Durante anos ela foi a queridinha de Hollywood. Irmã mais velha do astro Warren Beatty ela entrou pela porta da frente no seleto grupo de grandes astros do cinema. Apesar disso nunca conseguiu ser muito próxima do próprio irmão, pessoa que ela aliás admite não gostar muito. Na juventude Shirley fazia o estilo "garota sapeca" e seu jeito terno lhe rendeu vários personagens inesquecíveis. Essa imagem angelical porém escondia um verdadeiro furacão nos bastidores. MacLaine colecionou amores e namorados famosos em sua passagem por Hollywood e hoje aos 76 anos não tem mais medo de confessar as histórias de alcova que viveu.
Em recente entrevista a um popular programa de TV nos EUA Shirley MacLaine resolveu contar alguns segredos da elite da capital do cinema mundial. "Eu tive muitos casos amorosos em minha vida, com atores, diretores e produtores famosos. Em Hollywood muita gente dormia com todo mundo. Já cheguei a ir para cama com três homens diferentes numa só noite! Era assim que as coisas aconteciam. Havia muitas festas e muito sexo! Eu já namorei muitos atores famosos, verdadeiros astros das telas". Nas festas após as premiações as trocas de casais era um fato comum relembra a atriz.
Um de seus romances mais famosos e indefinidos foi com o ator Robert Mitchum com o qual contracenou em "Dois na Gangorra". Shirley recorda: "Ele era mais velho do que eu mas eu me apaixonei por ele. Por trás da fachada de sujeito durão havia um coração de ouro. Era uma pessoa muito romântica". Embora gostasse sinceramente de Mitchum acabou se casando com outro homem, o produtor Steve Parker. Isso porém não a impediu de buscar por novos casos amorosos. Seu casamento acabou sendo do tipo aberto pois assim como ela tinha amantes, ele também tinha as suas. "Na minha juventude eu tinha muitos casos e muitas escapadas sexuais. Alguns eram bem famosos mas também eram amantes terríveis, ruins de cama mesmo". Para esses Shirley, por pura educação, evita citar nomes. "Dos meus casos com astros famosos o que mais me marcou foi meu longo relacionamento com Mitchum. Ficamos juntos até o dia de sua morte. Outro que tenho saudades é Yves Montand, uma pessoa muito fina e elegante".
Mesmo gostando dos dois namorados, MacLaine não diminuiu seu interesse para com o sexo oposto e acabou se tornando bem eclética em suas escolhas, como ela mesma gosta de dizer. Chegou a namorar pessoas bem diferentes entre si, como o comediante Danny Kaye e o ministro das relações exteriores Andrew Peacock. Já em relação a outros atores com quem trabalhou MacLaine desmente qualquer envolvimento amoroso. "Eu achava Jack Lemmon um doce, um amor, mas nunca tive nada com ele realmente". Por ser muito festeira e gostar de embalos MacLaine acabou entrando para o grupinho de Frank Sinatra que ainda contava com Dean Martin e Sammy Davis Jr. "Virei a mascote da turma. Nos divertimos muito naqueles anos". Também cultivou uma longa amizade com a diva Elizabeth Taylor, que classificava como "um amor de pessoa". O único ator que MacLaine diz ter sentido receio em se relacionar em sua longa história em Hollywood foi Jack Nicholson! "Ele realmente é um sujeito perigoso, as mulheres devem ter cuidado com Jack" - completa sorrindo. Hoje em dia MacLaine está sozinha e feliz e diz preferir a companhia de animais de estimação. "Dão menos trabalho do que os homens" finalizou.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
terça-feira, 22 de outubro de 2019
El Camino
A série "Breaking Bad" realmente marcou época. Até hoje é considerada uma das melhores séries já produzidas. O tempo passou e agora temos um filme que procura dar uma certa continuidade nos acontecimentos. Olhando para trás um dos poucos personagens principais que conseguiram sobreviver foi justamente Jesse Pinkman (Aaron Paul). No começo da série ele foi o jovem estudante recrutado por seu professor de química para vender o produto de seus esforços, a droga Metanfetamina. Nos primeiros episódios ele era um sujeito meio bobão e inconsequente que foi crescendo ao longo da série, principalmente por causa dos perigos que foram se acumulando.
Aqui o encontramos em fuga. Ele escapou de uma jaula (literalmente falando), e tenta ir embora para o Alaska, fugindo da polícia e de quadrilhas inimigas. Para isso precisa de dinheiro e isso desencadeia uma série de eventos impensáveis. A direção e o roteiro ficaram nas mãos do próprio criador da série original, Vince Gilligan. Isso trouxe a autenticidade e a qualidade que todos os fãs da série estavam acostumados. Alguns disseram que na verdade seria apenas um novo episódio com quase duas horas de duração. Penso diferente. É um filme realmente, tal como sugere seu subtítulo "A Breaking Bad Movie" que inclusive pode ser assistido por si mesmo, até por aqueles que nunca viram um episódio da série que lhe deu origem. É um arco narrativo completo, que não necessita de prévio conhecimento dos personagens. Já para os fãs originais há uma pequena surpresa, com o aparecimento de Walter White (Bryan Cranston) em uma única cena, em flashback. Até achei gratuita a cena, mas valeu para relembrar dos episódios antigos. Então é isso. Gostei realmente desse novo suspiro de vida de "Breaking Bad". Fica a recomendação.
El Camino (El Camino: A Breaking Bad Movie, Estados Unidos, 2019) Direção: Vince Gilligan / Roteiro: Vince Gilligan / Elenco: Aaron Paul, Jonathan Banks, Matt Jones / Sinopse: Jesse precisa escapar, fugir para fora do país. A polícia e traficantes rivais querem sua cabeça. Sua única chance de sobrevivência é se mandar para o lugar mais longe possível, o distante e frio Alaska, onde ele pretende recomeçar sua vida.
Pablo Aluísio.
