Essa é a releitura do clássico filme alemão Nosferatu, de Murnau, de 1922. Naquele ano, sem possibilidade de filmar a estória de Drácula por não ter os direitos autorais, o diretor alemão ousou filmar um roteiro que basicamente tinha o mesmo argumento de Drácula mas sem usar o famoso nome e sem estar diretamente ligado à obra de Bram Stoker. Pelo uso inovador de tomadas de cenas, iluminação e jogo de luz e sombras Nosferatu acabou virando um grande clássico do terror, cultuado até nos dias de hoje, mesmo sendo um filme mudo. Uma obra maldita que foi redescoberta e se tornou um ícone da história do cinema. No final dos anos 70 o diretor Werner Herzog resolveu trazer de volta à tona o mesmo espírito da produção original, tanto que aqui há poucos diálogos, tal como se fosse uma homenagem ao cinema mudo. Eu só penso que a decisão de filmar em cores prejudicou um pouco o resultado final, fiquei imaginando o filme e suas imagens em preto e branco, tenho certeza que o impacto teria sido maior. A produção não é muito rica, é verdade, nada comparado ao que se vê no cinema americano, mas Herzog conseguiu superar essa situação muito bem. Outra coisa que chama bem atenção nessa produção e a total ausência de efeitos especiais. Tudo é conseguido apenas com o uso de boa maquiagem e jogos de luzes e sombras, tal como no filme de Murnau. A trilha sonora incidental também é muito inspirada, ajudando na criação do clima sórdido do filme em si.
Por fim duas curiosidades que me chamaram bem a atenção. A primeira foi a caracterização de um Van Helsing que não acreditava em vampiros, envelhecido e sem muito poder de ação e uma Isabela Adjani com maquiagem forte mas branquíssima, como convém a sua personagem gótica; Uma atriz extremamente bonita em uma interpretação um pouco abaixo do esperado. Talvez sua interpretação tenha sido assim para lembrar ao espectador da exagerada forma de interpretar do cinema mudo. De uma forma em geral achei bastante válida a ideia que deu origem ao filme. O cinema europeu tem um ritmo próprio bem diferente do americano e por isso alguns espectadores atuais poderão a vir estranhar seu desenrolar mas é bastante válida a experiência de assistir algo assim. Por fim não poderia deixar de citar a caracterização muito inspirada do ator Klaus Kinski. Ele está ótimo, com maquiagem adequada, tudo soando bem estranho, horrível, monossilábico, como aliás convém ao personagem Nosferatu. No final das contas só de ver o Klaus fazendo esse papel já vale o filme inteiro.
Nosferatu - O Vampiro da Noite (Nosferatu, Alemanha, França, 1979) Direção: Werner Herzog / Roteiro: Werner Herzog baseado no livro Drácula de Bram Stoker / Elenco Klaus Kinski, Isabela Adjani, Bruno Ganz, Walter Ladengast / Sinopse: Baseado na famosa obra "Drácula" de autoria de Bram Stoker, "Nosferatu" mostra a estória da ida de Jonathan Harker (Bruno Ganz) até a propriedade do misterioso Conde Drácula (Klaus Kinski), um homem isolado do mundo. Ele acaba desenvolvendo uma forte obsessão pela jovem a bela Lucy (Isabelle Adjani), esposa de Jonathan. Refilmagem do clássico alemão Nosferatu, de Murnau, de 1922.
Pablo Aluísio.