sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A Face Oculta

Esse western foi o único filme dirigido por Marlon Brando. Foi um projeto complicado desde o começo. Inicialmente a Paramount escolheu o genial Stanley Kubrick para dirigir o filme, mas atritos com Brando fizeram com que o cineasta resolvesse abandonar a produção. Como Marlon Brando confiava na qualidade do material e parte do dinheiro do orçamento de produção vinha de sua própria produtora (a Pennebaker Productions) ele tomou uma decisão inédita em sua carreira. Ele decidiu que assumiria a direção do filme. Foi uma decisão precipitada e muito ousada pois Brando nunca havia dirigido nada em sua vida. Ele era um ótimo ator, mas nunca havia estudado uma linha para assumir a direção de um filme. Ele não tinha experiência e nem o conhecimento técnico para essa função. A direção de Marlon Brando transformou "A Face Oculta" em um verdadeiro elefante branco cinematográfico. Sem experiência nenhuma na arte de dirigir um filme, Brando começou a filmar a esmo, sem foco, sem rumo certo a tomar. 

Durante as filmagens ficou óbvio para todos que sua inexperiência iria tornar tudo mais caro, demorado e complicado. Ele não tinha a menor capacidade técnica para realizar o filme. Coisas óbvias como a escolha da lente da câmera ou das técnicas de se filmar em locações eram desconhecidas para o ator. Brando resolveu contratar o ator e amigo Karl Malden para o papel de xerife, uma escolha que a Paramount achava equivocada já que o personagem era bem mais velho do que ele. E assim os erros foram se acumulando cada vez mais. Outro problema foi o estouro rápido do orçamento. Marlon chegou a ficar um dia inteiro filmando ondas no mar em busca da "onda perfeita" para aparecer no filme. Seu primeiro rolo editado chegou nas mãos do estúdio com cinco horas de duração! Era uma metragem absurda, completamente fora dos padrões e nada comercial. A Paramount então resolveu assumir o controle da edição final do filme, tentando montar no meio de horas e horas de filmagens inúteis, um enredo que fizesse sentido para o público. Foi um trabalho imenso que levou meses para ficar pronto e mesmo assim tudo resultou em um filme muito longo... e muitas vezes muito chato! Pelo menos essa foi a opinião dominante entre os críticos na época de lançamento original do filme.

Marlon Brando, por sua vez, passou a falar mal do filme aos jornalistas que lhe perguntavam quando o filme iria ser lançado. Ele nem pensava duas vezes antes de dizer que esse faroeste era um desastre e que dirigir tinha sido uma das piores experiências de sua vida. O resultado que chegou até o público mostra bem os problemas da película. Mesmo completamente cortado e editado, o filme se mostrou muitas vezes longo e sem direção, caindo, em alguns momentos, no marasmo completo. A crítica em 1961 obviamente malhou impiedosamente o filme quando chegou aos cinemas, mas curiosamente o tempo parece ter feito bem ao western, uma vez que hoje em dia ele assumiu um status de cult movie que ninguém previra em sua chegada aos cinemas na década de 1960.

A Face Oculta (One-Eyed Jacks, Estados Unidos, 1961) Direção: Marlon Brando / Roteiro: Guy Trosper, Calder Willingham / Elenco: Marlon Brando, Karl Malden, Pina Pellicer, Katy Jurado, Ben Johnson / Sinopse: Traição e morte rondam os envolvidos em um roubo no México anos atrás. Único filme dirigido por Marlon Brando. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de fotografia (Charles Lang).

Pablo Aluísio.


