A moral da história? Nunca se mude para lugares com um passado que você desconheça.

O Quarto Andar (The 4th Floor, Estados Unidos, 1999) Direção: Josh Klausner / Roteiro: Josh Klausner / Elenco: Juliette Lewis, William Hurt, Shelley Duvall / Sinopse: Um filme com trama envolvendo mistério e morte, com final surpreendente.

Pablo Aluísio.

Que Mulher É Essa?

O que falar desse filme? Eu me recordo que assisti no canal HBO, ainda no começo do canal. Não é definitivamente um filme que eu iria locar, por pura falta de interesse. Mesmo assim na TV a cabo acabei vendo. Nenhuma surpresa. É um filme com um roteiro bem básico, que se apoia muito (para não dizer totalmente) na beleza da atriz Liv Tyler. Assim temos um grupo de homens apaixonados por ela, cada um com uma visão diferente da garota. A Liv, que nunca foi boba nem nada, aproveita o plot para literalmente desfilar suas poses em cada cena.

A boa notícia é que ela estava mesmo no auge da beleza, ainda bem jovial e sensual. Cinematograficamente porém isso é muito pouco, pois não consegue sustentar um filme. Para piorar a distribuidora nacional escolheu um péssimo título nacional, com uma pergunta estúpida. Enfim, esse "One Night at McCool's" só é recomendado mesmo para os fãs incondicionais de Liv Tyler... se é que eles ainda existam nos dias de hoje!

Que Mulher É Essa? (One Night at McCool's, Estados Unidos, 2001) Direção: Harald Zwart / Roteiro: Stan Seidel / Elenco: Liv Tyler, Matt Dillon, Mary Jo Smith / Sinopse: A história de uma linda garota que usa de sua beleza para alcançar seus objetivos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Sedução Fatal

Um filme que poucos se lembram hoje em dia. É uma fita que se propõe a resgater em termos os elementos que fizeram o sucesso do cinema noir lá no passado, especialmente nas décadas de 1940 e 1950. Um ainda bem jovem Ewan McGregor interpreta um ex-espião, agora trabalhando como detetive particular, que segue os passos de uma estranha mulher, Joanna (Ashley Judd). Por onde ela passa deixa um rastro de mortes e crimes, o que fascina ainda mais o detetive.

Em seu rastro ele começa a colaborar indiretamente com a serial killer, apagando inclusive pistas essenciais para que os policiais a incriminem. Assim Ewan McGregor interpreta uma espécie de stalker (perseguidor) com desejos perigosos. O filme funciona apenas em parte. No começo quando o espectador começa a entender o enredo, tudo parece bem intrigante e diferente. Depois de um tempo o joguinho de sombras e escuridão começa a cansar. De uma maneira ou outra esse "Eye of the Beholder" pode ser uma boa opção para quem gosta do ator Ewan McGregor, aqui ainda em comecinho de carreira.

Sedução Fatal (Eye of the Beholder, Inglaterra, Canadá, 1999) Direção: Stephan Elliott / Stephan Elliott, baseado na novela policial escrita por Marc Behm / Elenco: Ewan McGregor, Ashley Judd, Patrick Bergin / Sinopse: Um detetive segue os passos de uma estranha mulher.

Pablo Aluísio.

Entrega a Domicílio

Todo mundo precisa começar de algum lugar. Não que o ator Paul Rudd seja um comediante excepcional, fora de série, nada disso. Aqui ele está em uma comédia romântica das mais bobinhas. O enredo é bobo, como tudo. Um jovem estudante, pensando estar sendo traído pela namorada, resolve lhe escrever uma carta terminando tudo. Nesse meio tempo ele descobre que está errado, que ela nunca o traiu. A partir daí ele começa uma corrida desesperada para evitar que a carta seja entregue a ela. Mais bobalhão impossível!

