quarta-feira, 15 de julho de 2020

À Véspera da Morte

William Barclay "Bat" Masterson (1853 – 1921) foi um dos mais famosos xerifes do velho oeste. Elegante, sempre se vestia muito bem, mas não deixava de impor a lei e a ordem nas cidades onde exercia suas funções. Sua história pessoal e seus feitos deram origem a vários filmes e até mesmo a uma bem sucedida série de TV nas décadas de 1950 e 1960. Até música de sucesso virou no Brasil na voz de Carlos Gonzaga. Esse “À Véspera da Morte” é mais um bom western que tem como tema principal a história da vida de Bat Masterson. Nesse filme ele é interpretado por Joel McCrea. O roteiro se foca nos primeiros anos de Masterson. Após se envolver numa confusão numa pequena cidade do velho oeste, Bat resolve ir até Dodge City, onde seu irmão Ed Masterson (Harry Lauter) está profundamente envolvido na eleição do próximo xerife da cidade. Acontece que o atual xerife de Dodge City, o corrupto Jim Regan (Don Haggerty), está também tentando a sua reeleição. No meio do acirramento de ânimos pela disputa do cargo, Ed Masterson acaba sendo morto covardemente, nas sombras da noite. Só então a partir daí que Bat Masterson resolve ele próprio se candidatar a xerife da cidade. Com fama de rápido no gatilho e pistoleiro acaba vencendo o pleito, mas terá que provar o seu valor ao tentar impor ordem em Dodge City pois o lugar é infestado de criminosos, bêbados e desordeiros de todo tipo.

Algumas coisas me chamaram atenção nesse “The Gunfight at Dodge City”. O roteiro é bastante econômico e eficiente e não perde muito tempo em subtramas paralelas, muito provavelmente por causa de sua curta duração. Joel McCrea está muito bem no papel de Bat Masterson. Assim que é eleito o novo xerife da cidade ele começa a se vestir com aquela roupa característica desse personagem, terno e chapéu preto acompanhados da famosa gravata ao estilo francês. A única coisa que faltou mesmo no figurino clássico de Bat Masterson foi sua inseparável bengala, mas aqui é fácil de entender sua ausência. Masterson só começaria a usá-la muitos anos depois ao ser atingido por uma bala em seu joelho. Como a estória desse filme se passa antes desse evento era mais do que natural que o personagem surgisse sem esse acessório.

O vilão do enredo é obviamente o xerife Jim Regan que não se destaca muito. A produção é da Mirisch Corporation, uma produtora que sabia muito bem conciliar filmes de orçamentos baixos com bons resultados cinematográficos. Enfim, como não recomendar um western em que Joel McCrea interpreta o lendário Bat Masterson? Simplesmente impossível. Por isso não deixe de assistir e se possível procure ter o filme em sua coleção. Será uma bela aquisição.

À Véspera da Morte (The Gunfight at Dodge City, Estados Unidos, 1959) Direção: Joseph M. Newman / Roteiro: Martin Goldsmith, Daniel B. Ullman / Elenco: Joel McCrea, Julie Adams, John McIntire, Don Haggerty, Harry Lauter / Sinopse: Após chegar em Dodge City pela primeira vez o pistoleiro Bat Masterson (Joel McCrea) resolve disputar a eleição de xerife da cidade após a morte covarde de seu irmão mais velho, Ed Masterson. A decisão irá colocar a pequena cidade do velho oeste em pé de guerra.

Pablo Aluísio.

O Céu Pode Esperar

Ao morrer, Henry Van Cleve (Don Ameche) decide por conta própria se dirigir até o inferno onde é recebido cordialmente por um sujeito que responde apenas por “Excelência” (uma metáfora para o diabo em pessoa mesmo). Embora Henry queira ir logo para o “andar de baixo” o diabo não está convencido que esse seja realmente o seu lugar. Para convencer o dito cujo, Henry começa a recordar toda a sua vida, como que tentando demonstrar que o céu definitivamente também não era o seu lugar. Assim começa a trama sui generis de “O Céu Pode Esperar” (também conhecido como “O Diabo Disse Não”). O roteiro, muito bem escrito, se desenvolve enquanto o narrador-defunto vai contando os acontecimentos de sua existência. É um estilo narrativo que lembra inclusive o nosso Machado de Assis em sua famosa obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Nascido em família rica de Nova Iorque, Henry é cercado por luxo e riqueza desde a infância. Garoto travesso e desobediente, segue implicando com empregados e membros de sua família. Quando se torna jovem acaba roubando a noiva de seu primo, o advogado almofadinha Albert Van Cleve (Allyn Joslyn). O que parece ser um caso de impulso típico de jovens se revela porém um grande amor que atravessa décadas. Ao lado de Martha (Gene Tierney) ele finalmente encontra o equilíbrio em sua vida.