Aqui o encontramos em fuga. Ele escapou de uma jaula (literalmente falando), e tenta ir embora para o Alaska, fugindo da polícia e de quadrilhas inimigas. Para isso precisa de dinheiro e isso desencadeia uma série de eventos impensáveis. A direção e o roteiro ficaram nas mãos do próprio criador da série original, Vince Gilligan. Isso trouxe a autenticidade e a qualidade que todos os fãs da série estavam acostumados. Alguns disseram que na verdade seria apenas um novo episódio com quase duas horas de duração. Penso diferente. É um filme realmente, tal como sugere seu subtítulo "A Breaking Bad Movie" que inclusive pode ser assistido por si mesmo, até por aqueles que nunca viram um episódio da série que lhe deu origem. É um arco narrativo completo, que não necessita de prévio conhecimento dos personagens. Já para os fãs originais há uma pequena surpresa, com o aparecimento de Walter White (Bryan Cranston) em uma única cena, em flashback. Até achei gratuita a cena, mas valeu para relembrar dos episódios antigos. Então é isso. Gostei realmente desse novo suspiro de vida de "Breaking Bad". Fica a recomendação.
El Camino (El Camino: A Breaking Bad Movie, Estados Unidos, 2019) Direção: Vince Gilligan / Roteiro: Vince Gilligan / Elenco: Aaron Paul, Jonathan Banks, Matt Jones / Sinopse: Jesse precisa escapar, fugir para fora do país. A polícia e traficantes rivais querem sua cabeça. Sua única chance de sobrevivência é se mandar para o lugar mais longe possível, o distante e frio Alaska, onde ele pretende recomeçar sua vida.
Pablo Aluísio.
Silverado
Excelente faroeste produzido em meados da década de 1980. "Silverado" surgiu em uma época em que os grandes estúdios tentavam revitalizar o gênero western. É bem sintomático chamar a atenção para o fato do filme ter sido produzido nos anos 80, quando não havia mais regularidade no lançamento de faroestes no cinema. John Wayne havia partido seis anos antes e deixado uma lacuna, um mercado de fãs de western sem novos lançamentos, sem novos filmes. O faroeste italiano ainda produzia filmes com regularidade, mas esses iam ficando cada vez mais baratos ao longo dos anos. A indústria americana de cinema parecia não investir mais em filmes de western, o que era algo a se lamentar. Como os antigos astros já estavam velhos e aposentados, o jeito foi adaptar todo um elenco de novatos para encarar o desafio. O elenco é liderado por Kevin Kline cuja carreira foi construída em cima de comédias como “Um Peixe Chamado Wanda” e “Será Que Ele é?”, não tendo muito a ver com o estilo. Curiosamente ele acabou se saindo bem no filme. Danny Glover da série “Máquina Mortífera” também foi escalado. Sua escolha foi mais uma jogada comercial, para chamar mais atenção ao filme. Melhor se saem Brian Dennehy, que aqui repete um personagem bem parecido com o que fez em "Rambo", o xerife corrupto que abusa de sua autoridade e Scott Glenn, que lembrava fisicamente muito Clint Eastwood. Outro aspecto curioso de "Silverado" foi a presença de um jovem Kevin Costner, interpretando um garotão inconsequente que sempre se metia em problemas por onde passava. E pensar que alguns anos depois o próprio Costner iria dirigir e atuar em um clássico do western, "Dança com Lobos". Esse "Silverado" foi, de certa forma, seu ensaio no gênero.
O enredo de Silverado era uma miscelânea de vários e vários faroestes do passado. Uma espécie de homenagem aos aspectos mais valorizados da mitologia do velho oeste. Na estória acompanhamos um grupo de amigos que chega na cidade de Silverado, no Colorado (com locações reais no Novo México), agora dominada completamente por um xerife corrupto e seu grupo de capangas. Aterrorizando os moradores, o xerife, na realidade um antigo bandoleiro e pistoleiro se fazendo passar por bom cidadão, acabava literalmente tomando conta do lugar, se tornando proprietário do saloon local e das propriedades circunvizinhas à cidade. Para aumentar ainda mais seu domínio, ele não hesitava em matar, ameaçar e massacrar todos os que ousavam se opor ao seu poder.
A trilha sonora de "Silverado" foi assinada por Bruce Broughton e chamava atenção pela sua beleza. De fato a música incidental não deixava espaços em branco durante o filme, preenchendo tudo de forma bem suntuosa. Seu trabalho acabou sendo indicado ao Oscar. O diretor Lawrence Kasdan poderia ter dado mais agilidade ao filme, com um corte em sua duração – que muitas vezes soa excessiva – mas o saldo final foi inegavelmente positivo. "Silverado" fez sucesso de bilheteria e agradou ao público na época. Pena que mesmo sendo bem sucedido o filme não conseguiu redimir o gênero que ficaria ainda mais alguns anos na geladeira com poucas e esparsas novas produções em Hollywood.
Silverado (Silverado, Estados Unidos, 1985) Direção: Lawrence Kasdan / Roteiro: Lawrence Kasdan, Mark Kasdan / Elenco: Kevin Kline, Scott Glenn, Danny Glover, Kevin Costner, John Cleese, Rosanna Arquette, Brian Dennehy, Linda Hunt, Jeff Goldblum / Sinopse: Um xerife inescrupuloso e corrupto (Brian Dennehy) domina a pequena cidade de Silverado. Contra ele se opõem um grupo de cowboys e bandoleiros que vão enfrentar seu poder. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Som (Donald O. Mitchell, Rick Kline e Kevin O'Connell) e Melhor Música - Trilha Sonora Original (Bruce Broughton)
Pablo Aluísio.
O enredo de Silverado era uma miscelânea de vários e vários faroestes do passado. Uma espécie de homenagem aos aspectos mais valorizados da mitologia do velho oeste. Na estória acompanhamos um grupo de amigos que chega na cidade de Silverado, no Colorado (com locações reais no Novo México), agora dominada completamente por um xerife corrupto e seu grupo de capangas. Aterrorizando os moradores, o xerife, na realidade um antigo bandoleiro e pistoleiro se fazendo passar por bom cidadão, acabava literalmente tomando conta do lugar, se tornando proprietário do saloon local e das propriedades circunvizinhas à cidade. Para aumentar ainda mais seu domínio, ele não hesitava em matar, ameaçar e massacrar todos os que ousavam se opor ao seu poder.
A trilha sonora de "Silverado" foi assinada por Bruce Broughton e chamava atenção pela sua beleza. De fato a música incidental não deixava espaços em branco durante o filme, preenchendo tudo de forma bem suntuosa. Seu trabalho acabou sendo indicado ao Oscar. O diretor Lawrence Kasdan poderia ter dado mais agilidade ao filme, com um corte em sua duração – que muitas vezes soa excessiva – mas o saldo final foi inegavelmente positivo. "Silverado" fez sucesso de bilheteria e agradou ao público na época. Pena que mesmo sendo bem sucedido o filme não conseguiu redimir o gênero que ficaria ainda mais alguns anos na geladeira com poucas e esparsas novas produções em Hollywood.
