Com a queda do Império Romano do Ocidente ocorreu um fato historicamente curioso. Antigos grupos que eram considerados bárbaros pelos romanos, começaram a combater outros bárbaros invasores, se colocando na posição de civilizados (que Roma sempre se colocou) para destruir os bárbaros pagãos que desciam para o Sul da Europa, causando destruição e morte por onde passavam.
Quando os Francos surgiram, eles foram vistos pelos legionários romanos como bárbaros selvagens. Porém com o tempo esses grupos se uniram e formaram o Reino dos Francos. Eles também adotaram o cristianismo como religião. Assim surgiram os primeiros Reis Francos, em dinastias que posteriormente, no passar das gerações, iriam formar o moderno Estado da França, tal como conhecemos nos dias de hoje. E entre esses Reis pioneiros, que ficavam ali no limiar da transformação do Reino Franco na França medieval tivemos um que se destacou em guerras contra os bárbaros do Norte.
O Rei Franco Quildeberto é considerado o segundo monarca da história da França, membro da dinastia Merovíngia, filho de Clóvis I, dado pelos historiadores como o primeiro Rei da França. Nasceu em 496 e viveu até 13 de dezembro de 558, quando faleceu de causas desconhecidas. Viveu por 62 anos e foi um autêntico rei medieval. Teve a boa sorte de herdar as melhores terras quando seu pai morreu. Como se sabe o Rei Clóvis I deixou suas terras para seus filhos. Quildeberto herdou Paris, a cidade que já se destacava dentro do reino, que em breve iria se tornar sua capital.
Esse monarca Franco teve dois grandes inimigos em sua vida. O primeiro era representado por reinos da península itálica, em especial o reino da Borgonha. Foi seu inimigo visceral. O próprio rei francês marchou sobre as terras desse reino e após uma campanha violenta conseguiu tomar suas principais vilas e cidades. Nessa mesma campanha militar tomou de assalto as cidades medievais de Mâcon, Genebra e Lyon. Depois executou o Rei de Borgonha com ares de sadismo. Mandou prender seu corpo em duas carroças e depois esquartejou seus membros quando os cavalos saíram em disparada.
Outro inimigo sempre presente era o Reino dos Visigodos. Povo bárbaro que havia contribuído pela queda de Roma, os Visigodos eram conhecidos pela violência no campo de batalha. Muitas cidades francesas eram atacadas por eles. Os Visigodos também não seguiam o cristianismo, o que os colocava em roda de colisão com o Reino Franco cristão. Assim o Rei Quildeberto decidiu enfrentar o problema de frente, vencendo esses povos bárbaros numa campanha que custou muito dinheiro aos cofres reais. Crônicas afirmam que em um só dia de batalha morreram mais de 40 mil soldados, o que se tratando da Idade Média era uma carnificina sem precedentes.
Em uma dessas campanhas o Rei contraiu um mal desconhecido, que até hoje não é bem determinado pelos historiadores. Seus soldados diziam que era bruxaria feita por bruxas pagãs dos Visigodos. De uma maneira ou outra o Rei não resistiu. Morreu por causa dessa misteriosa doença, caindo de seu cavalo, ainda com uma espada na mão, indo parar direto na lama do campo de batalha. Seus oficiais acabaram levado seu corpo de volta a Paris para seu enterro. Seu corpo seria vilipendiado séculos mais tarde por membros da revolução francesa que profanaram e destruíram todos os corpos de reis da França que tinham sido sepultados na Basílica de Saint-Denis. Esse sim um ato de puro barbarismo.
Pablo Aluísio.
História
ResponderExcluirReis Franceses
Pablo Aluísio.
Isso vive acontecendo. Nos tempos do Júlio Cesar os bárbaros eram o Vândalos, os povos do local hoje é conhecida como Alemanha, um dos lugares mais desenvolvidos e civilizados do mundo. A percepção do que é ser bárbaro pelo jeito vai mudando sem ligação com a geografia.
ResponderExcluirO termo bárbaro foi criado pelos romanos para designar todos os povos que não falavam o latim. Depois, como todo termo cultural, ganhou outros significados. Passou a ser sinônimo também de violento, agressor, etc.
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