Título no Brasil: Quinteto da Morte
Titulo Original: The Ladykillers
Ano de Produção: 1955
País: Inglaterra
Estúdio: Ealing Studios
Direção: Alexander MacKendrick
Roteiro: William Rose
Elenco: Alec Guinness, Cecil Parker, Herbert Lom, Peter Sellers, Alan Ruck, Jack Warner
Sinopse:
Um grupo de criminosos planeja um ousado roubo. Para isso usam a casa de uma simpática senhora que acredita que todos eles são músicos de orquestra. Fingindo serem apenas artistas que vivem por amor à arte, eles acabam encontrando uma série de problemas operacionais para levar em frente seu plano. Diante dos acontecimentos a questão primordial acaba sendo: matar ou não a adorável velhinha?
Comentários:
De forma geral gostei bastante da proposta dessa deliciosa comédia de humor negro. O elenco é simplesmente magistral, contando com alguns dos mais talentosos atores ingleses daquela geração. Sir Alec Guiness domina cada cena em que surge, ora cinicamente ingênuo, ora diabolicamente perverso. Outro destaque vem com Peter Sellers. Aqui ele está em um personagem um tanto fora de seu padrão costumeiro. Seu papel acaba resvalando para aquele tipo de humor que nos faz rir, mas com uma certa dose de culpa interior pelas coisas que acontecem durante a trama. Mesmo assim basta apenas embarcar na excelente proposta do filme para se divertir bastante. O humor negro inglês é uma marca registrada. Não é de hoje, nem de um passado mais recente, que ele já se destaca. De certa maneira é um aspecto bem peculiar e típico da cultura britânica. Os assuntos mais mórbidos (como planejar matar uma senhora inocente) pode sempre render os risos mais nervosos e hilariantes. Enfim, é uma boa pedida para ver um filme que os ingleses conhecem muito bem, bem de acordo com senso de humor. Em 2004 houve um remake americano intitulado "Matadores de Velhinha" dirigido pelos irmãos Coen e com Tom Hanks no papel principal. Embora bem realizado, não conseguiu ter o mesmo brilho desse original. Afinal o elenco reunido nessa primeira versão seria simplesmente impossível de superar.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
domingo, 21 de agosto de 2022
Sob o Mesmo Céu
O ator Bradley Cooper interpreta um ex militar que vai até o Havaí para defender os interesses de um bilionário que está investindo na indústria espacial. Ele, na realidade, precisa convencer um grupo de havaianos nativos que moram numa ilha distante a deixarem que ali seja instalada uma base de lançamento de foguetes. Na realidade o bilionário, que é interpretado de forma divertida por Bill Murray, está tentando lançar satélites com armas no espaço. E isso contraria a boa índole e a filosofia daquele povo. Esse filme é uma mistura de romance, com leve reflexão dramática, sobre um personagem que no passado foi um militar condecorado, mas que com o tempo caiu em desgraça. E ele precisa viver de alguma forma, indo trabalhar para esse bilionário sem muitos escrúpulos.
O clima do filme é leve e o romance logo surge em primeiro plano em seu roteiro. Acontece que o personagem de Cooper acaba revendo a sua ex namorada, que mora no Havaí. Ela se casou com outro homem e tem dois filhos. E ele acaba reencontrando ela no aeroporto, por acaso, quando desce do avião. O clima, obviamente, fica meio estranho. Aquela tensão sexual que conhecemos bem. Outra personagem interessante desse filme é interpretada pela atriz Emma Stone, uma capitã da força aérea, um tipo robozinho, militarizada, sem muita espontaneidade no modo de agir. Tão caricata fica que se torna engraçada. E assim, se arma um triângulo amoroso entre o ex militar, a capitã e a namorada de seu passado. Um filme bom, leve, divertido, romântico. Que me agradou. Não é assim uma grande obra da sétima arte, mas como entretenimento de fim de semana funciona muito bem. Aloha!
Sob o Mesmo Céu (Aloha, Estados Unidos, 2015) Direção: Cameron Crowe / Roteiro: Cameron Crowe / Elenco: Bradley Cooper, Rachel McAdams, Emma Stone, Bill Murray, Alec Baldwin / Sinopse: Em uma paradisíaca ilha havaiana, um ex militar americano precisa decidir com quem vai se relacionar mais seriamente. Enquanto isso tenta ter autorização de um povo nativo para a instalação de uma base de lançamento de foguetes em suas terras
Pablo Aluísio.
Lúcifer
Em um primeiro momento, achei bem interessante a ideia de se fazer uma série sobre Lúcifer. Na mitologia judaico e cristã o Lúcifer era um anjo caído. Ele era um dos mais gloriosos e maravilhosos anjos de Deus, mas em determinado momento achou que poderia ser maior do que o Senhor. Assim acabou sendo expulso do céu, jogado nas profundezas do inferno. Um personagem mitológico, rico em nuances e detalhes, mas que essa série obviamente ignorou tudo. Quando o episódio piloto começa, Lúcifer está dirigindo um carro esporte, numa das ruas de Los Angeles. Então, um guarda o para. Lúcifer então oferece um suborno ao policial para escapar da multa. Essa vai ser a única maldade dele durante todo o episódio! E aí está o maior problema desta série. Ela quer tratar um personagem que é símbolo de maldade, perversidade, como um cara bonzinho. Faz sentido para você?