Silverado (Silverado, Estados Unidos, 1985) Direção: Lawrence Kasdan / Roteiro: Lawrence Kasdan, Mark Kasdan / Elenco: Kevin Kline, Scott Glenn, Danny Glover, Kevin Costner, John Cleese, Rosanna Arquette, Brian Dennehy, Linda Hunt, Jeff Goldblum / Sinopse: Um xerife inescrupuloso e corrupto (Brian Dennehy) domina a pequena cidade de Silverado. Contra ele se opõem um grupo de cowboys e bandoleiros que vão enfrentar seu poder. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Som (Donald O. Mitchell, Rick Kline e Kevin O'Connell) e Melhor Música - Trilha Sonora Original (Bruce Broughton)
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
Embrutecido Pela Violência
Filme bem marcante da carreira do ator Kirk Douglas. No enredo ele interpreta Len Merrick (Kirk Douglas), um orgulhoso Marshal federal (uma espécie de xerife com jurisdição em todo o país), que evita um enforcamento numa cidade do velho oeste. O acusado, Timothy 'Pop' Keith (Walter Brennan), está para ser enforcado por supostamente ter roubado gado e assassinado o filho de um rico e influente rancheiro da região. Para Len sua execução é completamente ilegal e por essa razão ele se compromete a levar Keith até um tribunal do júri na cidade de Santa Loma onde finalmente será devidamente julgado, perante um juiz de direito e um corpo de jurados, tudo como manda a lei. A jornada até lá porém não será tranquila e nem pacífica pois a família Roden está disposta a vingar a morte de um de seus membros. Esse western dirigido pelo mestre Raoul Walsh tem um argumento muito mais sofisticado do que pode parecer à primeira vista. A história não foge muito do que vemos na tela, com um obcecado homem da lei tentando seguir os trâmites legais a todo custo, mesmo sendo ameaçado e perseguido por um bando de justiceiros pelo deserto afora. A questão é que uma vez em Santa Loma - para onde está levando um acusado - ele descobre que nem sempre a justiça é devidamente feita pelos tribunais. Há uma série de influências econômicas, sociais e extra jurídicas que determinam se alguém é considerado culpado ou não.
Durante a jornada até lá ele vai colhendo impressões e verdades sobre o homem que tem sob custódia e descobre que seu próprio julgamento pessoal, criado na convivência com o suposto criminoso, tem mais validade do que um apressado e mal feito julgamento na calada da noite. Só esse aspecto já tornaria o filme bem acima da média dos demais faroestes da época, mas há outras qualidades dignas de nota. Walsh rodou um filme enxuto, diria até econômico, porém muito bonito, em bela fotografia em preto e branco. Rodado no deserto da Califórnia, em belas locações com penhascos e rochas enormes, o filme se valoriza enormemente por causa desse cenário natural rico em bonitas paisagens. O elenco também é outro ponto forte.
Kirk Douglas está de certo modo em seu tipo habitual, a do xerife durão, até insensível que carrega velhos traumas do passado, em especial uma certa culpa pelo que aconteceu ao seu pai anos atrás (ele também era um homem da lei íntegro que acabou sendo linchado por tentar cumprir o que dizia a letra fria do devido processo legal). Agora, firme em suas convicções, ele precisa levar o acusado perante um juiz para que seja devidamente julgado. A questão é que a filha do homem preso, interpretada pela linda atriz Virginia Mayo, também quer justiça, mas ao seu modo. Douglas e Mayo inclusive soltam faíscas de atração no meio do deserto. Uma dupla que deu muito certo e que trouxe muita paixão reprimida para a tela. Com cabelos curtinhos e jeito até bem rude, Mayo acaba roubando todas as atenções por causa de sua personalidade ao mesmo tempo geniosa e sensual. Então é isso. "Embrutecidos Pela Violência" é muito mais do que aparenta ser. Um bom argumento, bem sólido e coerente, apoiado por um enredo que não nega os mais tradicionais cânones do western americano.
Embrutecido Pela Violência (Along the Great Divide, Estados Unidos, 1951) Estúdio: Warner Bros / Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Walter Doniger, Lewis Meltzer / Elenco: Kirk Douglas, Virginia Mayo, John Agar, Walter Brennan / Sinopse: Veterano xerife tenta manter a lei em uma região violenta e hostil do velho oeste dos Estados Unidos.
Pablo Aluísio.
Durante a jornada até lá ele vai colhendo impressões e verdades sobre o homem que tem sob custódia e descobre que seu próprio julgamento pessoal, criado na convivência com o suposto criminoso, tem mais validade do que um apressado e mal feito julgamento na calada da noite. Só esse aspecto já tornaria o filme bem acima da média dos demais faroestes da época, mas há outras qualidades dignas de nota. Walsh rodou um filme enxuto, diria até econômico, porém muito bonito, em bela fotografia em preto e branco. Rodado no deserto da Califórnia, em belas locações com penhascos e rochas enormes, o filme se valoriza enormemente por causa desse cenário natural rico em bonitas paisagens. O elenco também é outro ponto forte.
Kirk Douglas está de certo modo em seu tipo habitual, a do xerife durão, até insensível que carrega velhos traumas do passado, em especial uma certa culpa pelo que aconteceu ao seu pai anos atrás (ele também era um homem da lei íntegro que acabou sendo linchado por tentar cumprir o que dizia a letra fria do devido processo legal). Agora, firme em suas convicções, ele precisa levar o acusado perante um juiz para que seja devidamente julgado. A questão é que a filha do homem preso, interpretada pela linda atriz Virginia Mayo, também quer justiça, mas ao seu modo. Douglas e Mayo inclusive soltam faíscas de atração no meio do deserto. Uma dupla que deu muito certo e que trouxe muita paixão reprimida para a tela. Com cabelos curtinhos e jeito até bem rude, Mayo acaba roubando todas as atenções por causa de sua personalidade ao mesmo tempo geniosa e sensual. Então é isso. "Embrutecidos Pela Violência" é muito mais do que aparenta ser. Um bom argumento, bem sólido e coerente, apoiado por um enredo que não nega os mais tradicionais cânones do western americano.