“O Céu Pode Esperar” é um filme acima de tudo muito elegante. Figurinos luxuosos, cenas bem realizadas, com muita pompa e glamour. A sociedade rica de Nova Iorque do final do século XIX é muito bem retratada e reconstituída. De certa forma a produção classe A mostra bem a fina elegância que rondava todos os filmes assinados pelo brilhante diretor Ernst Lubitsch. Veterano, gostava de realizar filmes que enchiam os olhos. Era adepto do cinema espetáculo, que mostrava pessoas ricas e sofisticadas. Curiosamente o cineasta não se deu muito bem com a atriz Gene Tierney. Em entrevistas ela chegou ao ponto de chamá-lo de “ditador”. Na realidade Lubitsch sempre foi um perfeccionista nato, que chegava quase às raias da obsessão. Quem ganhava no final das contas era o espectador.

O resultado como se pode conferir aqui era dos melhores, com muita sofisticação. O roteiro foi baseado em uma peça de teatro que fez grande sucesso no rádio. Nessa versão radiofônica o personagem Henry já havia sido interpretado por Don Ameche e por isso ele foi novamente escalado. Sua atuação foi tão bem realizada que ele próprio, muitas décadas depois, afirmou que essa sempre fora a atuação preferida de sua filmografia, dentre tantas que realizou ao longo da vida. No final tudo saiu a contendo. O filme fez bastante sucesso e acabou sendo indicado nas principais categorias do Oscar, entre elas Melhor Filme, Melhor Fotografia e Melhor Direção. Para quem aprecia o cicnema do passado é uma ótima dica conhecer esse excelente filme.

O Céu Pode Esperar / O Diabo Disse Não (Heaven Can Wait, Estados Unidos, 1943) Direção: Ernst Lubitsch / Roteiro: Samson Raphaelson baseado na peça de Leslie Bush-Fekete / Elenco: Gene Tierney, Don Ameche, Charles Coburn, Marjorie Main, Laird Cregar / Sinopse: Após morrer aos 70 anos de idade, Henry Van Cleve (Don Ameche) resolve se dirigir até as portas do inferno para pagar por seus pecados. Ao chegar lá o diabo em pessoa (Laird Gregar) decide ouvir sua história para ver se ele realmente merece ir para lá.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de julho de 2020

O Parceiro do Diabo

Após cumprir uma sentença de sete anos de prisão, o ladrão de bancos e pistoleiro Clay Lomax (Gregory Peck) finalmente volta para as ruas. Seu primeiro objetivo agora em liberdade é procurar seu antigo parceiro de roubos, o traidor Sam Foley (James Gregory). Acontece que no último roubo da dupla, Sam procurando ficar com todo o dinheiro do banco roubado, acabou atirando pelas costas em Clay, o deixando gravemente ferido e à mercê dos homens da lei. Depois de um tempo em recuperação foi finalmente enviado para a prisão para cumprir sua sentença por roubo a bancos. Livre finalmente, Clay agora procura por vingança, para um acerto de contas final. O problema é que sem aviso Clay acaba recebendo uma encomenda inesperada. Uma antiga amante lhe deixa de “presente” uma pequena garotinha de apenas cinco anos, que fará balançar o coração do velho durão! “O Parceiro do Diabo” é um western diferente. Ao mesmo tempo em que lida com a mitologia da vingança no velho oeste, tema de tantos filmes ao longo desses anos, também mostra um lado mais sentimental e humano na relação que nasce entre um velho pistoleiro e uma criança, que pode ou não ser sua filha. De certa forma o tema já tinha sido explorado antes com grande êxito em “Bravura Indômita” do mesmo diretor, mas aqui surge com mais suavidade e frescor.

