quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Era uma Vez no Oeste

Título no Brasil: Era uma Vez no Oeste
Título Original: C'era una volta il West
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Donati, Sergio Leone
Elenco: Henry Fonda, Charles Bronson, Claudia Cardinale, Jason Robards, Gabriele Ferzetti, Paolo Stoppa
  
Sinopse:
Quando a bela Jill McBain (Claudia Cardinale) chega de viagem de New Orleans em uma pequenina cidade do velho oeste americano para se unir ao homem com o qual se casou e descobre que toda a sua família foi morta, ela percebe que sua vida praticamente acabou. O lugar está dominado pela quadrilha liderada pelo pistoleiro e sádico Frank (Henry Fonda), um mercenário que protege com extrema violência os interesses da companhia ferroviária, cujas linhas irião passar em breve pela região. O marido de Jill estava atrapalhando os planos da ferrovia e por essa razão foi eliminado por Frank e seus bandoleiros. Apenas dois homens parecem dispostos a proteger Jill da ameaça sempre constante de Frank, o rápido no gatilho Cheyenne (Jason Robards), um foragido da lei, e o introspectivo "Harmonica" (Bronson), um pistoleiro misterioso de origem desconhecida.

Comentários:
Para muitos críticos e especialistas em cinema esse é o melhor western spaghetti de todos os tempos. É a obra máxima que sintetiza como nenhuma outra a genialidade do mestre Sergio Leone. De fato, sob qualquer ponto de vista é impossível negar as qualidades cinematográficas desse verdadeiro clássico. Leone construiu uma verdadeira ópera visual, explorando com maestria todos os valores e dogmas sagrados do faroeste. Uma prova de seu inigualável talento acontece logo na primeira cena. Um grupo de pistoleiros mal encarados chegam em uma estação ferroviária. Eles esperam a chegada do próximo trem. Aqui Leone explora todas as possibilidades narrativas sem praticamente usar o recurso do diálogo. Tudo acontece apenas se utilizando os elementos que estão ao redor. O ruído de um velho moinho todo enferrujado, o som desolador do vento do deserto e até mesmo uma mosca incômoda que insiste em pousar no rosto do bandido, se tornam elementos narrativos extremamente ricos nas mãos de Leone. Essa sequência inicial aliás entrou na história do western como uma das mais bem realizadas já mostradas na história do cinema. Um verdadeiro toque de mestre. E assim seguirá no transcorrer de todo o filme. Sergio Leone não parece apressado em contar sua estória, mas sim em explorar todos os elementos narrativos e psicológicos possíveis. 

A simples chegada de um bando de assassinos numa fazenda já se torna para ele uma ótima oportunidade de mostrar e explorar toda a sua técnica de narração cinematográfica. Leone parecia realmente se deliciar com esse tipo de situação. O close nos olhos dos bandidos, as situações minuciosamente trabalhadas (como a da morte do irmão do personagem de Charles Bronson, ainda criança) demonstram bem como Leone era mestre nesse tipo de cena. Além do domínio completo na arte de narrar a estória de seu filme, o diretor ainda conseguiu a proeza de extrair ótimas interpretações de todo o seu elenco. Henry Fonda, por exemplo, um veterano, poucas vezes esteve tão assustador em cena. Claudia Cardinale, uma das atrizes mais bonitas do cinema europeu, nunca esteve tão talentosa como aqui sob a direção de Leone. Até mesmo Charles Bronson, com seus poucos recursos dramáticos, acaba se saindo muito bem como o pistoleiro calado, introspectivo e misterioso, sempre com uma gaita na boca, tentando com isso trazer alguma mensagem sombria que poucos conseguem decifrar. Enfim, se você tiver que ter apenas um western na sua coleção de filmes recomendamos esse grande clássico assinado por Sergio Leone. Uma obra prima maravilhosa, realmente indispensável para todo e qualquer cinéfilo que se preze.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O Mar de Árvores

Existe uma floresta no Japão, aos pés do Monte Fuji, que ao longo dos anos acabou virando um lugar procurado por suicidas em geral. De complicado acesso, com mata fechada, o lugar acabou se tornando um refúgio para quem realmente desejava acabar com a própria vida. E é justamente para lá que vai o escritor americano Arthur (Matthew McConaughey). Sua vida está destruída depois que sua jovem esposa faleceu. O casamento ia de mal a pior, mas depois que ela foi diagnosticada com câncer eles se reaproximaram fortemente. A velha paixão reacendeu em seus corações. Muitas vezes as dificuldades da vida acabam também trazendo coisas positivas para um relacionamento que parecia falido. 

Antes dela morrer Arthur acaba jurando a ela que não iria embora dessa existência para outra em um hospital, cercado de pessoas desconhecidas. Ao invés disso iria procurar um lugar bonito, com muito verde, para se despedir dessa vida. Quando ela morre precocemente e de forma até inesperada, ele decide, depois de uma profunda depressão, acabar com tudo. Em seu interior fica completamente devastado. A floresta Aokigahara então se torna seu destino final. Sem malas, apenas com a roupa do corpo, compra uma passagem para o Japão. Ele só leva algumas pílulas consigo e mais nada. A intenção é realmente se suicidar. Adentra a mata e quando está prestes a consumar seu próprio suicídio é surpreendido por um homem que parece vagar a esmo pelo lugar. Com as roupas em frangalhos, aparentando estar com muita fome e sede, Arthur então resolve ajudá-lo. E assim começa verdadeiramente a trama de todo o filme.