Embrutecido Pela Violência (Along the Great Divide, Estados Unidos, 1951) Estúdio: Warner Bros / Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Walter Doniger, Lewis Meltzer / Elenco: Kirk Douglas, Virginia Mayo, John Agar, Walter Brennan / Sinopse: Veterano xerife tenta manter a lei em uma região violenta e hostil do velho oeste dos Estados Unidos.
Pablo Aluísio.
O Discípulo do Diabo
Durante o período colonial um arrogante comandante militar inglês, o general Burgoyne (Laurence Olivier) tenta manter uma província da colônia sob controle, combatendo e perseguindo os rebeldes nativos que desejam a independência do país. Durante um enforcamento de um líder rebelde, um religioso local, o reverendo Anthony Anderson (Burt Lancaster), solicita ao comando militar britânico para que o morto seja enterrado sob a tradição cristã mas o pedido é negado. Após o roubo do corpo por Richard Dudgeon (Kirk Douglas) a repressão aumenta, criando um clima de terror na região. “O Discípulo do Diabo” é um filme extremamente curioso. Realizado em 1959 o filme foca seu roteiro na antevéspera da revolução americana, quando os colonos, cansados da exploração da metrópole britânica, começam a despertar o sentimento de nacionalismo e independência.
O elenco reúne três grandes mitos do cinema da época, Kirk Douglas (fazendo a ovelha negra de sua rica família, encarnando um personagem anárquico e irreverente), Burt Lancaster (fazendo um religioso com punhos fortes) e finalmente Laurence Olivier (em boa caracterização de um militar inglês pomposo mas consciente da fragilidade de suas tropas em vista do crescente aumento do número de rebeldes dentro da colônia). O interessante é que o roteiro intercala um tom mais sério com cenas mais leves, até românticas, tudo em menos de 90 minutos de duração. Há boa reconstituição histórica e uma curiosa linha narrativa feita em animação para situar o espectador sobre o contexto histórico em que o enredo se desenvolve. Hoje em dia alguns aspectos do argumento podem soar inocentes (como a troca de identidade entre os personagens de Kirk Douglas e Burt Lancaster) mas no saldo final tudo é muito bem realizado e mantém o interesse. Fica a dica para quem gosta de filmes enfocando o período colonial da história norte-americana.
O Discípulo do Diabo (The Devil's Disciple, EUA, 1959) Direção: Guy Hamilton / Roteiro: John Dighton, Roland Kibbee / Elenco: Burt Lancaster, Kirk Douglas, Laurence Olivier, Janette Scott / Sinopse: Durante o período colonial um arrogante comandante militar inglês, o general Burgoyne (Laurence Olivier) tenta manter uma província da colônia sob controle, combatendo e perseguindo os rebeldes nativos que desejam a independência do país.
Pablo Aluísio.
O elenco reúne três grandes mitos do cinema da época, Kirk Douglas (fazendo a ovelha negra de sua rica família, encarnando um personagem anárquico e irreverente), Burt Lancaster (fazendo um religioso com punhos fortes) e finalmente Laurence Olivier (em boa caracterização de um militar inglês pomposo mas consciente da fragilidade de suas tropas em vista do crescente aumento do número de rebeldes dentro da colônia). O interessante é que o roteiro intercala um tom mais sério com cenas mais leves, até românticas, tudo em menos de 90 minutos de duração. Há boa reconstituição histórica e uma curiosa linha narrativa feita em animação para situar o espectador sobre o contexto histórico em que o enredo se desenvolve. Hoje em dia alguns aspectos do argumento podem soar inocentes (como a troca de identidade entre os personagens de Kirk Douglas e Burt Lancaster) mas no saldo final tudo é muito bem realizado e mantém o interesse. Fica a dica para quem gosta de filmes enfocando o período colonial da história norte-americana.
O Discípulo do Diabo (The Devil's Disciple, EUA, 1959) Direção: Guy Hamilton / Roteiro: John Dighton, Roland Kibbee / Elenco: Burt Lancaster, Kirk Douglas, Laurence Olivier, Janette Scott / Sinopse: Durante o período colonial um arrogante comandante militar inglês, o general Burgoyne (Laurence Olivier) tenta manter uma província da colônia sob controle, combatendo e perseguindo os rebeldes nativos que desejam a independência do país.
Pablo Aluísio.
domingo, 20 de outubro de 2019
No Calor da Noite
Vencedor de cinco Oscars (entre eles o de melhor filme e ator para Rod Steiger) e três Globos de Ouro, o extraordinário "No Calor da Noite" (1967), que foi produzido com base na obra homônima de John Ball, conta a incrível história do detetive negro Virgil Tibbs (Sidney Poitier) integrante do Departamento de Homicídios da Philadelphia que ao chegar à pequena cidade de Sparta no estado do Mississipi para visitar sua mãe é preso sob a acusação de assassinato de um empresário que fora encontrado morto no mesmo dia em que ele havia chegado à cidade. A partir daí a vida do detetive vira um pequeno inferno, já que Tibbs, além de ser detido, fica sob a desconfiança do xerife racista Bill Gillespie (Rod Steiger) e seu braço direito e também racista, o oficial Sam Wood (Warren Oates) um sujeito de personalidade fraca e caráter duvidoso.
O diretor Norman Jewison não só transforma o "tour de force" entre Tibbs e Gillespie no eixo central do filme como também surpreende ao não abordar apenas o crime que vitimou o empresário. Na verdade ele cria duas vertentes dentro da mesma obra sem deixar porém que o roteiro fique descaracterizado. A primeira (e principal) diz respeito ao crime propriamente dito e a busca pelo culpado. E a segunda aborda a situação humilhante do racismo pela qual o detetive experimenta, já que é negro e encontra-se numa cidadezinha americana do sul. Jewison aproveitou um jóia de roteiro que tinha em mãos e assinado por Stirling Siliphant para utilizá-lo como um poderoso libelo diante de uma onda racista avassaladora que varria o sul dos Estados Unidos na década de 60. Destaque para os excepcionais Rod Steiger (Oscar de melhor ator) em uma de suas maiores interpretações na carreira e Sidney Poitier sempre excelente e carismático. Destaque também para a trilha sonora toda revestida pelo Blues, além das belas paisagens do estado do Mississippi. Nota 10
No Calor da Noite (In the Heat of the Night, EUA, 1967) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Stirling Silliphant baseado na novela de John Ball / Elenco: Sidney Poitier, Rod Steiger, Warren Oates / Sinopse: Detetive negro (Sidney Poitier) é acusado de assassinato numa pequena cidade dp Mississipi. Após ser preso fica sob a custódia de dois policiiais racistas que transformarm sua vida em um inferno.
