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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Perdidos na Tormenta

Título no Brasil: Perdidos na Tormenta
Título Original: The Search
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: Fred Zinnemann
Roteiro: Richard Schweizer, David Wechsler
Elenco: Montgomery Clift, Ivan Jandl, Aline MacMahon, Jarmila Novotna, Wendell Corey, Ewart G. Morrison

Sinopse:
Após o fim da II Grande Guerra Mundial, um militar norte-americano chamado Ralph Stevenson (Montgomery Clift) é enviado para Berlim. A outrora cidade alemã está reduzida a escombros por causa dos bombardeios que foram feitos pelos aviões americanos durante a guerra. No meio desse caos Ralph resolve ajudar um garotinho tcheco perdido a reencontrar sua mãe.

Comentários:

O primeiro filme de Montgomery Clift em Hollywood foi "Perdidos na Tormenta". Esse foi filme foi realizado em 1948, uma produção da Metro-Goldwyn-Mayer que tinha como tema o pós-guerra na Europa. Um tema muito adequado pois a II Guerra Mundial havia terminado apenas três anos antes. O diretor Fred Zinnemann queria trazer para o público americano a situação em que se encontrava os países europeus depois de um dos conflitos armados mais sangrentos da história. Foi uma excelente iniciativa pois capturava em tela a situação de Berlim, a antiga capital do III Reich de Hitler, agora reduzida a uma pilha de escombros depois dos intensos bombardeios dos aviões aliados. E foi justamente para esse caos que a equipe de filmagem foi enviada. Clift interpretava no filme um militar americano chamado Ralph Stevenson. Após o fim da guerra ele era enviado justamente para Berlim, onde acabava ajudando um garoto de origem tcheca a encontrar sua mãe.

Filmar ali foi uma grande experiência para o ator. Embora ele tivesse conhecimento de tudo o que havia acontecido na II Guerra, era algo bem diferente estar ali, bem no meio do povo alemão derrotado, tentando sobreviver de todas as formas. O filme também serviu como propaganda americana ao colocar soldados e militares dos Estados Unidos como pessoas prontas a ajudar os sobreviventes da guerra, os retratando como pessoas amigáveis e prestativas, militares honestos e de boa índole. Após seu lançamento o filme foi bastante elogiado, vencendo um Oscar numa categoria importante, a de Melhor Roteiro (prêmio dado aos roteiristas Richard Schweizer e David Wechsler). Além disso foi indicado ainda ao Oscar nas categorias de Melhor Direção e Melhor Ator, justamente para Montgomery Clift, que estreava assim com reconhecimento em Hollywood. Afinal ser indicado ao Oscar por seu primeiro filme era algo para poucos...

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de outubro de 2012

Os Deuses Vencidos

Eu considero esse filme simplesmente obrigatório para todos os cinéfilos. O elenco é estrelar e o roteiro muito bem desenvolvido, resultando numa produção memorável. “Os Deuses Vencidos” foi baseado no famoso livro de autoria de Irwin Shaw. A proposta é mostrar aspectos da II Guerra Mundial sob o ponto de vista de alguns combatentes, tanto do lado dos aliados como também dos soldados do Eixo. Tudo mostrado sem cair nos clichês típicos dos filmes de guerra, que sempre procuraram mostrar os soldados americanos como heróis virtuosos e os alemães como monstros assassinos e sanguinários. A intenção é realmente construir um mosaico mais próximo da realidade, mostrando que em ambos os lados lutaram pessoas comuns, com sonhos e objetivos que foram interrompidos de forma brutal pela guerra. Olhando sob esse ponto de vista realmente não existia grande diferença entre um militar americano ou alemão. Todos queriam voltar para casa o mais rapidamente possível, sobreviver aos combates e retornar para a vida que tinham antes da guerra começar. O filme tem longa duração, com quase três horas de duração, e é fácil entender o porquê. São duas histórias paralelas que se desenvolvem ao mesmo tempo. Na primeira somos apresentados ao tenente alemão Christian Diestl (Marlon Brando) na França ocupada. Essa parte é bem interessante pois o ator na época fez questão de mostrar o oficial nazista como um ser humano comum e não como o vilão caricato dos filmes de guerra que conhecemos. Nem é preciso dizer que Marlon se saiu muito bem em mais uma atuação marcante de sua filmografia.

Na outra estória, passada no lado dos militares aliados, acompanhamos dois soldados americanos (Dean Martin e Montgomery Clift) que são convocados e mandados para a Normandia. Essa parte do roteiro foca bastante na vida dos que participaram da maior batalha da guerra, no evento que ficaria conhecido pela história como “Dia D”. Dean Martin repete seu papel contumaz de "Mr Cool". Aqui ele interpreta um cantor da Broadway que faz de tudo para escapar da guerra e do front mas que não consegue escapar de ir para o campo de batalha. Já Montgomery Clift apresenta uma grande interpretação como um soldado judeu que sofre nas mãos de seus colegas de farda durante seu treinamento. Seu papel me lembrou muito o que ele representou em "A Um Passo da Eternidade". Seu aspecto não é nada bom em cena. Os sinais físicos do alcoolismo já são nítidos e Clift aparece muito magro e abatido, com aspecto doentio. Mesmo assim está fabuloso em suas cenas. Ponto para Marlon Brando que fez de tudo para que o colega fosse escalado para o filme pois sabia que isso iria lhe ajudar a superar a crise pessoal pelo qual vinha passando. A direção foi entregue ao veterano das telas Edward Dmytryk; Com experiência em filmes de guerra como “A Nave da Revolta” o  diretor sabia que estava trabalhando com dois atores muito sensíveis e carismáticas proveniente do Actor´s Studio. Assim procurou abrir uma linha de diálogo com ambos. Ele já tinha trabalhado com Clift em seu filme anterior, “A Árvore da Vida” e por isso sentiu-se tranquilo em relação a ele. Já com Brando procurou manter uma relação no nível profissional. Sabia que Marlon Brando poderia ser tanto um ator maravilhoso no set como um terror para os cineastas que trabalhavam com ele. No final se deram bem e tudo correu sem maiores problemas. O resultado de tantos talentos juntos se vê na tela pois “Os Deuses Vencidos” é hoje em dia considerado um filme essencial dentro do gênero. Um verdadeiro clássico.


Os Deuses Vencidos (The Young Lions, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Irwin Shaw / Elenco: Marlon Brando, Montgomery Clift, Dean Martin,  Maximilian Schell, Lee Van Cleef,  Hope Lange, Barbara Rush / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial militares americanos e alemães sofrem o impacto do conflito em suas vidas pessoais e profissionais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Montgomery Clift: Além do Sexo!

Durante muitos anos se especulou sobre a verdadeira sexualidade do ator Montgomery Clift. Recentemente o assunto voltou à tona pois um ex-gigolô em Hollywood lançou um livro supostamente mostrando a vida sexual de astros de cinema durante as décadas de 40, 50 e 60. Clift é um dos enfocados. O autor provavelmente não se deu muito bem com o ator e talvez por isso tenha escrito uma imagem nada lisonjeira dele nas páginas do livro. Mont é retratado como um esnobe, um sujeito cheio de "não me toques". Curiosamente apesar de ter sido esnobado por Clift o autor do livro garante que ele era gay! Mas com que provas? De fato a alcunha de esnobe em relação a Clift não me surpreende. Ele era uma pessoa discreta, tímida na vida privada. Geralmente os tímidos são confundidos com esnobes. Não faz diferença. O fato é que Clift teve uma vida sexual das mais discretas em Hollywood. Tentativas de tachá-lo de gay nunca tiveram comprovação inequívoca. Na realidade não são poucos os que acham que ele na realidade era assexuado (uma definição que só há pouco tem se tornado mais comum).