No primeiro episódio da série, ele vai atrás dos assassinos de uma dançarina e cantora que ele ajudou no passado. Ora, o que temos aqui? Lúcifer em busca de justiça, quem diria? No geral, achei a série bem convencional e fraca. A premissa inicial se perdeu. Imagine se os roteiristas da série seguissem a mitologia que deu origem a esse personagem. Obviamente, seria algo muito mais interessante de se assistir. De qualquer forma o público parece que se interessou pela série, caso contrário ela não teria 5 temporadas! O diabo pelo visto é pop também!
Lúcifer (Lucifer, Estados Unidos, 2016 - 2021) Direção: Nathan Hope, Eagle Egilsson / Roteiro: Mike Dringenberg, Neil Gaiman / Elenco: Tom Ellis, Lauren German, Kevin Alejandro / Sinopse: Essa série, baseada nos quadrinhos da editora Vertigo, conta a história de Lúcifer em suas andanças pelo mundo dos seres humanos.
Pablo Aluísio.
sábado, 20 de agosto de 2022
Sandman
Esse personagem é originário das histórias em quadrinhos. Foi criado há muito tempo, nos anos 1950. Na época, ele era um personagem comum, com roupa colorida e histórias banais. Para falar a verdade foi um super-herói fracassado, que não fez sucesso. Logo foi cancelado pela editora. Isso mudou em 1988 quando Neil Gaiman resolveu resgatar esse herói esquecido. Sua história foi repensada e transformada em algo novo. Na verdade Neil Gaiman recriou o personagem praticamente do zero, só aproveitando pequenas nuances. A nova roupagem surpreendeu muita gente e virou um best-seller que entrou na lista dos mais vendidos do New York Times. São realmente impactantes essas novas histórias. São quadrinhos para adultos, trazendo temas filosóficos, discussões etéreas, magia e ocultismo. Existencialismo na nona arte. Tudo em um pacote só. É justamente nesta segunda fase que essa série se baseia, inclusive tentando reproduzir nos episódios as principais histórias do personagem nos quadrinhos. Até mesmo em ordem cronológica.
O resultado ficou muito bom, eu gostei do que assisti. Mesmo sabendo que a Warner não deu o orçamento necessário para a série. Essa falta de dinheiro da produção não surge na tela, pois tudo é muito bem realizado e muito bem roteirizado. Na história do primeiro episódio vemos esse estranho ser que controla os sonhos e os pesadelos dos homens. Quando algumas de suas criações fogem do seu universo dos sonhos e invade o mundo real ele precisa agir, mas acaba capturado por uma poderosa magia antiga, usada por um Lorde inglês, um homem fanatizado e obcecado por ocultismo. Assim ele precisa escapar dessa prisão ocultista para voltar para seu mundo, para desse modo restabelecer a ordem natural que foi rompida. A série se revelou bem interessante ao meu ver. Tem certamente muito potencial. Vou acompanhar os episódios daqui em diante.
Sandman (The Sandman, Estados Unidos, 2022) Direção: Jamie Childs, Andrés Baiz / Roteiro: Neil Gaiman, Catherine Smyth-McMullen / Elenco: Tom Sturridge, Boyd Holbrook, Patton Oswalt / Sinopse: Um ser do mundo dos sonhos e pesadelos é capturado em nosso mundo. Levado para um círculo de ocultismo. Enquanto ele se encontra preso o seu próprio universo entra em colapso e agora ele vai tentar restabelecer a ordem das coisas nessas duas realidades.
Pablo Aluísio.
Sandman - Episódios Comentados:
Sandman 1.02 - Imperfect Hosts
Morpheus, também conhecido como Sandman, precisa recuperar seus poderes. Ele volta para seu mundo de sonhos e encontra tudo destruído. O Castelo onde outrora reinou, está em ruínas. Ele até tenta consertar tudo, remover as pedras, mas tudo é em vão. Ele precisa principalmente recuperar seus artefatos mágicos, que o transformam em um ente poderoso tanto no mundo dos sonhos como no mundo dos vivos. E não vai ser fácil achar esses artefatos. Seu paradeiro é desconhecido. E Sandman também tem inimigos por todos os lados. A tal ponto que até uma de suas criações, um de seus personagens, se volta contra ele. Porém, toda a grande volta precisa de um passo, um pequeno passo. E nesse episódio,ele dá esse passo em direção à retomada de seus poderes. E de seu lugar devido no mundo dos sonhos. / Sandman 1.02 - Imperfect Hosts (Estados Unidos, 2022) Direção: Jamie Childs / Elenco: Tom Sturridge, Boyd Holbrook, Vivienne Acheampong.
