domingo, 27 de novembro de 2016
Westworld - Segunda Temporada
Não consegui recuperar muitas resenhas dessa segunda temporada de Westworld. De qualquer maneira segue abaixo os textos que sobreviveram ao tempo. De maneira em geral gostei dessa segunda leva de episódios e a razão é até simples de explicar, pois os roteiros seguiram bem de perto a primeira temporada, a minha preferida. Os personagens, os cenários e a ambientação não havia sido mudada de forma tão forte como iria acontecer com as temporadas seguintes. Mantendo sua essência a temporada foi mais do que satisfatória.
Westworld 2.07 - Les Écorchés
Desde que a segunda temporada de Westworld começou eu fiquei com um pé atrás. Afinal aquele episódio final da primeira temporada parecia tão definitivo, com a morte dos humanos e o controle sendo assumido pelos "anfitriões". Nessa segunda temporada temos muitos episódios onde o foco é a ação, o combate entre os dois grupos. A boa novidade chega justamente nesse sétimo episódio (um pouco tarde alguns poderiam dizer). Isso porque aqui temos maiores explicações sobre o que aconteceu no sistema dos primeiros anfitriões que se revoltaram. A volta do personagem de Anthony Hopkins certamente é um diferencial. Ford encontra Bernard e lhe diz que o próprio conceito do parque como um mero centro de diversões é bem equivocado. Westworld seria na realidade um laboratório onde as máquinas poderiam aprender com os humanos, com seus sentimentos, seus atos e seus modos de agir. Achei esse aspecto do roteiro bem genial. Afinal estamos falando aqui de inteligência artificial, de seres com autonomia própria ou como os roteiristas quiseram qualificar, com "livre arbítrio". Isso é o centro, o cerne de tudo o que vinha acontecendo desde o começo da série. Exagerando um pouco poderia dizer até mesmo que o espectador poderia assistir o primeiro episódio dessa temporada e depois ignorar todos os demais, pulando diretamente para esse sétimo episódio. Seria um bom exercício de como não perder tempo com os episódios anteriores. / Westworld 2.07 - Les Écorchés (Estados Unidos, 2018) Estúdio: HBO / Direção: Nicole Kassell / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy / Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright
Westworld 2.08 - Kiksuya
Esse episódio é todo centrado na figura do personagem Akecheta (Zahn McClarnon). Ele é um anfitrião nativo que começa a apresentar problemas de comportamento. O que estaria acontecendo? Basicamente ele está se lembrando de outras narrativas do passado, o que cria um problema e tanto dentro do programa de diretrizes. Ele cria uma consciência de seu passado. Em termos de ritmo o roteiro se arrasta um pouco. Esse guerreiro da nação fantasma nunca teve maior importância até agora. Assim o personagem tem que ser apresentado, mostrando suas primeiras narrativas, quando ele se apaixona por um bela indígena, até o momento em que resolvem mudar seu comportamento, o transformando em um guerreira sanguinário, cuspindo fogo (como ele mesmo diz em determinado momento). Aí entra o caos em sua mente. Ele se lembra desse passado, tenta reencontrar a garota, causando diversos problemas dentro do parque. Também descobre uma das portas de saída de "Westworld" onde ele acredita poderá ir para outro mundo, o mundo certo. Por fim temos aqui também uma frustração. O que mais me interessava nesse episódio era ver o destino do pistoleiro "Man in Black" (Ed Harris) que mesmo sendo baleado várias vezes no final do episódio anterior consegue sobreviver, sendo levado por sua filha. Esperava por algo mais definitivo. / Westworld 2.08 - Kiksuya (Estados Unidos, 2018) Estúdio: HBO / Direção: Uta Briesewitz / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy / Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright.
Pablo Aluísio.
sábado, 26 de novembro de 2016
The Bridge
"The Bridge" na verdade é um remake (pensou que só no cinema acontecia esse tipo de coisa?) de uma série europeia de grande sucesso. O grande diferencial é que aqui o foco se transfere para explorar as diferenças culturais existentes entre dois países tão diferentes quanto Estados Unidos e México. Apesar do olhar preconceituoso em certos momentos o programa certamente vale a pena, confirmando mais uma vez a explosão de criatividade que impera nas séries americanas atualmente. / The Bridge (The Bridge, EUA, 2013 - 2016) Direção: Gwyneth Horder-Payton, Alex Zakrzewski, entre outros / Roteiro: Elwood Reid, Björn Stein, Meredith Stiehm, entre outros / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish / Sinopse: O corpo de uma mulher é encontrado na linha que separa a fronteira entre Estados Unidos e México. Inicialmente o caso fica sob jurisdição da polícia de El Paso mas depois que se descobre que na verdade são pedaços de duas mulheres diferentes, uma americana e uma mexicana, a solução do crime passa a ser de competência tanto da polícia dos Estados Unidos como da do México.