Montgomery Clift realmente não era visto com mulheres em sua passagem por Hollywood. Ator consagrado de teatro resolveu ir para a capital do cinema atraído pelos bons cachês. Mesmo assim nunca se considerou um membro ativo daquela comunidade. Pouco ia a festas e eventos sociais e procurava manter sua privacidade a todo custo. Tanta discrição acabou despertando suspeitas. Como não era visto com mulheres em público logo se começou a especular se era gay. O interessante é que ao contrário de outros gays famosos em Hollywood, como Rock Hudson, por exemplo, tampouco existem testemunhos de algum ex amante do astro. O que parece ter realmente acontecido foi um simples desinteresse sexual por parte de Montgomery Clift, seja por homens, seja por mulheres. Era neutro ou como se diz atualmente, assexuado, desinteressado por sexo.

Clift tinha grandes paixões platônicas geralmente por mulheres. Sua paixão não realizada por Elizabeth Taylor era conhecida. Taylor sempre casando e descasando nunca deu uma chance para Mont e o considerava apenas um grande amigo. Equivocadamente ela pensava que ele era gay mas tampouco chegou a ver ele com qualquer homem em todo o tempo que conviveu ao seu lado. A eterna solteirice de Clift incomodou inclusive seu pai. Confrontado o ator simplesmente explicou: "Minha vida já é complicada demais sem outra pessoa, por isso não me envolvo mais seriamente com alguém. Mesmo assim darei 10 mil dólares a qualquer um que comprove que não gosto de garotas". Depois que sofreu um grave acidente de carro Montgomery Clift ficou ainda mais recluso e retraído. Sentindo fortes dores de cabeça e sofrendo com as consequências do acidente as chances de sair para cortejar com qualquer pessoa, seja homem ou mulher, ficaram nulas. Clift morreu solteirão e carregando uma injusta fama de homossexual quando na verdade ele simplesmente parecia estar além do sexo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Um Lugar ao Sol

George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequências trágicas para todos os envolvidos. "Um Lugar Ao Sol" é um dos grandes clássicos da carreira de Montgomery Clift e Elizabeth Taylor. O filme mescla muito bem romance, suspense e drama. Vivendo em dois mundos completamente distintos o personagem de Montgomery Clift, um pobre rapaz que anseia subir na vida algum dia, acaba perdendo o controle dos acontecimentos em sua vida emocional, o que o levará a pagar um alto preço por se envolver com duas garotas ao mesmo tempo. George Stevens foi um dos grandes diretores do cinema americano. Austero e detalhista ele filmava muitas tomadas diferentes, de ângulos diversos para só depois montar o filme ao seu bel prazer. Assistindo "Um Lugar ao Sol" é fácil perceber que ele estava literalmente obcecado pelo belo rosto juvenil de Elizabeth Taylor. O cineasta usa e abusa de vários closes do rosto de sua atriz, o que não é nada mal uma vez que Liz estava no auge de sua beleza. Com traços delicados e lindos olhos azuis (que infelizmente não foram captados pois o filme foi rodado em preto e branco) a estrela poucas vezes esteve tão bonita como aqui.

O roteiro foi baseado no livro "An American Tragedy" de Patrick Kearney. Embora ficcional a estória foi inspirada em fatos reais acontecidos em Chicago na década de 20. A situação toda é bastante sórdida e demonstra que não existem muitos limites para a maldade da alma humana, embora no filme o personagem Geroge Eastman seja de certa forma amenizado. É fácil compreender a razão. Não haveria como rodar toda uma produção como essa em cima de um mero assassino. Assim tudo foi cuidadosamente suavizado para não chocar muito o público americano dos anos 50. O resultado de tanto capricho veio depois nas bilheterias e nas ótimas críticas que o filme conseguiu. Shelley Winters e Montgomery Clift foram indicados ao Oscar. Embora não tenham sido premiados o filme em si conseguiu vencer em seis categorias (inclusive direção e roteiro), se consagrando naquele ano. Até o gênio Charles Chaplin se rendeu ao filme declarando que havia sido o "melhor filme que já tinha assistido em sua vida". Além disso os bastidores da produção deram origem a muitas histórias saborosas envolvendo Clift e Taylor, que se tornariam amigos até o fim de suas vidas. Depois disso não há muito mais o que escrever. Para os cinéfilos "Um Lugar ao Sol" é mais do que obrigatório. Um filme essencial.

Um Lugar ao Sol (A Place In The Sun, Estados Unidos, 1951) Direção: George Stevens / Roteiro: Harry Brown, Michael Wilson / Elenco: Montgomery Clift, Elizabeth Taylor, Shelley Winters, Anne Revere / Sinopse: George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequência trágicas para todos os envolvidos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia (William C. Mellor), Melhor Figurino (Edith Head), Melhor Edição (William Hornbeck) e Melhor Música (Franz Waxman).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Montgomery Clift - Reflexões de um Ator

As pessoas de Hollywood criaram um certo preconceito contra atores de Nova Iorque. Mal você entra no set de filmagens e os cochichos começam como se estivessem dizendo "Lá vem aquele sabichão que pensa saber tudo sobre atuação". É cansativo. De minha parte procuro apenas fazer o melhor trabalho sem pisar nos calos de ninguém. Não quero ensinar a absolutamente ninguém como atuar melhor. Cada um teve sua própria escola de vida e não serei eu que irei falar como se atua em cada cena. Ser formado no Actor´s Studio joga uma imagem em cima de você. As pessoas pensam coisas erradas de mim. Não sou um sabichão e tampouco quero dizer o que se deve ou não fazer em um filme. Cada um que procure o que é melhor para si mesmo.

A maior diferença que vejo entre atores de Nova Iorque e os daqui da Califórnia é que lá temos uma visão um pouco maior do que seria a arte da atuação. Em Hollywood as coisas funcionam sob uma mentalidade comercial, de indústria mesmo. Em Nova Iorque queremos apenas aprofundar nossas próprias capacidades dramáticas, seja no palco, seja nas telas de cinema. Há uma compreensão diferente do que é ser ator. Eu amo o teatro. Fiz muitas peças importantes em Nova Iorque, porém devo reconhecer que também é muito árduo. Um ator de teatro em Nova Iorque se apresenta duas vezes por dia, mais de dez vezes por semana. É muito estafante. Em Hollywood já fiz também vários filmes e não achei tão puxado. Há mais tempo para você descansar e aproveitar melhor a vida. Também temos aqui os melhores hotéis para se hospedar. Adoro os hotéis de Los Angeles. Se pudesse moraria em um até o fim da minha vida. Você não precisa se preocupar com nada e tudo está à mão. Ser ator em Nova Iorque significa alugar um pequeno apartamento no Brooklyn e torcer para chegar a tempo no horário certo da peça.