Sandman 1.03 - Dream a Little Dream of Me
Morpheus rastreia a última pessoa conhecida na posse de sua areia - e recebe uma lição inesperada sobre a humanidade. Ethel faz uma visita ao filho. Apesar de tudo, esse episódio também traz um personagem muito bizarro. Um corvo com gestos e jeito de falar de um mordomo inglês do século 18. Ele quer ajudar Sandman, mas esse resiste. De qualquer forma, o corvo acaba se impondo, ficando ao seu lado. E como ele está em busca de vários artefatos, necessita de qualquer ajuda é bem-vinda no final das contas. / Sandman 1.03 - Dream a Little Dream of Me (Estados Unidos, 2022) Direção: Jamie Childs / Elenco: Tom Sturridge, Boyd Holbrook, Patton Oswalt.
Sandman 1.04 - A Hope in Hell
Sandman vai ao inferno. Em uma frase, podemos resumir o que acontece nesse episódio (A Hope in Hell). Ele vai ao inferno em busca de seu Elmo, um dos instrumentos que lhe dá poder no mundo espiritual. Só que esse Elmo pode estar nas mãos de qualquer um dos demônios que infernizam aquele vale de lágrimas. Então, Sandman resolve pedir ajuda ao próprio Lúcifer, a Estrela da manhã, o anjo caído que outrora foi o mais glorioso do Reino de Deus. Agora ele lidera como imperador no inferno, no meio das chamas. Lúcifer localiza o demônio que está com o Elmo. Só que esse resolve colocar o próprio Lúcifer em combate frontal, com Sandman. O mais curioso é que não se trata de uma luta física. Afinal, não faria sentido, pois são seres espirituais. A coisa se dá mais ou menos no nível intelectual e filosófico. E eu achei realmente muito boa essa ideia, gostei bastante. Sandman recupera mais um dos seus instrumentos vitais para reconstruir seu próprio reino. Dizem que esse episódio sofreu por falta de um orçamento maior, mas eu não senti isso. Achei o design e a direção de arte de bom gosto. Não teria do que reclamar daquele que foi um dos episódios mais interessantes dessa série, que por si só é muito satisfatória. / Sandman 1.04 - A Hope in Hell (Estados Unidos, 2022) Direção: Jamie Childs / Elenco: Tom Sturridge, Patton Oswalt, Gwendoline Christie.
Sandman 1.05 - 24/7
Esse episódio até pode não ser dos melhores. Entretanto, é um dos que traz uma das mensagens mais profundas de toda a série. Será que os seres humanos aguentariam uma sociedade onde todas as pessoas seriam honestas e diriam as coisas que realmente pensavam? Será que a dose de hipocrisia que mantém o trato social não iria abaixo e levaria ao caos se tudo fosse mudado para que todas as pessoas apenas falassem verdades absolutas para outras pessoas? A sociedade aqui é retratada pela pequena lanchonete onde uma garçonete atende vários clientes. Todos eles têm seus problemas, e todos eles tem suas pequenas mentiras de cortesia. Até que um homem surge na lanchonete, trazendo um artefato que na realidade, pertence a Sandman. Ele o usa para que as pessoas sejam totalmente honestas. É claro que tudo termina em banho de sangue. Sandman falando sobre os sonhos foi uma das coisas mais inteligentes que vi em séries nos últimos tempos. As pessoas precisam mais de sonhos do que de serem completamente honestas. Deixo aqui meus aplausos. / Sandman 1.05 - 24/7 (Estados Unidos, 2022) Direção: Jamie Childs / Elenco: Tom Sturridge, Patton Oswalt, Mason Alexander Park.
Sandman 1.06 - The Sound of Her Wings
Ótimo episódio da série Sandman. Aqui ele encontra sua irmã. Em minha interpretação, ela é nada mais, nada menos do que a própria morte. Ela conversa com Sandman, discute questões até mesmo filosóficas. Passeia pela cidade buscando aqueles que devem partir. Um idoso que está tocando violino na janela de seu pequeno apartamento. Sua hora chegou e a morte o leva, consolando para não ficar triste. Mas não são apenas velhos que morrem. Um jovem jogando despreocupadamente no parque da cidade, acaba descobrindo que a morte pode lhe encontrar ali mesmo. Na pequena rua que atravessa o central Park. E um a um, ela vai levando. Enquanto isso, Morpheus tenta descobrir o sentido da vida e como ele vai se recuperar de todos os problemas pelos quais passou nos últimos tempos. / Sandman 1.06 - The Sound of Her Wings (Estados Unidos, 2022) Direção: Mairzee Almas / Elenco: Tom Sturridge, Kirby Howell-Baptiste, Jenna Coleman.
A primeira temporada. Últimos episódios.
