sexta-feira, 10 de março de 2017

Moonlight: Sob a Luz do Luar

Como não poderia deixar de ser, procurei assistir a esse "Moonlight: Sob a Luz do Luar" que se tornou o grande vencedor do Oscar 2017, levando para casa o prêmio de Melhor Filme do ano! Melhor filme do ano?! Olha, assisti muitos filmes nesse ano que passou e posso dizer, sem medo de ser injusto, que há dezenas de filmes bem melhores do que esse! Nem entre os concorrentes ao Oscar (nove ao total) "Moonlight" consegue se sobressair. Vou além, é um filme bem comum, com estrutura de roteiro bem banal, rotineiro, sem nada de excepcional. O filme conta a história de um jovem negro, desde sua infância, até sua vida adulta. Quando era apenas uma criança ele teve que lidar com uma realidade difícil. A mãe era viciada em crack, geralmente recebendo homens em sua própria casa para se prostituir, um verdadeiro caos familiar. Na escola a realidade também era a pior possível. Franzino, tímido e frágil, ele logo passou a ser alvo de bullying dos demais alunos. Para piorar ainda mais o jovem Chiron também era homossexual, o que lhe colocava numa situação até mesmo perigosa. O único que parecia se importar com ele era um traficante da região, Juan (Mahershala Ali), que paradoxalmente era um dos fornecedores de sua mãe viciada.

Eu explico a consagração desse filme nesse ano não baseado em méritos cinematográficos. Isso aconteceu porque no ano anterior não houve nenhum candidato ao Oscar que fosse negro. Assim a Academia fez uma média, trazendo todos os filmes sobre minorias que encontrou pela frente. "Moonlight" dessa maneira se tornou vencedor muito na base desse tipo de politicagem, dessa tentativa de soar o mais politicamente correto possível. É cansativo ter que lidar com isso. Na verdade o filme venceu o Oscar por fatores externos à obra em si. Olhando-se apenas para "Moonlight" pelo que ele apresenta, repito, você não verá nada de excepcional ou brilhante. Sigo afirmando que o melhor filme, dentre os concorrentes, ainda é, em minha opinião, "Um Limite Entre Nós" com Denzel Washington, só que a Academia não iria premiar o ator pois ele já havia sido premiado antes. Pois é, Denzel, apesar de ser negro e extremamente talentoso, já era bem sucedido demais para a Academia. Aqui o importante era mesmo premiar o vitimismo. Diante de tudo isso o meu veredito é bem simples: "Moonlight: Sob a Luz do Luar" é um bom filme, tem boas interpretações e alguns bons momentos, mas ele definitivamente não foi o melhor filme de 2016. Nem passou perto disso.  No fundo é apenas mais uma bandeira do politicamente correto e nada mais.

Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight, Estados Unidos, 2016) Direção: Barry Jenkins / Roteiro: Barry Jenkins, Tarell Alvin McCraney/ Elenco: Mahershala Ali, Ashton Sanders, Janelle Monáe, Naomie Harris / Sinopse: O filme conta a história de um jovem negro, da infância até a fase adulta, quando se torna um traficante de drogas que reencontra uma velha paixão do passado. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Mahershala Ali) e Melhor Roteiro Adaptado. Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio.

A Arca de Noé

Título no Brasil: A Arca de Noé
Título Original: Noah's Ark 
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Pictures
Direção: John Irvin
Roteiro: Peter Barnes
Elenco: Jon Voight, Mary Steenburgen, F. Murray Abraham, Carol Kane, Mark Bazeley, Jonathan Cake
  
Sinopse:
Noé (Jon Voight) é um homem comum, justo e temente a Deus, que recebe uma mensagem divina. Ele deverá construir uma enorme arca para abrigar toda a sua família e casais de todos os animais porque Deus decidiu punir a humanidade com um grande dilúvio que irá dizimar do mundo todos os pecadores e blasfemos que nele habitam. Após receber sua missão Noé começa a árdua tarefa de construir sua arca.