É um daqueles filmes bem descartáveis, que só não se torna uma perda completa de tempo por causa, entre outras coisas, da presença da atriz Reese Witherspoon no elenco. Ainda jovem, carismática - naquele estilo garota séria, quase psicótica e obsessiva com perfeição - a Reese salva o filme da ruína total. Provavelmente esse tipo de fita seja uma daquelas que ela hoje em dia deve sentir um pouquinho de vergonha por ter feito. Coisas da vida.

Entrega a Domicílio (Overnight Delivery, Estados Unidos, 1998) Direção: Jason Bloom / Roteiro: Marc Sedaka, Steve Bloom / Elenco: Paul Rudd, Christine Taylor, Reese Witherspoon / Sinopse: A vida de uma garota comum muda completamente quando ela cai em uma armadilha.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de novembro de 2018

A Rosa Púrpura do Cairo

Filme muito bom, de um tempo em que o diretor Woody Allen estava mais preocupado em fazer bom cinema do que se explicar para a imprensa por problemas de sua vida pessoal. Além disso esse é um tipo de filme bem mais realizado, com roteiro muito original e inteligente, bem ao contrário de seus últimos filmes que me soam cada vez mais artificiais, plásticos, sem substância. Steven Spielberg uma vez disse que um diretor de cinema só consegue manter o alto padrão de sua filmografia por no máximo uma década. Analisando os filmes de Allen chegamos nessa mesma conclusão. A boa notícia é que esse filme é de sua fase mais original e autoral, com um toque de mestre.

O filme conta uma estorinha pouco usual. Durante a década de 1930 uma espectadora pacata de cinema se vê diante de uma situação surreal. O seu personagem preferido de um filme salta da tela para o mundo real.  Jeff Daniels interpreta esse caçador branco que pula literalmente de um velho filme de aventuras para passar algum tempo no mundo das pessoas comuns. Claro, Allen aqui exercita a metalinguagem em um nível que nunca havia sido visto na sétima arte. Ainda bem que nesse processo acabou criando esse pequena obra prima cinematográfica.

A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, Estados Unidos, 1985) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Mia Farrow, Jeff Daniels, Danny Aiello / Sinopse: Durante os anos 1930 um personagem de cinema resolve atravessar a tela, vindo parar no mundo real das pessoas comuns. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Woody Allen). Vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

O Garoto do Futuro

Outro filme que podemos chamar de pequeno "clássico" da Sessão da Tarde. Só nos anos 80 mesmo teríamos um filme como esse, da linha mais adolescente, só que com um roteiro muito esquisito (e ao mesmo tempo divertido). O ator Michael J. Fox interpretava um jovem colegial que tinha uma vida comum, normal, como muitos outros jovens de sua idade. Fase boa da vida, com colégio, namoradinha da escola, tudo seguindo numa boa, até que um dia ele descobre que é descendente de uma linha de lobisomens! Isso mesmo, ele em breve vai virar um monstro!

Só que seu pai o acalma, quem sabe virado em metade homem, metade lobo, ele não venha a se tornar o melhor jogador de basquetebol do colégio! Surreal, não é mesmo, mas muito divertido também. O roteiro brinca o tempo todo com a cultura pop. Outro aspecto a se considerar é que nesse mesmo ano Michael J. Fox faria o grande sucesso "De Volta Para o Futuro", assim o estúdio esperou o lançamento desse blockbuster para só depois lançar essa fita bem mais modesta, que acabou pegando carona no sucesso do filme de Zemeckis. Inclusive a distribuidora nacional sem o menor pudor resolveu apelar, criando o título "O Garoto do Futuro" que não tinha nada a ver com o filme que deveria se chamar mesmo "O Lobo Adolescente". Tudo para forçar uma barra com "De Volta Para o Futuro". Que coisa hein?

O Garoto do Futuro (Teen Wolf, Estados Unidos, 1985) Direção: Rod Daniel / Roteiro: Jeph Loeb, Matthew Weisman / Elenco: Michael J. Fox, James Hampton, Susan Ursitti / Sinopse: Scott Howard (Michael J. Fox) é um jovem adolescente colegial comum, como tantos outros, até o dia que descobre que sua família carrega a maldição da lua cheia e ele em breve também vai virar um lobisomem! O que fazer? Talvez se tornar o melhor jogador de basquete do time da escola... quem sabe...