O ator Gregory Peck era um excelente escolha para esse tipo de personagem, a do sujeito durão, disposto a resolver tudo com seu revólver, mas ao mesmo tempo um homem de bom coração. É incrível como mesmo interpretando um ladrão de bancos, ele conseguia trazer toda aquela dignidade pessoal que foi tão presente em toda sua carreira. O elenco de apoio também é excelente com destaque para Robert F. Lyons no papel do cowboy e também pistoleiro Bobby Jay Jones. Poucas vezes vi um vilão de western tão irritantemente insuportável, sádico e sem escrúpulos como ele. Em uma das cenas mais lembradas de “O Parceiro do Diabo” ele faz toda uma família refém e começa a fazer das crianças seu alvo humano, mandando colocar copos de vidros em suas cabeças para treinar sua pontaria. Além disso seu jeito um tanto quanto imaturo e sem noção o torna ainda mais perigoso. Lyons está perfeito em sua caracterização, chegando inclusive a ofuscar o grande mito Peck nas cenas em que atuam juntos. Aliás é bom destacar que o duelo final entre ambos também é um dos melhores já vistos em filmes dessa época. Clay resolve devolver na mesma moeda o sadismo de Jones.

O diretor Henry Hathaway era realmente um cineasta com talento de artesão pois conseguia realizar grandes filmes mesmo com roteiros e enredos aparentemente simples, sem grandes pretensões. Infelizmente esse “O Parceiro do Diabo” foi seu último grande faroeste no cinema. Com problemas de saúde, só dirigiria mais um filme, “Hongup”, três anos depois.  Não faz mal, produções como essa lhe garantiram o lugar no Olimpo dos grandes mestres do western americano. Uma despedida à altura para uma carreira tão marcante no gênero.

O Parceiro do Diabo (Shoot Out, Estados Unidos, 1971) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Marguerite Roberts baseada na novela de Will James / Elenco: Gregory Peck, Patricia Quinn, Robert F. Lyons, James Gregory, Susan Tyrrell / Sinopse: Após cumprir sete anos de prisão por assalto a bancos o pistoleiro Clay Lomax (Gregory Peck) resolve sair no encalço de seu antigo parceiro de crimes, o traidor Sam Foley (James Gregory). Seus planos porém mudam após ele receber de “presente” de uma antiga amante uma garotinha de apenas cinco anos de idade para cuidar!

Pablo Aluísio.

Desta Vez te Agarro

Título no Brasil: Desta Vez te Agarro
Título Original: Smokey and the Bandit II
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Hal Needham
Roteiro: Hal Needham
Elenco: Burt Reynolds, Jackie Gleason, Jerry Reed, Dom DeLuise, Sally Field, Paul Williams

Sinopse:
O destemido Bandit (Burt Reynolds) faz outra corrida com seu carrão envenenado, agora rompendo todos os limites, transportando um elefante da Flórida para o Texas. E mais uma vez acaba sendo perseguido pelo xerife Buford T. Justice (Jackie Gleason) que jura pegá-lo nas estradas.

Comentários:
Continuação de Agarra-me se Puderes (1977). É a tal coisa, se o primeiro fez sucesso, rendeu ótima bilheteria, por que iriam desperddiçar a chance de levar a franquia em frente? E as coisas não iriam parar por aqui pois um terceiro filme seria realizado alguns anos depois, Agora Você Não Escapa (1983). A bem da verdade nenhum desses filmes foi grande coisa, mas eram produções adoradas pelo público que ia ao cinema nos anos 1970, 1980. O Burt Reynolds era um astro nessa época, lotando cinemas e causando alvoroço por onde passava. Esse filme em especial não tem grande diferença do primeiro a não ser um enorme elefante (isso mesmo, um elefante) que o protagonista tenta levar de um estado para o outro. E ele tem apenas 3 dias para cumprir essa verdadeira façanha. Enfim, assista e mate saudades das antigas sessões da tarde. É coisa antiga, mas que ainda diverte. E misturando com nostalgia funciona ainda melhor.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Greyhound

Título no Brasil: Greyhound - Na Mira do Inimigo
Título Original: Greyhound
Ano de Produção: 2020
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Aaron Schneider
Roteiro: Tom Hanks
Elenco: Tom Hanks, Elisabeth Shue, Stephen Graham, Matt Helm, Craig Tate, Rob Morgan

Sinopse:
Com roteiro baseado no livro The Good Shepherd, escrito por C.S. Forester, o filme conta a história do capitão Krause (Tom Hanks). Durante a Segunda Guerra Mundial ele é designiado para comandar o destróier americano Greyhound. Sua primeira missão é escoltar um comboio de navios americanos com destino a Liverpool, na Inglaterra. No meio da jornada surgem submarinos da Marinha nazista, com a missão de afundar todos os navios do comboio.