Como termina a série Sandman? Nos 4 últimos episódios, nós temos o foco das histórias em torno da garota que consegue fazer uma ligação direta entre o mundo dos sonhos e o mundo da realidade concreta. E sua existência é claramente um perigo para o próprio Morpheus. Ele vai ter que enfrentar essa questão, algo que surgiu quando ele estava desaparecido de seu reino. E também ganha destaque nos últimos episódios a presença do personagem Coríntio. Ele foi criado por Morpheus, mas rebelou-se contra ele. Passou a vagar pelo mundo, matando pessoas de forma cruel. Arrancando seus olhos. Já que sempre anda de óculos escuros parece que ele próprio não os tem. Morpheus finalmente o localiza numa falsa convenção de vendedor de cereais. Tudo fachada para uma reunião de um bando de admiradores de assassinos em série. Outro personagem que Morpheus não pode mais admitir sua existência. De forma geral, gostei bastante da série, achei muito imaginativa e muito criativa. Recomendo não apenas para os leitores de quadrinhos, mas para todos que gostam de uma boa história de fantasia gótica.
Pablo Aluísio.
Mulher-Hulk
Essa nova série prova que a Marvel está ficando sem personagens para adaptar em filmes e séries. Eu gostaria até de falar outra coisa, mas o fato é que essa mulher versão Hulk é uma personagem ridícula. O próprio estúdio Marvel sabia disso. Por que foi criada? Apenas para evitar que a ideia de uma personagem feminina do Hulk fosse registrada por outras editoras. Assim explicava o próprio Stan Lee. Então foi uma questão puramente comercial. A personagem nem tem razão de existir para falar a verdade e mesmo assim fizeram essa adaptação no mundo das séries. Os roteiristas certamente tinham consciência de que estavam com material ruim em mãos e por isso eles optaram pelo caminho mais fácil que é o humor. A série realmente se salva justamente por causa desse humor! Que surge nas cenas tanto de forma voluntária como involuntária. Os efeitos especiais não são nada especiais. E a computação gráfica virou alvo até de meme na internet.
Na história, uma advogada, prima de Bruce Banner, acaba se contaminando com seu sangue, se tornando assim ela mesma uma portadora da radiação que transformou seu primo no Hulk, o gigante verde. Neste primeiro episódio até tentam explicar melhor as origens da personagem, mas o fato é que tudo é muito ridículo mesmo. Mais ridículo do que isso so a versão Hulk professor. Onde o Banner se transforma em um Hulk de óculos, com conversas intelectuais, estudando em um laboratório. E o que dizer da cena em que a advogada se transforma no Hulk em pleno tribunal? É ou não é uma Pérola trash?
Mulher-Hulk: Defensora de Heróis (She-Hulk: Attorney at Law, Estados Unidos, 2022) Direção: Kat Coiro / Roteiro: Jessica Gao, Dana Schwartz / Elenco: Tatiana Maslany, Mark Ruffalo, Ginger Gonzaga / Sinopse: A prima advogada de Bruce Banner passa a se transformar em um monstro, como o próprio Banner, após um acidente onde ela se contamina com o sangue dele.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 19 de agosto de 2022
Estigma da Crueldade
Título no Brasil: Estigma da Crueldade
Título Original: The Bravados
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Philip Yordan, Frank O'Rourke
Elenco: Gregory Peck, Joan Collins, Stephen Boyd, Henry Silva, Lee Van Cleef
Sinopse:
Após a morte de sua esposa, Jim Douglass (Gregory Peck), homem íntegro e honesto, que vive de sua fazenda, resolve ir atrás dos assassinos. Deixa seus pequenos filhos aos cuidados de pessoas próximas e ganha o oeste em busca dos bandidos que trouxeram tragédia e desolação para ele e sua família. Filme baseado na obra de Frank O'Rourke.
Comentários:
Excelente western estrelado pelo sempre ótimo Gregory Peck. Aqui ele surge dirigido pelo talentoso cineasta Henry King que consegue, com raro talento, sair das amarras de um roteiro sem maiores novidades (afinal de contas o enredo da vingança já não era mais nenhuma novidade, mesmo naquela época), investindo muito mais no suspense e na tensão dos acontecimentos. Esse tipo de faroeste seria anos depois rotulado numa categoria própria chamada de Western Psicológico, onde o que importava nem era a troca de tiros entre mocinhos e bandidos, mas sim a tensão, o clima e os aspectos periféricos e psicológicos que moviam todos os personagens. Além da direção de primeira linha de Henry King e da atuação magistral de Gregory Peck, ainda cabe destacar o ótimo elenco de apoio, em especial a presença da bela (e ainda bem jovem) Joan Collins e da dupla de bandoleiros interpretada por Henry Silva e Lee Van Cleef - eles eram ótimos nesse tipo de caracterização. Assim fica a dica desse clássico do oeste americano, um filme que nem o tempo conseguiu envelhecer.
Pablo Aluísio.
Título Original: The Bravados
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Philip Yordan, Frank O'Rourke
Elenco: Gregory Peck, Joan Collins, Stephen Boyd, Henry Silva, Lee Van Cleef
Sinopse:
Após a morte de sua esposa, Jim Douglass (Gregory Peck), homem íntegro e honesto, que vive de sua fazenda, resolve ir atrás dos assassinos. Deixa seus pequenos filhos aos cuidados de pessoas próximas e ganha o oeste em busca dos bandidos que trouxeram tragédia e desolação para ele e sua família. Filme baseado na obra de Frank O'Rourke.