Telmo Vilela Jr.
O diretor Norman Jewison não só transforma o "tour de force" entre Tibbs e Gillespie no eixo central do filme como também surpreende ao não abordar apenas o crime que vitimou o empresário. Na verdade ele cria duas vertentes dentro da mesma obra sem deixar porém que o roteiro fique descaracterizado. A primeira (e principal) diz respeito ao crime propriamente dito e a busca pelo culpado. E a segunda aborda a situação humilhante do racismo pela qual o detetive experimenta, já que é negro e encontra-se numa cidadezinha americana do sul. Jewison aproveitou um jóia de roteiro que tinha em mãos e assinado por Stirling Siliphant para utilizá-lo como um poderoso libelo diante de uma onda racista avassaladora que varria o sul dos Estados Unidos na década de 60. Destaque para os excepcionais Rod Steiger (Oscar de melhor ator) em uma de suas maiores interpretações na carreira e Sidney Poitier sempre excelente e carismático. Destaque também para a trilha sonora toda revestida pelo Blues, além das belas paisagens do estado do Mississippi. Nota 10
No Calor da Noite (In the Heat of the Night, EUA, 1967) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Stirling Silliphant baseado na novela de John Ball / Elenco: Sidney Poitier, Rod Steiger, Warren Oates / Sinopse: Detetive negro (Sidney Poitier) é acusado de assassinato numa pequena cidade dp Mississipi. Após ser preso fica sob a custódia de dois policiiais racistas que transformarm sua vida em um inferno.
Telmo Vilela Jr.
sábado, 19 de outubro de 2019
Viva Zapata!
Cinebiografia do revolucionário mexicano Emiliano Zapata (1879 - 1919). Filho de uma família rica no México, Zapata liderou a nação na revolução mexicana de 1910 que tencionava devolver o poder ao povo daquele país. Com o descontentamento crescente da população com sua classe política e corrupta, Zapata de posse de uma retórica populista conseguiu formar um grande exército que lutou ao seu lado. Filmar a vida de Zapata era um velho projeto de Elia Kazan. Ele próprio era uma pessoa com uma visão de esquerda (que seria manchada após ser acusado de entregar seus amigos do Partido Comunista). Assim era natural que Kazan quisesse fazer o filme definitivo sobre o revolucionário. Não foi nada fácil. Poucos produtores tinham coragem de filmar a vida desse personagem histórico mexicano com receio de ser acusado de ser socialista, o que poderia transformar em um inferno a vida de qualquer um em Hollywood na década de 1950. Kazan porém não desistia fácil e realizou um belo filme.
"Viva Zapata" resistiu bem ao tempo, isso apesar de cometer alguns clichês em seu roteiro (fato que se pode perdoar porque afinal estamos falando de um filme que foi feito há mais de 60 anos). O Zapata de Marlon Brando é bem romantizado por isso, embora a caracterização do ator seja muito boa, mostrando um personagem bem verossímil e que ficou bem próximo da realidade: um homem de pouca cultura (era analfabeto), brutalizado e de poucas palavras, mas muita ação. Brando inclusive deixou crescer um enorme bigode ao estilo do verdadeiro Zapata, mas teve que aparar seu vasto bigodão por ordens do estúdio que o achou muito exagerado (o que poderia fazer a plateia rir dele, levando o filme ao ridículo). Mesmo sob protestos o bom senso prevaleceu e Brando fez o que foi determinado pelo estúdio. A atriz Jean Peters era fraca (só entrou no filme por influência de seu namorado, o milionário excêntrico Howard Hughes que literalmente a escalou no filme). Nas cenas mais dramáticas ao lado de Brando a situação fica um tanto constrangedora para o lado dela (que afinal só era uma starlet, bonita e nada mais). O filme também quase não saiu do papel. O produtor Zanuck não queria Brando para o papel e entrou com confronto direto com Kazan que não abria mão do ator. Zanuck ainda brigou com Kazan por causa da maquiagem "muito escura" que foi realizada em cima de Jean Peters. Como se vê ele era um produtor muito poderoso que procurava se meter em cada detalhe dos filmes que produzia o que irritava profundamente Kazan, sempre muito independente e cioso de seu trabalho.
Além disso o filme não pôde ser rodado no México por expressa proibição do governo daquele país que achou o roteiro "inaceitável". As filmagens então foram realizadas no Novo México, no Colorado e no Texas. As condições não eram as ideais e o custo de se "maquiar" essas localidades para parecerem o México inflaram o orçamento. Lá pelo meio do filme Brando também foi perdendo o interesse ao entender que "Viva Zapata!" faria várias concessões para se enquadrar no estilo de Hollywood. Mesmo com tantos problemas "Viva Zapata" resistiu e hoje em dia é considerado um clássico, sem a menor sombra de dúvidas. Além da direção de alto nível por parte de Kazan o filme acabou ganhando muito também com a presença de Anthony Quinn no papel do irmão de Zapata. Enfim é um dos mais interessantes filmes da carreira de Brando e Kazan, o que não é pouca coisa. "Viva Zapata!" assim se torna essencial para quem deseja conhecer a obra de Elias Kazan e Marlon Brando em sua plenitude criativa.
Viva Zapata! (Viva Zapata!, EUA, 1952) Direção: Elia Kazan / Roteiro: John Steinbeck / Elenco: Marlon Brando, Jean Peters, Anthony Quinn, Joseph Wiseman, Alan Reed / Sinopse: Cinebiografia do líder revolucionário Emiliano Zapata (Marlon Brando) que em 1910 promoveu uma grande revolução no Estado do México visando devolver o poder político ao povo daquele país, que estava cansado de sua classe política corrupta e inepta. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Anthony Quinn). Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Marlon Brando), melhor roteiro (John Steinbeck), melhor direção de arte, melhor música (Alex North).
Pablo Aluísio.