Eu trabalho como ator desde os 17 anos. Admito que estou cansado. Mesmo com tantos anos de experiência ainda tenho que lidar com diretores que não confiam muito em mim. O que supostamente eu deveria fazer para mostrar a eles que consigo atuar bem? Quando você é jovem os produtores não colocam fé em você. Quando você é mais velho todos pensam que você já era! É uma profissão dura! Você nunca parece ter a idade certa ou o tipo que os estúdios procuram. Para cada filme que você consegue ser escolhido há vinte testes onde você é descartado. Você entra para a audição e os caras, sentados em suas cadeiras, com enormes charutos na boca, dizem: "Você é muito baixo!" ou "Você é muito alto!". "Está gordo", "Está magro". Ser ator é viver jogando roleta russa. Tudo no final depende da pura sorte. Ser escalado para um filme significa que você terá dinheiro pelos próximos meses. Não ser escalado significa que você terá que contar com a ajuda dos amigos, ou então almoçar na ajuda humanitária da igreja católica da esquina.

Eu sempre mantive minha família longe da minha carreira de ator. Há muita fofoca em Hollywood. Isso é uma das coisas que mais odeio aqui da Califórnia. Todos parecem preocupados com fofocas! É muito primário e bobo para dizer a verdade. Eu não quero, por exemplo, que minha mãe seja entrevistada por essas revistas. O que ela poderia dizer? Que eu fui um lindo bebê? Quem se importa com algo assim? Eu devo ser avaliado pelos meus trabalhos, minhas atuações, não como levo minha vida particular. Quero ter bons filmes para atuar e belos diálogos para declamar, embora isso esteja cada vez mais raro de encontrar. Não tenho grandes amigos entre atores de Hollywood, mas admiro muito duas atrizes em particular. Elizabeth Taylor é uma delas. Ela é a única atriz com quem trabalhei que me deixava verdadeiramente motivado para contracenar. Uma estrela! A outra que merece meus elogios é Marilyn Monroe. É uma pessoa incrível, com grande sensibilidade.

Montgomery Clift.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Filmografia Comentada: Montgomery Clift

Aqui pretendo disponibilizar textos sobre alguns dos filmes estrelados por Montgomery Clift. O ator foi um dos três grandes ícones jovens da década de 50 (ao lado de Marlon Brando e James Dean). Frágil, sensível e excelente intérprete fez grandes atuações ao longo da carreira, fruto de seu trabalho com grandes diretores. Sempre adorei filmes clássicos e acho importante compartilhar com os leitores do blog alguns breves comentários sobre seus filmes.

Corações Solitários
Jovem jornalista desempregado (Montgomery Clift) aceita trabalhar em um jornal escrevendo a coluna "Corações Solitários". Nela leitores pedem conselhos sentimentais. Inicialmente o jornalista pensa ser tudo uma bobagem mas conforme vai se envolvendo nas histórias acaba descobrindo os dramas pessoais de cada pessoa que lhe escreve. Como se já não bastasse os problemas profissionais ele ainda tem que lidar com sua noiva (Dolores Hart) que está perdendo a paciência com sua indefinição (ela quer se casar logo mas ele vacila sobre essa decisão). O argumento de "Corações Solitários" é muito interessante. Existe um subtexto envolvendo o personagem de Clift (jovem idealista) com seu editor (cínico e descrente com a humanidade em geral) que rende ótimos diálogos. Em um deles, impagável, o editor diz a Clift "Não se engane, as pessoas em geral são animais, não existe bondade no mundo". A tese de um e do outro acabará sendo testada justamente nos leitores da coluna "Corações Solitários" - inclusive no personagem de uma dona de casa insatisfeita casada com um homem impotente. Como facilmente se percebe o texto (baseado em uma famosa peça da época) é forte. Clift novamente dá show com seu personagem, um jornalista bom e decente que tenta driblar inclusive seu passado nebuloso (que acabará voltando à tona para lhe assombrar). Outro destaque é a presença da starlet Dolores Hart. Já conhecia ela de um filme com Elvis Presley (Loving You). Sua história é bem curiosa pois pouco tempo depois ela largaria a carreira e o cinema para virar uma freira católica em sua cidade natal. Ela ainda está viva e hoje é uma irmã beneditina de um mosteiro americano. Em suma, "Corações Solitários" tem excelente elenco, inteligente roteiro e um final aberto que nos deixa a pergunta: Afinal quem tinha razão, o editor ou o jornalista? Assista para responder.

Rio Violento
Genial essa obra do grande Elia Kazan. O filme procura responder a uma questão extremamente pertinente: Até que ponto o progresso justifica a mudança compulsória do modo de vida das pessoas? No filme Montgomery Clift (excepcionalmente bem) interpreta um agente do governo dos EUA que tem a missão de retirar uma senhora idosa que mora em uma ilha no rio Tennessee. Ela se recusa a abandonar o local pois foi ali que criou seus filhos, enterrou seu marido e viveu ao lado de negros libertos e demais moradores do local. Lutando por seus valores tradicionais e por aquilo que lhe é mais importante a senhora resolve enfrentar até mesmo o poder do governo americano. Em um elenco ótimo, a atriz Jo Van Fleet está simplesmente maravilhosa. Interpretando a matriarca Ella Garth ela tem duas grandes cenas que a fazem ser o grande destaque de todo o filme. Em uma delas explica ao personagem de Montgomery Clift a dignidade de quem viveu e trabalhou no rio Tennessee há gerações. Devo dizer que poucas vezes vi Clift ser superado em cena mas aqui ele realmente foi colocado para escanteio, tamanho a grandeza de Fleet em cena. Socialmente consciente, tocando em temas tabus para a época (como o racismo do sul dos EUA), Rio Violento é um dos melhores trabalhos de Kazan (e isso definitivamente não é pouca coisa). Simplesmente grandioso.

Os Deuses Vencidos
Eu considero esse filme simplesmente obrigatório para todos os cinéfilos. O elenco é estrelar e o roteiro muito bem desenvolvido, resultando numa produção memorável. “Os Deuses Vencidos” foi baseado no famoso livro de autoria de Irwin Shaw. A proposta é mostrar aspectos da II Guerra Mundial sob o ponto de vista de alguns combatentes, tanto do lado dos aliados como também dos soldados do Eixo. Tudo mostrado sem cair nos clichês típicos dos filmes de guerra, que sempre procuraram mostrar os soldados americanos como heróis virtuosos e os alemães como monstros assassinos e sanguinários. A intenção é realmente construir um mosaico mais próximo da realidade, mostrando que em ambos os lados lutaram pessoas comuns, com sonhos e objetivos que foram interrompidos de forma brutal pela guerra. Olhando sob esse ponto de vista realmente não existia grande diferença entre um militar americano ou alemão. Todos queriam voltar para casa o mais rapidamente possível, sobreviver aos combates e retornar para a vida que tinham antes da guerra começar. O filme tem longa duração, com quase três horas de duração, e é fácil entender o porquê. São duas estórias paralelas que se desenvolvem ao mesmo tempo. Na primeira somos apresentados ao tenente alemão Christian Diestl (Marlon Brando) na França ocupada. Essa parte é bem interessante pois o ator na época fez questão de mostrar o oficial nazista como um ser humano comum e não como o vilão caricato dos filmes de guerra que conhecemos. Nem é preciso dizer que Marlon se saiu muito bem em mais uma atuação marcante de sua filmografia. Na outra estória, passada no lado dos militares aliados, acompanhamos dois soldados americanos (Dean Martin e Montgomery Clift) que são convocados e mandados para a Normandia. Essa parte do roteiro foca bastante na vida dos que participaram da maior batalha da guerra, no evento que ficaria conhecido pela história como “Dia D”. Dean Martin repete seu papel contumaz de "Mr Cool". Aqui ele interpreta um cantor da Broadway que faz de tudo para escapar da guerra e do front mas que não consegue escapar de ir para o campo de batalha. Já Montgomery Clift apresenta uma grande interpretação como um soldado judeu que sofre nas mãos de seus colegas de farda durante seu treinamento. Seu papel me lembrou muito o que ele representou em "A Um Passo da Eternidade". Seu aspecto não é nada bom em cena. Os sinais físicos do alcoolismo já são nítidos e Clift aparece muito magro e abatido, com aspecto doentio. Mesmo assim está fabuloso em suas cenas. Ponto para Marlon Brando que fez de tudo para que o colega fosse escalado para o filme pois sabia que isso iria lhe ajudar a superar a crise pessoal pelo qual vinha passando. A direção foi entregue ao veterano das telas Edward Dmytryk; Com experiência em filmes de guerra como “A Nave da Revolta” o  diretor sabia que estava trabalhando com dois atores muito sensíveis e carismáticas proveniente do Actor´s Studio. Assim procurou abrir uma linha de diálogo com ambos. Ele já tinha trabalhado com Clift em seu filme anterior, “A Árvore da Vida” e por isso sentiu-se tranquilo em relação a ele. Já com Brando procurou manter uma relação no nível profissional. Sabia que Marlon Brando poderia ser tanto um ator maravilhoso no set como um terror para os cineastas que trabalhavam com ele. No final se deram bem e tudo correu sem maiores problemas. O resultado de tantos talentos juntos se vê na tela pois “Os Deuses Vencidos” é hoje em dia considerado um filme essencial dentro do gênero. Um verdadeiro clássico. 