Comentários:
Muito bom esse filme. Aliás devo dizer que é um filme de guerra ao velho estilo, como há muito não se via sendo produzido. O enredo é rápido e eficaz, feito para um público que deseja ver grandes batalhas navais. E aqui temos navios de guerra dos Estados Unidos enfrentando submarinos alemães, conhecidos pela sigla U-Boat. O objetivo dos americanos é proteger um grande comboio de navios mercantes no Atlântico Norte. Já a marinha da Alemanha nazista tem como missão afundar todos eles, não apenas para prejudicar os inimigos, mas também para sufocar a economia da Inglaterra, que precisava desses comboios com alimentos, mercadorias e também soldados que iriam lutar ao lado dos ingleses. O filme vai direto ao ponto. Há uma breve cena no começo mostrando o capitão de Tom Hanks pedindo a mão de uma mulher em casamento (sem sucesso) e depois o roteiro vai logo para o meio do Oceano onde toda a ação vai se desenrolar. E de repente o espectador se sente no meio da batalha, quando os navios dos aliados são cercados por seis submarinos alemães. Uma arma de guerra realmente mortal, como vemos nos acontecimentos retratados no filme. Como destruir um submarino se não há como vê-lo, apenas seguindo pistas deixadas pelo sonar? Outro aspecto digno de nota é que o militar interpretado por Tom Hanks é um homem de fé, capaz inclusive de lamentar a morte do inimigo. Além disso ele tem uma certa insegurança no comando, pois aquele teria sido o primeiro navio de guerra a comandar e ainda mais em uma situação limite, que exigiria todos os seus talentos como marinheiro. Enfim, ótimo filme de guerra. Um dos melhores já lançados nos últimos anos. Não deixe de conferir não apenas o talento de Hanks como ator, mas também como escritor, pois ele mesmo escreveu o roteiro. Ficou muito bom.

Pablo Aluísio.

Os Imorais

Título no Brasil: Os Imorais
Título Original: The Grifters
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Cineplex Odeon Films
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Donald E. Westlake
Elenco: Anjelica Huston, John Cusack, Annette Bening, Jan Munroe, Stephen Tobolowsky, Jimmy Noonan

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Jim Thompson, o filme "Os Imorais" conta a história do vigarista Roy Dillon (John Cusack), um sujeito especializado em pequenos golpes. Quando surgem na jogada sua mãe e sua namorada, as apostas passam a ser dobradas. As coisas só ficam fora do controle quando um assassinato é cometido. Quem vai responder por esse crime? 

Comentários:
Inicialmente iria ser um filme dirigido por Martin Scorsese, porém ele depois pensou melhor e decidiu que apenas iria produzir o filme. Chamou outro cineasta muito talentoso, Stephen Frears, participando apenas dos bastidores. O resultado ficou muito bom, tanto que ganhou várias indicações ao Oscar, incluindo melhor direção, melhor atriz coadjuvante (Annette Bening, que está muito bonita no filme) e roteiro adaptado. Quem também foi lembrada pelo Oscar e pelo Globo de Ouro foi a atriz Anjelica Huston, que concorreu ao Oscar de melhor atriz. Ela está bem diferente no filme, usando um cabelo platinado até esquisito, fumando um cigarro após o outro, o que combinava com sua personagem, uma mulher, como o próprio título nacional sugere, sem quaisquer valores morais, uma imoral. Curiosamente quem foi esquecido pelos grandes prêmios do mundo do cinema foi justamente John Cusack. Não fez muito sentido, pois se suas colegas foram lembradas pelo Oscar, ele também deveria ter sido. Está muito bom na pele de seu personagem escroque, que só pensa em se dar bem, passando a perna nos outros. Em minha opinião Cusack esteve poucas vezes tão bem no cinema como nesse filme. Outro destaque vem da trilha sonora, toda composta com temas do mais puro e autêntico jazz americano. Os ouvidos mais refinados certamente vão agradecer. 