Paixão de Bravo

"Paixão de Bravo" é um clássico do western americano. Reuniu dois grandes astros da época, Robert Mitchum e Susan Hayward. A química entre eles ficou evidente na tela. Na história temos o protagonista Jeff McCloud (Robert Mitchum), um veterano competidor de rodeios, que após montar um touro da raça brahma é violentamente jogado ao chão, sofrendo inúmeros ferimentos. Cansado e desiludido, por ter competido no meio por quase 20 anos e não ter juntado nada, nenhum dinheiro, mesmo vencendo vários rodeios, ele decide voltar à sua antiga cidade, para rever sua casa de infância, afinal ele está na estrada por um longo tempo. Ao retornar para sua cidade natal descobre que sua antiga moradia está à venda. Entre os que querem comprar o lugar está o casal formado por Wes Merritt (Arthur Kennedy) e sua esposa Louise (Susan Hayward). Embora tenham muita vontade de se tornarem proprietários do lugar, fundando um novo rancho, o casal não tem ainda o dinheiro suficiente para realizar seu sonho. Isso leva Jeff a ter uma ideia. Que tal os três formarem uma sociedade? Jeff, ferido ainda após a última competição, poderia treinar Wes e eles dividiram os prêmios dos rodeios que participassem. Afinal o que teriam a perder? Feito o acordo o trio cai na estrada, cruzando o oeste em busca de competições de rodeios, com o objetivo de ganhar bastante dinheiro para se tornarem ricos e prósperos fazendeiros. O trio então parte em busca da realização de seus sonhos.

"Paixão de Bravo" é um excelente faroeste, rodado ainda em preto e branco pelo extinto estúdio RKO. O filme mostra os bastidores dos principais rodeios americanos, suas competições, seus dramas pessoais e a vida dura de um cowboy correndo em busca da vitória. O roteiro, bem inspirado, usa de duas bases dramáticas bem destacadas. A primeira é a tensão sexual que se cria dentro do trio. Jeff (Mitchum) e Louise (Hayward) logo criam uma clara atração entre eles, algo que não pode ser concretizado porque afinal ela ainda é casada com Wes (Kennedy). Além disso eles vivem na fio da navalha, pois a qualquer momento podem sofrer um grave acidente, os deixando severamente feridos como era comum acontecer em competidores de rodeios naquela época.

Nesse ponto aliás o filme se sai muito bem, mostrando sem receios as contradições entre um esporte amado pelos americanos e os danos que ele causava entre os cowboys, pois muitos ficam paralíticos para o resto da vida após sofrerem quedas de cavalos ou touros. Geralmente a coluna dos competidores era gravemente destruída nessas quedas. Algo previsível quando se corria o risco de ficar embaixo de um animal de centenas de quilos após uma queda no meio da competição. O elenco está todo muito bem, mas destaco a forte presença de Susan Hayward em cena. Sua personagem passa longe de ser uma mera mocinha romântica de filmes de western, pelo contrário, ela sempre surge com opiniões próprias, impondo seu modo de pensar ao marido. Um bom retrato de uma mulher firme e independente, em um mundo dominado por homens rudes e bravos.

Paixão de Bravo (The Lusty Men, Estados Unidos, 1952) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: David Dortort, Horace McCoy / Elenco: Susan Hayward, Robert Mitchum, Arthur Kennedy, Arthur Hunnicutt / Sinopse: Um casal e um cowboy ferido resolvem entrar no circuito de rodeios realizados pelos Estados americanos. Viajando de cidade em cidade eles tentam vencer os grandes prêmios pagos nessas populares competições.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Bomb City

Título no Brasil: Bomb City
Título Original: Bomb City
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: 3rd Identity Films
Direção: Jameson Brooks
Roteiro: Jameson Brooks, Sheldon Chick
Elenco: Dave Davis, Glenn Morshower, Luke Shelton, Henry Knotts, Logan Huffman, Dominic Ryan Gabriel

Sinopse:
Filme com história baseada em fatos reais. Nos anos 90 um grupo de jovens do movimento punk passa a ser hostilizado dentro de uma cidade do interior do Texas. A tensão vai aumentando a cada dia. Eles sofrem, além do preconceito, uma série de ataques de violência. Quando finalmente decidem reagir uma tragédia acaba acontecendo.