De Repente no Último Verão
O filme começa logo impactando. As duas primeiras cenas juntas duram mais de 50 minutos (praticamente mais da metade do filme). Nelas temos dois duelos em cena: Katherine Hepburn vs Mont Clift e logo em seqüência Liz Taylor vs Clift. Curioso é que em ambas Mont apenas serve de escada para que as atrizes declamem longos monólogos sobre Sebastian (o personagem cujo rosto nunca aparece mas que é citado em praticamente todos os diálogos do roteiro). Esse começo arrebatador sintetiza tudo: é um filme de diálogos e interpretação, nada mais. Sua gênese teatral não é disfarçada e nem amenizada até porque estamos tratando de Tennessee Willams, um dos grandes dramaturgos da cultura americana. Achei Elizabeth Taylor extremamente bonita no filme. Ela já estava entrando nos seus 30 anos mas ainda continuava belíssima. Mostra talento em cada cena mas não fica à altura de Hepburn (essa realmente foi uma das maiores atrizes da história). Já Montgomery Clift deixa transparecer as cicatrizes e deformações de seu rosto, após o grave acidente que sofreu ao sair de uma festa na casa da amiga Liz Taylor. Ele está contido no papel mas consegue dar conta muito bem do recado mesmo com as várias dores que sofria (atuou praticamente sedado durante todo o filme). O texto é rico e claramente trata da questão homossexual do personagem Sebastian mas justamente por essa razão teve que ser amenizado nas telas por causa da censura interna que imperava entre os estúdios. De qualquer forma o resultado não pode ser classificado como menos do que grandioso. Todos brilham em cena – na realidade se trata de uma rara oportunidade de ver tantos talentos juntos em um só filme. Simplesmente imperdível.

Rio Vermelho
Assistir a esse filme foi um enorme prazer para mim. Primeiro porque eu sou um fã incondicional do ator Montgomery Clift. Segundo porque eu acho este um dos mais belos westerns de todos os tempos e terceiro porque John Wayne e Howard Hawks estão no auge de suas carreiras. Esta é uma película realmente nota dez, em todos os aspectos e por isso se tornou um filme atemporal, inesquecível e clássico. Montgomery Clift era um caso à parte. Considerado um dos maiores atores jovens de seu tempo, ao lado de Marlon Brando e James Dean, Clift era um profissional à frente de sua época. Cria do teatro americano, local onde ele sentia-se realmente à vontade, ele relutou muito antes de ingressar no cinema. Temia perder sua identidade e ser engolido pelo Star System. Sempre foi um ator independente e conseguiu se impor à indústria, fez poucos filmes, mas todos escolhidos a dedo, e muitos destes títulos se tornaram clássicos absolutos da história. do cinema americano. Basta lembrar de "Um lugar ao sol" e "A um passo da Eternidade", por exemplo. Complexo e torturado por demônios internos, Clift acabou por tabela imprimindo uma densidade ímpar em suas atuações. O conflito interno do ator era automaticamente passado para seus papéis. Aqui ele se sobressai mesmo interpretando um personagem sem grande profundidade, em sua estréia nas telas, curiosamente em um western estrelado pelo maior nome do gênero, John Wayne. O contraste entre a determinação e rudeza de Wayne com a sensibilidade de Clift se torna um dos grandes trunfos do filme. E o Duke? Bem, ele está novamente ótimo no papel de um velho rancheiro dono de milhares de cabeças de gado, que tem como único objetivo levá-las, em uma grande caravana, para o Estado do Missouri. Conforme o tempo passa e as dificuldades se tornam maiores o personagem de Wayne vai ficando cada vez mais obcecado, tornando insuportável a vida de seus homens. O clímax ocorre em uma feroz luta entre Wayne e Clift. Um duelo entre os velhos e os novos paradigmas do velho oeste. A cena entrou para a história do cinema americano. Em relação à inspirada direção um famoso crítico americano resumiu a opinião da época: "Tendo como pano de fundo as belas paisagens do meio oeste americano, o mestre Howard Hawks faz um dos melhores faroestes dos últimos tempos, não se limitando, no entanto, a falar apenas do expansionismo capitalista americano, povoando terras desertas em meados do século 19. Vai além: realizando um belo painel sobre as relações humanas, através dp choque de personalidades de Dunson (Wayne) e Garth (Montgomery Clifi). Criados como pai e filho, protagonizam uma estória de amor e ódio absolutamente emocionante". O filme concorreu aos Oscar de melhor roteiro e Montagem. Uma injustiça não ter ganho nenhum, mas se a Academia não o premiou ele acabou recebendo outro tipo de reconhecimento, e este bem mais importante, o reconhecimento popular daqueles que o assistiram e jamais esqueceram ao longo de todos esses anos.