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de julho de 2020

A Vida de David Gale

Título no Brasil: A Vida de David Gale
Título Original: The Life of David Gale
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Alan Parker
Roteiro: Charles Randolph
Elenco:  Kevin Spacey, Kate Winslet, Laura Linney, Melissa McCarthy, Rhona Mitra, Gabriel Mann

Sinopse:
Após ser acusado do estupro de uma de suas alunas, o professor David Gale (Spacey) vê sua vida desabar. E após a morte de uma colega que trabalhava ao seu lado numa ONG de direitos humanos, a coisa piora ainda mais. Ele é preso e acusado de um crime que o leva para o corredor da morte. Três dias antes da data de sua execução decide receber a jornalista Bitsey Bloom (Winslet) para contar a sua versão dos fatos.

Comentários:
Bom filme que discute nas entrelinhas de seu roteiro a questão da pena de morte. Seria esse tipo de penalidade adequada para o mundo em que vivemos? Kevin Spacey novamente dá show de interpretação em seu personagem. Ele está no corredor da morte, acusado do homicídio de uma colega de trabalho, mas alega completa inocência. Faltam apenas 3 dias para sua execução. A jornalista, interpretada pela atriz Kate Winslet vai até a prisão para ouvi-lo. E fica convencida de sua inocência. Porém haverá tempo para salvá-lo da pena capital? Mais importante do que isso, ele é inocente ou culpado do crime pelo qual foi julgado e condenado? É um bom roteiro, que tem uma causa a defender, porém devo dizer que apesar do bom desenvolvimento de toda a história quando o filme chega ao seu final há uma certa decepção. Isso porque o roteiro vai longe demais para provar seu ponto de vista. Uma situação como a que é revelada em suas cenas finais realmente estrapola o bom senso, é inverossímil demais. De qualquer forma é bom dizer que até esse ponto chegar o filme já terá valido a pena. E o mais curioso de tudo é perceber como a situação atual do ator Kevin Spacey, que praticamente foi banido de Hollywood após uma série de acusações, encontra semelhanças com as do personagem que interpreta nesse filme. A vida, nesse caso, realmente imitou a arte.

Pablo Aluísio.

Inspetor Maigret: O Caso Montmartre

Título no Brasil: Inspetor Maigret - O Caso Montmartre
Título Original: Maigret in Montmartre
Ano de Produção: 2017
País: Inglaterra
Estúdio: ITV Broadcasting
Direção: Thaddeus O'Sullivan
Roteiro: Guy Andrews
Elenco: Rowan Atkinson, Nicola Sloane, Sebastian De Souza, Simon Gregor, Olivia Vinall, Douglas Hodge

Sinopse:
Baseado no romance policial escrito por Georges Simenon, o filme conta a história de asssassinato de duas mulheres, uma condessa e uma dançarina de boates em Londres. Qual seria a ligação entre os dois crimes? Apenas o inspetor Maigret poderia solucionar esse mistóerio.

Comentários:
Você conhece o ator Rowan Atkinson por causa do personagem Mr. Bean. Ele é mesmo um ótimo comediante, muito talentoso para o humor. Tentando provar que também é um bom ator sério, ele está aqui nesse filme, mostrando um outro lado de sua carreira, desenvolvendo seu trabalho em um filme policial de suspense e mistério, com clara inspiração nos livros clássicos do gênero, em especial dos livros de Agatha Christie e das aventuras do detetive Sherlock Holmes. Não há nenhuma pitada de humor nessa produção. A trama se desenvolve toda no submundo de uma Londres escura, suja e decadente da década de 1940. A morfina está espalhada pela cidade, uma condessa rica, viciada nassa droga, é encontrada estrangulada em seu apartamento. O crime havia sido previsto por uma dançarina que vai até o Inspetor Maigret para alertar sobre isso. Só que ela nem tem tempo de contar tudo, pois também é morta pelo mesmo assassino. Caberá então ao experiente policial desvendar o que teria acontecido. Gostei desse filme. Depois de assisti-lo uma coisa fica clara: apenas os ingleses conseguem fazer filmes tão bons nesse estilo. É uma longa tradição que se repete aqui, para o prazer dos fãs desse tipo de literatura.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de julho de 2020