Essa nova película do diretor Gus Van Sant lida com um tema que muitos provavelmente vão querer evitar. Afinal de contas quem realmente iria se interessar por um protagonista que no fundo só deseja mesmo acabar com a sua própria vida? O tema da morte já é por demais complicado para grande parte do público, agora imagine acrescentar a isso a dor do luto e da depressão pela morte de um ente querido! O roteiro não subestima a inteligência do espectador e nem tenta amenizar o que acontece. De certa forma essa escolha por um filme pesado, triste, mas ao mesmo tempo espiritualizado, seja o grande mérito cinematográfico dessa produção. Além disso a tal floresta dos suicidas realmente existe, o que torna tudo ainda mais interessante para quem ousar ter a coragem que encarar esse drama existencial sobre a morte e o fim dos sonhos. Partindo do grande Gus Van Sant (um cineasta de quem sempre gostei muito) essa coragem de lidar com algo tão delicado, melancólico e controvertido ao mesmo tempo realmente não me surpreendeu em nada.

O Mar de Árvores (The Sea of Trees, Estados Unidos, 2015) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Chris Sparling / Elenco: Matthew McConaughey, Naomi Watts, Ken Watanabe / Sinopse: Arthur (McConaughey) é um jovem escritor americano que decide acabar com sua própria vida após a morte da esposa, Joan (Watts). Assim ele decide ir para o Japão para morrrer em um lugar de mata fechada aos pés do Monte Fuji conhecido como a floresta dos suicidas. Quando está prestes a tomar as pílulas que irá acabar com sua vida ele é surpreendido pela chegada de Takumi (Ken Watanabe), um senhor que também tentou se matar ao perder o emprego, mas que agora deseja ir embora daquele lugar sinistro. Filme indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

Café Society

O octagenário e polêmico Woody Allen nos brinda com uma verdadeira pérola da sétima arte: o charmoso e envolvente "Café Society". Sob a batuta de um dos poucos cineastas vivos que realmente sabem fazer cinema de qualidade (o outro é Clint Eastwood), Allen - que também faz a narração do filme - entregou a responsabilidade de uma iluminação quase lisérgica nas mãos do genial Vittorio Storaro, o italiano responsável pelas fotografias de "Apolcalypse Now" e "O Último Tango em Paris".

O longa discorre sobre a história de Phil (Steve Carrel) um agente de sucesso e influência, com trânsito fácil entre os maiores atores de Hollywood da década de 30, a década de ouro do cinema. Phil recebe, num certo dia, o telefonema de sua irmã que mora em Nova York pedindo-lhe ajuda de emprego para seu filho caçula, Bobby Dorfman (Jesse Eisenberg - o Mark Zuckerberg de "A Rede Social"). O garoto, sobrinho de Phil, larga a joalheria dos pais, desembarca na charmosa e mítica Hollywood e passa a trabalhar no escritório de seu tio.

Não demora muito para que o sonhador e desajeitado Bobby apaixone-se pela ambiciosa, Vonnie (Kristen Stewart). Pouco depois do inicio do namoro, Bobby se decepciona com Vonnie, retorna para Nova York e lá com sua verve empreendedora, passa a prospectar restaurantes e bares da moda frequentados pela chamada "Café Society", movimento de ponta entre artistas famosos e grandes empresários da época. Bobby muda o rumo de sua vida, envereda-se pelo caminho empresarial, mas jamais esquece de sua vaporosa e bela Vonnie, seu verdadeiro amor.

Todos os elementos que sempre compuseram a obra artística de Allen, estão lá: a referência aos judeus, a homenagem ao cinema, o romance, com seus mistérios, seus acordes duvidosos e suas escolhas incertas, e, por fim, a comédia. Aliás, desta vez, Allen caprichou nos tons irônicos e na comédia. O longa, com seu descompromisso e com sua incrível leveza e simplicidade acerta em cheio em dois pontos nevrálgicos: o triângulo amoroso entre Phil, Bobby e Vonnie e na fotografia em tons que oscilam entre o sépia de Hollywood e o cinza de Nova York, que saíram da cartola do mágico, Vittorio Storaro. Um filme absolutamente notável e um dos melhores do famoso diretor neste século.

Café Society (Idem, Estados Unidos, 2016) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Kristen Stewart, Jesse Eisenberg, Steve Carell, Corey Stoll.

Telmo Vilela Jr.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O Duelo

Sem favor algum, temos aqui um dos melhores faroestes que assisti nos últimos anos. A premissa é das melhores. O governador do Texas resolve enviar um de seus Texas Rangers para uma pequena cidade da fronteira para investigar a morte do sobrinho de um poderoso general mexicano. A morte do rapaz criou uma tensão entre os governos dos Estados Unidos e México e tudo deve ser resolvido para evitar maiores problemas em um futuro próximo (inclusive, quem sabe, até mesmo uma guerra entre os dois países se tudo sair do controle e ninguém for punido pelo crime).  Assim o agente David Kingston (Liam Hemsworth) parte para sua missão, acompanhando de sua jovem esposa, a mestiça Marisol (interpretada pela brasileira Alice Braga). Ao chegar na cidadezinha descobre que todos parecem obedecer cegamente as ordens de um estranho sujeito chamado Abraham (Woody Harrelson, ótimo como sempre!). Ele é uma espécie de pregador fanático e assassino cruel. Veterano da guerra civil, agora impõe sua vontade para todos os moradores, usando para isso duas armas bem poderosas: a religião e o medo!

