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quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Uma Cidade Contra o Xerife

Um bom faroeste estrelado pelo popular ator James Garner. Assim podemos resumir esse western. No enredo temos como protagonista o personagem Jason McCullough (James Garner),  um cowboy que, de passagem por uma cidadezinha do velho oeste, acaba sendo nomeado o novo xerife do local. O problema é que a região é explorada por mineradores de ouro e dominada por uma família poderosa, rica e corrupta, os Darbys. Não havendo lugar para um homem que se propõe a ser um honesto representante da lei e da ordem. Após uma noite de bebedeiras no Saloon da cidade, o jovem Joe Darby (Bruce Dern) acaba assassinando um homem e o novo xerife trata logo de o prender na cadeia da cidade. Isso obviamente é entendido como uma afronta ao poder da família Darby que logo parte para a sua vingança. Aquela família, poderosa, rica e influente, não aceitaria que um dos membros de seu clã fosse preso, ainda mais por um xerife recém chegado. Eles se consideram acima da lei, intocáveis por atos e crimes que venham a cometer. Algo que era bem comum em várias regiões do velho oeste.

No fundo esse é um simpático filme de western que abre espaço também para toques e momentos de humor em seu roteiro, embora não se assuma como uma comédia. De maneira em geral o filme “Uma Cidade Contra o Xerife” é bastante divertido, com ótimos diálogos e uma atuação bem inspirada de James Garner, o eterno Maverick da televisão. Essa série televisiva de faroeste fez tanto sucesso na época. Anos depois acabou virando filme estrelado pelos astros Mel Gibson e Jodie Foster. James Garner aqui repete com muito mais bom humor o papel de xerife que tenta impor lei e ordem numa cidade dominada pela anarquia. Para quem havia interpretado o mito Wyatt Earp dois anos antes no filme “A Hora da Pistola”, até que não havia muitos desafios em voltar para esse estilo de personagem.

O maior diferencial é que aqui pouca coisa é levada realmente a sério. Seu personagem vive dizendo a todos que está de passagem para a Austrália – o que rende um ótimo diálogo com seu assistente sobre o distante país – mas nunca se decide ir para lá realmente. Rápido no gatilho, consegue impor sua autoridade mesmo com a precariedade de sua delegacia. Para se ter uma ideia da situação, as celas ainda não tinham nem grades, o que tornava tudo muito divertido pois os presos não se atreviam a sair da prisão por puro medo do novo xerife. A família Darby também tam seu lado divertido, pois é formada por bandidos que não conseguem superar sua falta de inteligência. Em suma, se você estiver em busca de algo leve, divertido e que brinca com os dogmas do western americano (com o devido respeito, é claro), esse “Uma Cidade Contra o Xerife” é o filme indicado.

Uma Cidade Contra o Xerife (Support Your Local Sheriff!, Estados Unidos, 1969) Direção: Burt Kennedy / Roteiro: William Bowers / Elenco: James Garner, Joan Hackett, Walter Brennan,  Harry Morgan, Jack Elam,  Henry Jones, Bruce Dern / Sinopse: Novo xerife tenta colocar lei e ordem numa cidadezinha do velho oeste dominada por mineradores de ouro e bandidos de todos os tipos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Embrutecido Pela Violência

Filme bem marcante da carreira do ator Kirk Douglas. No enredo ele interpreta Len Merrick (Kirk Douglas), um orgulhoso Marshal federal (uma espécie de xerife com jurisdição em todo o país), que evita um enforcamento numa cidade do velho oeste. O acusado, Timothy 'Pop' Keith (Walter Brennan), está para ser enforcado por supostamente ter roubado gado e assassinado o filho de um rico e influente rancheiro da região. Para Len sua execução é completamente ilegal e por essa razão ele se compromete a levar Keith até um tribunal do júri na cidade de Santa Loma onde finalmente será devidamente julgado, perante um juiz de direito e um corpo de jurados, tudo como manda a lei. A jornada até lá porém não será tranquila e nem pacífica pois a família Roden está disposta a vingar a morte de um de seus membros. Esse western dirigido pelo mestre Raoul Walsh tem um argumento muito mais sofisticado do que pode parecer à primeira vista. A história não foge muito do que vemos na tela, com um obcecado homem da lei tentando seguir os trâmites legais a todo custo, mesmo sendo ameaçado e perseguido por um bando de justiceiros pelo deserto afora. A questão é que uma vez em Santa Loma - para onde está levando um acusado - ele descobre que nem sempre a justiça é devidamente feita pelos tribunais. Há uma série de influências econômicas, sociais e extra jurídicas que determinam se alguém é considerado culpado ou não.

Durante a jornada até lá ele vai colhendo impressões e verdades sobre o homem que tem sob custódia e descobre que seu próprio julgamento pessoal, criado na convivência com o suposto criminoso, tem mais validade do que um apressado e mal feito julgamento na calada da noite. Só esse aspecto já tornaria o filme bem acima da média dos demais faroestes da época, mas há outras qualidades dignas de nota. Walsh rodou um filme enxuto, diria até econômico, porém muito bonito, em bela fotografia em preto e branco. Rodado no deserto da Califórnia, em belas locações com penhascos e rochas enormes, o filme se valoriza enormemente por causa desse cenário natural rico em bonitas paisagens. O elenco também é outro ponto forte.

Kirk Douglas está de certo modo em seu tipo habitual, a do xerife durão, até insensível que carrega velhos traumas do passado, em especial uma certa culpa pelo que aconteceu ao seu pai anos atrás (ele também era um homem da lei íntegro que acabou sendo linchado por tentar cumprir o que dizia a letra fria do devido processo legal). Agora, firme em suas convicções, ele precisa levar o acusado perante um juiz para que seja devidamente julgado. A questão é que a filha do homem preso, interpretada pela linda atriz Virginia Mayo, também quer justiça, mas ao seu modo. Douglas e Mayo inclusive soltam faíscas de atração no meio do deserto. Uma dupla que deu muito certo e que trouxe muita paixão reprimida para a tela. Com cabelos curtinhos e jeito até bem rude, Mayo acaba roubando todas as atenções por causa de sua personalidade ao mesmo tempo geniosa e sensual. Então é isso. "Embrutecidos Pela Violência" é muito mais do que aparenta ser. Um bom argumento, bem sólido e coerente, apoiado por um enredo que não nega os mais tradicionais cânones do western americano.

Embrutecido Pela Violência (Along the Great Divide, Estados Unidos, 1951) Estúdio: Warner Bros / Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Walter Doniger, Lewis Meltzer / Elenco: Kirk Douglas, Virginia Mayo, John Agar, Walter Brennan / Sinopse: Veterano xerife tenta manter a lei em uma região violenta e hostil do velho oeste dos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.