Episódios Comentados:
The Bridge 1.13 - The Crazy Place
A cada dia "The Bridge" vai ficando mais interessante. A região onde a série se passa nos lembra imediatamente de "Breaking Bad". Aliás a tal ponte que dá título ao seriado é justamente aquela que liga Estados Unidos e México. Sempre que um crime é cometido no local abre-se jurisdição para que as duas forças policiais venham a trabalhar juntas. A partir daí é aquele negócio, os policiais mexicanos são porcalhões, corruptos e completamente comprometidos com os chefes do tráfico local. O único que parece se salvar é mesmo o tira Marco Ruiz (Demian Bichir), embora de vez em quando ele também peça favores ao cartel dominante na região. Do lado americano surge a policial Sonya Cross (Diane Kruger), loira, linda, mas também meio maluca. O foco da primeira temporada que se encerrou aqui era encontrar o assassino de uma jovem que foi encontrada na ponte, brutalmente morta, com parte de seu corpo no território americano e parte no lado mexicano. Depois do desfecho sobra para Marco Ruiz que acaba perdendo seu próprio filho para o insano criminoso. Agora chamo a atenção para um fato interessante nessa série. A temporada inicial nem tinha ainda terminado e os roteiristas resolveram já começar a desenvolver o gancho da segunda. Curioso isso, pois já deixa o espectador com vontade de conferir os novos episódios. Novamente temos uma jovem mexicana desaparecida e pelo visto o crime é tão banal na região que nem os policiais do México se importam mais em investigar. Parece até o Brasil, onde a vida humana já não vale mais nada. / The Bridge - The Crazy Place (EUA, 2013) Direção: Gwyneth Horder-Payton / Roteiro: Elwood Reid, Dario Scardapane / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish.
The Bridge 2.01 - Yankee
Primeiro episódio da segunda temporada. Essa série tem excelentes personagens e roteiros muito bem estruturados. Não é aquele tipo de série policial com episódios independentes, que podem ser assistidos separadamente. Há uma estória em ordem cronológica, assim não assista sem começar do primeiro episódio da primeira temporada para depois seguir em frente. Aqui temos um fato no mínimo estranho. A agente Sonya Cross (Diane Kruger) casualmente acaba conhecendo o irmão do assassino de sua irmã. Até aí tudo bem, não se pode odiar o sujeito apenas pelo seu parentesco. O problema é que ela vai além e acaba se envolvendo emocionalmente (e sexualmente) com ele! Tudo bem que Sonya não é o tipo de personagem que você possa qualificar como normal, mas chegar a esse ponto, convenhamos, já é um pouco demais. A cada dia que passa acredito que ela na verdade sofra de algum distúrbio, talvez seja uma portadora de algum tipo de transtorno de personalidade limítrofe! Quem sabe... Na outra linha narrativa Marco Ruiz (Demian Bichir) segue com sua cruz após a tragédia dos acontecimentos da primeira temporada. O casamento acabou e ele chega ao ponto de fazer um pacto com um narcotraficante mexicano (algo que certamente lhe custará bem caro depois). E por falar em cartel de drogas aqui temos uma amostra de como agem. No episódio anterior um carregamento de sessenta milhões de dólares cai nas mãos dos federais. Alguém terá que pagar por isso e acaba sobrando para um corrupto gerente de banco do lado americano da fronteira. Seu subordinado, que se equivocou nas datas de transporte do dinheiro, possibilitando a apreensão da fortuna por parte dos policiais paga o preço mais alto que se pode imaginar: a sua própria vida! / The Bridge 2.01 - Yankee (EUA, 2014) Direção: Keith Gordon / Roteiro: Hans Rosenfeldt, Måns Mårlind / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish.
The Bridge 2.04 - The Acorn
Não deixa de ser curioso o fato de que atualmente encontramos várias protagonistas de séries americanas que não são pessoas muito equilibradas do ponto de vista mental. A agente Sonya Cross é um exemplo. Interpretada pela loiraça alemã Diane Kruger ela não bate muito bem da cabeça. Além de ser esquisita, antissocial e cultivar um comportamento fora dos padrões, agora decidiu se envolver com o irmão do assassino de sua própria irmã! Bizarro? Certamente. Assim como Carrie Mathison (Claire Danes) de "Homeland" ela parece sempre nutrir um estranho desejo de se relacionar com os homens mais improváveis possíveis. Nesse processo vai perdendo o pouco de juízo que ainda lhe resta. E por falar em gente louca o que dizer da assassina desconhecida que eles procuram? Uma mulher que matou um jovem garoto e depois o enterrou em um barril de produtos químicos numa fábrica abandonada perto da fronteira. Por trás de tudo temos o grande chefe do tráfico da região, Fausto Galvan (Ramón Franco), que está pouco se lixando para os que morrem ao atravessarem seu caminho. O interessante nesses últimos episódios de "The Bridge" é que os roteiristas estão explorando cada vez mais a figura do jornalista Daniel Frye (Matthew Lillard). Quando ele surgiu na série pela primeira vez era um tipo indigesto, rude, cínico, porcalhão e com muitos problemas envolvendo bebidas. Agora ele está aos poucos se tornando um dos personagens centrais dos roteiros, inclusive nesse episódio, quando descobre um grande esquema de lavagem de dinheiro envolvendo agências bancárias na fronteira entre México e Estados Unidos. Dinheiro de traficantes de drogas, é bom frisar. / The Bridge 2.04 - The Acorn (EUA, 2014) Direção: Colin Bucksey / Roteiro: Måns Mårlind, Hans Rosenfeldt / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish, Ramón Franco.
