sábado, 14 de abril de 2012

Incontrolável

Um enorme trem carregado com uma perigosa carga explosiva passa por diversas cidades norte-americanas sem qualquer tipo de controle, pois está sem maquinista. Logo o pânico se instala e um grupo de especialistas é enviado para tentar deter uma catástrofe que parece certa! Os eventos mostrados no filme foram baseados em fatos reais. Definitivamente um filme muito bom de um estilo que andava meio em baixa ultimamente, o do cinema catástrofe. Gostei muito de "Incontrolável" porque é um filme honesto, pois entrega exatamente o que se espera dele: um entretenimento de primeira qualidade, com um roteiro ágil e muito bem bolado que a despeito de focar em apenas uma situação o faz da melhor maneira possível, mantendo sempre a atenção do público, que não desgruda os olhos da tela por nenhum segundo. Não tem firulas e não inventa e por isso é extremamente eficiente, um dos melhores desse gênero que já assisti.

Denzel Washington é um ator esperto. Sabia que ao se envolver em algo assim terminaria ganhando muito. Tony Scott, por sua vez, mostra uma grande habilidade no desenvolvimento da situação. Não deixa a bola cair em nenhum momento e utiliza cada minuto da melhor maneira possível (o que era de se esperar já que o filme é curtinho, pouco mais de 90 minutos, outro ponto positivo). Até o Chris Pine se sai bem em cena. Só fiquei um pouco decepcionado com a solução encontrada para parar o tal trem desgovernado. Na minha opinião foi uma solução um pouco banal demais para o nível de adrenalina que o roteiro passou a cada cena. De qualquer forma isso não compromete o resultado final que é bem acima da média do que o cinemão americano vem apresentando ultimamente. Um entretenimento eficiente em suma. Recomendo.

Incontrolável (Unstoppable, Estados Unidos, 2010) Diretor: Tony Scott / Roteiro: Mark Bomback / Elenco: Denzel Washington, Chris Pine, Rosario Dawson, Ethan Suplee, Kevin Dunn, Jessy Schram / Sinopse: Um enorme trem carregado com uma perigosa carga explosiva passa por diversas cidades norte-americanas sem qualquer tipo de controle, pois está sem maquinista. Logo o pânico se instala e um grupo de especialistas é enviado para tentar deter uma catástrofe que parece certa! Os eventos mostrados no filme foram baseados em fatos reais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Missão Madrinha de Casamento

Pensei que fosse ser uma comédia mais ao estilo "baixaria" uma vez que a coisa que mais ouvi ultimamente é de que se tratava de uma versão feminina de "Se Beber Não Case". Sinceramente não vi maiores semelhanças. Na realidade é uma comédia romântica bem na média do que o cinema americano anda produzindo ultimamente. Musiquinhas românticas, o velho clichê da solteirona de 30 anos louca porque ainda está solteira (de onde esses caras tiram a ideia de que o casamento é a solução para a infelicidade das pessoas?) e tudo o que você já viu em muitos e muitos filmes desse tipo. Na realidade achei tão convencional que me surpreendi. Acredito que a única grande diferença das demais "água com açúcar" é o clima acentuado de humor mas fora isso, nada de novo no front. Nesse aspecto os brasileiros são obviamente alvos, como se a culinária brasileira fosse tão indigesta a ponto de dar dor de barriga imediata nos americanos (e como se a comida deles, o tal de fast food, não fosse a pior refeição que um ser humano pudesse comer na face da terra), que o diga a gordinha Melissa McCarthy que sofre de obesidade mórbida e que, falando sinceramente, não faz nada no filme que justifique sua indicação ao Oscar.

O resto do elenco é formado por atrizes competentes devo confessar. Na realidade pode-se dizer que na falta de um roteiro melhor elas realmente carregam o filme nas costas. Eu pessoalmente gosto muito da Kristen Wiig desde os tempos em que via suas performances no SNL. Ela é uma comediante de mão cheia para interpretar balzaquianas neuróticas como a personagem do filme. Outra que se destaca é a Rose Byrne, o que é curioso, pois ela é atriz dramática na realidade (vide sua ótima participação em Damages). Em conclusão é como eu disse - tudo mais do mesmo. No final fica a pergunta: até quando vamos aguentar mais comédias românticas sobre casamentos? Será que o público não se cansa nunca disso?

Operação Madrinha de Casamento (Bridesmaids, Estados Unidos, 2011) Direção: Paul Feig / Roteiro: Annie Mumolo e Kristen Wiig / Elenco: Kristen Wiig, Maya Rudolph, Rose Byrne, Wendi McLendon-Covey, Ellie Kemper, Melissa McCarthy, Chris O'Dowd, Jill Clayburgh / Sinopse: O filme mostra as diversas confusões e problemas em que se envolve um grupo de mulheres na preparação do casamento de uma delas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Coração de Caçador

Um diretor excêntrico leva toda uma equipe de cinema de Hollywood para a África onde pretende rodar um filme de sucesso para pagar seus inúmeros credores. Chegando no continente selvagem ele se torna obcecado em caçar um elefante africano nas extensas savanas da região. O filme foi baseado numa história real. O diretor de cinema que Clint Eastwood interpreta é na realidade o famoso John Huston e o filme que eles tentam concluir é na verdade o clássico "Uma Aventura na África" com Katherine Hepburn e Humphrey Bogart. De tão conturbadas essas filmagens na África selvagem entraram para a mitologia de Hollywood. O roteirista do filme escreveu seu próprio diário das filmagens que acabaria dando origem a um popular romance (do qual esse filme é baseado). Até mesmo Katherine Hepburn resolveu colocar no papel todas as aventuras que passou ao lado de Huston. Material do que se passou realmente não falta. Para quem não sabe John Huston foi um dos maiores diretores da era de ouro do cinema americano. Gênio na direção era também um cineasta complicado de se lidar. Geralmente comprava brigas com produtores e estúdios e colocava seu elenco em situações de saia justa durante as filmagens. Huston colecionou tantos sucessos como inimizades no meio e por isso era uma personalidade controvertida. Mais de uma vez largou um filme pela metade e abandonou tudo sem maiores explicações. Seus projetos inacabados são geralmente citados em várias passagens da história de Hollywood. "Adeus às Armas" é um exemplo disso. Um belo dia se encheu das exigências do estúdio, pegou seu chapéu e simplesmente foi embora sem dar satisfação. Geralmente era processado depois, perdia fortunas em indenizações mas não mudava seu jeito de ser. Se auto denominava um autêntico artista e odiava os aspectos comercias de seus filmes.

Coração de Caçador é seguramente um dos filmes mais inspirados do cineasta Clint Eastwood, um inteligente exercício de metalinguagem que passeia pela história do cinema americano. Também é sua homenagem muito particular a John Huston, diretor que ele sempre admirou e procurou seguir seus passos. Clint certamente aprendeu muito com o mestre. Sua direção aqui é um exemplo, firme, segura e muito correta mas não é só. Quem acha que Eastwood é um ator limitado, de poucas caracterizações, precisa ver o filme para assistir uma de suas melhores interpretações. Compondo um tipo bem diferente do habitual Clint traz de volta à tona todas as nuances de John Huston: suas excentricidades, seu jeito despojado de ser e sua incrível sede de viver intensamente. Recentemente vi cenas de Huston captadas por membros de sua equipe dentro dos sets de filmagens. Basta assistir a essas imagens para entender como Clint foi feliz em sua caracterização. Até nos pequenos gestos, no cigarro eternamente acesso no canto da boca, no olhar fixo e penetrante, Clint recriou a personalidade de John Huston com extrema fidelidade. Enfim, "White Hunter, Black Heart" (Caçador Branco, Coração Negro) é seguramente uma das melhores obras da filmografia de Clint Eastwood. Uma homenagem mais do que sincera de um cineasta para outro. Simplesmente imperdível.

Coração de Caçador (White Hunter, Black Heart, Estados Unidos, 1990) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Peter Viertel basedo no livro "White Hunter Black Heart" / Elenco: Clint Eastwood, Jeff Fahey, Charlotte Cornwell / Sinopse: John Wilson (Clint Eastwood) é um excêntrico diretor americano que decide filmar seu próximo filme em pleno coração do continente africano. Uma vez lá resolve partir para um safári em busca de um elefante. Logo isso se torna uma obsessão pessoal em sua vida.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

127 Horas

Parece que Hollywood tem cada vez mais apostado em filmes cujo enredo se baseiam em apenas uma situação. Só de relance me lembro aqui de "Incontrolável" e "Pânico na Neve", filmes cujos os personagens são colocados em uma situação limite e tentam de todas as formas saírem dela. Esse "127 Horas" realmente me deu agonia. A situação na qual o personagem de James Franco se encontra é realmente agonizante. Eu não gosto muito do cinema de Danny Boyle mas aqui devo confessar que ele teve muito talento em levar uma situação limite dessas por 90 minutos sem cansar o espectador. Claro que o filme em algumas ocasiões cai na monotonia mas felizmente quando tudo parece saturar os delírios de Aron Ralston fazem o filme ganhar um fôlego extra até seu desfecho.

Duas considerações: Apesar de ser digno de muitos aplausos um ator sozinho levar um filme inteiro nas costas devo dizer que James Franco não mereceu a indicação ao Oscar. Quero deixar claro que achei sua interpretação muito digna e muito bem feita, o problema é que a situação em que seu personagem se encontra não dá margens a maiores exercícios dramáticos. Sendo assim pela própria limitação de seu papel não vejo porque ele mereça estar ao lado de atores como Colin Firth (que realmente está ótimo em "O Discurso do Rei"). E por fim fica aqui registrado meus elogios à belíssima fotografia do filme (o que não poderia ser diferente). Essa região onde o filme foi realizado, Utah Canyon, realmente chama a atenção pela beleza natural. Curiosamente o filme não concorreu a melhor fotografia. Ou seja, concorreu pelo que não devia e não concorreu pelo que deveria. Vai entender essa Academia...

127 Horas (127 Hours. Estados Unidos, 2010) Direção: Danny Boyle / Roteiro: Simon Beaufoy, Danny Boyle baseados no livro "Between a Rock and a Hard Place" de Aron Ralston / Elenco: James Franco, Amber Tamblyn, Kate Mara / Sinopse: Um esportista fica preso numa fenda no meio do deserto. Ele cai em um buraco e uma pedra enorme prende seu braço no local.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Nosferatu: O Vampiro da Noite

Essa é a releitura do clássico filme alemão Nosferatu, de Murnau, de 1922. Naquele ano, sem possibilidade de filmar a estória de Drácula por não ter os direitos autorais, o diretor alemão ousou filmar um roteiro que basicamente tinha o mesmo argumento de Drácula mas sem usar o famoso nome e sem estar diretamente ligado à obra de Bram Stoker. Pelo uso inovador de tomadas de cenas, iluminação e jogo de luz e sombras Nosferatu acabou virando um grande clássico do terror, cultuado até nos dias de hoje, mesmo sendo um filme mudo. Uma obra maldita que foi redescoberta e se tornou um ícone da história do cinema. No final dos anos 70 o diretor Werner Herzog resolveu trazer de volta à tona o mesmo espírito da produção original, tanto que aqui há poucos diálogos, tal como se fosse uma homenagem ao cinema mudo. Eu só penso que a decisão de filmar em cores prejudicou um pouco o resultado final, fiquei imaginando o filme e suas imagens em preto e branco, tenho certeza que o impacto teria sido maior. A produção não é muito rica, é verdade, nada comparado ao que se vê no cinema americano, mas Herzog conseguiu superar essa situação muito bem. Outra coisa que chama bem atenção nessa produção e a total ausência de efeitos especiais. Tudo é conseguido apenas com o uso de boa maquiagem e jogos de luzes e sombras, tal como no filme de Murnau. A trilha sonora incidental também é muito inspirada, ajudando na criação do clima sórdido do filme em si.