Os Desajustados
Esse foi o último filme completo da Marilyn. Ela ainda chegou a iniciar as filmagens de "Something s Got To Give" ao lado de Dean Martin mas o filme não foi concluído. Seus atrasos, faltas e confusões no set fizeram com que a Fox a despedisse no meio da produção. Pouco tempo depois, pressionada, abandonada e depressiva veio a encontrar sua morte em um quarto solitário de sua casa. Assim Os Desajustados se tornou seu último momento no cinema. Eu acho um filme triste, melancólico e depressivo até. Afirmam algumas biografias da estrela que Arthur Miller escreveu o conto que deu origem ao filme inspirado justamente na sua vida com a Marilyn. Os excessos da vida da atriz aparecem na tela, apesar de Marilyn Monroe ainda aparecer linda nas cenas, ela está bem acima do peso e abatida. Muitas vezes a atriz surge em cena com o olhar perdido no horizonte, sem convicção. Fisicamente ela também mostra sinais de desgaste. Numa cena de praia, por exemplo, em que ela aparece de biquíni a atriz exibe uma barriguinha bem saliente. As brigas com o marido no set também foram constantes. Em certa ocasião deixou Arthur Miller abandonado no meio do deserto (onde o filme estava sendo filmado) se recusando a deixá-lo entrar em seu carro. O diretor John Huston teve então que voltar para ir pegá-lo, caso contrário morreria naquele lugar seco e inóspito. Marilyn também continuava com seu medo irracional dos sets de filmagens. Antes de entrar em cena ela ficava nervosa, em pânico. Errava muito suas falas e fazia o resto do elenco perder a paciência com suas atitudes. Seu medo de atuar nunca havia desaparecido mesmo após tantos anos de carreira. Interessante é que apesar de Marilyn não sair das revistas e jornais por causa dos acontecimentos ocorridos nas filmagens o filme não conseguiu fazer sucesso o que é uma surpresa e tanto pelo elenco estelar e pela publicidade extra que recebeu dos tablóides. Muitos atribuem o fracasso ao próprio texto de Arthur Miller que não tinha foco e nem uma boa dramaturgia. Aliás desde que se casou com Marilyn o autor parecia ter perdido o toque para bons textos. Tudo soava sem inspiração, sem talento. "Os Desajustados" também foi a última produção com o mito Clark Gable. Envelhecido e decadente sofreu bastante com os problemas do filme, o levando a um esgotamento físico e mental, vindo a falecer pouco depois. Acusada de ter contribuído para o colapso de Gable, Marilyn sentiu-se culpada e ganhou mais um motivo para sua depressão crônica. De qualquer forma só pelo fato de "Os Desajustados" ter sido o último filme de Monroe e Gable já vale sua existência. Não é tecnicamente um excelente filme mas está na história do cinema pelo que representou na vida de todos esses grandes mitos que fizeram parte de sua realização.

Um Lugar Ao Sol
George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequências trágicas para todos os envolvidos. "Um Lugar Ao Sol" é um dos grandes clássicos da carreira de Montgomery Clift e Elizabeth Taylor. O filme mescla muito bem romance, suspense e drama. Vivendo em dois mundos completamente distintos o personagem de Montgomery Clift, um pobre rapaz que anseia subir na vida algum dia, acaba perdendo o controle dos acontecimentos em sua vida emocional, o que o levará a pagar um alto preço por se envolver com duas garotas ao mesmo tempo. George Stevens foi um dos grandes diretores do cinema americano. Austero e detalhista ele filmava muitas tomadas diferentes, de ângulos diversos para só depois montar o filme ao seu bel prazer. Assistindo "Um Lugar ao Sol" é fácil perceber que ele estava literalmente obcecado pelo belo rosto juvenil de Elizabeth Taylor. O cineasta usa e abusa de vários closes do rosto de sua atriz, o que não é nada mal uma vez que Liz estava no auge de sua beleza. Com traços delicados e lindos olhos azuis (que infelizmente não foram captados pois o filme foi rodado em preto e branco) a estrela poucas vezes esteve tão bonita como aqui. O roteiro foi baseado no livro "An American Tragedy" de Patrick Kearney. Embora ficcional a estória foi inspirada em fatos reais acontecidos em Chicago na década de 20. A situação toda é bastante sórdida e demonstra que não existem muitos limites para a maldade da alma humana, embora no filme o personagem Geroge Eastman seja de certa forma amenizado. É fácil compreender a razão. Não haveria como rodar toda uma produção como essa em cima de um mero assassino. Assim tudo foi cuidadosamente suavizado para não chocar muito o público americano dos anos 50. O resultado de tanto capricho veio depois nas bilheterias e nas ótimas críticas que o filme conseguiu. Shelley Winters e Montgomery Clift foram indicados ao Oscar. Embora não tenham sido premiados o filme em si conseguiu vencer em seis categorias (inclusive direção e roteiro), se consagrando naquele ano. Até o gênio Charles Chaplin se rendeu ao filme declarando que havia sido o "melhor filme que já tinha assistido em sua vida". Além disso os bastidores da produção deram origem a muitas histórias saborosas envolvendo Clift e Taylor, que se tornariam amigos até o fim de suas vidas. Depois disso não há muito mais o que escrever. Para os cinéfilos "Um Lugar ao Sol" é mais do que obrigatório. Um filme essencial.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de setembro de 2007

Rock Hudson / Elizabeth Taylor / Montgomery Clift


Rock Hudson
Foto promocional do ator Rock Hudson publicada em uma revista americana de grande circulação na época. Rock foi formado no departamento de artes da Universal. Esse estúdio providenciava tudo o que um futuro astro precisava aprender para se tornar um sucesso de bilheteria. Aulas de etiqueta social, de arte dramática, figurino e dicção. Rock assim foi formado pela Universal desde cedo para se tornar um astro. Naqueles tempos esse sistema era chamado de Star System e após o sucesso o ator, vinculado por contratos profissionais, se tornava exclusivo do grande estúdio que o formou. Era uma troca lucrativa, a companhia cinematográfica criava o astro e esse em troca se vinculava de forma fiel a ela. Rock cumpriu sua parte e só em fins dos anos 1960 deixou a Universal que tanto o ajudou em sua escalada rumo à fama.


Rock Hudson e a homossexualidade
Rock Hudson posa ao lado de uma jovem modelo em seus anos de glória em Hollywood. Rock era o galã dos sonhos nos anos 1950. Alto, bonitão, forte e muito simpático ele era o sonho de toda mulher americana na época. Só que Rock também guardava um grande segredo: ele era na verdade gay. Seus amigos estavam sempre tentando arrumar uma garota para Rock, mas isso nunca dava certo. Embaixo de uma postura completamente máscula, Rock se encontrava às escondidas com seus amantes masculinos. Para evitar fofocas, ainda mais depois que ficou muito famoso, ele se casou com Phyllis Gates que era secretária de seu agente, Henry Wilson. As coisas porém não deram certo como era de se prever e Rock se separou pouco tempo depois. Ela, por outro lado, pelo menos teve a honra de ter sido casada com o homem mais cobiçado da América.


Rock Hudson e o Cigarro
Rock foi um fumante inveterado durante toda a sua vida. Seu consumo médio era de duas a três carteiras de cigarro por dia. Na época - em plenos anos 1950 - fumar era uma coisa normal, vista até como algo charmoso e elegante. Só anos depois foi que se descobriu que o fumo poderia trazer grande mal para a saúde. Rock pagou o preço por seu vício. Teve problemas de coração que seu médico associou ao fumo exagerado, tendo que realizar uma complicada operação de safena. Mesmo assim não deixou o cigarro de lado. Sobre o fumo certa vez declarou: "Espero que os cientistas logo descubram que o fumo faz muito bem para a saúde, que a fumaça destrói todos os micróbios e germes pois só assim poderei fumar sem culpa". Rock jamais largou o cigarro e fumou até os últimos momentos de sua vida.


Os Olhos de Elizabeth Taylor
Liz tinha uma tonalidade muito rara em seus olhos. Na verdade eles eram da cor azul-turquesa que mesmo entre pessoas de olhos azuis é raríssimo. Em uma época em que a beleza era fator essencial para se construir uma carreira de futuro no cinema americano, Liz se destacou logo entre as candidatas ao estrelato. Na verdade ela foi atriz mirim, começando a trabalhar ainda muito cedo, na infância. Seus pais viam grande potencial no talento de Elizabeth e ela assim foi subindo os degraus da fama. Anos depois ela diria que se identificava de certo modo com a história de seu amigo Michael Jackson, que também trabalhou desde muito jovem, perdendo em parte as experiências da vida típicas da idade. Enquanto as demais crianças brincavam, eles estavam sendo pressionados para dar o melhor de si nos palcos e nas telas.