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de novembro de 2018

Carlota Joaquina

Recentemente revi esse filme. Já tinha visto nos anos 90, quando ele foi lançado pela primeira vez. Naquela ocasião se disse que seria a retomada do cinema brasileiro após a era Collor. Foi um filme bancado quase que exclusivamente pela diretora Carla Camurati. Não é um filme historicamente preciso, nem essa foi a intenção da diretora. Ela assim aposta quase numa fábula, quando um escocês e uma garotinha conversam na praia e o assunto Brasil vem à tona. A partir daí ele começa a contar a história da vinda da família real portuguesa ao Brasil, obviamente com ênfase em Carlota Joaquina, a esposa de Dom João VI.

De fato há bom material sobre ela. Passou longe de ser uma rainha comum. Na verdade estava mais para megera e bruxa e Carla investe nisso, mas claro tudo sob um viés de muito bom humor. E no humor ninguém se destacaria mais do que Marco Nanini. Ele interpreta um rei caricato, sempre cambaleante, peruca despenteada e fora do lugar, escondendo sempre uma coxinha de galinha em sua roupa quase aos farrapos. É obviamente uma visão bem cartunesca, baseada em anos dessa imagem do improvável rei português. O roteiro porém acerta quando mostra que mesmo o monarca sendo um desastrado, covarde e até abobalhado, era capaz de tomar as decisões certas. O orçamento do filme foi pequeno, o que em alguns momentos fica claro na tela, mas mesmo assim o filme consegue convencer. Também com personagens históricos tão interessantes iria ficar mesmo complicado passar por cima da curiosidade natural em torno da história de nosso país.

Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (Brasil, 1995) Direção: Carla Camurati / Roteiro: Carla Camurati, Melanie Dimantas / Elenco: Marieta Severo, Marco Nanini, Marcos Palmeira, Antonio Abujamra, Beth Goulart, Ney Latorraca, Vera Holtz, Thales Pan Chacon / Sinopse: O filme traz uma visão bem humorada da vinda da família real portuguesa ao Brasil. O Rei Dom João VI, sua esposa Carlota Joaquina e toda a corte fugiram às pressas para a colônia após a ameaça de Napoleão Bonaparte em invadir as terras da nação lusa.

Pablo Aluísio.

Fúria Cannabis

O filme mostra o abismo em que a sociedade americana está afundada atualmente no tocante à questão das drogas. Os personagens são pessoas comuns, não criminosos, que acabam se envolvendo de uma forma ou outra com a chamada guerra das drogas. Um dos protagonistas é um jovem que fica desempregado. Sem dinheiro ele decide roubar alguns pés de maconha da plantação de um traficante. Tudo para revender e ter o que comer no fim do dia. A história se passa em uma das regiões mais pobres dos Estados Unidos, bem no meio do sul pantanoso.

Outro personagem curioso é um homem que viu sua vida acadêmica ser arruinada. Ele tinha tudo para vencer como professor universitário, era articulado e inteligente, mas no final deu tudo errado. Para sobreviver ele passa então a também vender maconha. E assim segue esse bom filme, mostrando pessoas que acabam se envolvendo no tráfico de uma forma ou outra. Embora existam boas cenas de ação, o principal mérito dessa produção é mostrar mesmo a vida barra pesada desse grupo de personagens sem futuro e sem esperança. Um bom retrato de uma América repleta de drogas e viciados, uma sociedade perdida nesse ponto de vista.

Fúria Cannabis (The World Made Straight, Estados Unidos, 2015) Direção: David Burris / Roteiro: Ron Rash, Shane Danielsen / Elenco: Noah Wyle, Jeremy Irvine, Minka Kelly / Sinopse: O filme mostra a realidade de pessoas comuns, empobrecidas, que vivem numa cidade do sul dos Estados Unidos. Para sobreviverem elas acabam entrando de uma forma ou outra no tráfico de drogas, em especial da maconha, nessas regiões.

Pablo Aluísio.