Por fim duas curiosidades que me chamaram bem a atenção. A primeira foi a caracterização de um Van Helsing que não acreditava em vampiros, envelhecido e sem muito poder de ação e uma Isabela Adjani com maquiagem forte mas branquíssima, como convém a sua personagem gótica; Uma atriz extremamente bonita em uma interpretação um pouco abaixo do esperado. Talvez sua interpretação tenha sido assim para lembrar ao espectador da exagerada forma de interpretar do cinema mudo. De uma forma em geral achei bastante válida a ideia que deu origem ao filme. O cinema europeu tem um ritmo próprio bem diferente do americano e por isso alguns espectadores atuais poderão a vir estranhar seu desenrolar mas é bastante válida a experiência de assistir algo assim. Por fim não poderia deixar de citar a caracterização muito inspirada do ator Klaus Kinski. Ele está ótimo, com maquiagem adequada, tudo soando bem estranho, horrível, monossilábico, como aliás convém ao personagem Nosferatu. No final das contas só de ver o Klaus fazendo esse papel já vale o filme inteiro.

Nosferatu - O Vampiro da Noite (Nosferatu, Alemanha, França, 1979) Direção: Werner Herzog / Roteiro: Werner Herzog baseado no livro Drácula de Bram Stoker / Elenco Klaus Kinski, Isabela Adjani, Bruno Ganz, Walter Ladengast / Sinopse: Baseado na famosa obra "Drácula" de autoria de Bram Stoker, "Nosferatu" mostra a estória da ida de Jonathan Harker (Bruno Ganz) até a propriedade do misterioso Conde Drácula (Klaus Kinski), um homem isolado do mundo. Ele acaba desenvolvendo uma forte obsessão pela jovem a bela Lucy (Isabelle Adjani), esposa de Jonathan. Refilmagem do clássico alemão Nosferatu, de Murnau, de 1922.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Como Agarrar um Milionário

Curioso como o tempo muda os costumes (ou não). Essa comédia dos anos 50 traz três garotas bonitas que vão a Nova Iorque com o único objetivo de arranjar um marido rico para se casarem. Chegando lá elas alugam uma luxuosa cobertura (mesmo não tendo nenhum dinheiro) e para sobreviverem enquanto os tais maridos ricos não aparecem vão vendendo os móveis do local para comprar comida. O filme foi feito antes da revolução feminista e as garotas são desesperadas para arranjar logo um milionário. O mais curioso de tudo é que mesmo após a luta das feministas, muitas mulheres hoje em dia agem igualzinho às protagonistas desse filme que está prestes a completar 60 anos de seu lançamento. Parece que o mundo não mudou tanto assim depois de todo esse tempo! Tirando esse viés machista o roteiro escrito por Nunnally Johnson, um dos melhores roteiristas da história de Hollywood, tem um timing de bom humor muito afiado e divertido. Na moralista década de 50 nada poderia ser explicitamente mostrado então tudo era sutilmente sugerido. Até mesmo objetos de cena servem para materializar a ironia de certas situações. O texto é nitidamente uma comédia de costumes, pois ao mesmo tempo expõe e satiriza a condição das garotas no filme.

Estrelado por três atrizes o filme hoje é mais procurado por causa da presença de Marilyn Monroe em cena. Sua personagem não é a principal (lugar que cabe à mulher de Humphrey Bogart, Lauren Bacall) mas ela claramente chama todas as atenções para si. Bastante jovem, Marilyn faz um tipo cômico, uma garota bonita que não consegue enxergar um palmo à frente do rosto. No livro "A Deusa" há uma hilária passagem em que Marilyn procura o diretor do filme, Jean Negulesco, para lhe fazer mil perguntas sobre sua personagem, quais seriam suas motivações, seu perfil psicológico, etc. Monroe estava cada vez mais interessada no método do Actors Studio e por isso procurava desenvolver bem seus papéis. Surpreso pelo verdadeiro "interrogatório" Negulesco interrompeu a conversa dizendo: "Querida essa é uma simples comédia apenas e tudo o que você precisa saber de seu personagem é que ela é loira, burra e cega como um morcego!". Monroe obviamente não gostou nada da resposta! Já Bacall faz a mais velha das três, uma desiludida divorciada que quer tirar o pé da lama arranjando logo um maridão rico para resolver seus problemas financeiros. Completa o trio a atriz Betty Gable. Com um penteado pra lá de esquisito em relação aos padrões atuais, ela não acrescenta muito em seu papel de dondoca. Não era uma atriz particularmente engraçada ou carismática. O filme como diversão é muito bom, embora bem menos ousado que muitos dos futuros filmes de Marilyn. Como ponto negativo não tem nenhum número musical com a atriz, embora a trilha sonora seja ótima.

Como Agarrar Um Milionário (How to Marry a Millionaire, Estados Unidos, 1953) Direção: Jean Negulesco / Roteiro: Nunnally Johnson baseado na peça de Zoe Akins / Elenco: Lauren Bacall, Marilyn Monroe, Betty Grable / Sinopse: Essa comédia dos anos 50 traz três garotas bonitas que vão a Nova Iorque com o único objetivo de arranjar um marido rico para se casarem. Chegando lá elas alugam uma luxuosa cobertura (mesmo não tendo nenhum dinheiro) e para sobreviverem enquanto os tais maridos ricos não aparecem vão vendendo os móveis do local para comprar comida.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de abril de 2012

Filmografia Comentada: Tom Cruise

Tom Cruise é um sobrevivente em Hollywood. Em um meio onde carreiras surgem e desaparecem da noite para o dia o ator tem conseguido se manter entre os mais populares há pelo menos 25 anos. Cruise surgiu para o estrelado em filmes blockbusters como "Top Gun", "Dias de Trovão" e "Cocktail" mas logo procurou se desenvolver como bom ator em produções como "Nascido em 4 de Julho" e "Rain Man". Depois de sair de seu estúdio de longa data, a Paramount, Cruise vem trilhando um caminho interessante tentando alternar produções melhores com filmes pipocas como o recente "Missão Impossível 4". Aqui vai uma amostra de alguns títulos estrelados pelo ator.

Negócio Arriscado
O primeiro filme de repercussão de um jovem e novato ator de nome Tom Cruise. Ele interpreta um garotão de Chicago que aproveita a viagem de seus pais para chamar uma Call Girl em sua casa, agora vazia e totalmente à sua disposição. O que começa como uma pequena travessura de adolescente logo perde o rumo pois a garota acaba levando algumas outras colegas de profissão para atenderem seus próprios clientes na casa do rapaz. "Negócio Arriscado" é uma típica produção em formato de comédia adolescente dos anos 80. Não é tão forte ou apimentada como "Porkys" ou "O Último Americano Virgem" e nem tão pueril como outras comédias ao estilo John Hughes. Tom até se esforça mas o fato é que ele não era exatamente um comediante de mão cheia. Como bem provado em seus filmes que viriam Cruise se daria melhor mesmo em dramas ou blockbusters mais focados em sua imagem de galã. De qualquer forma "Negócio Arriscado" fez muito sucesso (rendeu dez vezes o seu custo em bilheteria) e colocou o nome do jovem em evidência perante os produtores.

Vidas Sem Rumo
A primeira boa produção da carreira de Tom Cruise. Aqui ele é dirigido pelo grande cineasta Francis Ford Coppola. O roteiro foi baseado no livro de grande sucesso da escritora Susan E. Hinton. Talentosa, conseguiu captar a essência da alma juvenil daqueles anos. Em um elenco numeroso de jovens estrelas em ascensão (Ralph Machio, Matt Dillon, Rob Lowe, Patrick Swayze, Emilio Estevez, C Thomas Howell) Tom Cruise tenta se destacar. Em vão, seu personagem não é exatamente marcante e nem ele consegue chamar muito atenção para si. Aqui Cruise aprenderia uma lição importante: a de que para chamar a atenção ele deveria estrelar suas próprias produções sem dividir o estrelado com mais ninguém. De qualquer maneira sua participação não foi totalmente sem importância, pois o fato de ter trabalhado com o grande Coppola contou muito para seu curriculum como jovem ator.

A Lenda
Tom Cruise resolve finalmente assumir seu lado galã de vez. E nada melhor para isso do que interpretar um príncipe dos sonhos em uma fantasia juvenil. Dirigido pelo grande Ridley Scott (de Alien, o Oitavo Passageiro) o filme tentava transportar para as telas uma estória cheia de fadas, duendes, unicórnios e seres mágicos. A produção foi concebida para ser um grande sucesso ao estilo Star Wars. Não deu muito certo. O filme foi criticado por ser excessivo, com direção de arte duvidosa e kitsch. Cruise também não está bem em cena, seu personagem é vazio e destituído de profundidade, raso demais até para um conto de fadas. Com custo milionário "A Lenda" afundou nas bilheterias se tornando um grande fracasso. Não seria dessa vez que Cruise iria despontar para o estrelado, para o time das grandes estrelas.

Top Gun - Ases Indomáveis
Finalmente Tom Cruise encontra o filme que mudaria toda a sua carreira. Grande sucesso de bilheteria o transformou em astro de primeira grandeza! O filme continua muito bom, com ótimas cenas de combates entre caças F14 da marinha americana e um pano de fundo para trazer humanidade aos pilotos. Além disso o filme tem um bom romance envolvendo o personagem Maverick (Tom Cruise) e sua instrutora (a bonita Kelly MgGillis). Vendo hoje, depois de tantos anos, cheguei na conclusão que esse realmente deve ser um dos primeiros "filmes clips" da história do cinema. Essa denominação eu uso porque ele tem muito da linguagem MTV, tudo muito rápido, com edição esperta, trilha sonora de FM e nada de muito profundo ou pesado (mesmo quando seu companheiro de vôo Goose morre nada fica muito dramático). Até hoje eu não entendi porque Top Gun nunca ganhou uma continuação na época. Todo mundo sabe que nos anos 80 todos os grandes sucessos do cinema (Rambo, Caça Fantasmas, De Volta Para o Futuro, A Hora do Espanto, etc) tiveram sequências mas Top Gun não. Complicado entender. De qualquer forma foi melhor assim. Em breve teremos um remake, algo que acho sem sentido uma vez que esse filme pop dos anos 80 só funcionaria bem mesmo naquela década, onde todo mundo usava roupas pra lá de estranhas e penteados esquisitíssimos. Além disso canções como as do grupo Berlim (da famosa canção tema Take Me Breath Away) soam datadas hoje em dia. Vamos esperar pra ver no que dá. Esse original pelo menos ainda continua muito divertido.

A Cor do Dinheiro
Tom Cruise se une ao grande Paul Newman para rodar uma continuação tardia do clássico "Desafio à Corrupção". Cruise certamente deve ter adorado dividir os holofotes com uma lenda viva do cinema americano. Newman, muito generoso, não se importou em contracenar com o jovem galã, sempre se colocando à disposição para dicas e conselhos. O encontro entre o jovem e o antigo astro de Hollywood rendeu excelentes frutos para ambos. Paul Newman depois de longos anos finalmente venceu o Oscar de melhor ator e Cruise recebeu críticas elogiosas por sua atuação ao lado do veterano mito. O filme foi dirigido por Martin Scorsese, um dos grandes nomes da história do cinema americano. No saldo final "A Cor do Dinheiro" foi um marco muito positivo na carreira de todos os envolvidos em sua produção.