Elizabeth Taylor e Montgomery Clift  
Liz e Clift curtem uma pausa nas filmagens de "Um Lugar ao Sol". Foi nesse filme que nasceu uma bela amizade entre eles, algo que iria durar até o fim da vida de Clift. Até hoje essa relação é fruto de dúvidas dos autores que escreveram biografias sobre esses astros. Para muitos Monty tinha uma paixão platônica devastadora por Liz - a ponto de ter sido apaixonado em segredo por ela por anos e anos. Para outros o ator era gay e por isso não sentia maior atração pela atriz. Por fim há aquele grupo que defende que Montgomery Clift realmente nutria uma paixão verdadeira por Liz, embora ela fosse impossível por causa da natureza assexuada do ator. Quem tem razão? Não importa, eles sempre serão eternos nos filmes que fizeram juntos. Imortais na tela para sempre.

Pablo Aluísio.
 

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Montgomery Clift


Montgomery Clift - Uma pequena galeria de fotos do ator Montgomery Clift. Na primeira foto temos o ator ao lado de Olivia de Havilland, com figurino de época no filme "The Heiress" (1949). Abaixo, no mesmo filme, Clift tira algumas notas ao piano com suas roupas vitorianas. Com direção de William Wyler esse drama romântico histórico recebeu o título de "Tarde Demais" no Brasil. 



sexta-feira, 18 de maio de 2007

De Repente, No Último Verão

Catherine Holly (Elizabeth Taylor) é uma jovem sofrendo de problemas mentais. Em busca de tratamento ela é atendida e acompanhada pelo Dr Cukrowicz (Montgomery Clift). um especialista na área, que atua sob as ordens da dama da sociedade Violet Venable (Katherine Hepburn) que teme que Catherine divulgue um segredo sórdido envolvendo o passado de sua família. O filme começa logo impactando. As duas primeiras cenas juntas duram mais de 50 minutos (praticamente mais da metade do filme). Nelas temos dois grandes "duelos" em cena: Katherine Hepburn e Montgomery Clift e logo em sequência esse ao lado de Liz Taylor. Curioso é que em ambas Clift apenas serve de escada para que as atrizes possam declamar longos textos sobre Sebastian (o personagem cujo rosto nunca aparece mas que é citado em praticamente todos os diálogos do roteiro). Esse começo arrebatador sintetiza tudo: é um filme de diálogos e interpretação, nada mais. Sua gênese teatral não é disfarçada e nem amenizada até porque estamos tratando de Tennessee Williams, um dos grandes dramaturgos da cultura americana.

Achei Elizabeth Taylor extremamente bonita e talentosa no filme. Ela já estava entrando nos seus 30 anos mas ainda continuava belíssima. Mostra talento em cada cena mas não fica à altura de Hepburn (essa realmente foi uma das maiores atrizes da história). Já Montgomery Clift deixa transparecer as cicatrizes e deformações de seu rosto, após o grave acidente que sofreu ao sair de uma festa na casa da amiga Liz Taylor. Ele está contido no papel mas consegue dar conta muito bem do recado mesmo com as várias dores que sofria (atuou praticamente sedado durante todo o filme). O texto é rico e claramente trata da questão homossexual do personagem Sebastian. E foi justamente por essa razão que foi censurado nas telas. A censura partiu do próprio estúdio. A razão foi tentar conseguir uma classificação etária melhor, além de evitar maiores polêmicas com os chamados setores da "boa decência" da sociedade americana, bem atuantes na época de lançamento do filme. A questão da homossexualidade do personagem Sebastian inclusive ficou tão truncada no roteiro final (do aclamado Gore Vidal) que muitos nem se darão conta disso. Por isso recomenda-se conhecer melhor a peça no qual o filme foi adaptado para entender melhor a motivação dos personagens. Os textos de Tennessee Williams eram considerados fortes demais para os padrões morais da época e geralmente chegavam no cinema atenuados ou suavizados. De qualquer forma o resultado não pode ser classificado como menos do que grandioso. Todos brilham em cena – na realidade se trata de uma rara oportunidade de ver tantos talentos juntos em um só filme, o que torna a produção simplesmente imperdível para qualquer cinéfilo que se preze.

De Repente No Último Verão (Suddenly, Last Summer, Estados Unidos, 1959) Direção: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Gore Vidal baseado na peça "The Roman Spring of Mrs. Stone" de Tennessee Williams / Elenco: Elizabeth Taylor, Katharine Hepburn, Montgomery Clift, Albert Dekker e Mercedes McCambridge./ Sinopse: A história se passa em Nova Orleans, em 1937. Katharine Hepburn, indicada ao Oscar pela sétima vez, está no papel da rica viúva Violet Venable, que quer que um cirurgião (Montgomery Clift) faça uma lobotomia em sua sobrinha Catherine (Elizabeth Taylor, também indicada ao Oscar). Catherine sofre de terríveis pesadelos e impulsos violentos desde a morte do primo, filho de Violet, quando os dois viajavam pela Europa no último verão. Aos poucos os mistérios que cercam sua condição são desvendados.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de maio de 2007

Rio Violento

Um filme clássico que une o talento de direção de Elia Kazan com a excelente performance de um grande ator como Montgomery Clift só poderia despertar muito o interesse dos cinéfilos. E foi justamente isso o que aconteceu com esse "Rio Violento". O filme procurava responder a uma questão extremamente pertinente: Até que ponto o progresso da sociedade justificava a mudança compulsória do modo de vida das pessoas? Qual era igualmente o limite de intervenção do Estado na existência das pessoas comuns? Até que ponto essa interferência era legítima ou legalmente justificável?

No filme Montgomery Clift (excepcionalmente bem) interpreta o personagem Chuck Glover, um agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar uma senhora idosa que mora em uma ilha no rio Tennessee. Ela se recusa a abandonar o local pois foi ali que nasceu e criou seus filhos, enterrou seu marido e viveu ao lado de negros libertos e demais moradores do local. Lutando por seus valores tradicionais e por aquilo que lhe é mais importante a senhora resolve enfrentar até mesmo o poder do governo americano. E isso obviamente criou uma disputa jurídica que iria repercutir em todo o sistema judiciário norte-americano.

O filme apresente um excelente elenco. Aliás essa sermpre foi uma característica marcante nos filmes de Elia Kazan. A atriz Jo Van Fleet está simplesmente maravilhosa. Interpretando a matriarca Ella Garth, ela tem duas grandes cenas que a fazem ser o grande destaque de todo o filme. Em uma delas explica ao personagem de Montgomery Clift a dignidade de quem viveu e trabalhou no rio Tennessee há gerações. Devo dizer que poucas vezes vi Clift ser superado em cena, mas aqui ele realmente foi colocado de lado, até mesmo pela força do texto que a atriz tem a declamar. Socialmente consciente, tocando em temas tabus para a época (como o racismo do sul dos Estados Unidos), "Rio Violento" é um dos melhores trabalhos de Kazan. Ele foi um diretor que via o cinema como algo a mais e não apenas um mero entretenimento. Por isso seus filmes sempre tinham alguma mensagem a passar ao público.