Para tornar tudo ainda mais interessante Abraham matou o pai de David durante a guerra, em um tipo de luta mortal onde dois homens eram amarrados entre si, com facas nas mãos! Apenas o último de pé conseguiria sobreviver. E como se isso ainda não fosse explosivo o bastante o próprio Abraham parece disposto a conquistar a esposa do agente David, colocando tudo em um caldeirão de rivalidade que fica pronto a explodir a qualquer momento! "O Duelo" se revela assim uma ótima opção para os fãs do western. Além de respeitar todos os dogmas sagrados do gênero ainda traz um background psicológico para todos os personagens que o torna realmente um western muito acima da média do que anda sendo produzido nesse estilo ultimamente. Há uma constante tensão no ar, com aquele tipo de sentimento que há algo muito violento e cruel prestes a surgir na próxima cena. Além disso a guerra psicológica que se instala entre os dois principais personagens acaba sendo um dos destaques desse roteiro que por si só já é realmente muito bom. Em suma, um ótimo filme que infelizmente anda sendo bem subestimado. Não deixe passar em branco.

O Duelo (The Duel, Estados Unidos, 2016) Direção: Kieran Darcy-Smith / Roteiro: Matt Cook / Elenco: Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Alice Braga, Emory Cohen, William Sadler / Sinopse: Um jovem Texas Ranger (Liam Hemsworth) é enviado em missão até uma cidadezinha da fronteira no velho oeste para descobrir sobre o desaparecimento e morte de mexicanos na região. O governador do Texas teme que as mortes criem uma tensão com o governo do México. Uma vez na região o Ranger descobre que um pregador fanático e pistoleiro (Harrelson) pode estar por trás de todas as mortes.

Pablo Aluísio.

Álamo - 13 Dias de Glória

Título no Brasil: Álamo - 13 Dias de Glória
Título Original: The Alamo - Thirteen Days to Glory
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: The Finnegan Company
Direção: Burt Kennedy
Roteiro: Lon Tinkle, Clyde Ware
Elenco: James Arness, Raul Julia, Brian Keith, Alec Baldwin
  
Sinopse:
O filme recria um dos eventos históricos mais importantes dos Estados Unidos. No século XIX um grupo de apenas 200 homens, entrincheirados no forte Álamo no Texas, conseguiu resistir bravamente por um determinado período de tempo a um ataque promovido por um imenso exército mexicano sob as ordens do general inimigo Antonio Lopez de Santa Ana (Raul Julia). Roteiro baseado em fatos reais. Filme indicado ao Primetime Emmy Awards na categoria de Melhor Fotografia (minissérie ou telefilme).

Comentários:
A história do forte Álamo se tornou célebre no cinema por causa daquela conhecida versão épica dirigida e estrelada pelo astro John Wayne. Ele fez uma ode aos que tombaram na ocasião, louvando a coragem e a fibra daqueles que se tornaram heróis para o povo texano - e americano em geral. Obviamente que sempre houve muito ufanismo em todas as versões que trataram sobre essa história. Nas mãos do veterano Burt Kennedy tivemos essa versão para a TV americana que conseguiu se destacar por tentar ser ao menos um pouco mais fiel aos fatos históricos reais. Com ótimo elenco (onde se destaca o talentoso ator Raul Julia como o vilão, o generalíssimo Santa Ana) e uma excelente reconstituição histórica, tudo aliado a uma boa produção, o que temos aqui é um caso raro de telefilme dos anos 80 que realmente não deixava nada a dever aos filmes que eram lançados no cinema na época. Esse capricho era até fácil de explicar, de certa forma. Os produtores obviamente não estavam apenas preocupados em fazer o melhor para a TV, mas também em explorar o filme depois no mercado de vídeo - o que acabou acontecendo, inclusive no Brasil, onde foi lançado diretamente em VHS. Assim deixo a indicação dessa obra. Não é a melhor versão já feita sobre o Álamo, mas certamente é uma das mais dignas e bem produzidas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Valdez, O Mestiço

Título no Brasil: Valdez, O Mestiço
Título Original: Valdez, il mezzosangue
Ano de Produção: 1973
País: Itália, Espanha, França
Estúdio: Produzioni De Laurentiis Company
Direção: John Sturges, Duilio Coletti
Roteiro: Lee Hoffman, Clair Huffaker
Elenco: Charles Bronson, Jill Ireland, Marcel Bozzuffi, Vincent Van Patten, Fausto Tozzi, Ettore Manni
  
Sinopse:
Chino Valdez (Bronson) é um mestiço (filho de pai branco e mãe índia) que vive no velho oeste, criando cavalos em seu rancho. Por ter pele vermelha ele demonstra ter uma grande habilidade com os animais, tornando-se um dos criadores mais bem sucedidos de sua região. Seu sucesso começa a incomodar os brancos do lugar, impulsionados principalmente pela inveja e preconceito. Valdez se torna, por essa razão, um sujeito mais isolado e solitário dentro daquela comunidade e tudo piora quando ele demonstra ter interesse numa jovem branca da cidade, a bela Catherine (Jill Ireland).