Comentários:
Na verdade se trata de uma minissérie que foi exibida no canal CBS nos Estados Unidos e depois lançada no mercado de vídeo do Brasil em duas fitas VHS. A história é a clássica, tirada das páginas da Bíblia, da forma mais respeitosa e fiel possível. Os produtores optaram por realizar uma obra bem direcionada para o público mais religioso e cristão, sem licenças poéticas que poderiam ofender o espírito de crença dessas pessoas. Em termos de produção não há o que reclamar, tudo é muito bem realizado, inclusive com o uso de computação gráfica para dar veracidade ao enorme barco de madeira construído por Noé e seus filhos. Esse personagem aliás é interpretado pelo ator Jon Voight com bastante convicção. Voight, sempre tão talentoso, se esforçou bastante para realizar um bom trabalho de atuação, embora quem acabe chamando mais a atenção seja F. Murray Abraham como Lot. Esse foi seguramente um dos mais brilhantes atores de sua geração. Sua simples presença em cena já garante o filme como um todo. Então é isso. O que temos aqui é uma boa adaptação feita no final dos anos 90 sobre uma das mais conhecidas e populares histórias do velho testamento. Independente de se crer ou não, podemos garantir que a diversão estará garantida.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Destinos Cruzados

Título no Brasil: Destinos Cruzados
Título Original: Random Hearts
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sydney Pollack
Roteiro: Darryl Ponicsan
Elenco: Harrison Ford, Kristin Scott Thomas, Charles S. Dutton, Sydney Pollack, Peter Coyote, Richard Jenkins
  
Sinopse:
Após a morte de sua esposa em um acidente de avião, o policial William Van Den Broeck (Harrison Ford) resolve investigar mais a fundo. Entre outras coisas descobre que ela entrou no avião usando um nome falso, se fazendo passar por esposa de um advogado chamado Cullen Chandler (Peter Coyote). Ele, por sua vez, já era um homem casado, com Kay Chandler (Kristin Scott Thomas), candidata ao senado dos Estados Unidos. Ao seguir em frente, Broeck descobre que pode ter havido uma conspiração política envolvendo o acidente fatal.

Comentários:
Um bom filme, baseado no romance policial escrito por Warren Adler. Os livros desse autor seguem basicamente uma fórmula, onde um acontecimento que parece ser banal revela-se na verdade algo muito mais sinistro e complexo. Muitos podem pensar que é mais um daqueles filmes burocráticos que Harrison Ford rodou em sua longa filmografia. De certa maneira há um fundo de verdade nessa visão, principalmente por causa do estilo mais quadrado e convencional de se contar esse enredo. O filme porém se salva do lugar comum por causa da direção do mestre Sydney Pollack. Certamente essa fita passa longe de ser um dos seus melhores trabalhos no cinema, principalmente pelo fato de ser rotineiro, porém ele conseguiu imprimir uma bela edição e uma bonita fotografia ao filme como um todo, além de também aproveitar para atuar um pouquinho, algo raro em sua carreira. A trama, que segue interessante até o fim, também compensa o tempo que você levará para assistir a esse filme. Enfim, entre mortos e feridos até que o saldo é bem positivo. Uma diversão inteligente, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

Filmes no Cinema - Edição X

Outra semana bem fraca em termos de estreias nos cinemas. Uma dos melhores filmes nem tem tanta vocação comercial assim. Trata-se do estranho "Cães Selvagens", um filme sobre bandidos e seus crimes, estrelado por Nicolas Cage e Willem Dafoe. Dirigido pelo veterano cineasta Paul Schrader, já escrevi sobre esse filme aqui no blog. Embora bem realizado, com bom roteiro, é bom deixar claro que não é uma fita para todos os públicos como alguns podem pensar. Não é um filme policial de ação tradicional, pelo contrário, suas pretensões artísticas podem surpreender aos fãs de filmes mais formulaicos e convencionais. 

O extremo oposto dessa fita é o fofinho "Os Smurfs e a Vila Perdida". Mais uma animação que traz para os cinemas esse grupo de personagens criados em 1958 pelo cartunista belga Peyo (quem se lembra dos desenhos deles nos anos 80?). Pois é, tudo é bem realizado, em uma fita obviamente indicada para as crianças. Não deixa de ser mais uma amostra da força das animações em longa-metragem. Poucas vezes na história do cinema tivemos tanto espaço no circuito comercial para esse tipo de filme. Sinal dos tempos em que vivemos.