Rain Man
Dando continuidade à ótima fase de sua carreira Tom Cruise resolveu abraçar um projeto ousado. O roteiro contava a estória de dois irmãos, sendo um deles autista (interpretado por Dustin Hoffman em atuação soberba). Cruise deixou o estrelismo de lado e resolveu literalmente servir de escada para Hoffman. Muitos atribuem a participação de Tom nesse filme à sua ambição de vencer o tão cobiçado prêmio Oscar. Ele aspirava uma indicação ao prêmio e quem sabe até mesmo uma vitória. Quando lançado Rain Man ganhou imediata simpatia de público e crítica se tornando um enorme êxito. A produção ganhou todos os prêmios importantes em seu ano (Oscar, Globo de Ouro, Bafta, Berlim, César) mas Cruise ficou a ver navios. O grande consagrado foi mesmo seu parceiro em cena, Dustin Hoffman, que ganhou o Oscar de melhor ator por sua brilhante caracterização. Uma premiação mais do que merecida.

Cocktail
Após tantos filmes fortes Cruise resolveu estrelar um filme pipoca por definição. "Cocktail" é uma produção de 1988, feita única e exclusivamente para capitalizar em cima do lado galã do ator Tom Cruise. O filme é bem fraco, enredo bobinho e derivativo. Ele faz um sujeito que volta do serviço militar sem ter idéia do que fazer da vida. Sem emprego e sem perspectivas decide ir para Nova Iorque onde encontra todas as portas fechadas em sua cara pois não tem diploma de curso superior. Sem alternativas acaba se empregando como barman num pub local. Assim o filme se desenvolve, de noite Cruise faz malabarismos detrás do balcão ao lado de seu colega de trabalho (interpretado pelo sumido Bryan Brown) e de dia tenta se formar numa faculdade de administração de empresas. Não é fácil, trabalhando à noite ele geralmente acaba dormindo nas aulas de dia. Mesmo assim tenta seguir em frente atrás do chamado "Sonho Americano" O par romântico de Cruise no filme fica a cargo da bonitinha Elisabeth Shue, cuja carreira não decolou pois abandonou o cinema no auge de sua popularidade para se formar na prestigiosa universidade de Harvard. O diploma parece que não fez muita diferença na vida da moça pois atualmente ela tenta sobreviver fazendo filmes horríveis como Piranha 3D. Tom Cruise fez nos anos 80 alguns filmes bem vazios onde não havia conteúdo - apenas um fiapinho de enredo para ele desfilar suas caras e bocas. Eram produções que mais pareciam videoclips da MTV (essa linguagem estava em alta com a moçada da época)."Cocktail" é um produto assim. Junto com "Dias de Trovão" é o que há de mais banal na carreira do ator. Por isso não espere nada de "Cocktail" pois esse é na realidade apenas um clipão estendido com ares de cartão postal. Bonitinha a produção mas vazia como uma bola de chiclete.

Nascido em 4 de Julho
Cruise se une ao diretor Oliver Stone para estrelar aquele que para muitos é seu melhor filme. O EUA é uma nação que foi forjada na violência e no capitalismo selvagem. Em essência esses são os verdadeiros pilares da América. Nessa engrenagem o complexo industrial militar norte-americano sempre deve ser suprido por guerras e conflitos, façam sentido ou não. A Guerra do Vietnã é um exemplo claro disso. Um aparato militar jamais visto foi deslocado para um pobre país asiático sem importância em uma matança sem sentido. Jovens na flor da idade foram para aquela nação que nunca tinham nem ouvido falar para morrerem em suas selvas. Quem ganhou com o envolvimento dos EUA no Vietnã? Obviamente que não foram esses soldados. Quem lucrou realmente com essa barbaridade foi justamente o complexo militar da nação Ianque. Guerras são caras e alguém sempre lucra com elas, não se engane. Fortunas foram feitas com o sangue alheio. Violência e capitalismo, eis o segredo da existência desse conflito. Violência e capitalismo, eis o DNA da alma norte-americana. Nada mais, nada menos. Nesse ínterim o ser humano se torna peça descartável, sem a menor importância. Uma estatística, um número qualquer na mesa de algum burocrata. O indivíduo perde toda a sua importância. "Nascido em 4 de Julho" dá voz a uma dessas peças sem importância no tabuleiro da guerra capitalista. Em um roteiro excepcional acompanhamos a transformação de um jovem que ousou tentar de alguma forma lutar contra essa situação. O filme é sobre ele, Ron Kovic (Tom Cruise), que se tornou paralítico aos vinte e um anos de idade após levar um tiro durante uma batalha numa praia do Vietnã. Sua vida, seus pensamentos, seus conflitos internos, tudo ecoa na tela com raro brilhantismo. Oliver Stone, ele próprio um veterano da Guerra do Vietnã, já havia revisitado esse conflito no premiado "Platoon". O diferencial de "Nascido em 4 de Julho" para o filme anterior é que nesse acompanhamos os efeitos da guerra, as consequências. O tema já havia sido retratado no cinema antes em "Espíritos Indômitos" com Marlon Brando. O enfoque é sobre os soldados que voltam da guerra mutilados, feridos, estraçalhados emocionalmente. As bandeiras, as medalhas e os uniformes militares diante dessa situação perdem totalmente a relevância. O que fica é um dos efeitos mais cruéis desse tipo de luta armada. Homens jovens, incapazes de viverem em sua plenitude, condenados a uma cadeira de rodas pelo resto de suas vidas e o pior por um evento histórico sem qualquer sentido ou justificativa. Stone foi muito feliz nessa direção que na minha opinião foi a melhor de sua carreira. O enredo socialmente relevante faz pensar, desperta consciências. Filmes devem existir não apenas para entreter mas também para conscientizar. Nesse aspecto "Nascido em 4 de Julho" é uma obra prima do cinema americano.

Dias de Trovão
"Dias de Trovão" é um blockbuster colorido, muito colorido. Os carros, os macacões, os capacetes, tudo foi pensado e produzido para parecer o mais berrante possível. O filme na realidade foi concebido para repetir o grande sucesso da carreira de Tom Cruise, "Ases Indomáveis". Assim os produtores reuniram praticamente a mesma equipe e resolveram tentar a sorte. Não deu muito certo. O filme acabou rendendo a metade do que era esperado e mostrou que não bastava apenas colocar o astro Cruise em um "Top Gun sobre rodas" para tudo dar certo. Agora o interessante é que o filme me pareceu bem pior quando vi pela primeira vez. Eu me recordo de ter achado tudo muito vazio, com cara de comercial de refrigerante mas hoje ele não me pareceu tão mal. A conclusão que chego é que o nível dos blockbusters piorou tanto ao longo do tempo e eu assisti tanto abacaxi nesse período que ao voltar para ver "Dias de Trovão" esse acabou melhorando após todos esses anos! Para quem gosta do mundo de celebridades e fofoquinhas é interessante saber que o filme acabou aproximando o futuro casal Cruise / Kidman. Ela aliás está linda, com cabelos encaracolados, esbanjando beleza e carisma (embora não tenha muito o que fazer dentro do roteiro). É isso, "Dias de Trovão" é superficial e cheio de clichês, como todo blockbusters afinal, mas tem os cachos da Kidman, então vale a espiada!

Um Sonho Distante
Após conhecer Nicole Kidman no set de Dias de Trovão e se apaixonar por ela, Cruise retorna à parceria nessa super produção com ares de filmes antigos. A pretensão do ator era realmente estrelar um épico ao velho estilo, com muitas cenas edificantes, músicas grandiosas e paisagens de cartão postal. Aqui ele interpreta um imigrante irlandês que vem tentar a sorte na América em 1892. O filme tem linda fotografia, uma direção de arte suntuosa e uma produção de encher os olhos mas não conseguiu cair no gosto do público. Feito para render milhões o filme comercialmente falando ficou bem abaixo das expectativas. De qualquer forma é um bom momento na carreira de Cruise, um filme que foi prejudicado por um marketing equivocado mas que mesmo assim vale a pena como bom entretenimento.

Questão de Honra
Depois do relativo fracasso de "Um Sonho Distante" Cruise resolveu apostar em um projeto certo. Ao lado de Jack Nicholson e Demi Moore estrelou esse "Questão de Honra". Ele interpreta um advogado das forças armadas americanas que tenta provar um crime militar ocorrido dentro de uma base aonde um jovem soldado foi morto por seus colegas de farda. Para tanto ousa convocar para depor um coronel casca grossa (brilhantemente interpretado por Nicholson). Sua frase durante o depoimento: "You can't handle the truth!" ("Você não suportaria a verdade!") foi considerada uma das mais marcantes da história recente do cinema americano. Verdade seja dita: Cruise não é páreo para Nicholson em cena mas mesmo assim tem atuação bem acima da média. O fato positivo porém é que "Questão de Honra" fez sucesso e recebeu várias indicações para as principais premiações, inclusive Oscar e Globo de Ouro.

A Firma
Cruise se une ao escritor de best sellers John Grisham e ao consagrado cineasta Sydney Pollack para levar o livro de sucesso aos cinemas. Interpretando um jovem advogado que se vê envolto numa teia de mentiras e conspirações, Tom Cruise consegue mais um êxito comercial em sua carreira. Embora sucesso o filme tem seus problemas - é frio e distante demais, não conseguindo criar um bom vínculo com o público. Embora Cruise aspirasse a pelo menos uma indicação ao Oscar o filme passou batido, em brancas nuvens pela Academia, não sendo premiado em nada.

Entrevista Com o Vampiro
O primeiro filme de terror da carreira de Tom Cruise. Aqui ele interpreta Lestat, um dos personagens mais disputados em Hollywood na época. Baseado no famoso livro da escritora Anne Rice o filme era considerado êxito certo por causa da popularidade dos livros nos quais era baseado. A produção porém foi conturbada para o ator. Logo no começo ele teve que enfrentar a oposição da própria Anne Rice que o achava totalmente inadequado para o papel. Fato que ela revelou publicamente, colocando em dúvida a capacidade de Cruise em fazer seu famoso personagem vampiro com a sofisticação necessária. Além de ter que lidar com Rice, Cruise ainda encontrou problemas dentro do próprio set. Ele não se deu bem com seu parceiro em cena, Brad Pitt. Ambos começaram a disputar entre si para ver quem roubaria o filme de quem. No final, apesar dos pesares o filme se tornou um grande sucesso e Cruise, para surpresa de todos, recebeu diversos elogios por sua caracterização de Lestat de Lioncourt. Para coroar ainda mais o bom momento a própria Rice acabou dando o braço a torcer e se desculpou (também publicamente) por ter criticado Cruise antes mesmo de ver seu trabalho em cena.

Jerry Maguire
Depois do grande sucesso de Entrevista com o Vampiro, Cruise entrou de cabeça em um projeto diferente. Um drama com ares de romance ambientando no competitivo mundo dos esportes, seus promotores e empresários. Dirigido pelo jovem cineasta Cameron Crowe e co-estrelado pela bonita atriz texana Renée Zellweger o filme acabou surpreendendo pelos bons números de bilheteria e pela ótima receptividade perante a crítica. O roteiro é uma alegoria sobre os sonhos de cada um e o desejo de torná-los realidade. Após seu lançamento o filme foi ganhando cada vez mais prestígio e acabou chegando na noite do Oscar como um dos favoritos. Tom Cruise foi indicado ao Oscar de melhor ator mas quem levou a melhor mesmo foi o coadjuvante Cuba Gooding Jr que levantou o troféu! Cruise continuaria na fila.

Missão Impossível
Desiludido por ter estrelado tantos bons filmes e nunca ter sido considerado pelo Oscar, Tom Cruise resolveu em 1996 desenterrar uma antiga série televisiva de sucesso para voltar aos filmes de verão, aos filmes blockbuster, às produções pipoca. Missão Impossível não é relevante do ponto de vista artístico pois no fundo é apenas mais um filme de ação e aventura sem qualquer conteúdo. Excepcionalmente bem produzido caiu logo no gosto popular se tornando mais um grande sucesso na carreira do ator (450 milhões de dólares em caixa) Ao longo dos anos seguintes Cruise iria adquirir todos os direitos relativos à produção e inauguraria sua própria franquia de sucesso, dando origem a três outras continuações.