Comentários:
Excelente western estrelado pelo sempre ótimo Gregory Peck. Aqui ele surge dirigido pelo talentoso cineasta Henry King que consegue, com raro talento, sair das amarras de um roteiro sem maiores novidades (afinal de contas o enredo da vingança já não era mais nenhuma novidade, mesmo naquela época), investindo muito mais no suspense e na tensão dos acontecimentos. Esse tipo de faroeste seria anos depois rotulado numa categoria própria chamada de Western Psicológico, onde o que importava nem era a troca de tiros entre mocinhos e bandidos, mas sim a tensão, o clima e os aspectos periféricos e psicológicos que moviam todos os personagens. Além da direção de primeira linha de Henry King e da atuação magistral de Gregory Peck, ainda cabe destacar o ótimo elenco de apoio, em especial a presença da bela (e ainda bem jovem) Joan Collins e da dupla de bandoleiros interpretada por Henry Silva e Lee Van Cleef - eles eram ótimos nesse tipo de caracterização. Assim fica a dica desse clássico do oeste americano, um filme que nem o tempo conseguiu envelhecer.
Pablo Aluísio.
Traição Cruel
Clay O'Mara (Audie Murphy) recebe uma notícia terrível. Seu pai e seu irmão foram mortos por ladrões de gado. Ele decide então ir até a cidade onde eles moravam para vingar suas mortes. Chegando lá, procura pelo xerife e se oferece para trabalhar como assistente. Mesmo relutante o xerife decide lhe dar a estrela que identifica os homens da lei. E vai além, lhe diz que um pistoleiro que vive no lugarejo de Diablo muito certamente sabe quem matou seus pais. O que O'Mara nem desconfia é que o próprio xerife e um advogado da região estão envolvidos na morte de seus familiares. Eles os mataram para não apenas roubar seu rebanho, mas também parte de sua propriedade rural. Bom filme que procura trazer elementos novos no velho tema da vingança pessoal. Aqui os responsáveis pelos crimes são os próprios homens da lei que fazem de tudo para o protagonista se dar mal, afinal é do interesse do xerife corrupto que ele se dê mal mesmo, que morra o mais rapidamente possível.
Há um personagem interessante nesse filme, um pistoleiro perseguido por O'Mara, um sujeito que foge dos padrões de personagens pistoleiros do velho oeste. Esse é um falastrão, sempre com tiradas irônicas e gargalhadas, mesmo quando é enviado para um julgamento que pode o condenar à forca. Só que por viver no mundo do crime Whitey Kincade (Dan Duryea) sabe muito bem do envolvimento do xerife na morte dos familiares de Clay O'Mara. E por uma ironia do destino se torna o principal parceiro na vingança que o personagem de Murphy tanto deseja. Enfim, um western da Universal que apesar de seu modesto orçamento - é nitidamente um filme B - mantém o interesse por causa desse grupo de personagens que transitam entre o crime e a lei, sem muita cerimônia ou culpas pessoais. Vale a pena assistir, principalmente para os fãs de Audie Murphy, ator que sempre foi muito querido em nosso país pelos admiradores dos antigos filmes de faroeste.
Traição Cruel (Ride Clear of Diablo, Estados Unidos, 1954) Estúdio: Universal Pictures / Direção: Jesse Hibbs / Roteiro: George Zuckerman, D.D. Beauchamp / Elenco: Audie Murphy, Susan Cabot, Dan Duryea / Sinopse: Após a morte de seu pai e irmão, Clay O'Mara (Audie Murphy) parte em busca de vingança. Ele se torna auxiliar do xerife que, sem que ele desconfie, esteve envolvido no crime de seus familiares. Quem acaba o ajudando é o pistoleiro procurado Whitey Kincade (Dan Duryea) que de inimigo se torna seu improvável parceiro.
Pablo Aluísio.
Há um personagem interessante nesse filme, um pistoleiro perseguido por O'Mara, um sujeito que foge dos padrões de personagens pistoleiros do velho oeste. Esse é um falastrão, sempre com tiradas irônicas e gargalhadas, mesmo quando é enviado para um julgamento que pode o condenar à forca. Só que por viver no mundo do crime Whitey Kincade (Dan Duryea) sabe muito bem do envolvimento do xerife na morte dos familiares de Clay O'Mara. E por uma ironia do destino se torna o principal parceiro na vingança que o personagem de Murphy tanto deseja. Enfim, um western da Universal que apesar de seu modesto orçamento - é nitidamente um filme B - mantém o interesse por causa desse grupo de personagens que transitam entre o crime e a lei, sem muita cerimônia ou culpas pessoais. Vale a pena assistir, principalmente para os fãs de Audie Murphy, ator que sempre foi muito querido em nosso país pelos admiradores dos antigos filmes de faroeste.