Se você não quiser ser tão realista e selvagem ou tão bobinho, fique no meio termo com "A Cabana". Ora, filmes de terror e suspense com "cabana" no título podem cansar o cinéfilo logo de cara. Afinal isso tudo lembra aquela fórmula batida de jovens adolescentes perdidos no meio da floresta, em uma cabana, sendo aterrorizados. O roteiro desse aqui parece passar longe desse tipo de formulazinha. Estrelado por Sam Worthington, que ainda tenta se tornar um astro de primeira grandeza em Hollywood e com elenco de apoio de luxo com Octavia Spencer e Tim McGraw, o filme não parece ser tão ruim como parece. A conferir.

Depois desses três filmes, que prometem ocupar praticamente noventa por cento das salas, vem o time do segundo escalão comercial. O trio de veteranos Morgan Freeman, Michael Caine e Alan Arkin tentam chamar a atenção em "Despedida em Grande Estilo". O filme não foi bem sucedido nas bilheterias americanas e acusado de ser inocente e bobinho demais. Deve ser mesmo. Ainda assim pretendo assistir por causa do elenco que sempre merece, pelo menos, o devido respeito.

Para a turma cult três opções: "Argentina" de Carlos Saura é uma produção bem leve em termos de filmografia desse cineasta. O enredo mostra um grupo de jovens tentando vencer no mundo da dança e da cultura popular. O tom é de documentário. "Todas as Manhãs do Mundo" é um documentário mostrando as maravilhas da natureza. Por fim "Gaga - O Amor pela Dança" explora a companhia de dança Batsheva, de Israel. É praticamente uma obra de amor a essa arte. Um filme indicado para quem adora os bastidores do mundo da cultura.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Comportamento Suspeito

Título no Brasil: Comportamento Suspeito
Título Original: Disturbing Behavior
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: David Nutter
Roteiro: Scott Rosenberg
Elenco: Katie Holmes, James Marsden, Nick Stahl, Katharine Isabelle, Bruce Greenwood, Steve Railsback
  
Sinopse:
Recém chegado em uma nova cidade, o jovem Steve Clark (James Marsden) se matricula em seu novo colégio. Ele e a família deixaram tudo para trás, se mudando da cidade onde viviam, após a morte do irmão de Steve. Na nova escola ele logo percebe que os alunos fazem parte de panelinhas, grupinhos fechados onde poucos entram. Pior do que isso, ele passa a perceber que algo muito sinistro se esconde nos corredores daquele colégio.

Comentários:
Nos anos 90 surgiram vários filmes de terror com adolescentes. A maioria deles não tinha qualquer relevância ou qualidade. Costumo chamar esses filmes de "filhotes de pânico", já que todos eles eram tentativas de faturar em cima do sucesso do mais bem sucedido filme teen de terror da história, o próprio "Pânico". Meras imitações, sem muita importância. A grande maioria deles sequer chegou a ser lançado nos cinemas, indo parar diretamente nas prateleiras das locadoras de vídeos VHS. Esse "Disturbing Behavior" foi uma dessas fitinhas B, totalmente descartáveis, que chegaram ao mercado. O elenco é basicamente formado todos por jovens, muitos deles sem qualquer talento dramático. A única atriz que chegou a se sobressair foi justamente Katie Holmes, mas isso obviamente não por sua participação nesse filmezinho esquecível, mas sim porque ela já fazia sucesso na época na série de sucesso "Dawson's Creek" que curiosamente chegava nas telinhas justamente nesse mesmo ano de lançamento (1998) desse terror adolescente. O mais curioso de tudo é que apesar desse primeiro filme ser uma bomba, Katie Holmes continuou a investir nesse mesmo estilo, aparecendo em filmes de terror teen como "Tentação Fatal" e "O Dom da Premonição". De duas uma, ou só existiam oportunidades para jovens atrizes nesse tipo de horror pop descartável ou ela queria mesmo investir nesse tipo de produção em sua carreira no cinema. As duas opções porém não eram nada boas. Enfim, não há mais muito o que dizer. Esse "Comportamento Suspeito" é apenas produto não reciclável da década de 90. Melhor fazer como todo mundo fez e esquecer esse filme de uma vez por todas. É pura perda de tempo.

Pablo Aluísio.