Magnólia
Um filme estranho com proposta independente. Cruise só entrou no projeto por causa de sua amizade pessoal com Paul Thomas Anderson, o diretor. O filme viu seu orçamento inflar após Cruise divulgar sua participação. Seu personagem é meramente secundário, embora a performance do ator seja realmente digna de elogios. Seu lado showman desponta com destaque. A bilheteria não foi boa mas mesmo assim Cruise conseguiu uma nova indicação ao Oscar, só que na categoria Melhor Ator Coadjuvante. Infelizmente novamente não conseguiu ser premiado.

De Olhos Bem Fechados
O último filme do mito Stanley Kubrick. Ao que tudo indica Cruise não deixaria passar a oportunidade de estrelar um filme dirigido pelo famoso cineasta, mesmo que o roteiro e o argumento não fossem grande coisa. Ao lado da esposa (na terceira e última atuação juntos no cinema) Cruise se despiu de vaidades, aceitando protagonizar ousadas cenas de sexo e sensualidade. Após uma conturbada filmagem o filme foi lançado com reações adversas. Muitos não gostaram do resultado final e consideram a pior obra da filmografia do gênio Kubrick. Uma coisa porém é certa, mesmo não sendo unanimidade o filme segue como um dos mais marcantes da filmografia de Tom Cruise.

Vanilla Sky
Refilmagem do filme espanhol Abra Los Ojos de Alejandro Amenabar. O roteiro intrigante mostrava um personagem que após um acidente de carro ficava com o rosto deformado. Cruise assim passa quase o tempo todo em cena com uma estranha máscara. O enredo diferente não agradou muito aos fãs do ator que mesmo prestigiando a produção nas bilheterias não conseguiram gostar do resultado final. Nos bastidores Cruise se envolveu com a atriz Penelope Cruz após romper com sua esposa Nicole Kidman. Embora o filme não tenha tido a recepção que se esperava contou com um bônus mais do que especial: uma canção original de Paul McCartney composta exclusivamente para a produção. A música inclusive chegou a concorrer ao Oscar.

Minority Report
A primeira parceria entre Cruise e o diretor Steven Spielberg. Baseado no conto do famoso escritor Phillip K. Dick (o mesmo de Blade Runner), Cruise aqui interpreta um policial em um mundo futurista aonde se consegue prever os crimes antes que eles sejam cometidos. O roteiro era intrigante mas o filme funcionou bem apenas em parte. Com uso excessivo de efeitos digitais de última geração (quem se lembra das aranhas digitais?) a produção não conseguiu agradar á crítica que a achou abaixo das expectativas que se esperava da reunião de Tom Cruise em um filme dirigido por Steven Spielberg. O filme teve uma produção extremamente cara (mais de 100 milhões de dólares) mas mesmo assim não conseguiu marcar a filmografia do ator como outros de seus filmes.

O Último Samurai
Mais uma produção com ares de épico da carreira de Cruise. Aqui ele vai até o Japão para aprender a arte milenar dos samurais (famosos guerreiros nipônicos). A produção é de primeira linha, com ótima fotografia e direção de arte. O ator há muito é considerado um dos mais populares no Japão e o filme de certa forma aproveitou disso para faturar em cima de sua popularidade. O resultado comercial foi mais do que bem sucedido com 450 milhões de dólares em bilheteria.

Colateral
Na época de seu lançamento o filme foi vendido como o primeiro em que o astro Tom Cruise interpretaria um vilão. Para ajudar na caracterização ele surge em cena com um estranho corte de cabelo grisalho. Na trama Tom Cruise interpreta o assassino de aluguel Vincent que inferniza a vida de um simples motorista de taxi (interpretado por Jamie Foxx) ao sair com ele pelas ruas de Los Angeles cumprindo alguns "serviços". O filme dirigido pelo veterano Michael Mann tem seus momentos mas falha em cumprir tudo o que promete. Cruise definitivamente não se encaixa muito bem no perfil de seu personagem sádico. O público porém prestigiou e embora sua bilheteria tenha sido menos da metade de "O Último Samurai" o filme acabou sendo considerado um sucesso. De quebra ainda deu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante a Jamie Foxx. Cruise novamente ficou a ver navios.

Guerra dos Mundos
Refilmagem do antigo clássico da ficção. Dirigido por Steven Spielberg o filme era a aposta de Cruise para voltar ao topo das maiores bilheterias. O fato é que remakes que ousam mexer com filmes consagrados do passado sempre correm o risco de se darem mal. A crítica torceu o nariz para a produção mas a união de Spielberg, Cruise e efeitos especiais de última geração se mostraram imbatíveis nas bilheterias. O filme se tornou um grande sucesso, chegando quase aos 600 milhões de dólares em faturamento. Mesmo com todo esse êxito comercial a produção ainda não consegue, mesmo nos dias de hoje, agradar aos especialistas no gênero que a consideram megalomaníaca e desprovida de alma.

Leões e Cordeiros
Após romper definitivamente com a Paramount por causa de atritos ocorridos durante Missão Impossível 3 Cruise se lançou como ator free lancer. Um de seus primeiros projetos nessa nova fase de sua carreira foi esse bom drama dirigido por Robert Redford. O filme segue o estilo mosaico, várias estórias paralelas são contadas para no final se revelar as conexões que as unem. No filme Tom Cruise interpreta um astuto político em Washington. Ao lado de Meryl Streep e Robert Redford o ator fica um pouco ofuscado mas consegue disponibilizar uma boa atuação. O filme foi lançado discretamente e foi mais comentado apenas entre um público bem mais seleto, intelectualizado.

Operação Valquíria
Após vários anos de carreira Cruise estreia no gênero de filmes de guerra. Aqui ele interpreta um oficial alemão que faz parte de um grande complô durante a II Guerra Mundial para eliminar o ditador Adolf Hitler. Baseado em história real os eventos já tinham sido contados antes em outros filmes. Cruise se sai muito bem no papel do Coronel Claus von Stauffenberg, um herói de guerra que ousou se envolver em um plano dessa envergadura durante um dos períodos mais conturbados da história da nossa civilização. Embora a produção seja modesta (para os padrões Hollywoodianos) o filme conseguiu uma boa carreira rendendo em torno de 200 milhões, demonstrando que o ator ainda era viável mesmo sem um grande estúdio cinematográfico por trás.

Trovão Tropical
Um filme completamente fora do comum dentro da filmografia de Cruise. Nessa comédia que satiriza os filmes de guerra tradicionais ele interpreta um produtor de cinema careca, gordo e barrigudo! Para surpresa geral Cruise mostra um excelente timing de humor em cena, se despindo completamente de sua vaidade pessoal. O personagem é a antítese de sua imagem no cinema criada em todos esses anos. Para um papel totalmente sem pretensão Cruise acabou sendo indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante, uma surpresa e tanto! No saldo final o filme fez boa bilheteria e sua participação foi considerada mais do que positiva em sua carreira.

Encontro Explosivo
Tentativa mal sucedida de unir filmes de espionagem, comédia e ação estrelada por Tom Cruise ao lado novamente de Cameron Diaz (eles já tinha contracenados juntos em Vanillla Sky). O roteiro foi concebido para agradar ao público adolescente que frequenta os cinemas 3D atualmente. O resultado é não menos do que indigesto. Cruise em um papel indigno de sua longa carreira tenta mostrar algum serviço no meio de tiros e piadinhas. O filme rendeu apenas o dobro de seu custo nas bilheterias e isso é considerado um resultado muito morno em Hollywood. O resultado fraco deve afastar Cruise de produções como essa no futuro, para alívio de seus fãs.

Missão Impossível: Protocolo Fantasma
Não é de hoje que acompanho a carreira do ator Tom Cruise, pelo contrário. Desde 1985 quando assisti seu primeiro grande sucesso nos cinemas, "Top Gun - Ases Indomáveis" venho assistindo sempre seus filmes. Cruise é um dos astros de Hollywood que posso afirmar ter visto a filmografia completa, do primeiro ao último filme que ele fez. Apesar disso não me considero fã ou algo assim. Na verdade ele chegou ao estrelado com blockbusters até banais (como "Top Gun", "Dias de Trovão", "Cocktail" etc) mas logo depois começou a surpreender participando de filmes realmente muito bons ("A Cor do Dinheiro", "Rain Man" e principalmente "Nascido em 4 de Julho"). Parecia que fugia do rótulo de galã de filmes vazios. O que seria uma guinada na carreira porém parou repentinamente com essa franquia "Missão Impossível". O sucesso desses filmes levou Cruise de volta para os arrasa quarteirões sem conteúdo. Uma pena. Eu pessoalmente sempre achei esses filmes muito fracos, até porque a própria série televisiva que lhe deu origem nada mais era do que uma cópia das aventuras de James Bond no cinema. Se até os filmes de Bond não são muito adultos imaginem a cópia deles. Claro que quando "Missão Impossível" foi para o cinema deram uma recauchutada completa em sua concepção mas mesmo assim continuou a ser muito tolo e infantil. Há ótima produção, cenas muito bem realizadas, parafernálias tecnológicas de todos os tipos e toda a pirotecnia que você queira. O problema é que também pára por aí. Os filmes MI não possuem tramas mais bem elaboradas que fujam do chiclete, é tudo muito oco, vazio. Esse "Missão Impossível 4" segue a mesma trilha dos anteriores. Novamente há cenas de impacto como Cruise "escalando" um enorme edifício em Dubai ou então sua perseguição no meio de uma tempestade de areia. Tudo muito bem produzido e realizado não há como negar. As bugigangas da tecnologia de última geração também estão lá. Seu personagem também tem que salvar o mundo no último segundo... enfim, nada de novo no front. Esse enredo de espião tentando salvar o planeta de uma guerra nuclear causada por um megalomaníaco é a base de praticamente todos os filmes de James Bond da década de 1960. Se já não era original há 50 anos imagine agora! Qual afinal é a novidade disso? Nenhuma. Curiosamente o público não parece se importar pelo fato do filme ser no fundo mais do mesmo e lotou as salas. De fato MI4 foi o sucesso que Cruise tanto aguardava. Desde que foi despedido da Paramount ele não conseguia um grande sucesso de bilheteria então o êxito do filme veio como tábua de salvação. Bom pra ele já que a idade finalmente está chegando e o antigo galã de sorriso largo está demonstrando sinais na tela de que o tempo realmente chegou para ele. Em conclusão MI4 é isso, uma variação dos filmes de James Bond e praticamente uma cópia dos filmes anteriores da franquia. Se você gosta desse tipo de filme, bon appetit!

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de abril de 2012

Filmografia Comentada: Richard Burton

Ele não foi apenas o marido de Elizabeth Taylor. Richard Burton também foi um dos atores mais populares do cinema americano durante as décadas de 1950 e 1960. Conseguiu superar a fase de galã e de herói de aventuras para se tornar um ator respeitado que ousou levar vários textos de autores importantes para o cinema, como Tennessee Williams. Foi sete vezes indicado ao Oscar de melhor ator mas por uma dessas ironias do destino não venceu nenhuma. Bom de copo e brigão Richard Burton se vangloriava de seus antepassados galeses que costumavam beber um litro de whisky religiosamente todos os dias. Ao que tudo indica Burton estava disposto a levar a tradição familiar em frente pois continuou beberrão e fumante até o fim de seus dias. Gostava de tomar um litro de vodka todas as manhãs para ajudar no despertar matinal. Tanto abuso cobrou seu preço depois. Acabou morrendo vítima de cirrose hepática aos 58 anos em 1984. Deixou uma fortuna mesmo tendo gasto quase todo o seu dinheiro com joias caras durante seu conturbado relacionamento com Liz Taylor ao qual chegou a se casar não apenas uma mas duas vezes! Burton definitivamente não era um homem de moderação como bem demonstra sua vida intensa. Segue abaixo alguns de seus grandes filmes (posteriormente novos comentários serão adicionados à lista conforme outros filmes do ator venham a ganhar novas resenhas em nosso blog).