Convenção das Bruxas

Título no Brasil: Convenção das Bruxas
Título Original: The Witches
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Lorimar Films
Direção: Nicolas Roeg
Roteiro: Allan Scott
Elenco: Anjelica Huston, Rowan Atkinson, Mai Zetterling, Jasen Fisher, Bill Paterson, Brenda Blethyn

Sinopse:
Baseado em um livro juvenil escrito pelo autor Roald Dahl, o filme "Convenção das Bruxas" conta a história de um garoto que acaba descobrindo uma convenção onde se reunirá bruxas de todo mundo. Depois disso ele precisa deter todas as bruxarias, mesmo sendo transformado em um rato!

Comentários:
Esse filme sempre me lembrou um pouco de "As Bruxas de Eastwick", porém com claras diferenças. Para começo de comparação aquele filme tinha o grande Jack Nicholson em momento muito inspirado de sua filmografia. Aqui temos sua namorada na época, a talentosa Anjelica Huston, que basicamente segura o filme inteiro praticamente sozinha. Outro ponto forte dessa produção é a maquiagem, que injustamente não foi indicada ao Oscar. A maquiadora Christine Beveridge e sua equipe porém foiram lembradas no BAFTA Awards, onde foram indicadas na categoria. Elas tiveram que trabalhar dobrado aqui, maquiando mais de duas dezenas de atrizes. O resultado ficou excepcional. Em entrevistas Christine explicou que decidiram usar o visual mais clássico que havia das bruxas, inspirado inclusive em antigos livros de terror e suspense, nas gravuras da época. Enfim, para um público juvenil que queria se divertir muito e de vez em quando ter alguns sustinhos com a imagem simbólica das bruxas, é uma boa pedida - mesmo nos dias atuais, trinta anos depois do lançamento original do filme.

Pablo Aluísio.

Batman vs. Duas-Caras

O setor de animação da Warner associado com a DC Comics tem produzido diversas animações do Batman nos últimos anos. Só que essa aqui é bem diferenciada. A intenção fica clara desde a primeira cena, desde o momento em que a trilha sonora começa a tocar. Essa animação nada mais é do que uma homenagem à série clássica dos anos 1960. Aquela mesma ultra-camp, kitsch e super colorida (para aproveitar a moda das televisores em cores que chegavam nas casas dos americanos naquela época). Os produtores até mesmo conseguiram trazer os atores Adam West (Batman), Burt Ward (Robin) e Julie Newmar (Mulher Gato) para dublarem os personagem que tinham interpretados na série original. E de quebra, para alegria da geração geek, ainda contrataram o próprio capitão Kirk, ou melhor dizendo, William Shatner, para dublar o vilão Duas-Caras. É um pacote completo para quem adorava séries nerds antigas.

Perceba que o desenho dos animadores seguiu também à risca a direção de arte da série dos anos 60. Os mesmos uniformes e as mesmas bugigangas que o Batman tirava de seu cinto com mil e uma utilidades. Só faltou o "Bat-Repelente de tubarões"! Com tudo isso na tela, o tom acaba sendo de galhofa e chanchada, mas era essa mesma a intenção dos realizadores. Dizem inclusive que isso também está ocorrendo no mundo dos quadrinhos, com uma linha de gibis inspirada no Batman gorducho e gaiato dos anos 60. Agora, uma coisa é certa. O espectador tem que entrar no cilma e entender que tudo nessa animação foi feito na base da referência de um passado do herói que nem todo mundo gosta ou aprecia. Quem curte o Batman sombrio, dark, sério, esqueça. Esse Batman aqui é nostalgia pura, infantil, algo feito para quem gostava do seriado antigo. Nada a ver com o Batman pós Cavaleiro das Trevas.

Batman vs. Duas-Caras (Batman vs. Two-Face, Estados Unidos, 2017) Direção: Rick Morales / Roteiro: Michael Jelenic, James Tucker / Elenco: Adam West, Burt Ward, William Shatner, Julie Newmar / Sinopse: Nessa homenagem ao antigo seriado de TV da década de 1960, Batman e Robin enfrentam um novo desafio. O promotor público  Harvey Dent (Shatner) é exposto a um produto químico que divide sua personalidade em duas. Uma boa e outra má. Surgindo daí o vilão Duas-Caras.

Pablo Aluísio.