A Qualquer Preço

Título no Brasil: A Qualquer Preço
Título Original: A Civil Action
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Steven Zaillian
Roteiro: Jonathan Harr, Steven Zaillian
Elenco: John Travolta, Robert Duvall, Kathleen Quinlan, William H. Macy, John Lithgow, James Gandolfini
  
Sinopse:
O importante para o advogado Jan Schlittman (John Travolta) é realizar acordos lucrativos em ações judiciais, não procurar por justiça. Ele quer o caminho mais fácil, rápido e financeiramente recompensador. As coisas mudam porém quando Jan é contratado por um grupo de famílias que foram prejudicadas por causa do vazamento tóxico causada por uma grande empresa. Duas crianças morreram por causa disso. A situação sensibiliza o advogado, que agora sim procurará lutar por justiça a qualquer preço. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Duvall) e Melhor Fotografia (Conrad L. Hall).

Comentários:
Muito bom esse filme baseado em fatos reais. O primeiro grande mérito desse roteiro é desmascarar e colocar por terra aquela velha imagem romântica (e um tanto boba) que os brasileiros imaginam do sistema judiciário americano. Tanto lá, como aqui, temos uma situação em que poder financeiro fala mais alto. Na ação civil que faz parte da espinha dorsal desse roteiro (por isso o filme se chama originalmente "A Civil Action") vemos a luta de um advogado comum contra uma corporação rica e influente dentro do sistema. Famílias inteiras foram prejudicadas, duas crianças morreram intoxicadas por causa da irresponsabilidade dessa mesma empresa, mas nem isso comove os senhores de toga do sistema judicial dos Estados Unidos. Uma boa amostra que a corrupção, os interesses escusos e outros descaminhos, também fazem parte da justiça americana (que os brasileiros inocentemente pensam ser perfeita e isenta de máculas). John Travolta poucas vezes esteve tão bem em um filme, mas quem acaba roubando o show nesse elenco é o veterano e talentoso Robert Duvall, que merecidamente recebeu mais uma indicação ao Oscar por sua atuação! E se você pensa que apenas esses dois nomes chamam a atenção no elenco está bem enganado, o luxuoso elenco de apoio traz ainda atores excelentes como, por exemplo, William H. Macy, John Lithgow e James Gandolfini. Em suma um filme de tribunal bem acima da média, mostrando toda a sordidez que se pode encontrar pelos tribunais da vida. Muito recomendado.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de março de 2017

Bem-Amada

Título no Brasil: Bem-Amada
Título Original: Beloved
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Jonathan Demme
Roteiro: Akosua Busia
Elenco: Oprah Winfrey, Danny Glover, Yada Beener
  
Sinopse:
Durante o ano de 1873 a ex-escrava, agora liberta, Sethe (Oprah Winfrey), reencontra um velho conhecido, ainda dos tempos da escravidão numa grande plantation conhecida ironicamente como "Doce Lar". O velho  Paul (Danny Glover) que apenas um lugar sossegado e tranquilo para passar os últimos anos de sua vida. O que era apenas paz acaba se tornando misterioso com a chegada de uma jovem conhecida apenas como Beloved (Thandie Newton), que definitivamente não é uma garota normal, como todas as outras. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Colleen Atwood).

Comentários:
O povo brasileiro em geral não sabe quem é Oprah Winfrey. Isso é fácil de entender já que ela é uma estrela da TV americana, mais conhecida em seu próprio país. Pois bem, uma tentativa de Oprah em atingir outros públicos foi justamente aqui nesse filme, que tem como tema central o período da escravidão negra nos Estados Unidos durante o século XIX. É em termos gerais um bom filme, com ótima produção, bela reconstituição histórica, tudo que um espectador de bom gosto poderia exigir. O roteiro, por mais curioso que possa ser, também tenta explorar um pouco do misticismo que havia nessas grandes plantações de algodão do sul, onde a mão de obra escrava enriquecia os senhores da plantação, donos das terras a perder de vista. Talvez para não polemizar muito, talvez para não ofender certa parcela de seu público, Oprah preferiu deixar de lado os temas mais relacionados à questão racial de lado. Não é um filme com um certo rancor dos brancos, nem levanta bandeiras ideológicas, no fundo é mesmo um bom drama, passado em uma época particularmente complicada para os afro-americanos. Vale a pena conferir. 

Pablo Aluísio.