Alexandre, O Grande
Roteiro e Argumento: A história de Alexandre é bem conhecida. O filme segue didaticamente sua biografia e mostra todos os grandes momentos de suas incríveis conquistas. Os primeiros 60 minutos focam completamente na complicada relação entre Alexandre e seu pai, o Rei Filipe. Existem cenas que são idênticas às que são mostradas no filme de Oliver Stone. De forma geral gostei da forma como o roteiro tratou essa história, tudo bem dividido e mostrado. / Produção: Não é tão rica como a de outras produções do mesmo período porém é luxuosa e bonita. O filme foi filmado em locações na Espanha, aproveitando inclusive antigas ruínas romanas. Isso deu um visual muito mais real às tomadas de cena, bem diferente dos épicos que eram filmados dentro dos estúdios em Hollywood e que muitas vezes soavam bem falsos. As cenas de batalha são boas e bem coreografadas, principalmente as finais, quando Alexandre enfrenta Dario no campo de batalha. / Direção: Robert Rossen era muito mais roteirista do que diretor. De fato ele só dirigiu dez filmes em sua carreira. A falta de experiência muitas vezes aparece no filme com quebras de ritmo e cenas avulsas que tão rápidas como surgem somem. Um diretor mais experiente faria um produto mais coeso e com maior agilidade. / Elenco: Só há uma estrela no filme, Richard Burton. De cabelos pintados de loiro sua caracterização quase caiu na caricatura mas felizmente Burton deu a volta por cima. Ele está empenhado e interpreta Alexandre com convicção. De certa forma seu papel antecipou o que faria depois em Cleópatra.

O Desafio das Águias
General americano é feito prisioneiro por tropas alemãs. O alto oficial tem conhecimento dos planos aliados para o desembarque do dia D. Temendo que sob tortura ele revele esses planos uma equipe de elite do exército inglês é enviada com a missão de resgatá-lo de uma fortaleza quase inexpugnável onde ele é mantido sob rígida vigilância. Juntar o veterano Richard Burton ao jovem Clint Eastwood em um filme que une II Guerra Mundial e contra espionagem parece, a priori, uma ótima idéia. Foi justamente isso que o diretor Brian G. Hutton fez no finalzinho dos anos 60 com esse "O Desafio das Águias". O filme é ágil (apesar da duração) e mantém um bom nível nas diversas cenas de ação. Embora haja uma interessante subtrama de espionagem envolvida no roteiro o que dá o tom aqui realmente são as cenas de batalha, sabotagem e alpinismo. O filme em nenhum momento nega seu objetivo de ser um entretenimento de bom nível apenas. Em uma época em que os efeitos visuais eram primitivos, as cenas no teleférico da base alemã nos alpes impressiona. Embora o uso de back projection seja claro se percebe também que os dublês realmente ficaram pendurados por lá em diversos momentos, o que demonstra como eram bons em suas funções. Curioso entender que "O Desafio das Águias" faz parte da última geração de filmes de guerra aonde não se discutia ou se colocava em debate os problemas que conflitos como esse causavam. De certa forma os filmes de guerra mudariam radicalmente com o lançamento de "Apocalypse Now" alguns anos depois. Ao invés de simples filmes de ação as produções desse gênero iriam ser bem mais psicológicas, nada ufanistas ou patrióticas. Tudo iria desandar no chamado círculo do Vietnã com filmes que iriam invadir as telas na década de 80. Nesse aspecto não procurem nada parecido aqui em " Where Eagles Dare" pois o filme é pura diversão escapista apenas. Se o roteiro não inova o elenco pelo menos é de primeira linha. Richard Burton, já envelhecido e com olhos de ressaca (seu alcoolismo só aumentou ao longo dos anos) consegue dar conta do recado, apesar de estar visivelmente fora de forma. Já Clint Eastwood mostra porque iria se tornar um dos grandes astros de Hollywood. Jovial, com vasta cabeleira e pinta de durão o futuro Dirty Harry não economiza nas balas e nas porradas, ambas distribuídas fartamente ao longo do filme. Enfim, "Desafio das Águias" é indicado para apreciadores de filmes de guerra bem movimentados, com fartas doses de ação e que não se importem com um ou outro furo do roteiro. Faz parte de uma linha de produção que estava chegando ao fim. Filmes de guerra com muita ação e só. Se isso faz seu gosto pessoal procure assistir, não vai se arrepender.

Quem Tem Medo de Virginia Woolf?
Casal de meia idade decide receber um casal amigo em sua casa. A esposa interpretada por Elizabeth Taylor (em ótima caracterização) logo se excede na bebida. Em pouco tempo começa a ofender e destruir a imagem e auto estima de seu marido (Richard Burton, soberbo) o qualificando como um miserável, um derrotado e fracassado na vida. Logo a briga matrimonial foge totalmente do controle. O que posso dizer? Belo filme. Aqui o que importa mesmo é atuação do grande casal Elizabeth Taylor e Richard Burton. Basicamente tudo se passa em apenas uma noite, sendo explorada apenas uma situação. O problema básico é que os personagens em cena estão completamente embriagados e como sabemos quando a bebida sobe à cabeça as amarras sociais descem ladeira abaixo. Assim o que parecia ser apenas um tedioso encontro social vira uma verdadeira carnificina psicológica entre os presentes. Tudo é passado a limpo, desde segredos reveladoras a frustrações pessoais e profissionais. O argumento forte capta o momento de falência de um casamento quando a esposa transforma o marido em mero saco de pancadas, jogando todas as suas raivas reprimidas em cima dele de uma só vez.Do elenco o destaque absoluto é mesmo Elizabeth Taylor como Martha. Muita gente não dá o devido valor a Liz Taylor e geralmente usa seu estigma de estrela de Hollywood para rebaixar seu talento. Sempre fui contra essa visão preconceituosa em relação a ela, pois a considero uma das melhores atrizes da história do cinema americano (sendo estrela ou não). Aqui nesse filme provavelmente ela entrega sua melhor interpretação ao lado do maridão Burton (que vira quase uma escada para ela mas é salvo por outra brilhante atuação). Liz é intensa, visceral e não mede consequências. Engordou e se enfeou propositalmente para tornar sua personagem (uma dona de casa frustrada) mais verossímil. Richard Burton também se despiu de sua vaidade natural e imagem de galã viril para encarnar um pobre diabo que não consegue mais lidar com o inferno que sua vida se tornou. O mais curioso é que o casal real também se envolvia em bebedeiras homéricas e brigas públicas, o que provavelmente facilitou e muito em cena. Mas isso não tira seus méritos. Virginia Woolf é isso, excessivo, pesado, com cara de teatro filmado, mas que no final das contas se revela um filme simplesmente brilhante. Para quem gosta de grandes atuações é um prato cheio! Sirva-se à vontade.

O Homem Que Veio de Longe
Ótima produção do casal Taylor / Burton que para minha surpresa segue pouco conhecida. O roteiro é de Tennessee Williams baseado em sua própria peça "The Milk Train Doesn't Stop Here Anymore", o que por si só já é garantia de ótimos diálogos e cenas extremamente bem escritas. Obviamente o filme em nenhum momento nega sua origem teatral mas isso é compensado pelo uso de uma locação simplesmente maravilhosa: uma mansão em cima de um penhasco rochoso numa paradisíaca ilha no litoral italiano (localizada em Capo Caccia na Sardenha). É nesse cenário deslumbrante que Liz Taylor e Richard Burton duelam em cena, o que me lembrou muito em sua estrutura outro filme famoso do casal, "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?". Ela inclusive aqui está muito mais diva do que no famoso filme que a consagrou. A produção foi um projeto pessoal de Liz Taylor. Ela inclusive escalou o desconhecido diretor Joseph Losey para comandar as filmagens que pelas locações distantes tiveram um maior grau de dificuldade em relação aos filmes rodados em estúdio. Liz vinha de um filme complicado, "The Comedians", ao lado de Burton que não havia sido muito bem recebido nem pela crítica e nem pelo público. Produção muito cara (só Burton recebeu um milhão de dólares de cachê pelo filme) não trouxe bom retorno de bilheteria quando lançado. Para recuperar o fôlega Elizabeth então resolveu voltar para os textos de Tennessee Williams e exigiu que o mesmo fosse o próprio roteirista do filme. Era uma tentativa de voltar aos anos de glória de sua carreira. O personagem de Elizabeth Taylor é uma viúva milionária (foi casada com seis magnatas) que há muito passou seu apogeu. Vivendo solitária em sua mansão ela é servida dia e noite por um grupo de lacaios prontos a atender qualquer que seja seu desejo. Isso porém não a impede de ser desbocada, despudorada e abusiva com todos à sua volta. Ditando sua biografia para uma secretária servil ela se surpreende quando um dia chega um desconhecido em sua casa (Burton) que aos poucos vai colocando em xeque o modo de agir da milionária. Há um curioso subtexto no roteiro sobre a real identidade do desconhecido, inclusive a de que ele na realidade seria um anjo da morte, tal como vimos em outra produção mais recente, "Meet Joe Black" com Anthony Hopkins e Brad Pitt. Mas será mesmo? Enfim, altamente recomendado para quem quiser conhecer mais a filmografia do mito Elizabeth Taylor.

Ana dos Mil Dias
Uma boa dica para quem gosta de temas históricos e da série de sucesso The Tudors é assistir esse filme estrelado por Richard Burton. O tema todos conhecemos: as várias histórias de alcova envolvendo o rei absolutista inglês Henrique VIII. Nesse caso o filme é centrado especificamente sobre o romance do Rei com sua segunda esposa, Ana Bolena. Um caso de amor que envolveu até mesmo questões de Estado que até hoje repercutem na história mundial (O Rei rompeu com a Igreja Católica e fundou a sua própria Igreja, chamada Anglicana, por causa da recusa do papa na época em anular seu primeiro casamento). O filme tem produção requintada, ótimas atuações e um bom roteiro, que procura na medida do possível ser bastante fiel aos fatos históricos. Richard Burton está particularmente bem no papel, fazendo com primor essa figura tão controvertida que era Henrique. A atriz que faz Ana Bolena, Geneviève Bujold, também está bem correta em sua caracterização. Talvez o único senão do filme seja a pouca exploração de um dos personagens centrais da história de Henrique VIII, o chanceler Sir Thomas Moore, o principal opositor ao rompimento de Henrique com a Igreja Romana. Em detrimento de sua participação o filme enfoca mais a presença do Cardel Wolsey e do maquiavelico Cromwel, o segundo chanceler do Rei. De certa forma é até compreensível que isso tenha acontecido, já que são tantos os personagens a se enfocar que seria praticamente impossível não haver omissões em um longa metragem como esse. Apenas seriados conseguem mostrar todos os detalhes de uma biografia tão rica em intrigas, traições e vilanias como a de Henrique. Fato esse demonstrado por The Tudors. O Filme merece ser conhecido com absoluta certeza. Além da riqueza de produção a película tem um desenvolvimento bem mais leve e acessível do que "O Homem que não vendeu sua Alma" (esse sim centrado e muito na história de Thomas Moore, mártir da fé católica que acabou sendo canonizado pela Igreja de Roma). O resultado se vê na tela, Burton foi indicado ao Globo de Ouro pela produção e até arranjou uma participação não creditada de sua esposa Elizabeth Taylor no filme, o que é um divertimento a mais, já que tentar encontrá-la no meio de tantos figurantes e atores coadjuvantes não é uma tarefa das mais simples. Enfim, gosta de filmes de época? Quer saber mais sobre o absolutismo que imperou na Europa ou simplesmente quer conhecer mais sobre a biografia desse polêmico Rei? Então assista Ana dos Mil Dias e alie bom divertimento a enriquecimento cultural.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Filmografia Comentada: Henry Fonda

Ícone do cinema clássico de Hollywood, Henry Fonda brilhou nos mais diversos gêneros cinematográficos. Dramas, aventuras, westerns, comédias, não importa. O que fica desse grande ator além de sua extrema versatilidade é sua filmografia incomparável com alguns dos melhores filmes já feitos pela indústria americana. Segue abaixo alguns dos grandes momentos do astro em cena.