Comentários:
Gostei bastante desse filme chamado "Bomb City". É uma história que tem diversas nuances interessantes, inclusive do ponto de vista sociológico. Basta alguém sair dos padrões impostos pela sociedade para que comecem a virar alvo de hostilidades e violência. É isso o que acontece com os punks retratados no filme. Eles não fazem mal a ninguém, apesar de suas roupas e cabelos que poderiam sugerir o contrário. Só querem curtir as músicas das bandas de punk que adoram durante à noite e, durante o dia, produzir sua arte plástica pelas ruas da cidade. Só que a simples presença deles já causa um certo desconforto entre os jovens "bem nascidos" da cidade. Os atletas, os populares, não perdem uma chance de humilhar e até mesmo agredir alguns punks. E ai, já sabemos, é uma panela de pressão social que um dia vai acabar explodindo. E explode mesmo, durante uma noite. Não irei contar os desdobramentos da história para não estragar as surpresas para quem ainda não viu ao filme, mas devo antecipar que nesse caso houve um erro da justiça americana. Muitos brasileiros gostam de desnosprezar seu próprio país, dizendo entre outras coisas que a justiça brasileira não funciona e só vale para os excluídos, os pobres, os negros, etc. Pois bem, assista ao filme. Veja como a tão elogiada justiça americana também produz muitas injustiças. Seu complexo de vira-latas vai cair por terra. Enfim, muito bom filme. Eu não conhecia esse caso e devo dizer que fiquei bem impressionado com tudo o que aconteceu. Você também certamente ficará. Não deixe de conhecer o filme, ele é, como já escrevi, muito bom realmente.

Pablo Aluísio.

O Estrangeiro

Título no Brasil: O Estrangeiro
Título Original: The Foreigner
Ano de Produção: 2017
País: Inglaterra, China
Estúdio: STX Entertainment
Direção: Martin Campbell
Roteiro: David Marconi, Stephen Leather
Elenco: Jackie Chan, Pierce Brosnan, Orla Brady, Michael McElhatton, David Pearse, Rufus Jones

Sinopse:
Com roteiro baseado no romance policial "The Chinaman", o filme "O Estrangeiro" conta a história de um pai, Quan Ngoc Minh (Jackie Chan) que vê sua filha ser morta em um atentado terrorista em Londres, promovido pelo IRA. Obcecado em descobrir os nomes dos autores do crime ele vai até o gabinete do primeiro ministro da Irlanda do Norte m busca de respostas e vingança.

Comentários:
Via de regra eu não sou grande fã dos filmes do Jackie Chan, mas esse aqui me surpreendeu positivamente. Há um tom mais sóbrio, mais sério. O roteiro é bem cuidadoso em desenvolver os personagens e as situações e o filme passa longe de ser uma daquelas fitas meio bobocas do Chan. Ele luta aqui, mas de maneira mais contida. Não há acrobacias e nem exageros. E o filme tem um ótimo vilão interpretado pelo ex-James Bond Pierce Brosnan. Seu papel é importante dentro da trama. Um sujeito com passado ligado ao IRA dos velhos tempos, das bombas, dos atentados terroristas contra ingleses. Agora, já bem envelhecido, ele se diz ser apenas um político, porém é um daqueles personagens dúbios, que levam o espectador ora a crer que ele estaria por trás dos atos terroristas, ora a pensar que na verdade ele é um elo de ligação do IRA atual com a civilidade, deixando o campo dos crimes para atuar apenas no complexo tabuleiro da política da região. No quadro geral é um filme bem realizado, que mantém o interesse até o final. E resgata o IRA para as telas de cinema novamente. Desde que deixou a luta armada de lado, o grupo irlândes nunca mais havia sido foco em filmes de ação. Agora eles estão de volta... mais violentos do que nunca. Assista ao filme sem receios.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O Sorriso Etrusco

Título no Brasil: O Sorriso Etrusco
Título Original: The Etruscan Smile
Ano de Produção: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: Arthur Cohn Productions
Direção: Oded Binnun, Mihal Brezis
Roteiro: Michael McGowan
Elenco: Brian Cox, JJ Feild, Thora Birch, Rosanna Arquette, Treat Williams, Peter Coyote, Aero Kapow Epps

Sinopse:
Com roteiro baseado no romance "La Sonrisa Etrusca" de Jose Luis Sampedro, o filme "O Sorriso Etrusco" conta a história de Rory MacNeil (Brian Cox), um orgulhoso morador de uma aldeia na costa escocesa que precisa viajar até San Francisco para fazer um tratamento de saúde. Seu filho mora lá. O problema é que pai e filho precisam superar velhos conflitos do passado.