Traição Cruel (Ride Clear of Diablo, Estados Unidos, 1954) Estúdio: Universal Pictures / Direção: Jesse Hibbs / Roteiro: George Zuckerman, D.D. Beauchamp / Elenco: Audie Murphy, Susan Cabot, Dan Duryea / Sinopse: Após a morte de seu pai e irmão, Clay O'Mara (Audie Murphy) parte em busca de vingança. Ele se torna auxiliar do xerife que, sem que ele desconfie, esteve envolvido no crime de seus familiares. Quem acaba o ajudando é o pistoleiro procurado Whitey Kincade (Dan Duryea) que de inimigo se torna seu improvável parceiro.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
A um Passo da Eternidade
Título no Brasil: A um Passo da Eternidade
Título Original: From Here to Eternity
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Fred Zinnemann
Roteiro: Daniel Taradash, James Jones
Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Donna Reed, Frank Sinatra, Philip Ober
Sinopse:
Um grupo de militares americanos, a maioria deles da Marinha (U.S. Navy) estão levando suas vidas enquanto trabalham em navios ancorados no porto de Pearl Harbor, no Havaí. Então. sem nenhum aviso, são surpreendidos por um ataque massivo da Força Aérea Imperial do Japão, se tornando o estopim da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial.
Comentários:
Esse clássico do cinema americano é até hoje considerado o filme definitivo do ataque japonês ao porto militar de Pearl Harbor. Até aquele momento o governo americano não tinha intenção de entrar na Guerra. Depois do ataque, que matou milhares de militares dos Estados Unidos, a entrada se tornou inevitável. O grande mérito desse roteiro não foi apenas mostrar o ataque em si, em cenas realmente memoráveis, algumas tiradas de arquivo, filmagens reais, mas também de individualizar aqueles militares, mostrando a vida deles antes do ataque, suas paixões, planos, a vida que ia seguindo normal até aquele dia que o próprio presidente Roosevelt diria que "entraria para a infâmia". Dando rosto e história a cada um desses personagens o filme humanizou a face das vítimas do ataque. O filme foi um grande sucesso de público e crítica, sendo premiado em 8 categorias do Oscar. Até hoje é considerado um dos maiores clássicos da história de Hollywood.
Pablo Aluísio.
Título Original: From Here to Eternity
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Fred Zinnemann
Roteiro: Daniel Taradash, James Jones
Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Donna Reed, Frank Sinatra, Philip Ober
Sinopse:
Um grupo de militares americanos, a maioria deles da Marinha (U.S. Navy) estão levando suas vidas enquanto trabalham em navios ancorados no porto de Pearl Harbor, no Havaí. Então. sem nenhum aviso, são surpreendidos por um ataque massivo da Força Aérea Imperial do Japão, se tornando o estopim da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial.
Comentários:
Esse clássico do cinema americano é até hoje considerado o filme definitivo do ataque japonês ao porto militar de Pearl Harbor. Até aquele momento o governo americano não tinha intenção de entrar na Guerra. Depois do ataque, que matou milhares de militares dos Estados Unidos, a entrada se tornou inevitável. O grande mérito desse roteiro não foi apenas mostrar o ataque em si, em cenas realmente memoráveis, algumas tiradas de arquivo, filmagens reais, mas também de individualizar aqueles militares, mostrando a vida deles antes do ataque, suas paixões, planos, a vida que ia seguindo normal até aquele dia que o próprio presidente Roosevelt diria que "entraria para a infâmia". Dando rosto e história a cada um desses personagens o filme humanizou a face das vítimas do ataque. O filme foi um grande sucesso de público e crítica, sendo premiado em 8 categorias do Oscar. Até hoje é considerado um dos maiores clássicos da história de Hollywood.
Pablo Aluísio.
Fahrenheit 451
Título no Brasil: Fahrenheit 451
Título Original: Fahrenheit 451
Ano de Produção: 1966
País: Inglaterra
Estúdio: Anglo Enterprises, Vineyard Film Ltd
Direção: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut, Jean-Louis Richard
Elenco: Oskar Werner, Julie Christie, Cyril Cusack, Anton Diffring.
Sinopse:
Em uma sociedade opressora e violenta, onde os livros são proibidos pelo Estado, um bombeiro, Guy Montag (Oskar Werner), cuja principal função é localizar livros escondidos através de denúncias para queimá-los, acaba se apaixonando pela bela Clarisse (Julie Christie), uma apaixonada por literatura. A paixão fará com que Guy comece a questionar as ordens superiores e sua própria atividade dentro daquela sociedade.