Comentários:
Esse western spaghetti fez um belo sucesso em seu lançamento justamente por não se contentar em apenas contar uma boa estória de cowboys, mas sim trazer também um fundo mais social, mostrando as dificuldades para vencer na vida de um mestiço dentro da sociedade americana do século XIX. Claro que nada é muito desenvolvido, ficando assim um tratamento mais superficial do tema. Mesmo assim, só pela inovação em seu roteiro (que foi baseado no romance escrito pelo autor Lee Hoffman) já vale pela curiosidade. Além disso se trata de uma produção do famoso Dino De Laurentiis, um produtor que sempre fez questão de trazer ao espectador filmes bem realizados, com bons cenários, figurinos, etc. No elenco o eterno durão Charles Bronson contracenou com a atriz inglesa Jill Ireland, que iria se tornar a segunda esposa do ator, ficando ao seu lado até o dia de sua morte em 1990, quando sucumbiu a um câncer de mama. Juntos realizaram muitos filmes, principalmente quando Bronson encontrou o caminho certo nas bilheterias ao estrelar violentos filmes de ação, deixando o gênero faroeste um pouco de lado em sua carreira. Em vista disso deixamos a recomendação desse bom western, que a despeito de ter sido realizado na Europa, mais parece um filme americano por causa de suas qualidades cinematográficas. Dino De Laurentiis era realmente um realizador acima da média, como bem é demonstrado aqui.

Pablo Aluísio.

Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura

Título no Brasil: Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura
Título Original: Prega Dio... e scavati la fossa!
Ano de Produção: 1968
País: Itália
Estúdio: Mila Cinematografica
Direção: Edoardo Mulargia
Roteiro: Edoardo Mulargia, Fabio Piccioni
Elenco: Robert Woods, Jeff Cameron, Cristina Penz, Calisto Calisti, Paco Hermandariz, Léa Nanni
  
Sinopse:
Um jovem casal de camponeses resolve fugir da fazenda onde trabalha após o senhor das terras exigir a primeira noite de núpcias da noiva, uma velha tradição feudal. Perseguidos, o jovem rapaz é morto de forma covarde. Anos depois alguém retorna para acertar contas com o rico dono das terras que desgraçou a vida daquele jovem e apaixonado casal. A ordem é exterminar todos aqueles que tiveram alguma coisa a ver com a morte do jovem esposo, um ato bárbaro que merece uma vingança à altura.

Comentários:
Ah os títulos dos filmes de western spaghetti!... Muito provavelmente eram a melhor coisa desse tipo de produção. Esse "Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura" foi lançado nos cinemas brasileiros no começo da década de 1970 e depois foi relançado no mercado de vídeo com o título de "Sua Arma era o Colt" (um título muito mais americanizado, vamos dizer assim). O roteiro, como se pode perceber pela sinopse, apostou novamente no velho tema da vingança. Praticamente de cada dez filmes italianos de faroeste, oito ou nove apostavam nesse tipo de enredo. Sempre era alguém que havia sofrido uma grande injustiça em seu passado que retornava depois de anos para acertar as contas com seus algozes. Diz um velho ditado de que "Quem bate logo esquece, mas quem apanha jamais!". É bem por aí. O filme foi dirigido pelo diretor italiano nascido na ilha de Sardenha Edoardo Mulargia. Como era comum na época ele assinou o filme como Edward G. Muller, um nome também "americanizado". Já o astro do filme, Robert Woods, era realmente americano, nascido no Colorado. Com o cinema italiano funcionando em ritmo industrial ele foi para a Europa onde estrelou inúmeros filmes de faroeste como esse, com destaque para os sucessos "Minha Pistola Nunca Falha" e "7 Pistolas para os MacGregor". Chegou até a estrelar uma série de sucesso com o pistoleiro Pecos em filmes como "Pecos Acerta as Contas!" e "Pecos em Hong Kong", em suma o suprassumo dos filmes ruins daqueles tempos bem mais divertidos. 

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de setembro de 2016

Alerta Vermelho

Título no Brasil: Alerta Vermelho
Título Original: Hostile Waters
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO
Direção: David Drury
Roteiro: Troy Kennedy-Martin
Elenco: Rutger Hauer, Martin Sheen, Max von Sydow, Colm Feore, Rob Campbell, Peter Guinness
  
Sinopse:
Outubro de 1986. Auge da Guerra Fria. Estados Unidos e União Soviética lutam pela supremacia nos mares. Na ponta de lança de suas esquadras se encontram poderosos submarinos nucleares. Durante manobras militares na costa das ilhas Bermudas, duas dessas embarcações colidem, causando uma série crise diplomática entre as duas super potências da época. Filme com roteiro baseado em em fatos reais.