Comentários:
Esse filme também é conhecido no Brasil como "Antes de Partir". A questão é que já existia um filme com esse título. Uma produção com Jack Nicholson e Morgan Freeman no elenco. Assim não fazia muito sentido usar esse mesmo título nacional. Melhor seguir o título do livro original que serviu de fonte para esse filme. Pois bem, aqui temos um filme que procura explorar não apenas relacionamentos conturbados entre pais e filhos, mas também entre gerações. O choque cultural do velho morador de uma aldeia distante da Escócia, com a cidade de pedra e aço que ele encontra em San Francisco é um dos temas do roteiro. Só que isso não é mais importante do que superar os conflitos pessoais que ele teve com o filho no passado. Agora o velho precisa passar por cima disso, até de seu orgulho pessoal, pois está morrendo de câncer e está com poucos meses de vida. Desse modo aproveita o resto de tempo que lhe sobra para conhecer seu neto, um bebezinho, sua nora e até mesmo cortejar uma bela funcionária de um museu da cidade, onde existe uma antiga estátua da cultura etrusca. O filme também pode ser visto como uma homenagem ao talento do ator Brian Cox. Assim como aconteceu com Christopher Plummer, ele agora passa pelo melhor momento em sua carreira, justamente na velhice, quando vários outros atores só pensam em se aposentar. Enfim, um bom drama, que mostra acima de tudo que é bem melhor morar numa pequenina vila escocesa à beira-mar, com muita natureza, do que em metrópoles sufocantes como San Francisco. Qualidade de vida é tudo!

Pablo Aluísio.

Asterix e o Segredo da Poção Mágica

Título no Brasil: Asterix e o Segredo da Poção Mágica
Título Original: Astérix Le Secret de La Potion Magique
Ano de Produção: 2018
País: França, Bélgica
Estúdio: M6 Studio, M6 Films, Les Editions
Direção: Alexandre Astier, Louis Clichy
Roteiro: Alexandre Astier, Louis Clichy
Elenco: Christian Clavier, Guillaume Briat, Alex Lutz, Bernard Alane, Daniel Mesguich, Alexandre Astier

Sinopse:
O mago druída Panoramix decide que é chegado a hora de encontrar seu sucessor na arte da magia. Esse novo herdeiro de seus conhecimentos deverá dominar a criação da poção mágica, que ajuda seu povo a ficar livre da dominação de Roma. Só que essa busca por um jovem mago vai ser mais complicada do que ele poderia imaginar.

Comentários:
Esse divertido universo foi criado em 1959 pelos cartunistas Albert Uderzo e René Goscinny. Asterix vive em uma aldeia na Gália antiga. Seu povo está sempre tentando derrotar César e os romanos, que insistem em conquistar aquelas terras. Como se pode perceber os quadrinhos recriam com muita diversão um período histórico que realmente existiu no território que hoje em dia seria a França moderna. Foi até mesmo um toque de gênio de seus criadores pois ao mesmo tempo que diverte as crianças trazem a elas informações históricas que também ensinam. Pena que na história real os gauleses tenham sido derrotados pelos romanos. De qualquer forma essa animação não deixará a desejar para quem lê os quadrinhos de Obélix, Asterix e todos os demais personagens. Minha única crítica seria pelo fato de que dessa vez preferiram optar pela computação gráfica. Vamos ser sinceros, a animação tradicional seria muito mais adequada. Esse Asterix digital não me agradou muito não, apesar do enredo absolutamente divertido e engraçado.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

No Vale da Violência

A primeira coisa que notei quando esse faroeste começou, foi o fato dele ter sido produzido pela companhia Blumhouse Productions. Essa empresa é especializada na produção de filmes de terror. Pelo visto estão ampliando o leque de gêneros, apostando agora no bom e velho western. Bom saber disso. Pois bem, "No Vale da Violência" tem várias referências dos filmes clássicos, principalmente aos das décadas de 1960 e 1970. O roteiro aposta novamente na figura do estranho sem nome (alguém aí lembrou de Clint Eastwood?), aquele sujeito sem passado e sem nome que chega numa cidadezinha do velho oeste. Acompanhado apenas pelo seu cão, o forasteiro interpretado por Ethan Hawke chega nesse lugar desolado. A maioria da população foi embora após o fim do carimbo de prata e tudo o que ficou para trás se resume em uma cidadela decadente e abandonada. Após entrar no saloon o desconhecido acaba topando por mero acaso com o valentão da cidade, um homem violento chamado Gilly (James Ransone). Ele é filho do xerife e se acha o rei do gatilho, mas no fundo não passa mesmo de um imbecil. Ao provocar o recém chegado forasteiro acontece o que todos já esperavam, ele leva uma tremenda surra na rua principal da cidade.