Rio Violento (Wild River, Estados Unidos, 1957) Direção: Elia Kazan / Elenco: Montgomery Clift, Lee Remick, Jo Van Fleet / Sinopse: Chuck Glover (Clift) é um jovem agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar um grupo de moradores de uma ilha no meio do rio Tennessee. As pessoas não querem ir embora de lá, deixando suas casas e sua história para trás. Porém é do interesse do Estado que elas deixem aquelas terras. Filme indicado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Os Desajustados

Esse foi o último filme completo da Marilyn. Ela ainda chegou a iniciar as filmagens de "Something s Got To Give" ao lado de Dean Martin mas o filme não foi concluído. Seus atrasos, faltas e confusões no set fizeram com que a Fox a despedisse no meio da produção. Pouco tempo depois, pressionada, abandonada e depressiva veio a encontrar sua morte em um quarto solitário de sua casa. Assim Os Desajustados se tornou seu último momento no cinema. Eu acho um filme triste, melancólico e depressivo até. Afirmam algumas biografias da estrela que Arthur Miller escreveu o conto que deu origem ao filme inspirado justamente na sua vida com a Marilyn. Os excessos da vida da atriz aparecem na tela, apesar de Marilyn Monroe ainda aparecer linda nas cenas, ela está bem acima do peso e abatida. Muitas vezes a atriz surge em cena com o olhar perdido no horizonte, sem convicção. Fisicamente ela também mostra sinais de desgaste. Numa cena de praia, por exemplo, em que ela aparece de biquíni a atriz exibe uma barriguinha bem saliente.

As brigas com o marido no set também foram constantes. Em certa ocasião deixou Arthur Miller abandonado no meio do deserto (onde o filme estava sendo filmado) se recusando a deixá-lo entrar em seu carro. O diretor John Huston teve então que voltar para ir pegá-lo, caso contrário morreria naquele lugar seco e inóspito. Marilyn também continuava com seu medo irracional dos sets de filmagens. Antes de entrar em cena ela ficava nervosa, em pânico. Errava muito suas falas e fazia o resto do elenco perder a paciência com suas atitudes. Seu medo de atuar nunca havia desaparecido mesmo após tantos anos de carreira. Interessante é que apesar de Marilyn não sair das revistas e jornais por causa dos acontecimentos ocorridos nas filmagens o filme não conseguiu fazer sucesso o que é uma surpresa e tanto pelo elenco estelar e pela publicidade extra que recebeu dos tablóides. Muitos atribuem o fracasso ao próprio texto de Arthur Miller que não tinha foco e nem uma boa dramaturgia. Aliás desde que se casou com Marilyn o autor parecia ter perdido o toque para bons textos. Tudo soava sem inspiração, sem talento. "Os Desajustados" também foi a última produção com o mito Clark Gable. Envelhecido e decadente sofreu bastante com os problemas do filme, o levando a um esgotamento físico e mental, vindo a falecer pouco depois. Acusada de ter contribuído para o colapso de Gable, Marilyn sentiu-se culpada e ganhou mais um motivo para sua depressão crônica. De qualquer forma só pelo fato de "Os Desajustados" ter sido o último filme de Monroe e Gable já vale sua existência. Não é tecnicamente um excelente filme mas está na história do cinema pelo que representou na vida de todos esses grandes mitos que fizeram parte de sua realização.

Os Desajustados (The Misfits, Estados Unidos, 1960) / Direção de John Huston / Elenco:: Clark Gable, Marilyn Monroe, Montgomery Clift, Thelma Ritter, Eli Wallach / Sinopse: Roslyn Taber (Marilyn Monroe) é uma mulher sensível, que está se divorciando. Gay Langland (Clark Gable) e um cowboy frio, que passou a vida pegando cavalos e mulheres divorciadas. Ela não aceita a captura de cavalos selvagens para virarem comida de cachorro, enquanto que ele não vê nada demais. No meio de tudo isto nasce uma paixão entre os dois.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Corações Solitários

Esse filme também é conhecido como "Corações Solitários". Na história um Jovem jornalista desempregado chamado Adam White (Montgomery Clift) aceita trabalhar em um jornal escrevendo a coluna "Corações Solitários". Nela leitores pedem conselhos sentimentais. Inicialmente o jornalista pensa ser tudo uma bobagem, sem maior importância para sua carreira, mas conforme vai se envolvendo nas histórias acaba descobrindo os dramas pessoais de cada pessoa que lhe escreve. Como se já não bastasse os problemas profissionais ele ainda tem que lidar com sua noiva (Dolores Hart) que está perdendo a paciência com sua indefinição, pois ela quer se casar logo, mas ele vacila sobre essa decisão.

O argumento desse filme é muito interessante. Existe um subtexto envolvendo o personagem de Clift, um jovem idealista, com seu editor, um sujeito cínico e descrente com a humanidade em geral, que rende ótimos diálogos. Em um deles, impagável, o editor diz a Clift o seguinte: "Não se engane, as pessoas em geral são animais, não existe bondade no mundo". A tese de um e do outro acabará sendo testada justamente nos leitores da coluna "Corações Solitários" - inclusive no personagem de uma dona de casa insatisfeita, casada com um homem impotente.

Como facilmente se percebe, o texto que foi baseado em uma famosa peça da época, é forte, tratando de temas polêmicos. Clift novamente dá show com seu personagem, um jornalista bom e decente que tenta driblar inclusive seu passado nebuloso (que acabará voltando à tona para lhe assombrar). Outro destaque é a presença da starlet Dolores Hart. Ela ficou famosa por aparecer em um filme com Elvis Presley chamado "A Mulher Que eu Amo" (Loving You). Sua história é bem curiosa, pois pouco tempo depois ela largaria a carreira e o cinema para virar uma freira católica em sua cidade natal. Ela ainda está viva e hoje é uma irmã beneditina de um mosteiro americano. Em suma, "Corações Solitários" tem excelente elenco, inteligente roteiro e um final aberto que nos deixa a seguinte pergunta: Afinal quem tinha razão, o editor ou o jornalista? Assista para responder.

Por um Pouco de Amor / Corações Solitários (Lonelyhearts, Estados Unidos, 1958) Direção: Vincent J. Donehue / Rioteiro: Dore Schary, baseado na peça de Howard Teichmann / Elenco: Montgomery Clift, Myrna Loy, Maureen Stapleton, Robert Ryan / Sinopse: Adam White (Montgomery Clift) é um jovem jornalista escritor que aceita o convite para escrever uma coluna sentimental no jornal de sua cidade. No começo ele não leva muito à sério a nova função, mas aos poucos vai descobrindo os dramas reais de pessoas sofrendo com inúmeros problemas emocionais. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz coadjuvante (Maureen Stapleton).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Rio Violento

Um filme clássico que une o talento de direção de Elia Kazan com a excelente performance de um grande ator como Montgomery Clift só poderia despertar muito o interesse dos cinéfilos. E foi justamente isso o que aconteceu com esse "Rio Violento". O filme procurava responder a uma questão extremamente pertinente: Até que ponto o progresso da sociedade justificava a mudança compulsória do modo de vida das pessoas? Qual era igualmente o limite de intervenção do Estado na existência das pessoas comuns? Até que ponto essa interferência era legítima ou legalmente justificável?