"Viva Zapata" resistiu bem ao tempo, isso apesar de cometer alguns clichês em seu roteiro (fato que se pode perdoar porque afinal estamos falando de um filme que foi feito há mais de 60 anos). O Zapata de Marlon Brando é bem romantizado por isso, embora a caracterização do ator seja muito boa, mostrando um personagem bem verossímil e que ficou bem próximo da realidade: um homem de pouca cultura (era analfabeto), brutalizado e de poucas palavras, mas muita ação. Brando inclusive deixou crescer um enorme bigode ao estilo do verdadeiro Zapata, mas teve que aparar seu vasto bigodão por ordens do estúdio que o achou muito exagerado (o que poderia fazer a plateia rir dele, levando o filme ao ridículo). Mesmo sob protestos o bom senso prevaleceu e Brando fez o que foi determinado pelo estúdio. A atriz Jean Peters era fraca (só entrou no filme por influência de seu namorado, o milionário excêntrico Howard Hughes que literalmente a escalou no filme). Nas cenas mais dramáticas ao lado de Brando a situação fica um tanto constrangedora para o lado dela (que afinal só era uma starlet, bonita e nada mais). O filme também quase não saiu do papel. O produtor Zanuck não queria Brando para o papel e entrou com confronto direto com Kazan que não abria mão do ator. Zanuck ainda brigou com Kazan por causa da maquiagem "muito escura" que foi realizada em cima de Jean Peters. Como se vê ele era um produtor muito poderoso que procurava se meter em cada detalhe dos filmes que produzia o que irritava profundamente Kazan, sempre muito independente e cioso de seu trabalho.
Além disso o filme não pôde ser rodado no México por expressa proibição do governo daquele país que achou o roteiro "inaceitável". As filmagens então foram realizadas no Novo México, no Colorado e no Texas. As condições não eram as ideais e o custo de se "maquiar" essas localidades para parecerem o México inflaram o orçamento. Lá pelo meio do filme Brando também foi perdendo o interesse ao entender que "Viva Zapata!" faria várias concessões para se enquadrar no estilo de Hollywood. Mesmo com tantos problemas "Viva Zapata" resistiu e hoje em dia é considerado um clássico, sem a menor sombra de dúvidas. Além da direção de alto nível por parte de Kazan o filme acabou ganhando muito também com a presença de Anthony Quinn no papel do irmão de Zapata. Enfim é um dos mais interessantes filmes da carreira de Brando e Kazan, o que não é pouca coisa. "Viva Zapata!" assim se torna essencial para quem deseja conhecer a obra de Elias Kazan e Marlon Brando em sua plenitude criativa.
Viva Zapata! (Viva Zapata!, EUA, 1952) Direção: Elia Kazan / Roteiro: John Steinbeck / Elenco: Marlon Brando, Jean Peters, Anthony Quinn, Joseph Wiseman, Alan Reed / Sinopse: Cinebiografia do líder revolucionário Emiliano Zapata (Marlon Brando) que em 1910 promoveu uma grande revolução no Estado do México visando devolver o poder político ao povo daquele país, que estava cansado de sua classe política corrupta e inepta. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Anthony Quinn). Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Marlon Brando), melhor roteiro (John Steinbeck), melhor direção de arte, melhor música (Alex North).
Pablo Aluísio.
Espíritos Indômitos
Marlon Brando esperou bastante tempo para estrear no cinema americano. Ator talentoso de teatro em Nova Iorque, ele via Hollywood com desconfiança pois achava que a grande maioria dos filmes não tinham nada de relevante para passar ao público. Só em 1950 Brando resolveu assinar com a Columbia Pictures para a realização de sua estreia na sétima arte. O roteiro escolhido foi “The Men” que tocava em um tema explosivo na época. Após a Segunda Guerra Mundial muitos foram os filmes que louvavam o sentimento patriótico da nação americana, geralmente mostrando seus combatentes na Europa como heróis acima do bem e do mal, em visões muitas vezes superficiais e ufanistas. “The Men” era muito mais realista se comparado aos filmes de guerra na época. Saíam de cena os soldados invencíveis para mostrar o lado mais cruel e dramático de um conflito de grandes proporções como aquele. O filme mostra a dura realidade dos que voltaram do campo de batalha com graves lesões, feridos em combate, paralíticos, tetraplégicos, muitos deles na flor da idade, com vinte e poucos anos.
Marlon Brando interpretava um jovem soldado, veterano de guerra, que volta para casa paraplégico após ser ferido gravemente em combate, na coluna. O tom da mensagem transmitido pelo ótimo roteiro escrito por Carl Foreman era nitidamente pacifista pois mostra um lado que sempre era varrido para debaixo do tapete por filmes bem mais patrióticos. A produção foi toda filmada em um hospital de veteranos de Nova Iorque com feridos reais interpretando os personagens secundários. Brando em sua autobiografia relembrou os momentos em que viveu ao lado desses homens. A grande maioria deles jamais voltaria a andar novamente e o ator ficou impressionado pela força e a luta de todos eles em relação ao que passavam. Eram homens jovens, que viam sua vida mudar literalmente da noite para o dia. De jovens atletas, fortes e praticantes de esportes, eles passavam a viver numa cadeira de rodas. Um dos aspectos que mais chamou a atenção do ator foi a recusa deles em serem tratados como “coitadinhos” ou algo parecido. Não queriam a pena de ninguém. Assim Brando os tratou como iguais, usando a cadeira de rodas todo o tempo, mesmo quando não havia cenas sendo filmadas. “Espíritos Indômitos” é uma obra importante pois lida com um tema relevante, de impacto social. A direção de Fred Zinnemann procura ser a mais realista possível. Seus diálogos e situações mostram muito bem a irracionalidade das guerras e seus efeitos nefastos. Sem dúvida é um dos melhores clássicos já feitos sobre o tema.
Espíritos Indômitos (The Men, EUA, 1950) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Carl Foreman / Elenco: Marlon Brando, Teresa Wright, Everett Sloane, Jack Webb, Richard Erdman / Sinopse: Após sofrer uma terrível lesão em combate, veterano de guerra retorna do front completamente paraplégico. Produção que procura conscientizar o público ao mostrar as amarguras e lutas daqueles que voltam incapacitados de conflitos armados. Ótima estreia de Marlon Brando no cinema. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original.
Pablo Aluísio.