Comentários:
Esse é um dos primeiros filmes produzidos pelo canal HBO para ser exibido exclusivamente em sua grade de programação. Como o canal ainda não era exibido no Brasil durante aquela época (estamos falando dos anos 90) a produção acabou sendo lançada em nosso mercado de vídeo VHS. Por se tratar de um telefilme feito para a TV a cabo muitos poderiam pensar que ele não tem grande produção ou um roteiro mais caprichado. Essa visão é bem equivocada pois o filme, além de contar com um excelente elenco (onde se destacam os veteranos Martin Sheen e Max von Sydow), ainda se destacava justamente por trazer essa história real que havia acontecido uma década antes. Os submarinos são bem realizados, assim como as cenas recriando com o máximo de realismo o interior dessas embarcações. O clima sufocante, claustrofóbico até, torna tudo ainda mais interessante. O ator Rutger Hauer que havia se tornado famoso por causa de filmes (que hoje em dia são considerados verdadeiros clássicos modernos) como "Blade Runner, o Caçador de Andróides" e "Ladyhawke - O Feitiço de Áquila" acabou tendo aqui uma de suas melhores interpretações, algo que foi muito bem-vindo em sua carreira, já que ele vinha de uma sucessão de filmes ruins. Então é isso. Vale o resgate de relembrar esse bom filme de guerra do canal HBO. Uma história pouco conhecida do grande público, algo que colocou nosso mundo até mesmo em risco durante aqueles tensos anos de rivalidades entre americanos e soviéticos.

Pablo Aluísio.

Feriados em Família

Título no Brasil: Feriados em Família
Título Original: Home for the Holidays
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Jodie Foster
Roteiro: Chris Radant, W.D. Richter
Elenco: Holly Hunter, Anne Bancroft, Robert Downey Jr, Charles Durning, Geraldine Chaplin, Steve Guttenberg, Dylan McDermott, Emily Ann Lloyd, Claire Danes
  
Sinopse:
A vida de Claudia Larson (Holly Hunter) parece estar desmoronando. Ele acabou de ser demitida do trabalho no museu de Chicago. Sua filha está apaixonada e quer ir morar com o namorado (que não tem emprego e nem meios de sustentá-la). Para piorar ela precisa se reunir com seus familiares para a noite do dia de ação de graças, algo que ela não tem a menor vontade de fazer pois sabe que será julgada por todos os seus familiares presentes. Um verdadeiro terror! Filme indicado aos prêmios GLAAD Media Awards e Young Artist Awards.

Comentários:
Mais um drama familiar (com toques de humor) enfocando o feriado do dia de ação de graças (um dos mais populares nos Estados Unidos). Como é comum nesse tipo de filme vemos uma típica família americana tendo que se reunir novamente (muitas vezes contra a própria vontade de seus membros) para uma noite de confraternização, que na maioria das vezes termina numa grande e descontrolada lavagem de roupa suja entre todos eles. Assim temos pais magoados com os filhos, irmãos que se odeiam, tios inconvenientes e por aí vai. O filme é bem feito, bem atuado, com ótimo elenco (há no mínimo uma meia dúzia de atores conhecidos em cena), mas para quem gosta de cinema o grande atrativo mesmo é o fato de que foi dirigido por Jodie Foster. Esse foi o terceiro filme da atriz como cineasta (antes ela havia assinado a direção de "Galeria do Terror" e "Mentes Que Brilham"). A conclusão que se chega após assistir ao filme é que Jodie Foster se saiu muito bem atrás das câmeras, extraindo um excelente resultado de todo o elenco (afinal atores e atrizes se entendem melhor entre si). Na época de lançamento Jodie Foster declarou que se apaixonou pela estória após ler o pequeno conto que lhe deu origem (escrito por Chris Radant) em uma revista de Chicago. Acabou realizando um dos melhores filmes de sua filmografia, embora ela própria não atue na produção.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de setembro de 2016

Águas Rasas

Título no Brasil: Águas Rasas
Título Original: The Shallows
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Anthony Jaswinski
Elenco: Blake Lively, Óscar Jaenada, Brett Cullen
  
Sinopse:
Após a morte de sua mãe, vítima de um câncer, a jovem estudante de medicina Nancy (Blake Lively) resolve viajar até o México para conhecer uma praia deserta e selvagem  que sua mãe visitou no passado. O lugar é bem isolado, ideal para a prática de surf. E é justamente quando está surfando que Nancy acaba sendo atacada por um feroz tubarão branco de 5 metros. Uma fera assassina que a deixa encurralada e ferida em cima de um pequeno rochedo na costa. Sangrando e lutando para sobreviver ela procura encontrar uma forma de voltar para a praia, antes de ser devorada pelo animal.

Comentários:
Quando você pensa que não há mais nada a aproveitar nesse tipo de "filme de tubarão" eis que surge um filme pequeno, com enredo bem simples, que acaba divertindo bastante. Basicamente se trata de apenas uma situação: Nancy, uma americana estudante de medicina e praticante de surf, é atacada por um tubarão branco numa região bem isolada. Ela escapa do ataque, mas fica severamente ferida. Para sobreviver sobe em cima de um pequeno coral de recife e fica lá, sangrando e tentando sobreviver, enquanto uma ajuda não aparece. Se tentar nadar até a praia provavelmente será devorada pois o tubarão fica rondando o lugar onde ela está. Se ficar no pequeno rochedo vai sangrar até a morte. A maré está subindo, o que também significa que o tempo corre contra ela. Quase ninguém vai até o lugar, pois é uma praia deserta (curiosamente as filmagens não foram realizadas no México, mas na Austrália, numa praia deserta situada numa reserva florestal situada em Mount Tamborine, na região de Queensland), o que piora ainda mais sua situação. Particularmente gostei bastante do uso que o diretor espanhol Jaume Collet-Serra fez do tubarão assassino. Ao invés de encher o filme com computação gráfica ele preferiu não explorar muito a figura do predador, o mostrando apenas em pequenos momentos, tal como fez Spielberg no clássico "Tubarão". Apenas no clímax o roteiro derrapa um pouco, exagerando na dose, quando Nancy finalmente resolve enfrentar o animal. Mesmo assim o jogo já está ganho quando isso acontece. O bom uso de suspense e situações de aflição valem o ingresso de cinema. Bem realizado e bem desenvolvido, com duração adequada (o filme tem curta duração, não enchendo linguiça), o filme se revela, como já escrevi, um bom entretenimento. Divertido e ágil, como tem que ser para filmes desse gênero.