O xerife do lugar, pai do sujeito que apanha até dizer chega, é interpretado por John Travolta. Com perna de pau (pois ele perdeu a sua durante a guerra civil), o velho e cansado homem da lei é até um sujeito polido. Ele logo descobre que o cavaleiro desconhecido provavelmente seja um militar do exército americano por causa de seu rifle e outros instrumentos que carrega em sua sela de cavalo. Por isso evita maiores confusões. Assim o personagem de Ethan Hawke simplesmente aceita a sugestão de ir embora da cidade, sem problemas. Tudo estaria acertado se o filho do xerife (sempre agindo como um perfeito estúpido) não fosse atrás do pistoleiro no meio do deserto, dando origem a um verdadeiro banho de sangue na cidade. "No Vale da Violência" é um bom filme de western. Há elementos em seu roteiro que certamente vão agradar aos fãs do estilo. Minha única crítica mais consistente a esse filme vem da escolha do protagonista. O ator Ethan Hawke não me pareceu muito adequado a esse papel. Ele tem um estilo de interpretação mais fragilizado, mais sutil, ele próprio não tem o aspecto físico que um pistoleiro como esse exige. Melhor se sai Travolta, com seu xerife durão, mas justo. No final a diversão se torna garantida, principalmente quando todos resolvem acertar suas contas pelas ruas daquele lugar esquecido por Deus. Está bem recomendado se você gosta de filmes de faroeste.

No Vale da Violência (In a Valley of Violence, Estados Unidos, 2016) Direção: Ti West / Roteiro: Ti West / Elenco: Ethan Hawke, John Travolta, Taissa Farmiga, James Ransone / Sinopse: Um forasteiro chega numa velha cidade do oeste americano e acaba entrando em atrito com o filho do xerife, dando origem a uma rixa sanguinária e brutal.

Pablo Aluísio. 

Minha Casa na Úmbria

Título no Brasil: Minha Casa na Úmbria
Título Original: My House in Umbria
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: HBO Films
Direção: Richard Loncraine
Roteiro: Hugh Whitemore
Elenco: Maggie Smith, Ronnie Barker, Chris Cooper, Benno Fürmann, Giancarlo Giannini, Timothy Spall

Sinopse:
Com roteiro baseado na novela escrita por William Trevor, o filme "Minha Casa na Úmbria" conta a história de uma romancista chamada Emily Delahunty (Maggie Smith). Após um ataque terrorista ela abre sua própria casa para que sobreviventes desse atentado possam superar seus próprios traumas. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz (Maggie Smith).

Comentários:
Empatia com o sofrimento alheio. Esse é o principal motor da trama desse filme. Uma senhora rica decide ajudar um grupo de pessoas traumatizadas, que sobreviveram a um atentado terrorista. Ela então leva todos eles para as colinas da Umbria, uma bela região situada no centro da Itália. E lá todos vão se curando de seus problemas, uns ajudando aos outros, como bem reza a cartilha nesse tipo de ajuda mútua, baseada no solidariedade. O filme tem um clima muito calmo, onde a história se desenvolve lentamente. É um daqueles roteiros que prezam pelas nuances, pelos pequenos momentos, pelos gestos breves. Eu particularmente gosto muito desse estilo de filme, com um ar europeu mais sofisticado. É aquele tipo de produção que foca em um público mais interessado em diálogos e personagens bem estruturados, que vai assistir a um filme em busca de algo mais, de alguma bela lição de vida. Esses certamente não vão se decepcionar com esse drama sensível. E para completar o bom quadro cinematográfico todo o elenco está muito bem, com destaque especial para a maravilhosa Maggie Smith que, sozinha, já faria valer o filme inteiro. Que grande dama da atuação! Digna de todos os aplausos! 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A Gaivota

Título no Brasil: A Gaivota
Título Original: The Seagull
Ano de Produção: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: KGB Media, Mar-Key Pictures
Direção: Michael Mayer
Roteiro: Stephen Karam
Elenco: Annette Bening, Saoirse Ronan, Billy Howle, Brian Dennehy, Elisabeth Moss, Corey Stoll

Sinopse:
Baseado na peça escrita por Anton Chekhov, a história do filme "A Gaivota" se passa em 1904, na Rússia imperial. Irina (Annette Bening) é uma famosa atriz que decide passar o verão em sua bela casa de campo. Ao lado de familiares problemáticos, ela tenta superar os dramas de sua vida pessoal.