Marlon Brando interpretava um jovem soldado, veterano de guerra, que volta para casa paraplégico após ser ferido gravemente em combate, na coluna. O tom da mensagem transmitido pelo ótimo roteiro escrito por Carl Foreman era nitidamente pacifista pois mostra um lado que sempre era varrido para debaixo do tapete por filmes bem mais patrióticos. A produção foi toda filmada em um hospital de veteranos de Nova Iorque com feridos reais interpretando os personagens secundários. Brando em sua autobiografia relembrou os momentos em que viveu ao lado desses homens. A grande maioria deles jamais voltaria a andar novamente e o ator ficou impressionado pela força e a luta de todos eles em relação ao que passavam. Eram homens jovens, que viam sua vida mudar literalmente da noite para o dia. De jovens atletas, fortes e praticantes de esportes, eles passavam a viver numa cadeira de rodas. Um dos aspectos que mais chamou a atenção do ator foi a recusa deles em serem tratados como “coitadinhos” ou algo parecido. Não queriam a pena de ninguém. Assim Brando os tratou como iguais, usando a cadeira de rodas todo o tempo, mesmo quando não havia cenas sendo filmadas. “Espíritos Indômitos” é uma obra importante pois lida com um tema relevante, de impacto social. A direção de Fred Zinnemann procura ser a mais realista possível. Seus diálogos e situações mostram muito bem a irracionalidade das guerras e seus efeitos nefastos. Sem dúvida é um dos melhores clássicos já feitos sobre o tema.
Espíritos Indômitos (The Men, EUA, 1950) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Carl Foreman / Elenco: Marlon Brando, Teresa Wright, Everett Sloane, Jack Webb, Richard Erdman / Sinopse: Após sofrer uma terrível lesão em combate, veterano de guerra retorna do front completamente paraplégico. Produção que procura conscientizar o público ao mostrar as amarguras e lutas daqueles que voltam incapacitados de conflitos armados. Ótima estreia de Marlon Brando no cinema. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
Duelo de Gigantes
Que tal unir dois dos mais talentosos atores do século XX em um westen, digamos, diferente? Pois foi essa a proposta de "Duelo de Gigantes" que reuniu Jack Nicholson e Marlon Brando em uma obra tão surpreendente como diferente. Em suas memórias pessoais Brando confessa que fez o filme apenas por dinheiro. Como sempre ele estava muito endividado e assim aceitou participar do filme, mas achou o roteiro muito vazio e sem expressão. Só durante as filmagens é que ele teve a ideia de inovar com a figura de seu personagem. Vestiu roupas de mulher, usou um figurino espalhafatoso e exagerado e caprichou na caracterização nada comum do pistoleiro que interpretava. Como era um mito do cinema ninguém ousou ir contra suas decisões durante as filmagens. Outro aspecto curioso de "Duelo de Gigantes" narrado em seu livro foi a falta de respeito do estúdio que não pagou em dia seu cachê combinado. Brando ficou furioso com isso e começou a criar novos problemas. Esquecia as falas, inventava sotaques absurdos para declamar o texto e estragava takes de forma proposital. Até o dia em que um alto executivo foi lhe visitar em seu camarim. Brando deixou claro que se o pagassem em dia provavelmente ele começaria a recordar suas falas e quem sabe até trabalhar direito! Não tardou para que a Warner começasse a lhe pagar conforme estipulava seu contrato!
Marlon Brando e Jack Nicholson eram vizinhos e se admiravam tanto como amigos quanto como profissionais. Brando via em Nicholson um provável sucessor de sua própria carreira. Não eram da mesma geração, quando Jack surgiu no cinema Brando já tinha vários de sucessos na carreira, mas o ator procurou se posicionar num patamar de igualdade com o colega mais jovem. Jack Nicholson, sempre excêntrico, procurou dessa vez não criar muitas encrencas no set, uma vez que Brando já estava criando seus próprios no desenrolar das filmagens. Apesar dos grandes nomes envolvidos, o saldo final se revela um pouco irregular. "Duelo de Gigantes" se destaca por ser diferente, por sair do lugar comum dos filmes de faroeste daquela época. Não chega a ser um filme excepcional, mas as excentricidades de Marlon Brando acabam mantendo completamente o interesse no resultado da obra. De fato o que vemos em cena é um Brando deitando e rolando com os mitos do gênero. Seu pistoleiro, Lee Clayton, é visivelmente andrógino e fora dos padrões. A impressão que temos é que Brando quis mesmo reverter os cânones do estilo. Funciona em certas ocasiões, mas em outras não. De qualquer modo um filme que conseguiu reunir dois mitos desse porte jamais pode ser ignorado pelos cinéfilos e essa é a grande força de "Duelo de Gigantes".
Duelo de Gigantes (The Missouri Breaks, EUA, 1976) Direção: Arthur Penn / Roteiro: Thomas McGuane / Elenco: Marlon Brando, Jack Nicholson, Randy Quaid, Harry Dean Stanton Kathleen Lloyd / Sinopse: Um rico e próspero rancheiro se vê ameaçado pelo constante roubo de seus cavalos na região onde vive. Os roubos são atribuídos a um conhecido renegado, Tom Logan (Jack Nicholson). Para resolver seus problemas ele resolve contratar o pistoleiro Lee Clayton (Marlon Brando), um exótico fora-da-lei que chama atenção não apenas por sua habilidade no gatilho, como também por seu modo nada convencional de se vestir e se apresentar em público.
Pablo Aluísio.
Marlon Brando e Jack Nicholson eram vizinhos e se admiravam tanto como amigos quanto como profissionais. Brando via em Nicholson um provável sucessor de sua própria carreira. Não eram da mesma geração, quando Jack surgiu no cinema Brando já tinha vários de sucessos na carreira, mas o ator procurou se posicionar num patamar de igualdade com o colega mais jovem. Jack Nicholson, sempre excêntrico, procurou dessa vez não criar muitas encrencas no set, uma vez que Brando já estava criando seus próprios no desenrolar das filmagens. Apesar dos grandes nomes envolvidos, o saldo final se revela um pouco irregular. "Duelo de Gigantes" se destaca por ser diferente, por sair do lugar comum dos filmes de faroeste daquela época. Não chega a ser um filme excepcional, mas as excentricidades de Marlon Brando acabam mantendo completamente o interesse no resultado da obra. De fato o que vemos em cena é um Brando deitando e rolando com os mitos do gênero. Seu pistoleiro, Lee Clayton, é visivelmente andrógino e fora dos padrões. A impressão que temos é que Brando quis mesmo reverter os cânones do estilo. Funciona em certas ocasiões, mas em outras não. De qualquer modo um filme que conseguiu reunir dois mitos desse porte jamais pode ser ignorado pelos cinéfilos e essa é a grande força de "Duelo de Gigantes".