Pablo Aluísio.

Uma Herança da Pesada

Título no Brasil: Uma Herança da Pesada
Título Original: Larger Than Life
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Howard Franklin
Roteiro: Roy Blount Jr, Pen Densham
Elenco: Bill Murray, Matthew McConaughey, Jerry Adler, Richie Allan, Maureen Mueller, Jeremy Piven
  
Sinopse:
Jack Corcoran (Bill Murray) é um palestrante motivacional de muito sucesso que é informado da morte de seu pai, um artista de circo. Também fica sabendo que o velho deixou para ele uma enorme herança! Intrigado por isso resolve ir até lá para conferir e descobre que a tal herança é na verdade um enorme elefante circense que agora terá que cuidar!

Comentários:
Bill Murray no passado era aquele tipo de comediante que sempre valia a pena. Antes de estrelar alguns filmes cult ele realmente fez muitas comédias sem compromisso como essa fita que no Brasil foi lançada diretamente no mercado de vídeo, não encontrando espaço no circuito comercial de cinema. É a tal coisa, o filme realmente funcionava melhor dentro de casa, sem muito compromisso. Como não poderia deixar de ser o maior destaque dessa produção era um grande elefante treinado chamado Jack cujo protagonista acaba herdando de seu pai. Basicamente o roteiro é daqueles que ficam o tempo todo batendo em apenas uma só piada: o pobre Murray tendo que cuidar de um animal daquele tamanho. Fora isso não há nada de muito interessante a não ser alguns nomes do elenco, entre eles o de Matthew McConaughey, ainda no começo da carreira, sem saber muito o que fazer em cena. Então é isso, nada de muito engraçado ou divertido. Em tempos atuais onde os animais criados em circo são motivo de muita controvérsia (muitos querem o fim desse tipo de coisa), o roteiro se torna ainda menos engraçado. Provavelmente você dará uma ou duas risadinhas amarelas e nada muito além disso. Porém se você é fã de Murray e não assistiu ainda vale pelo menos pela mera curiosidade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Mente Criminosa

Logo na primeira cena o personagem de Kevin Costner, um sociopata condenado que está de volta às ruas, declara: "Eles mexeram na minha mente!". Isso resume bem o argumento do filme. O roteiro, bem curioso por sinal, mostra um programa do governo americano que tenta transportar memórias de uma pessoa para outra. Quando o agente da CIA Bill Pope (Ryan Reynolds) é assassinado numa missão, tendo a preciosa informação do paradeiro de um jovem hacker que conseguiu invadir o sistema de controle de armas nucleares dos EUA, o programa é colocado em prática.

A intenção é transferir as memórias do agente Pope para a  mente do criminoso condenado Jericho Stewart (Costner). Ele é um psicopata perigoso, assassino e cruel, que será usado apenas para receber a informação do lugar onde pode ser encontrado o perigoso hacker. Todos os procedimentos são coordenados pelo médico e pesquisador Dr. Franks (Tommy Lee Jones). Inicialmente tudo se revela um fracasso, porém logo depois flashes das memórias e habilidades do agente da CIA morto começam a bombardear a mente de Jericho. Assim ele parte para um jogo de vida e morte, com o serviço de inteligência americano em seu encalço.

O espectador mais atento vai acabar achando algumas semelhanças entre o roteiro desse filme e a franquia "Bourne". Isso porém surge apenas de forma acidental. Esse filme tem suas próprias características cinematográficas e uma das mais interessantes vem do papel que Kevin Costner interpreta. Com cabelo curto (ao estilo presidiário), Costner acaba sendo o maior destaque por interpretar um sujeito que não consegue ter qualquer tipo de sentimento humano, seja ele de empatia ou solidariedade. Com isso acaba se tornando uma arma perigosa pois herda as habilidades do agente da CIA morto com uma personalidade completamente amoral sob qualquer ponto de vista. Um típico projeto da CIA que deu completamente errado! Já que eles o criaram agora é a hora de eliminá-lo, mas isso, claro, não vai ser nada fácil.

No geral é um bom filme, embora pudesse ser bem melhor. Tommy Lee Jones, por exemplo, não é bem aproveitado. Seu doutor é uma figura até mesmo apagada dentro da trama. O mesmo pode-se dizer do chefe da CIA interpretado por um alucinado e frenético Gary Oldman. Já se você é fã do Ryan Reynolds é melhor esquecer a fita. Apesar de ser bem central em tudo o que acontece, ele aparece pouco (nas primeiras cenas) e depois só surge em eventuais flashbacks. Enfim, dentro do que se anda produzindo atualmente no cinema americano essa ágil fita de ação e espionagem até tem seus méritos, embora sob um ponto de vista global seja apenas na média.