Comentários:
Fahrenheit 451 é a temperatura em que ocorre a combustão na escala americana (onde não se usa Celsius mas Fahrenheit). Pois bem, esse foi o título do livro original que Truffaut resolveu adaptar para o cinema. Até hoje o filme é considerado uma de suas obras primas não apenas por seus méritos cinematográficos (todos inegáveis) mas também por sua mensagem, pois o roteiro funciona como uma denúncia contra sistemas opressores e governos tiranos. A mensagem do filme é clara, um luta contra regimes autoritários e de exclusão da Liberdade de pensamento e de expressão. Nesse tipo de ditadura não há espaço para discussão e nem debate e o livro representa justamente isso, a capacidade de pensar de cada pessoa, por isso devem sempre ser queimados! De qualquer maneira é aquele tipo de filme que levanta questionamentos, que faz pensar. Truffaut mostra carinho por seu filme, acima de tudo, apesar do tema explosivo que explora. Uma produção essencial não apenas para entender o grande diretor, mas também o mundo em que vivemos.
Pablo Aluísio.
Título Original: Fahrenheit 451
Ano de Produção: 1966
País: Inglaterra
Estúdio: Anglo Enterprises, Vineyard Film Ltd
Direção: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut, Jean-Louis Richard
Elenco: Oskar Werner, Julie Christie, Cyril Cusack, Anton Diffring.
Sinopse:
Em uma sociedade opressora e violenta, onde os livros são proibidos pelo Estado, um bombeiro, Guy Montag (Oskar Werner), cuja principal função é localizar livros escondidos através de denúncias para queimá-los, acaba se apaixonando pela bela Clarisse (Julie Christie), uma apaixonada por literatura. A paixão fará com que Guy comece a questionar as ordens superiores e sua própria atividade dentro daquela sociedade.
Comentários:
Fahrenheit 451 é a temperatura em que ocorre a combustão na escala americana (onde não se usa Celsius mas Fahrenheit). Pois bem, esse foi o título do livro original que Truffaut resolveu adaptar para o cinema. Até hoje o filme é considerado uma de suas obras primas não apenas por seus méritos cinematográficos (todos inegáveis) mas também por sua mensagem, pois o roteiro funciona como uma denúncia contra sistemas opressores e governos tiranos. A mensagem do filme é clara, um luta contra regimes autoritários e de exclusão da Liberdade de pensamento e de expressão. Nesse tipo de ditadura não há espaço para discussão e nem debate e o livro representa justamente isso, a capacidade de pensar de cada pessoa, por isso devem sempre ser queimados! De qualquer maneira é aquele tipo de filme que levanta questionamentos, que faz pensar. Truffaut mostra carinho por seu filme, acima de tudo, apesar do tema explosivo que explora. Uma produção essencial não apenas para entender o grande diretor, mas também o mundo em que vivemos.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
Elvis Presley - Hound Dog / Don´t Be Cruel
Se existe um single que definiu toda a carreira de Elvis Presley na década de 50 esse foi o mega campeão de vendas "Hound Dog / Don´t Be Cruel". Após o sucesso de "Heartbreak Hotel" a RCA tinha esperanças de repetir o mesmo sucesso comercial, o mesmo boom de vendas. Isso não aconteceu com "I Want You, I Need You, I Love You" mas quando "Hound Dog" pintou nas lojas o sucesso foi imediato. Não era para menos. A canção já vinha causando alvoroço nas apresentações ao vivo quando Elvis usava de seu ritmo contagiante para apresentar sua já tão famosa dança selvagem. Além disso o Lado B do single era por si só um outro hit em potencial. "Don´t Be Cruel" caía como uma luva no gosto das adolescentes que na época sonhavam com Elvis em suas fantasias românticas.
De fato o que muitos ignoram é que "Hound Dog" jamais deveria ter sido gravada por Elvis Presley. A música foi composta por Leiber e Stoller para a cantora Big Mamma Thornton. "Hound Dog" era uma gíria dentro da comunidade negra que significava homens que não paravam quietos, sempre atrás, na "caça" de outras mulheres. Na música uma mulher negra pede para que seu homem dê o fora pois não passa de um "Hound Dog", um velho cão sempre farejando um novo rabo de saia. O tema obviamente se encaixava totalmente com "Big Mamma", uma senhora negra de meia idade já cansada da vida, mas não fazia o menor sentido para um cantor branco, garotão e jovial como Elvis. Na cabine de gravação até houve um certo debate sobre isso. A música poderia ser interessante para Elvis nos palcos, mas seria adequada para gravação? Presley não se importou muito com esse detalhe, mexeu em algumas coisas na letra (versos que nunca foram escritos por Leiber e Stoller) e foi à luta. As sessões foram penosas. Elvis não se dava por satisfeito e muitos takes foram gravados. Exausto, ouviu uma por uma as tentativas até finalmente escolher o take que considerava o melhor.