Comentários:
Em nenhum momento esse filme nega suas origens teatrais. E isso não é um problema, mas uma virtude. É um filme de diálogos e atuações. O elenco é muito bom. Além de Annette Bening temos ainda ótimos atores e atrizes em cena. Saoirse Ronan, em ótima atuação, interpreta a namorada do filho da atriz veterana Irina. O jovem é problemático, um suicida em potencial que não se encontra na vida. Isso faz com que a jovem logo se interesse pelo escritor Boris (Corey Stoll), um homem mais velho e bem sucedido na literatura, que também está na casa, passando o verão. Assim surge o primeiro conflito. Uma jovem camponesa, que sonha um dia se tornar atriz, se apaixonando por um escritor, bem na frente do namorado depressivo e da mãe dele. Elisabeth Moss interpreta uma prima que só se veste de preto, dizendo estar em luto por sua própria vida. Ela tem um amor não correspondido e também apresenta uma personalidade depressiva. O veterano Brian Dennehy, falecido em abril, está ótimo em um de seus últimos momentos no cinema. Enfim, um bom filme, marcado pelo excepcional elenco e por um texto teatral rico, que só aumenta ainda mais a qualidade cinematográfica do filme. A única crítica que teria a fazer seria a falta de uma abordagem política sobre a Rússia naquele período histórico. Não há uma linha de diálogo sequer falando sobre o contexto do que se passava no império russo naquele momento. E haveria muito a dizer sobre isso. No mais, tirando esse aspecto de lado, o filme é realmente muito bom, muito bem escrito e atuado.

Pablo Aluísio.

O Amigo Oculto

Título no Brasil: O Amigo Oculto
Título Original: Hide and Seek
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: John Polson
Roteiro: Ari Schlossberg
Elenco: Robert De Niro, Dakota Fanning, Famke Janssen, Elisabeth Shue, Amy Irving, Dylan Baker

Sinopse:
Enquanto um viúvo tenta recompor sua vida após o suicídio de sua esposa, sua filha encontra consolo, a princípio, em seu amigo imaginário. Uma estranha entidade que responde ao nome de Charlie. Seria apenas imaginação da menina ou algo sobrenatural estaria se manifestando naquela casa? Filme indicado ao Fangoria Chainsaw Awards na categoria de melhor atriz (Dakota Fanning).

Comentários:
Esse é um bom thriller de terror e suspense. Gosto de filmes assim porque o roteiro sempre procura sugerir, ao invés de mostrar logo tudo, estragando as surpresas para o espectador. Já dizia Alfred Hitchcock que para se fazer um bom filme de suspense a sugestão era o mais importante aspecto a se desenvolver no roteiro. É justamente o que ocorre nesse filme. Bobby De Niro interpreta um homem que perde sua esposa. Só sobra ele e sua filha, uma criança. Dakota Fanning, pirralhinha e com cabelos escuros, consegue surgir em cena bem assustadora. Ela afirma ter um amigo imaginário chamado "Charlie". No começo o pai não dá muita atenção, até entra na brincadeira, mas depois as coisas começam a ficar bem esquisitas, estranhas e perigosas. Há um clima sufocante durante todo o filme, com a tensão dessa presença que ninguém pode decifrar. Seria "Charlie" apenas fruto da imaginação da menina ou teria algum fundo de verdade naquilo tudo que estaria acontecendo? Imagine entrar no banheira da filhinha e ver uma espécie de "altar", com velas e tudo, dedicado a esse amigo imaginário. Bem assustador, não é mesmo? Por isso deixo a dica desse bom filme. Depois de assisti-lo essa figura do "amigo imaginário" ganhará outros contornos em sua mente.

Pablo Aluísio.