O Homem dos Olhos Frios
Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido morto. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte. Lida assim a sinopse pode-se pensar que o filme é mais um faroeste de rotina entre tantos que foram produzidos durante os anos 50. Mero engano. "The Tin Star" (que recebeu um título nada adequado no Brasil de "O Homem dos Olhos Frios") é um excelente estudo psicológico daqueles homens que tinham a audácia e a coragem de impor a lei em lugares distantes e violentos do oeste americano no século 18. Eram mal remunerados, geralmente encontravam a morte cedo e mesmo assim procuravam exercer sua função da melhor forma possível. Aqui temos um jovem sem a malícia e a experiência necessárias para fazer valer a lei em uma cidade lotada de mal feitores. Curiosamente acaba encontrando seu mentor em um velho caçador de recompensas (Henry Fonda, ótimo) que só está ali atrás de seu dinheiro e nada mais. Os acontecimentos porém o farão mudar de ideia. Na realidade ele próprio era um xerife que largou a estrela de lata após perceber que ganharia muito mais caçando bandidos perigosos pelo deserto. Assim temos de um lado um jovem ainda idealista que tem que se confrontar com um experiente e calejado ex homem da lei que sabe exatamente o que ostentar aquela estrela significava no velho oeste. O "duelo" de personalidades deles é a base de todo o argumento do filme. O elenco é excelente. Henry Fonda não precisava de muita coisa para se impor em qualquer filme que trabalhasse. Ícone do western o ator se saí extremamente bem no papel do ex-xerife e atual caçador de recompensas Morg Hickman. Agora verdade seja dita: embora Fonda brilhe mais uma vez o destaque vai mesmo para Anthony Perkins. Ele mesmo, o ator que ficaria marcado para sempre como o psicopata Norman Bates de "Psicose" aqui interpreta um papel totalmente diferente, demonstrando que era realmente um bom ator e não apenas um intérprete de um personagem só (como muitos pensam). O xerife que interpreta é um sujeito sem moral, meio abobalhado, receoso e inseguro que tem que lidar com uma situação limite ao qual não tem o menor controle. "The Tin Star" ("A Estrela de Lata" no original) é isso, uma crônica muito bem estruturada sobre o modo de pensar e agir dos homens da lei em uma terra que passou para a história justamente por não ter lei, a não ser a lei do mais forte. Excelente western, procurem assistir.

Tempestade Sobre Washington
Depois de conferir "Tudo Pelo Poder" procurei por um filme de temática semelhante, mas da era clássica de Hollywood. Acabei me deparando com esse "Tempestade Sobre Washington". Excelente drama que mostra todo o jogo sujo que acontece na capital dos Estados Unidos. Cartas marcadas, pressões, extorsões, compras de consciências, chantagem, tudo o que rola por debaixo do tapete para que o presidente americano possa nomear para Secretário do Estado um nome que escolheu (personagem interpretado pelo grande Henry Fonda). Acontece que no meio da sabatina promovida pelo senado descobre-se que o preferido do presidente tem um passado obscuro, que o liga inclusive a um movimento radical de esquerda! Imaginem o rebuliço dentro do senado quando se descobre que um comunista de carteirinha está prestes a ser nomeado para um dos mais altos cargos do executivo americano! O elenco é todo bom. Charles Laughton como o Senador Seabright Cooley deita e rola em cena. Que grande ator! Merecidamente foi premiado com o prêmio de melhor ator da Academia Britânica. Já Henry Fonda no papel de Robert A. Leffingwell é outro destaque. Um personagem muito dúbio, que ora surge como íntegro, honesto para logo depois se revelar mais sinistro do que se esperava. Pena que como o filme gravita em torno de sua nomeação ou não ele acaba aparecendo pouco em cena. Por fim nada mais justo do que a Palma de Ouro em Cannes para premiar o grande Otto Preminger, cineasta sério, inteligente, competente, avesso a sentimentalismos e sensacionalismos baratos. Aqui temos uma grande obra, um filme tecnicamente impecável que mostra as vísceras da democracia americana. Se você gosta desse tipo de filme não perca de jeito nenhum.

The Cheyenne Social Club
The Cheyenne Social Club é um western diferente, mais leve e com muito bom humor. Só o fato de reunir esses dois mitos, James Stewart e Henry Fonda, já o tornaria obrigatório a qualquer fã de cinema mas ainda tem mais, outro grande nome na direção: Gene Kelly! Muitos podem torcer o nariz para o fato do filme ter sido dirigido por um ator e dançarino especialista em musicais mas podem ficar tranquilos, o resultado é muito satisfatório. Obviamente que a ação fica em segundo plano, revelando-se o roteiro uma fina comédia de humor de costumes, mas isso não é um empecilho. O filme foi lançado em 1970, quando o gênero faroeste já estava saindo de moda, mas vamos convir que tudo aqui se encaixa perfeitamente, até mesmo na idade mais avançada dos atores, que interpretam cowboys velhos de guerra que são surpreendidos por uma "herança" no mínimo inusitada. Imagine herdar um bordel numa cidade do velho oeste! É justamente em cima dessa situação curiosa e cômica que o roteiro se desenvolve. James Stewart novamente faz o papel de um personagem com grande virtude e valores morais. Embora inicialmente isso não fique muito claro logo o roteiro toma rumos para reafirmar essa característica que de uma forma ou outra sempre marcou todos os seus personagens de sua carreira. Já Henry Fonda está ótimo. Fazendo um cowboy casca grossa o ator está mais carismático do que nunca. Realmente adorei sua caracterização ao estilo interiorano esperto. Na trama ele funciona como escada para o amigo James Stewart mas isso em nenhum momento é um problema pois ambos sempre trabalharam excepcionalmente bem juntos. A dupla está perfeita em todas as cenas, demonstrando mesmo como eram bons atores, na verdade eram grandes amigos na vida real e isso passa para a tela. Enfim é isso, embora não seja tão conhecido "The Cheyenne Social Club" é no final das contas uma excelente diversão, com tudo o que o estilo western pede: bom humor, cenas de duelo, tiroteios e grandes atores em cena. Quem precisa de mais do que isso?

Sangue de Heróis
Baseado no livro de James Warner Bellah, "Fort Apache - Sangue de Heróis" é um ótimo faroeste. Produzido e dirigido por John Ford, ele é o primeiro de uma trilogia realizada pelo cineasta sobre a cavalaria do exército americano, pós-guerra civil. Os dois outros, igualmente ótimos, são "Legião Invencível", de 1949, e "Rio Grande", de 1950. O filme gira em torno de um arrogante coronel da cavalaria americana, disposto a tudo para ter o reconhecimento do governo dos EUA por seus relevantes serviços prestados à nação. Para tanto, despreza os conselhos de seus auxiliares mais próximos, conhecedores dos problemas vividos pelos apaches, no longínquo território do Arizona e se envolve numa guerra desnecessária e suicida contra os indígenas, que só queriam ser tratados com um pouco de respeito e justiça. E o que chama a atenção é que, após sua morte, ele consegue ser oficialmente reconhecido como herói, muito embora tenha injustificadamente sacrificado a vida de centenas de homens sob seu comando. Além do belo trabalho realizado por Ford, o filme conta com um roteiro muito bem estruturado e com a magnífica fotografia de Archie Stout. Henry Fonda está soberbo no papel do coronel Thursday, seguido de John Wayne, como o oficial que se rebela contra suas ordens. Adicionalmente "Fort Apache - Sangue de Heróis" conta ainda com um elenco coadjuvante de primeira linha, com nomes como Ward Bond, Victor McLaglen, George O'Brien e Pedro Armendáriz, entre outros. Shirley Temple, a garota prodígio da década de 30, faz um bom trabalho como adulta, na época com 20 anos de idade. O roteiro (e obviamente o livro que lhe deu origem) são em essência uma romantização em cima da história real do General Custer. Após ser morto pelas tribos comandadas por Cavalo Louco e Touro Sentado, Custer virou um herói nacional nos EUA. Na realidade ele era um carreirista que não media esforços para subir na carreira, não importando as consequências de seus atos. O Coronel Thursday do filme nada mais é do que uma alegoria da personalidade verdadeira do Custer histórico. Por tudo isso e muito mais o filme hoje é simplesmente essencial para os fãs do grande cinema da era de ouro de Hollywood. Sem dúvida uma obra magnífica.

O Homem que Odiava as Mulheres
O interessante nesse "O Homem que Odiava as Mulheres" é que ele foi feito ainda no calor dos acontecimentos, o serial killer tinha acabado de ser preso e ainda nem havia ido a julgamento. Havia todo um debate se ele era ou não mentalmente capaz de ir para o tribunal do juri por seus crimes. Curioso é que assisti também um filme feito recentemente sobre o mesmo caso. Hoje, por exemplo, há sérias dúvidas se o homem que foi preso pela policia era o verdadeiro assassino. Muito se especula e grande parte dos especialistas entendem que Albert de Salvo foi apenas um bode expiatório arranjado pelo departamento de policia para aliviar a pressão popular sobre ela. No filme isso não aparece. Ele é mostrado como o serial killer, indiscutivelmente. Na verdade o verdadeiro assassino se beneficiou diretamente desse filme pois ganhou muito com os lucros do uso de sua história. Isso indignou tanto os familiares que foi aprovada uma lei depois proibindo esse tipo de comercialização sobre crimes violentos. Deixando esses detalhes de lado é bom deixar claro que apesar de ser estrelado por Tony Curtis o filme é todo de Henry Fonda, trazendo uma dignidade enorme ao seu papel (ele faz o chefe da operação de caça ao criminoso). Grande ator prova todo seu grande talento. Nas cenas de interrogatório fica claro a diferença de grandeza entre ele e Tony Curtis, que apesar do esforço não consegue ficar à altura do papel. Nas cenas em que aparece perturbado mentalmente sua falta de preparo aparece nitidamente. Sinceramente não deu para o Curtis. Nas mãos de um grande ator roubaria o filme de Fonda, como isso não acontece só resta ao veterano ator dominar completamente a cena.