Perseguindo Abbott

Título no Brasil: Perseguindo Abbott
Título Original: Survivor
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Lionsgate
Direção: James McTeigue
Roteiro: Philip Shelby
Elenco: Pierce Brosnan, Milla Jovovich, Angela Bassett, James D'Arcy, Dylan McDermott, Robert Forster
  
Sinopse:
A embaixada americana em Londres tem uma nova agente de imigração chamada Kate Abbott (Milla Jovovich). Assim que ela começa a trabalhar percebe que há algo errado no serviço de emissão de vistos para os Estados Unidos. Um grupo de pessoas suspeitas estão sendo claramente protegidas por algum figurão. Ela parece disposta a descobrir o que de fato estaria acontecendo, mas antes disso descobre que está na mira de um perigoso assassino profissional disposto a tudo para tirá-la do meio do caminho dos terroristas que querem entrar nos Estados Unidos de todas as maneiras possíveis.

Comentários:
O filme é de rotina. Uma fita de ação sem maiores novidades. O grande atrativo é reencontrar o ator Pierce Brosnan em um papel que lembra até mesmo seus antigos filmes como James Bond. Claro, aqui ele não é um agente secreto, mas sim um assassino profissional conhecido como "O Relojoeiro" que acaba sendo contratado por um grupo de terroristas. Seu palco de batalha são as ruas de Londres, que acabaram sendo muito bem fotografadas aqui. Brosnan ainda mantém o charme, apesar do peso da idade que vai se tornando cada vez mais óbvio. Ele sai pelas ruas da capital inglesa portando uma arma com silenciador, procurando eliminar a agente Kate Abbott, interpretada pela sempre péssima Milla Jovovich. Mesmo após tantos anos Milla não parece ter melhorado em nada, o que não deixa de ser um viés para o filme como um todo. Como o matador de Brosnan se torna bem mais interessante do que ela (e até mais carismático, apesar de ser um sujeito frio e psicopata), acabamos torcendo para o lado errado - o que demonstra que há algo de errado na escolha do elenco! Tirando a clara incapacidade da atriz principal, o que sobra é um bom thriller de ação e perseguição. Duas cenas de destacam no meio da correria e explosões: um ataque planejado e executado por Brosnan em um pequeno restaurante londrino e um tiro certeiro (e mais do que explosivo) na fachada de um prédio residencial que acaba em colapso completo. Enfim, nada demais você encontrará nessa produção, apenas diversão ligeira, o que atualmente acaba sendo até mesmo muito bem-vinda.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Animais Noturnos

Título no Brasil: Animais Noturnos
Título Original: Nocturnal Animals
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features
Direção: Tom Ford
Roteiro: Tom Ford
Elenco: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Laura Linney, Michael Sheen
  
Sinopse:
Baseado no romance escrito por Austin Wright, o filme "Animais Noturnos" conta a história de Susan Morrow (Amy Adams). Trabalhando em uma galeria de arte, ela começa a se sentir frustrada em sua vida pessoal e profissional. Sua galeria não vai bem e seu marido vai se tornando cada vez mais distante. Nesse ponto de sua vida ela começa até mesmo a se questionar se o ama de verdade e se tomou a decisão certa ao se casar com ele. Ao receber o manuscrito do novo livro escrito por seu ex-marido, Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal), ela começa a entrar em uma grande crise existencial sobre as escolhas que fez ao longo de sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Michael Shannon). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Aaron Taylor-Johnson).

Comentários:
Muito se falou sobre a injustiça de não se ter indicado a atriz Amy Adams ao Oscar. Ela realmente está em uma fase excepcional na sua carreira, sendo que em 2016 ela poderia ter sido facilmente indicada ao prêmio de melhor atriz tanto por seu excelente trabalho em "A Chegada" como por esse "Animais Noturnos". Ambas as indicações seriam merecidas. Em relação a esse papel, ela se sobressai ao interpretar uma mulher que em determinado momento de sua vida fica em dúvida sobre as escolhas que fez. Ela teve uma paixão no passado que foi boicotada por sua família, já que o rapaz era um escritor fracassado e pobre. Certamente ela gostava bastante dele, mas pressionada pela mãe, que dizia ser sua escolha um homem considerado romântico e fraco demais, acabou optando por um bonitão que conheceu na universidade, um sujeito frio e bastante vazio. Com problemas na empresa (ela dirige uma galeria de arte), tudo piora quando seu ex resolve lhe mandar o manuscrito de seu novo romance, intitulado "Animais Noturnos" para ela ler em primeira mão. O livro é inclusive dedicado a ela. 