Mente Criminosa (Criminal, Estados Unidos, 2016) Direção: Ariel Vromen / Roteiro: Douglas Cook, David Weisberg / Elenco: Kevin Costner, Tommy Lee Jones, Gary Oldman, Ryan Reynolds, Gal Gadot / Sinopse: Assassino condenado (Costner) tem a mente de um agente da CIA (Reynolds) transplantado para seu subconsciente. Com as habilidades do agente morto, o criminoso logo foge da prisão, indo parar nas ruas, com a CIA tentando de todas as formas recapturá-lo.

Pablo Aluísio.

Ben-Hur

Antes de qualquer coisa é importante ter em mente que não cabe qualquer comparação entre esse filme e o clássico absoluto de 1959. Qualquer comparação nesse sentido seria realmente uma covardia. A diferença em termos de qualidade ou relevância cinematográfica é completamente abissal. O filme de William Wyler segue sendo insuperável. Dito isso vamos nos concentrar aqui apenas em falar sobre essa nova versão cinematográfica do romance épico escrito por Lew Wallace (que foi general do exército americano durante a guerra civil). O livro, como bem sabemos, é uma obra robusta, muito bem escrita, que mescla eventos meramente ficcionais com passagens do Novo Testamento.

Basicamente tudo é centrado na relação entre dois amigos de infância (que se consideram praticamente como irmãos), um romano e o outro judeu, cujos destinos vão entrar em choque com os anos. O judeu, Judah Ben-Hur (Jack Huston), acaba sendo erroneamente confundido com um zelote (denominação dada aos rebeldes judeus contra a dominação romana nos tempos de Jesus), durante um atentado ao cônsul Pilatos na Judeia. Preso, ele não consegue sequer proteção de seu velho amigo romano, Messala Severus (Toby Kebbell), que ao contrário disso se mostra implacável para com Judah e sua família. Ele vira escravo por ter cometido o crime de Sedição e vai cumprir sua pena nos navios de guerra de Roma, naquelas infames penas de galés, onde os homens remavam até a morte m porões úmidos e escuros das embarcações de César.

O enredo de Ben-Hur é clássico, muito conhecido por cinéfilos em geral. Aqui não há tantos detalhes, o filme tem uma edição bem mais rápida e ágil e uma narração em off que vai explicando aspectos do roteiro sem que haja a necessidade de se perder muito tempo em mostrar tudo na tela. O problema é que essa opção narrativa torna tudo também muito superficial. Tudo vai acontecendo aos pulos, sem preocupação em envolver muito o espectador com a estória. Particularmente não gostei muito do desenvolvimento do roteiro. Para piorar o elenco principal não é bom. Tanto Huston (como Ben-Hur) como Kebbell (o Messala) não convencem. Eles não são grandes atores e Kebbell está particularmente muito ruim em seu papel, nada convincente, chegando a ser ridículo em certos momentos. Sua falta de talento quebra a espinha dorsal do filme em termos de atuação.

Os dois coadjuvantes mais notórios acabam se saindo bem melhores do que os protagonistas. Morgan Freeman colocou todo o seu prestigio para salvar o filme da irrelevância, mas sem muito resultado. De qualquer maneira ele é um ator especial e traz alguns pontos positivos para o filme. Rodrigo Santoro interpreta um Jesus que não tem muita pinta de Messias, mas sim de um homem comum, com um bom e adequado discurso. Não me convenceu muito como o Nazareno. Por fim, a única coisa realmente boa desse filme é a famosa cena de bigas. É o ponto alto da produção e faz valer o preço do ingresso. Se o filme falha em termos de elenco e roteiro, em termos de edição essa cena é realmente extremamente bem feita. Pena que é um momento isolado em um filme que no geral é inegavelmente bem fraco.

Ben-Hur (Ben-Hur, Estados Unidos, 2016) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Keith R. Clarke, baseado na obra de Lew Wallace / Elenco: Jack Huston, Toby Kebbell, Rodrigo Santoro, Nazanin Boniadi / Sinopse: Dois amigos de infância, um judeu e um romano, acabam se tornando inimigos quando um deles é acusado de ser traidor da dominação romana na Judeia. Ben-Hur (Huston) é condenado a escravidão, mas após uma batalha naval consegue sobreviver, voltando para Jerusalém, onde deseja vingança contra seu velho "irmão".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O Protetor

Título no Brasil: O Protetor
Título Original: Blackway
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Enderby Entertainment, Gotham Group
Direção: Daniel Alfredson
Roteiro: Castle Freeman Jr, Joe Gangemi
Elenco: Anthony Hopkins, Julia Stiles, Ray Liotta, Alexander Ludwig, Hal Holbrook, Lochlyn Munro
  
Sinopse:
Após ser assediada em seu lugar de trabalho, Lillian (Julia Stiles) começa a ser perseguida pelo ex-xerife Blackway (Ray Liotta). Ele passa a rondar a casa da jovem, fazendo atos de terrorismo psicológico como matar seu gato de estimação. Aterrorizada, Lillian vai até o xerife local, mas esse não parece disposto a enfrentar o famigerado Blackway. Assim ela acaba encontrando apoio no veterano Lester (Anthony Hopkins) e no jovem Nate (Alexander Ludwig) que querem acertar velhas contas com o sujeito. Juntos, passam a procurar por Blackway por toda a cidade, elevando a tensão para um sangrento encontro que está prestes a acontecer.