O Último Tiro
No mesmo ano em que Henry Fonda estrelou o clássico “Era uma Vez no Oeste” ele realizou ao lado do amigo James Stewart esse “Firecreek” um de seus melhores westerns. Infelizmente não é de seus trabalhos mais conhecidos hoje em dia, o que é uma injustiça. Muito subestimada a fita tem um excelente roteiro, um argumento excepcional e é muito bem produzida. Na estória acompanhamos a chegada do bando de Bob Larkin (Henry Fonda) na pequenina cidadela de Firecreek. Essa é uma comunidade extremamente pacífica cuja população é formada basicamente por humildes comerciantes e pequenos proprietários rurais, entre eles Johnny Cobb (James Stewart) cuja esposa está em trabalho de parto em seu rancho. Ao visitar a cidade para comprar mantimentos acaba encontrando Larkin e seus facínoras no local. O problema maior para Cobb é que apesar de não ter treinamento e nem experiência responde pela segurança da cidade, servindo no posto de Xerife interino enquanto não é nomeado um oficial da lei pelo Estado. Obviamente Larkin e sua quadrilha não deixarão os moradores em paz após descobrir que o homem responsável pela lei no lugar não é páreo para eles, pistoleiros profissionais. Assim são colocados em lados extremos o pistoleiro rápido no gatilho, com várias mortes nas costas e um simples e pacato cidadão que apenas quer que a lei e a ordem continue reinando em Firecreek. É a antiga metáfora do cordeiro contra o lobo, que se sacrificará se for necessário para proteger os que lhe são queridos e caros. Assistir Fonda e Stewart no mesmo filme já é um prazer, agora imaginem ver esses dois grandes astros duelando pelo que é certo e justo numa cidade perdida do velho oeste americano! Não existe melhor representatividade da mitologia do velho oeste do que essa. Henry Fonda era um ator extremamente expressivo que conseguia transmitir tudo apenas com um olhar. Seu Bob Larkin é um envelhecido pistoleiro tentando manter a autoridade entre seu grupo de bandidos. Já James Stewart explora muito bem sua imagem de homem trabalhador, ético, honesto, devotado à sua família e íntegro (algo que aliás era parte de sua personalidade real e não apenas um jogo de imagem ou marketing pois ele era exatamente assim). Esse é o melhor filme do diretor Vincent McEveety um veterano da TV que dirigiu entre outros os grandes ícones televisivos Jornada nas Estrelas, Os Intocáveis e Columbo. Sua direção aqui é segura e centrada, tudo resultando em um faroeste realmente excepcional, bem acima da média. Em conclusão podemos classificar “Firecreek” como um belo momento, resultado de mais uma feliz união profissional entre Stewart e Fonda em um faroeste puro sangue que agradará em cheio os fãs e puristas do gênero.

Consciências Mortas
Baseado no livro de Walter Van Tilburg Clark, o diretor William Welman construiu uma pequena obra-prima. Um libelo poucas vêzes visto num filme de faroeste. Tudo nessa obra é fatalista e minimalista - desde a pequena duração da fita até o cenário da minúscula cidade e do Vale de Ox- Bow, que de tão pequeno beira o sufocante. A história se passa em 1885 quando dois forasteiros, Gil Carter (Henry Fonda) e Art Croft (Harry Morgan) chegam à pequena cidade de Bridger's Wells. Cansados, os dois vão para o saloon mais próximo, a fim de beber e jogar conversa fora. Porém eles sentem o ambiente carregado de desconfiança devido aos constantes roubos de gado na região. Logo depois chega a terrível notícia sobre um fazendeiro de nome Kinkaid que tinha sido roubado e assassinado. Bastou esta notícia estourar para que vários homens da cidade - incluindo Carter e Croft - se unissem numa verdadeira caçada humana liderados pelo ex-major Tetley (Frank Conroy). Depois de muita procura o grupo encontra uma carruagem onde os guardas informam que três homens estão no Vale de Ox-Bow com algumas vacas que pertenciam ao vaqueiro assassinado. Impossível não lembrar do extraordinário clássico e com o mesmo Henry Fonda, "12 Homens e Uma Sentença" produzido 14 anos depois. O enredo impecável revela a mão pesada que faz mover a roda da estupidez humana. É o ódio cego que transforma homens em bestas; inocentes em mortalhas, fazendo brotar em cada um daqueles vaqueiros os piores sentimentos possíveis. É o grito surdo da covardia, da injustiça e da terrível justiça com as próprias mãos. O filme é tão bom, que pouco a pouco o pequeno Vale de Ox-Bow vai se moldando à imagem e semelhança daquela trupe insana que busca vingança a qualquer preço; é a sombra negra do golgota que pulveriza a justiça, negando, aos três infelizes, um julgamento decente e humano - apesar dos constantes apelos do forasteiro Gil Carter. A horda insana transforma Ox-Bow numa distopia monumental regada a muita ira e muita injustiça. A categoria do triunvirato formado por Henry Fonda, Dana Andrews e Anthony Quinn, dá um toque especial a um roteiro espetacular, capitaneado por uma direção primorosa de Welman. O final é arrebatador, surpreendente e emocionante. Realmente, um dos faroestes mais marcantes já produzidos. Nota 10

Minha Vontade é Lei
Warlock é uma cidadezinha do velho oeste que é constantemente atormentada por um bando de mal feitores que cometem crimes à luz do dia, na frente de todos, aterrorizando a pacata população local. Após assassinar o último xerife da cidade um conselho de cidadãos resolve contratar dois famosos pistoleiros para proteger e impor ordem na localidade. Clay Blaisedell (Henry Fonda) e Tom Morgan (Anthony Quinn) são então chamados a Warlock para impor através de seus colts a ordem e a lei para todos. "Minha Vontade é Lei" é um western muito bem escrito, com excelente trama que consegue unir um dos melhores elencos que já vi reunidos: Além de Henry Fonda (sempre ótimo) e Anthony Quinn (interpretando um velho pistoleiro com os dias contados) o filme ainda traz o eficiente e subestimado Richard Widmark como um auxiliar do xerife que tenta de alguma forma estabelecer uma ordem na caótica Warlock. Para os fãs de "Star Trek" uma curiosidade: a presença de DeForest Kelley como um membro do bando de bandidos que aterrorizam a cidade. Assim que surge em cena lembramos automaticamente de seu maior personagem, o médico da nave espacial Enterprise. "Minha Vontade é Lei" foi dirigido pelo veterano Edward Dmytryk (1908–1999) . Ele não era um diretor especializado em westerns, tendo dirigido mais dramas o que talvez explique algumas características desse filme. O roteiro não tem pressa em apresentar os personagens e nem em desenvolvê-los de forma bem gradual, aos poucos. Todos possuem personalidades complexas, que podem transitar tranquilamente entre a lei e a desordem. Os pistoleiros interpretados por Fonda e Quinn são exemplos disso. Não são mocinhos absolutos, pelo contrário, podem facilmente mudar de lado caso isso seja de seu interesse. A direção de Dmytryk é adequada mas não tão ágil como alguns fãs de western preferem (principalmente os adeptos de bangue-bangue mais viris) mesmo assim não faltam os momentos vitais no desenrolar do filme, como os confrontos, brigas e por fim o duelo final. De fato é uma produção acima da média, um faroeste um pouco mais dramático do que habitual mas não menos interessante e bom. Recomendo com absoluta certeza.

A Caçada
Ben Chamberlain (Henry Fonda) chega numa pequena cidade localizada no final da estrada de ferro, bem no meio de um deserto inóspito. Ele vai ao vilarejo atrás de notícias do paradeiro de Alma Britten (Madylen Rhue). O problema é que os moradores locais se recusam a dar maiores informações sobre a garota. Depois de muito procurar finalmente Ben a localiza em uma cabana nos arredores da cidadela mas para seu infortúnio a encontra morta por espancamento. Para piorar ainda mais o que já era ruim logo é acusado pelo Xerife Vince McKay (Michael Parks) de ter assassinado a jovem. Sem saída foge para o deserto e é caçado pelos homens da lei. "A Caçada" é uma experiência que Henry Fonda fez em 1967. Ator consagrado de cinema aceitou realizar esse telefilme para a Universal. O curioso é que apesar de ser um produto televisivo "Stranger On The Run" não apresenta uma produção modesta, pelo contrário, o filme mostra uma boa reconstituição de época, inclusive com o uso de toda uma cidade cenográfica com direito a trilhos de ferrovia e trens antigos. Certamente não é um telefilme típico da TV americana dos anos 60. É bem melhor. Henry Fonda surge em um papel diferente dos que estava acostumado a interpretar em westerns. Aqui ele não é um ás do gatilho e nem muito menos um pistoleiro profissional. Na realidade seu personagem Ben Chamberlain é apenas um cidadão comum acusado de um crime que não cometeu. Fonda como sempre está muito bem, numa interpretação muito coesa e adequada. Sua partner em cena, Anne Baxter, também demonstra talento e carisma. O problema em termos de elenco surge na figura do ator Michael Parks que faz o xerife que caça Fonda. Sem muita expressão não consegue ficar à altura de Henry em nenhum momento. No elenco de apoio ainda temos Sal Mineo fazendo um membro do bando do Xerife. "A Caçada" foi dirigido por Don Siegel, diretor de TV que depois iniciaria uma ótima parceria com Clint Eastwood em alguns dos mais lembrados faroestes da década de 1970. Pelo jeito tomou gosto pela mitologia do western. Então é isso, "A Caçada" é uma produção feita para a TV que está bem acima da média do que se produzia naquela década. É sem dúvida um filme menor dentro da rica filmografia do mito Henry Fonda mas não deixa de ser um bom bangue-bangue que merece ser redescoberto nos dias atuais.

Jesse James
Elenco: Um dos grande méritos do filme “Jesse James” é o seu elenco. Tyrone Power está bem como o personagem principal embora haja limitações em sua caracterização pois ele está de certa forma muito polido em cena (o verdadeiro Jesse James era mais turrão e rude). Melhor se sai Henry Fonda, com trejeitos rústicos do interior, sempre cuspindo fumo e com olhar de caipirão desconfiado. Sua atuação demonstra uma preocupação maior em construir um personagem mais próximo da realidade. Seu Frank James não aparece muito mas quando surge chama bem a atenção. A atriz Nancy Kelly que faz a esposa de James surpreende em ótimas cenas. São dela inclusive os momentos mais dramáticos como àquele em que resolve ir embora com o filho recém nascido. Por fim, completando o núcleo do elenco principal temos Randolph Scott. Em papel coadjuvante o ator está excepcionalmente bem na pele de um sujeito que caça Jesse James no começo do filme mas que depois compreende a situação do criminoso e acaba mudando de atitude, ajudando inclusive sua família. / Roteiro e Argumento: Não há como negar que o roteiro de Jesse James é romanceado mas mesmo assim tenta manter um pé na realidade (o filme inclusive contou com consultores históricos para recriar a biografia do famoso criminoso de forma mais fiel aos acontecimentos reais). No começo da estória ainda há uma tentativa de justificar a entrada de Jesse James no mundo do crime mas depois, de forma acertada, o texto demonstra a mudança em sua personalidade quando ele se torna realmente um criminoso por vontade própria, ciente de seus atos. Embora haja traços do Jesse James da literatura de entretenimento, dos famosos livros de bolso (que ajudou a popularizar seu nome) o roteiro procura sempre seguir os fatos reais quando possível. A cena final de seu assassinato, embora com erros históricos, é bem realizada. / Produção: Embota não tenha sido creditado o filme foi produzido pessoalmente pelo chefão da Fox, Darryl F. Zanuck. Isso significa que “Jesse James” contou com o melhor que estava disponível na época no estúdio. De fato a produção é de muito bom gosto, com boa reconstituição de época (inclusive no que diz respeito a pequenos detalhes como figurino). Há ótimas cenas de roubos de trens, bancos e perseguições. Uma sequência que inclusive chama a atenção até hoje é aquela em que Jesse e Frank James pulam com seus cavalos do alto de um despenhadeiro em um rio abaixo. Pela altura e pela coragem dos dublês o resultado final realmente impressiona. A nota triste é que os animais foram sacrificados após soltarem daquela altura o que levou o filme a ser enquadrado em uma lista do American Human Associate por crueldade animal em filmes de Hollywood. / Direção: O diretor Henry King soube ser conciso em “Jesse James” e realizou um trabalho enxuto e eficiente. Evitou glamourizar a vida do criminoso. Como o filme teve um cronograma de filmagens muito austero Henry King contou com a ajuda de outro diretor da Fox, Irving Cummings, que acabou não sendo creditado. Henry King aqui trabalhou novamente ao lado de um de seus atores preferidos, Tyrone Power. Juntos tiveram grandes êxitos de bilheteria em filmes de capa e espada – sendo esse “Jesse James” mais uma bem sucedida parceria entre ambos. O filme foi a quarta maior bilheteria do ano só ficando atrás apenas de fenômenos como “E o Vento Levou” e “O Mágico de Oz”.