Assim o roteiro começa a explorar duas linhas narrativas: a primeira com Amy lendo o tal romance e a segunda mostrando a própria história do manuscrito escrito por Edward, o escritor fracassado, interpretado por Jake Gyllenhaal. Com isso temos na verdade dois gêneros cinematográficos convivendo no mesmo filme, com um drama existencial em primeiro plano (a vida da personagem de Amy Adams) e a trama de assassinato e brutalidade, exposta no livro que ela lê. Tudo muito bom, bem costurado por um roteiro extremamente eficiente. No quadro geral o filme se destaca por explorar o lado do arrependimento, da busca por uma redenção pelos erros do passado. O próprio enredo do manuscrito que a protagonista lê é, no fundo, uma metáfora sobre a conturbada relação que ela teve com seu autor no passado. O personagem que se sobressai lá é um pai de família que se vê numa situação extrema e que em seu final precisa provar que não é um fraco, um homem sem brio. Tudo o que a mãe de Adams o acusava de ser. Tecnicamente bem acima da média, com subtexto inteligente, esse filme certamente merecia um melhor reconhecimento por parte da academia.

Pablo Aluísio.

O Instituto

Supostamente baseado em fatos reais, o filme mostra um instituto de tratamento psiquiátrico do século XIX que tinha a proposta de tratar mulheres com problemas mentais. Usando de métodos científicos avançados para a época, o lugar acabou virando referência. Depois da morte de seus pais, abalada e fragilizada emocionalmente, a jovem Isabel Porter (Allie Gallerani) resolve passar uma temporada na instituição. Ela pensa que o lugar na verdade seria uma espécie de spa mais sofisticado, só que ela estava completamente equivocada sobre isso. Ao ser internada ela passa aos cuidados do Dr. Cairn (James Franco), um psiquiatra que aparente ser um médico comum. Por trás da fachada de profissional respeitado se esconde um sujeito completamente sádico e insano que vai colocar a sanidade mental de sua paciente no limite. Ele desconstrói a personalidade de Isabel, a manipulando psicologicamente de todas as formas. O resultado acaba sendo o pior possível.

Esse filme me pareceu como uma tentativa de voltar ao passado. De certa maneira ele me lembrou dos antigos filmes da Hammer dos anos 70, só que sem o mesmo charme e criatividade. O roteiro avança muito na esquisitice, colocando no meio do caminho uma estranha e bizarra seita de rituais satânicos que usa como sacrifícios humanos as pobres garotas que estão internadas no tal instituto. Esse exagero em seu enredo faz com que o filme perca todo o seu potencial de assustar. Isso se dá em razão do absurdo que vai se tornando cada vez mais frequente. Como se não bastassem todos aqueles homens fazendo rituais ridículos de satanismo que não convencem ninguém, ainda temos que aturar um James Franco usando um bigode postiço, tentando se passar como médico de filmes de terror. É uma caracterização absurda e nada convincente também.

O filme assim é bem fraco. Todo o potencial de se criar horror dentro de uma instituição psiquiátrica se perde. A caracterização histórica não é boa e os atores não parecem bem inseridos dentro da trama. O roteiro não é nada original, usando de clichês ridículos, com direito até mesmo a uma assistente corcunda e sinistro. James Franco produziu, dirigiu e atuou nesse projeto bem pessoal. Não sei quais eram suas verdadeiras intenções, só sei dizer que tudo acabou sendo muito mal executado. Ele é mais divertido em suas comédias sobre maconheiros da Califórnia. Nunca deveria ter tentando entrar nesse tipo de filme de terror. Definitivamente não é a sua praia.

O Instituto (The Institute, EUA, 2017) Direção: James Franco, Pamela Romanowsky / Roteiro: Adam Rager, Matt Rager / Elenco: Allie Gallerani, James Franco, Vincent Alvas, Pamela Anderson, Carmen Argenziano / Sinopse: Jovem da aristocracia resolve passar uma temporada em uma instituição psiquiátrica no século XIX sem saber que o lugar na verdade é uma hospício, onde a tortura e a violência são constantemente usados contra as pacientes internadas.

Pablo Aluísio.