"Hound Dog / Don´t Be Cruel" fez um sucesso espetacular. Na primeira semana o single vendeu mais de 600 mil cópias e quando todos achavam que tinha atingido seu pico ele voltou a surpreender vendendo ainda mais na segunda semana. Elvis chegou ao primeiro lugar entre os mais vendidos da Billboard, mas o compacto não perdeu pique nas vendas. A Variety, famosa publicação de cinema e música, noticiou na época que a RCA Victor estava encontrando dificuldades em atender todos os pedidos de lojas espalhadas em todo o país. Mal os singles chegavam nas vitrines e eram logo esgotados em poucas horas. Em pouco tempo o single havia vendido a estupenda marca de 5 milhões de cópias, fato inédito para a gravadora! Não tardou para que os recordes de vendas fossem noticiados pelos EUA afora, aumentando ainda mais a procura pelo novo disco do jovem cantor. Uma coisa levava a outra e os números só aumentavam de semana para semana. Elvis estava agora no topo de todas as paradas, com duas canções ocupando a primeira e segunda posição na principal lista de hits mais vendidos (um feito que apenas os Beatles conseguiriam repetir na década de 60). Um sucesso realmente sem precedentes. Se alguém ainda tinha alguma dúvida sobre a força do novo cantor ela se dissipou completamente com o êxito fenomenal do novo compacto. Elvis Presley não era apenas um nome em potencial, era um sucesso absoluto de vendas. O novo astro de ouro da indústria do disco.
Hound Dog (Jerry Leiber - Mike Stoller) / (MCA Music, inc, Gladys Music Co, ASCAP) 2:16 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, New York. / Don't Be Cruel (Otis Blackwell - Elvis Presley) / (Elvis Presley Music, Unichapell Music, BMI) 2:02 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque. / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Shorty Long (piano), Gordon Stoker (piano em "Hound Dog"), The Jordanaires (vocais de apoio) / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Produção: Steve Sholes / Estúdio de gravação: RCA Studios, New York / Data de Lançamento: junho de 1956 (EUA) / Setembro de 1956 (Inglaterra) / Dezembro de 1956 (Brasil).
Pablo Aluísio.
De fato o que muitos ignoram é que "Hound Dog" jamais deveria ter sido gravada por Elvis Presley. A música foi composta por Leiber e Stoller para a cantora Big Mamma Thornton. "Hound Dog" era uma gíria dentro da comunidade negra que significava homens que não paravam quietos, sempre atrás, na "caça" de outras mulheres. Na música uma mulher negra pede para que seu homem dê o fora pois não passa de um "Hound Dog", um velho cão sempre farejando um novo rabo de saia. O tema obviamente se encaixava totalmente com "Big Mamma", uma senhora negra de meia idade já cansada da vida, mas não fazia o menor sentido para um cantor branco, garotão e jovial como Elvis. Na cabine de gravação até houve um certo debate sobre isso. A música poderia ser interessante para Elvis nos palcos, mas seria adequada para gravação? Presley não se importou muito com esse detalhe, mexeu em algumas coisas na letra (versos que nunca foram escritos por Leiber e Stoller) e foi à luta. As sessões foram penosas. Elvis não se dava por satisfeito e muitos takes foram gravados. Exausto, ouviu uma por uma as tentativas até finalmente escolher o take que considerava o melhor.
"Hound Dog / Don´t Be Cruel" fez um sucesso espetacular. Na primeira semana o single vendeu mais de 600 mil cópias e quando todos achavam que tinha atingido seu pico ele voltou a surpreender vendendo ainda mais na segunda semana. Elvis chegou ao primeiro lugar entre os mais vendidos da Billboard, mas o compacto não perdeu pique nas vendas. A Variety, famosa publicação de cinema e música, noticiou na época que a RCA Victor estava encontrando dificuldades em atender todos os pedidos de lojas espalhadas em todo o país. Mal os singles chegavam nas vitrines e eram logo esgotados em poucas horas. Em pouco tempo o single havia vendido a estupenda marca de 5 milhões de cópias, fato inédito para a gravadora! Não tardou para que os recordes de vendas fossem noticiados pelos EUA afora, aumentando ainda mais a procura pelo novo disco do jovem cantor. Uma coisa levava a outra e os números só aumentavam de semana para semana. Elvis estava agora no topo de todas as paradas, com duas canções ocupando a primeira e segunda posição na principal lista de hits mais vendidos (um feito que apenas os Beatles conseguiriam repetir na década de 60). Um sucesso realmente sem precedentes. Se alguém ainda tinha alguma dúvida sobre a força do novo cantor ela se dissipou completamente com o êxito fenomenal do novo compacto. Elvis Presley não era apenas um nome em potencial, era um sucesso absoluto de vendas. O novo astro de ouro da indústria do disco.
Hound Dog (Jerry Leiber - Mike Stoller) / (MCA Music, inc, Gladys Music Co, ASCAP) 2:16 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, New York. / Don't Be Cruel (Otis Blackwell - Elvis Presley) / (Elvis Presley Music, Unichapell Music, BMI) 2:02 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque. / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Shorty Long (piano), Gordon Stoker (piano em "Hound Dog"), The Jordanaires (vocais de apoio) / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Produção: Steve Sholes / Estúdio de gravação: RCA Studios, New York / Data de Lançamento: junho de 1956 (EUA) / Setembro de 1956 (Inglaterra) / Dezembro de 1956 (Brasil).
Pablo Aluísio.
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