A Vingança de Frank James
Elenco: “A Vingança de Frank James” traz vários atores do primeiro filme, embora também haja mudanças em relação ao elenco original. A ausência mais sentida é justamente a de Randolph Scott e Nancy Kelly pois seus personagens foram eliminados da trama dessa sequência. O ponto positivo fica com Henry Fonda que no papel de Frank James assume o filme como protagonista. Ele repete seu bom desempenho do filme anterior e segura muito bem as pontas. Um novo personagem é acrescentado na estória, Eleanor Stone, uma jovem jornalista que se interessa pela história dos irmãos James. Ela é interpretada pelo correta Gene Tierney. Outro destaque é a ótima interpretação de Henry Hull, o dono do jornal e advogado que vai ao tribunal defender Frank James. / Roteiro e Argumento: O roteiro de “A Vingança de Frank James” toma várias liberdades com a história original. Embora Frank tenha sido realmente inocentado de todas as acusações (em dois e não em apenas um julgamento como se vê no filme) ele não teve qualquer ligação com a morte de Robert Ford, assassino de seu irmão Jesse James. No roteiro aqui Frank James sai no encalço de Robert Ford dentro de um estábulo. Na história real Ford foi morto em seu Saloon por um sujeito que queria ter a honra de matar o homem que matou Jesse James. Mesmo com a pouca fidelidade histórica o roteiro de “A Vingança de Frank James” é muito bem escrito, contando uma longa história sem se tornar cansativo e enfadonho. Além disso consegue se fechar muito bem em si mesmo. Tudo muito bem arranjado, mesmo que misture fatos reais com eventos meramente fictícios. / Direção: Mudanças na direção. Sai Henry King e entra o genial Fritz Lang. Lang imprime um tom mais sério no filme mas ao mesmo tempo se mostra fiel à estrutura de dramaturgia do filme anterior. Os personagens de “Jesse James” que reaparecem aqui usam da mesma caracterização e tom, o que demonstra que Fritz Lang, apesar de ter sido um dos cineastas mais autorais da história do cinema mantém a espinha dorsal montada por Henry King em “Jesse James”. Fritz Lang foi escalado por Zanuck depois que esse teve alguns atritos com Henry King que não aceitava muito bem as inúmeras interferências do produtor em seu filme. O resultado final aqui como se nota é muito bom, mostrando que Fritz Lang também poderia ser um cineasta de estúdio, sem maiores vôos autorais como conhecemos de outros filmes seus. / Produção: Novamente se faz presente a mão forte de Darryl F. Zanuck como produtor. Embora não tenha sido creditado em “Jesse James” aqui ele fez questão de assinar o filme, fruto obviamente de seu grande sucesso. Ao lado de Fritz Lang construiu uma continuação de excelente nível. O produtor também interferiu bastante no roteiro e na escalação do elenco. Trocou alguns nomes e eliminou personagens. Foi dele inclusive a idéia de colocar cenas de “Jesse James” aqui no começo do filme (inclusive a cena da morte de Jesse, extraída da primeira produção com Tyrone Power sendo assassinado).

A Conquista do Oeste
Quando a Metro anunciou "A Conquista do Oeste" o estúdio deixou claro suas intenções: realizar o filme definitivo sobre a expansão da civilização norte-americana em direção ao oeste selvagem.  Para isso não mediu esforços colocando à disposição do filme tudo o que estúdio tinha de mais importante na época. Atores, diretores, roteiristas, tudo do bom e do melhor foi direcionado para esse projeto. Além do capital humano a Metro resolveu investir em um novo formato de exibição onde três telas enormes projetavam cenas do filme. A técnica conhecida como Cinerama visava proporcionar ao espectador uma sensação única de imersão dentro do filme. Para isso há uso de longas tomadas abertas, tudo para dar a sensação ao público de que realmente está lá, no velho oeste. Era claramente uma tentativa da Metro em barrar o avanço da televisão que naquele ano havia tirado uma grande parte da bilheteria dos filmes. Assim "A Conquista do Oeste" chegava para marcar a história do cinema, pelo menos essa era a intenção. Realmente é uma produção de encher os olhos, com três diretores e um elenco fenomenal. O resultado de tanto pretensão porém ficou pelo meio do caminho. "A Conquista do Oeste" passa longe de ser o filme definitivo do western americano. Na realidade é uma produção muito megalomaníaca que a despeito dos grandes nomes envolvidos não passa de uma fita convencional, pouco memorável. O problema é definitivamente de seu roteiro. São várias estórias com linhas narrativas que as ligam numa unidade mas nenhuma delas é bem desenvolvida. Tudo soa bem superficial. O grande elenco também é outro problema. Apesar dos mitos envolvidos nenhum deles tem oportunidade de disponibilizar um bom trabalho, realmente marcante. John Wayne, por exemplo, só tem praticamente duas cenas sem maior importância. Ele interpreta o famoso general Sherman mas isso faz pouca diferença pois tão rápido como aparece, desaparece do filme, deixando desolados seus fãs que esperavam por algo mais substancioso. James Stewart tem um papel um pouquinho melhor, de um pioneiro que vive nas montanhas mas é outro grande nome que também é desperdiçado. A única que faz parte de todos os segmentos é a personagem de Debbie Reynolds mas ela não é uma figura de ponta no mundo do faroeste. Quem não gosta dela certamente torcerá o nariz. Assim em conclusão podemos definir "A Conquista do Oeste" como um filme grande mas não um grande filme. Faltou um texto melhor escrito, certamente.

Pablo Aluísio, exceto "Consciências Mortas" de autoria de Telmo Vilela Jr.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Bel Ami: O Sedutor

Georges Duroy (Robert Pattinson) é um ex soldado que chega a Paris no Século XIX. Filho de camponeses pobres ele acaba encontrando ajuda em um oficial que lutou ao seu lado nas areias do deserto da Argélia. Esse lhe arranja um emprego como jornalista em um jornal Parisiense. Aos poucos porém percebe que o verdadeiro talento de Georges não é com as letras mas sim com as diversas conquistas femininas que vai fazendo na elite da cidade. Se relacionando por interesse com várias mulheres ele vai construindo sua fortuna pessoal ao mesmo tempo em que vai se aproveitando das damas da sociedade que encontra pela frente. "Bel Ami" (denominação de "bom amigo" em francês) foi baseado em um famoso livro do escritor francês Guy de Maupassant publicado em 1885. Nele o autor fazia uma crônica sobre o mundo da alta elite francesa, seus casamentos de fachada e o hábito que certas mulheres casadas tinham em manter jovens pobres e bonitos como seus amantes ocasionais. Um retrato nada lisonjeiro da hipocrisia reinante nas chamadas famílias de alta linha da capital francesa. No filme Robert Pattinson interpreta um personagem que foi baseado em muitos desses "Bons Amigos" que circulavam nos melhores salões, frequentavam os melhores bailes mas que no fundo não passavam de gigolôs das madames de Paris.

O livro original é um texto detalhista, focado em pequenos costumes da época que hoje soam despercebidos. E aí começam os problemas do filme Bel Ami. Em pouco mais de 100 minutos o roteiro não consegue dar conta de tantos eventos e detalhes do romance que lhe deu origem. A produção certamente é rica e bonita mas o roteiro é mal escrito, indo aos tropeços onde os fatos vão acontecendo de forma desordenada, atropelada, sem dar tempo ao espectador de assimilar tudo o que acontece na trama. Certamente o texto se sairia melhor em uma minissérie. Como filme tudo terminou ficando truncado, sem fluência. No elenco o destaque é claro vai para Robert Pattinson. É ele o chamariz de bilheteria por causa da franquia de grande sucesso Crepúsculo. Hollywood há tempos vem tentando emplacar o ator em outros filmes. Aqui certamente deram um passo maior do que a perna. Pattinson não tem preparo suficiente para encarar um personagem desses. Um papel que exige muito do intérprete pois a personalidade de Georges Duroy é bastante complexa. Esses tipos eram homens charmosos, especialistas em conquistar a alma feminina. Eram grandes mentirosos e faziam da enganação uma fina arte. Pattinson não consegue atingir esse patamar, não consegue dar esse tipo de alma a Duroy em cena. Sua interpretação é muito irregular e vazia. Sua partner em cena, Cristina Ricci, se sai muito melhor do que ele. Nas cenas em que contracenam é nítido o desnível de qualidade em suas performances. Ricci se entrega de corpo e alma ao seu papel enquanto Pattinson fica apático, apagado, olhando para o horizonte vazio. Com Pattinson mal tudo acaba desandando. Embora a produção seja de primeira linha o filme vai perdendo o interesse até cair no marasmo completo. O espectador simplesmente perde interesse pelos personagens e isso leva à morte de qualquer obra cinematográfica. Uma pena, o material original era muito promissor mas o filme não está à sua altura, infelizmente.

Bel Ami - O Sedutor (Bel Ami, Estados Unidos, 2012) Direção: Declan Donnellan, Nick Ormerod / Roteiro: Rachel Bennette baseado no romance de Guy de Maupassant / Elenco: Robert Pattinson, Uma Thurman, Kristin Scott Thomas, Christina Ricci, Kristin Scott Thomas, Holliday Grainger / Sinopse: Jovem usa de sua beleza física para manipular e explorar damas da alta sociedade Parisiense no século XIX.

Pablo Aluísio.

Anáguas a Bordo

Oficial da Marinha Americana (Cary Grant) é designado para comandar velho submarino precisando de reparos. Como o sistema de provisões da marinha americana não funciona de forma adequada ele tem que contar com os inúmeros cambalachos do tenente Holden (Tony Curtis) que providencia tudo que a velha lata de sardinha do mar precisa para voltar a funcionar de forma eficiente. É uma comédia típica do final dos anos 50, tudo muito inofensivo e sem maiores consequências. O roteiro ainda aproveita para explorar o fato do submarino resgatar várias mulheres da Marinha que se encontravam à deriva numa ilha do pacífico. Obviamente que existem muitas e muitas piadinhas que envolvem a chamada guerra dos sexos (os marinheiros há muito tempo sozinhos no mar não perdem a chance de dar em cima das garotas). Cary Grant é o comandante do navio que chega inclusive a ser pintado de cor de rosa por falta de uma tinta de cor adequada. Já Tony Curtis desfila seu papel típico - o sujeito boa pinta, levemente cafajeste que dá em cima de todas e nas horas vagas surrupia algum objeto de propriedade da Marinha americana para consertar o submarino Sea Tiger.

"Anáguas a Bordo" não é uma comédia de dar gargalhadas. Claro que o bom humor está presente em várias cenas mas de maneira em geral nada desbanca para o pastelão ou algo parecido. O diretor Blake Edwards está bem contido e muito longe de alguns de seus futuros trabalhos onde ele assumidamente adotaria uma postura exagerada, cartunesca mesmo. Aqui o humor é de pequenos sorrisinhos e não de tortas na cara dos personagens (como ele inclusive faria em futuras parcerias com Tony Curtis). Enfim, vale a pena conhecer esse que foi um dos maiores clássicos da "Sessão da Tarde" nos anos 70 e 80.

Anáguas a Bordo (Operation Petticoat, Estados Unidos, 1959) Direção: Blake Edwards / Roteiro:: Stanley Shapiro e Maurice Richlin / Com Cary Grant, Tony Curtis e Joan O'Brien / Sinopse: Oficial da Marinha Americana (Cary Grant) é designado para comandar velho submarino precisando de reparos. Como o sistema de provisões da marinha americana não funciona de forma adequada ele tem que contar com os inúmeros cambalachos do tenente Holden (Tony Curtis) que providencia tudo que a velha lata de sardinha do mar precisa para voltar a funcionar de forma eficiente.

Pablo Aluísio.