Comentários:
O bom e velho thriller de suspense, que tantas obras primas legou ao cinema em um passado até recente, já não consegue mais animar os cinéfilos. É um gênero cinematográfico que anda em plena decadência. Um exemplo temos aqui nesse "O Protetor". O roteiro é dos mais simples, como se pode ver na sinopse. Há apenas uma situação em cena, um trio em busca de vingança contra um ex-policial que agora ganha a vida explorando o tráfico de drogas e a prostituição (usando inclusive garotas menores de idade para atrair maior clientela!). O vilão do filme é interpretado pelo quase sempre bom Ray Liotta. Ele é o tal de Blackway do título original. O problema é que nada é muito bem desenvolvido. Anthony Hopkins com um velho rifle de caçar gansos, indo pra lá e pra cá, atrás do criminoso não é algo muito interessante de se acompanhar, vamos ser sinceros. Como o filme se resume nisso logo se torna cansativo, apesar de ter curta duração. A aparência da atriz Julia Stiles me deixou surpreso pois ela está bem envelhecida, com problemas de peso. O trio de "vingadores" é completado por Alexander Ludwig, um sujeito bom de briga, mas com retardo mental. No final das contas quem acaba se destacando, mesmo sem ter muito espaço, é justamente Ray Liotta. Ela dá uma cantada de bar que não dá muito certo. Leva um fora, tenta estuprar a garçonete (Stiles) e começa um jogo de stalker com ela. Basicamente é isso. O filme só se destaca um pouquinho mais por causa da bela fotografia - já que foi rodado no Canadá - com aquelas belas florestas fechadas (que são até um pouco sombrias, para falar a verdade). Pena que nada disso salvo a produção do lugar comum. É em suma uma fita de suspense bem esquecível, nada marcante, que muito em breve irá para o oceano de irrelevâncias cinematográficas.

Pablo Aluísio.

Star Trek: Sem Fronteiras

Achei um tanto decepcionante esse novo filme da velha franquia "Star Trek". Como sabemos a antiga tripulação (ou melhor dizendo, o elenco original) foi substituído por novos atores. Isso aconteceu em 2009 e de lá para cá já tivemos três filmes. Esse aqui, o terceiro, é o mais fraco de todos eles. De certa forma mantém uma tradição que diz que todos os filmes ímpares da série costumam ser ruins - foi assim na velha geração e parece se confirmar aqui também.

O problema de "Star Trek: Sem Fronteiras" é parecido até com o que está acontecendo com os novos filmes de James Bond. Na tentativa de modernizar algo antigo os produtores andam esquecendo a essência dos filmes originais. Ao invés de apelar para um roteiro inteligente (que vamos reconhecer, sempre foi o forte de Star Trek tanto na TV como no cinema) se priorizou apenas as cenas de ação, uma atrás da outra, todas visualmente espetaculares, mas que deixam o gostinho de vácuo no gosto do fã das antigas aventuras que tinham enredos e argumentos extremamente interessantes e inteligentes. Infelizmente nesse novo filme não há nada parecido com o passado.

A própria estória é fraca. A Enterprise é mandada para uma missão em uma nebulosa distante. Eles estão atendendo o pedido de socorro de uma jovem tripulante de uma nave alienígena que parece estar passando por sérias dificuldades naquele ponto distante da galáxia. É uma missão de resgate aparentemente. O que ninguém poderia supor é que dentro da nebulosa se encontra um comandante de origem desconhecida que lidera uma nova raça que deseja destruir a Federação dos Planetas. Atendendo pelo nome de Krall ele quer varrer a humanidade do universo, para implantar seu reinado de terror. Liderando uma incrível frota de naves que seguem uma lógica de enxame de abelhas, ela começa a destruir tudo o que encontra pela frente, inclusive a própria nave Enterprise.

Basicamente só tem isso. Não há nenhum desenvolvimento melhor dos personagens e nem Spock que faz uma pequena homenagem ao ator falecido Leonard Nimoy, consegue se salvar da falta de conteúdo. Tudo é extremamente superficial e nada é muito bem escrito. A própria trama deixa a desejar. O roteiro, para ser sincero, é bem pífio. Não há absolutamente nada de novo nesse filme, nem em termos de efeitos visuais e nem em termos de roteiro (o que é mais grave). Para encher metragem há muitas cenas clichês, como a do engenheiro Scotty pendurado no penhasco (sinceramente quantas vezes você já não viu algo assim antes? Puro clichê e falta de imaginação!). Assim esse novo "Star Trek" acabou mesmo sendo esmagado pela herança da força do nome que ostenta. É um filme fraco demais que acaba não indo para nenhum lugar, nem muito menos para o espaço, para a tal fronteira final.

Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond, Estados Unidos, 2016) Direção: Justin Lin / Roteiro: Simon Pegg, Doug Jung / Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoe Saldana, Simon Pegg, John Cho, Idris Elba / Sinopse: A nave interestelar Enterprise é enviada para uma nebulosa distante onde acaba encontrando um líder alienígena enlouquecido chamado Krall (Idris Elba) que deseja destruir toda a Federação de Planetas. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias de Melhor Ator (Chris Pine) e Melhor Atriz (Zoe Saldana).

Pablo Aluísio.