Duelo de Gigantes (The Missouri Breaks, EUA, 1976) Direção: Arthur Penn / Roteiro: Thomas McGuane / Elenco: Marlon Brando, Jack Nicholson, Randy Quaid, Harry Dean Stanton Kathleen Lloyd / Sinopse: Um rico e próspero rancheiro se vê ameaçado pelo constante roubo de seus cavalos na região onde vive. Os roubos são atribuídos a um conhecido renegado, Tom Logan (Jack Nicholson). Para resolver seus problemas ele resolve contratar o pistoleiro Lee Clayton (Marlon Brando), um exótico fora-da-lei que chama atenção não apenas por sua habilidade no gatilho, como também por seu modo nada convencional de se vestir e se apresentar em público.
Pablo Aluísio.
Com a Corda no Pescoço
Henry Lloyd Moon (Jack Nicholson) é um renegado confederado que após o fim da guerra civil forma um bando de criminosos como ele para roubar bancos e cavalos nas localidades mais distantes do velho oeste americano. Após uma perseguição sem tréguas por homens da lei ele tenta chegar ao Rio Grande onde espera atravessar a fronteira em direção ao México, se livrando assim das mãos do xerife. Ele porém não tem muita sorte e seu cavalo desmaia de exaustão. Preso e levado de volta para a cidade, Moon finalmente é julgado e condenado a morte por enforcamento (a pena padrão para ladrões de cavalos naquela época). Sua única chance de não ser enforcado é ser escolhido por alguma mulher da região como marido. Há em vigor uma lei da guerra civil que livraria os condenados à forca caso alguma senhorita o escolhesse para se casar. A justificativa dessa norma legal era simples: como muitos homens tinham morrido na guerra o número de mulheres solteiras e solitárias era muito grande e todo homem era alvo de disputa mesmo se estivesse condenado a morrer no laço da forca. Dessa forma o casamento livraria o criminoso de ser pendurado na forca até a morte!
Assim no último minuto, já no cadafalso, a senhorita Julia Tate (Mary Steenburgen) então decide escolher Moon para ser seu marido, o livrando da morte! A sorte parece finalmente ter sorrido para ele, mas na realidade mal sabe o ex condenado no que estaria se metendo! Começa assim esse divertido “Com a Corda no Pescoço”, filme estrelado e dirigido por Jack Nicholson. Embora seja passado no velho oeste o roteiro deixa claro, desde o começo, que o tom da produção será leve, divertido, se apoiando muito mais no relacionamento do estranho casal do que em qualquer outra coisa. É quase uma comédia de costumes. Nicholson novamente se sai muito bem. Seu personagem é um bandido sem eira nem beira, barbudo e maltrapilho, que vaga em busca de alguma oportunidade. Ele parece mais um renegado sem futuro do que qualquer outra coisa. Já a atriz Mary Steenburgen está uma graça como uma mulher que resolve se casar com “aquilo” para no fundo ter apenas um empregado de graça em seu rancho e na mina onde sonha encontrar finalmente ouro, depois de muitos anos de busca. O elenco de apoio é acima da média, com destaque para as presenças de Christopher Lloyd, que interpretaria anos depois o cientista Dr. Brown da série "De Volta para o Futuro" e John Belushi, comediante de sucesso do programa "Saturday Night Live" que havia brilhado em "Clube dos Cafajestes" no cinema nesse mesmo ano. Enfim, eis um western com tempero de muito humor, que não deve ser levado à sério, pois é pura e simples diversão pipoca, onde aliás funciona muito bem.
Com a Corda no Pescoço (Goin' South, EUA, 1978) Direção: Jack Nicholson / Roteiro: John Herman Shaner, Al Ramrus / Elenco: Jack Nicholson, Mary Steenburgen, Christopher Lloyd, John Belushi / Sinopse: Moon (Nicholson), ladrão de bancos e cavalos, é salvo no último minuto da forca ao ser escolhido pela senhorita Tate (Steenburgen) como seu marido. A união trará muitas confusões. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Mary Steenburgen).
Pablo Aluísio.
Assim no último minuto, já no cadafalso, a senhorita Julia Tate (Mary Steenburgen) então decide escolher Moon para ser seu marido, o livrando da morte! A sorte parece finalmente ter sorrido para ele, mas na realidade mal sabe o ex condenado no que estaria se metendo! Começa assim esse divertido “Com a Corda no Pescoço”, filme estrelado e dirigido por Jack Nicholson. Embora seja passado no velho oeste o roteiro deixa claro, desde o começo, que o tom da produção será leve, divertido, se apoiando muito mais no relacionamento do estranho casal do que em qualquer outra coisa. É quase uma comédia de costumes. Nicholson novamente se sai muito bem. Seu personagem é um bandido sem eira nem beira, barbudo e maltrapilho, que vaga em busca de alguma oportunidade. Ele parece mais um renegado sem futuro do que qualquer outra coisa. Já a atriz Mary Steenburgen está uma graça como uma mulher que resolve se casar com “aquilo” para no fundo ter apenas um empregado de graça em seu rancho e na mina onde sonha encontrar finalmente ouro, depois de muitos anos de busca. O elenco de apoio é acima da média, com destaque para as presenças de Christopher Lloyd, que interpretaria anos depois o cientista Dr. Brown da série "De Volta para o Futuro" e John Belushi, comediante de sucesso do programa "Saturday Night Live" que havia brilhado em "Clube dos Cafajestes" no cinema nesse mesmo ano. Enfim, eis um western com tempero de muito humor, que não deve ser levado à sério, pois é pura e simples diversão pipoca, onde aliás funciona muito bem.
Com a Corda no Pescoço (Goin' South, EUA, 1978) Direção: Jack Nicholson / Roteiro: John Herman Shaner, Al Ramrus / Elenco: Jack Nicholson, Mary Steenburgen, Christopher Lloyd, John Belushi / Sinopse: Moon (Nicholson), ladrão de bancos e cavalos, é salvo no último minuto da forca ao ser escolhido pela senhorita Tate (Steenburgen) como seu marido. A união trará muitas confusões. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Mary Steenburgen).
Pablo Aluísio.
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