No filme Montgomery Clift (excepcionalmente bem) interpreta o personagem Chuck Glover, um agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar uma senhora idosa que mora em uma ilha no rio Tennessee. Ela se recusa a abandonar o local pois foi ali que nasceu e criou seus filhos, enterrou seu marido e viveu ao lado de negros libertos e demais moradores do local. Lutando por seus valores tradicionais e por aquilo que lhe é mais importante a senhora resolve enfrentar até mesmo o poder do governo americano. E isso obviamente criou uma disputa jurídica que iria repercutir em todo o sistema judiciário norte-americano.

O filme apresente um excelente elenco. Aliás essa sermpre foi uma característica marcante nos filmes de Elia Kazan. A atriz Jo Van Fleet está simplesmente maravilhosa. Interpretando a matriarca Ella Garth, ela tem duas grandes cenas que a fazem ser o grande destaque de todo o filme. Em uma delas explica ao personagem de Montgomery Clift a dignidade de quem viveu e trabalhou no rio Tennessee há gerações. Devo dizer que poucas vezes vi Clift ser superado em cena, mas aqui ele realmente foi colocado de lado, até mesmo pela força do texto que a atriz tem a declamar. Socialmente consciente, tocando em temas tabus para a época (como o racismo do sul dos Estados Unidos), "Rio Violento" é um dos melhores trabalhos de Kazan. Ele foi um diretor que via o cinema como algo a mais e não apenas um mero entretenimento. Por isso seus filmes sempre tinham alguma mensagem a passar ao público.

Rio Violento (Wild River, Estados Unidos, 1957) Direção: Elia Kazan / Elenco: Montgomery Clift, Lee Remick, Jo Van Fleet / Sinopse: Chuck Glover (Clift) é um jovem agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar um grupo de moradores de uma ilha no meio do rio Tennessee. As pessoas não querem ir embora de lá, deixando suas casas e sua história para trás. Porém é do interesse do Estado que elas deixem aquelas terras. Filme indicado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Rio Vermelho (1948)

1. Red River (no Brasil, "Rio Vermelho") é considerado um dos grandes clássicos do western americano. Dirigido pelo mestre Howard Hawks e estrelado pelos mitos  John Wayne e Montgomery Clift, , o filme é considerado o épico definitivo sobre a figura do cowboy dos Estados Unidos, no auge de sua atividade no século XIX.

2. A interpretação de Montgomery Clift no filme surpreendeu John Wayne que chegou a confessar numa entrevista que jamais poderia supor que ele fosse tão bom atuando. Na verdade Wayne não conhecia muito Clift e sua capacidade dramática. Pensando que se tratava de mais um ator de Nova Iorque ele ficou realmente surpreso com as qualidades do jovem Clift, a tal ponto que chegou a dizer que precisava melhorar mais por causa da "nova concorrência" que surgia no mercado.

3. O filme foi realizado em 1946, mas só chegou nas telas em 1948. A demora se deu por dois motivos básicos. Primeiro o diretor Howard Hawks foi extremamente criterioso na edição da versão final. Ele não queria um filme longo e também não desejava que faltasse algo importante na estória. Por essa razão teve que se empenhar em chegar em um ponto meio termo. O outro problema foi legal. O milionário excêntrico Howard Hughes entendeu que havia semelhanças demais com outro clássico "O Proscrito", o que fez atrasar ainda mais seu lançamento nos cinemas.

4. Pode-se dizer que John Wayne ficou um pouco intimidado pela presença de Clift. Ele tinha receios, segundo o roteirista Borden Chase, de que o filme lhe fosse roubado por Monty. Por essa razão Wayne tentou interferir na edição final da fita, algo que foi impedido por Hawks, o que acabou criando um mal estar entre ambos.

5. Houve um certo receio do estúdio de que John Wayne e Montgomery Clift não se dessem bem trabalhando juntos. Eles tinham posições políticas bem diferentes, com Wayne sendo um conservador e Clift um liberal, e não tinham medo de expor suas ideias para a imprensa. Isso fez com que o diretor Howard Hawks proibisse discussões sobre esses temas no set de filmagens. De uma forma ou outra essa censura e a tensão causada por ela fez com que Clift se recusasse a trabalhar novamente com Wayne quando foi convidado a atuar em "Onde Começa o Inferno".

6. Para parecer mais convincente na tela o ator Montgomery Clift resolveu se empenhar em um curso intensivo de equitação antes das filmagens começarem. Ele já havia montado antes, mas morando em Nova Iorque, ficou sem a experiência necessária. Durante três meses ele praticou equitação em um rancho perto de Los Angeles, sob supervisão do professor Noah Beery Jr. Quando começaram as filmagens Monty demonstrou ter intimidade com montarias, o que fez com que arrancasse um elogio de John Wayne ao dizer: "Você monta muito bem rapaz!".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de abril de 2006

Cine Western - Rio Vermelho


Rio Vermelho
John Wayne no papel de Thomas Dunson no clássico do western americano Rio Vermelho (Red River, EUA, 1948), dirigido por Howard Hawks e Arthur Rosson. Nesse filme o ator contracenou com Montgomery Clift que interpretava o jovem cowboy Matt Garth. Wayne e Clift vinham de escolas de interpretação bem diferentes. Enquanto o velho veterano fez sua carreira praticamente toda no cinema, Clift era considerado um talentoso ator de teatro em Nova Iorque. Tendo se formado no prestigiado Actor´s Studio, ele era considerado um dos jovens mais promissores de sua geração. Apesar das diferenças ambos se deram muito bem no set de filmagem. Montgomery Clift soube respeitar a presença de Wayne e esse criou um carinho quase filial com o jovem de Nova Iorque. No final das filmagens Wayne declarou: "Esse rapaz vai longe e espero fazer novos filmes ao seu lado". Infelizmente Wayne estava certo apenas em parte. Sim, Clift faria muito sucesso em Hollywood, porém jamais voltaria a atuar ao seu lado em um filme novamente.

Pablo Aluísio. 

sábado, 8 de abril de 2006

Rio Vermelho

Red River
Essa produção, um clássico do western, registrou momentos marcante sda história do cinema americano, onde duas grandes gerações de atores se encontram nas telas. Montgomery Clift e John Wayne dividiram o mesmo set no imortal "Red River" (Rio Vermelho, no Brasil). No enredo o choque de dois modos de pensar, viver e amar, tudo se passando no velho oeste dos Estados Unidos. 

O interessante é que Montgomery Clift relutou muito em aceitar o convite para atuar nesse filme. Ele se considerava acima de tudo um ator de teatro, no rico universo teatral de Nova Iorque. Na verdade não tinha muito interesse em migar para o cinema. Não gostava de Los Angeles e nem no esquema industrial de se fazer filmes na costa oeste. 

Embora tivesse respeito por John Wayne, também não considerava esse astro do cinema um bom ator. Para Clift, Wayne era apenas um tipo que fazia sucesso de bilheteria, mas não um ator de amplos recursos dramáticos. Quem acabou convencendo Clift a aceitar o papel nesse faroeste foi o diretor Elia Kazan, que disse para o jovem ator que aquela era uma oportunidade única de atuar em um filme realmente muito bom, com excelente roteiro. 

E assim, depois de semanas sem dizer sim e nem não, finalmente Montgomery Clift aceitou fazer o primeiro faroeste de sua carreira. O resto é história. Esse é considerado um dos melhores filmes de western de todos os tempos, sempre presente em listas que elegem os melhores nesse gênero cinematográfico. E acabou igualmente se tornando um dos filmes preferidos do próprio Clift que aprendeu que o cinema nem sempre era um veículo menor para grandes atores. 

Pablo Aluísio.