The Bridge 2.05 - Eye of the Deep
Infelizmente nos dias de hoje o México já pode ser considerado um narcoestado. O que exatamente quer dizer essa denominação? Significa afirmar que praticamente todos os setores da sociedade, incluindo aí o setor público e suas instituições, já estão devidamente corrompidos pelo poder econômico do tráfico internacional de drogas. A proximidade com os Estados Unidos (o maior consumidor de drogas do mundo) levou o Estado mexicano ao colapso, até porque é uma mera questão econômica: sempre que existir um mercado consumidor haverá um setor produtor a fornecer seu produto para atender a demanda sempre crescente. E é justamente na fronteira entre Estados Unidos e México que se passa o enredo de "The Bridge". Veja o caso desse episódio. O policial Marco Ruiz (Demian Bichir) pede um favor ao traficante Fausto Galvan (Ramón Franco) para que ele arranje uma maneira de lhe colocar dentro do presídio onde está preso o assassino de seu filho. Marco pretende matar com as próprias mãos o sujeito que tirou a vida de seu amado filho, um jovem que tinha todo um futuro pela frente, mas que foi morto de uma forma covarde e brutal. Como se isso não fosse o bastante, o jornalista Daniel Frye (Matthew Lillard) é procurado por um agente da DEA (a agência que combate o tráfico nos Estados Unidos). Ele lhe passa uma nova informação, bem explosiva aliás, a de que a própria CIA estaria envolvida no milionário mercado do tráfico internacional de drogas, algo que se comprovado poderia derrubar poderosos figurões do governo americano. Uma amostra do poder de infiltração dos grandes cartéis de drogas do México dentro das fronteiras dos Estados Unidos. / The Bridge 2.05 - Eye of the Deep (EUA, 2014) Direção: Alex Zakrzewski / Roteiro: Meredith Stiehm, Elwood Reid, Mauricio Katz / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish.
The Bridge 2.07 - Lamia
Sonya Cross (Diane Kruger) definitivamente não é uma mulher muito normal. Além de ter um comportamento estranho, que muitas vezes foge dos padrões sociais, ela ainda leva um relacionamento esquisito com o homem que na verdade é o irmão do assassino de sua irmã! Bizarro? Certamente sim. Nesse episódio seu namorado a leva para uma caixa d'água remota, localizada bem no meio do deserto. Em sua base ele mostra a Sonya os restos mortais de uma outra vítima de seu irmão, uma jovem que ficou anos e anos enterrada lá, sem que ninguém soubesse. Isso enfurece o veterano policial Hank Wade (Ted Levine) que passou muitos anos em busca da garota desaparecida. Esse fato faz com que Sonya finalmente resolva se distanciar de seu bizarro affair. Enquanto isso o jornalista Daniel Frye (Matthew Lillard) finalmente encontra o elo de ligação entre o dinheiro do tráfico de drogas do bando de Fausto Galvan (Ramón Franco) e um importante banco da região, algo que se concretiza até mesmo em vários investimentos supostamente legais locais, como um grande complexo residencial à venda nas redondezas da cidade. Essa descoberta custará caro para uma colega de Frye que acaba tendo sua casa invadida, sendo sua companheira esfaqueada no meio da noite. Por fim o cerco do DEA vai aos poucos se fechando sobre Galvan e sua quadrilha. Uma fazendeira americana da fronteira acaba se encontrando com um agente, disposta a fazer um acordo judicial para contar tudo o que sabe, sendo depois levada para o programa de proteção às testemunhas. A fronteira entre México e Estados Unidos nunca foi tão violenta e brutal e ela, com receios de ser morta, acaba procurando por uma saída daquela situação extrema. / The Bridge 2.07 - Lamia (EUA, 2014) Direção: Adam Arkin / Roteiro: Hans Rosenfeldt / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
As Neves do Kilimanjaro
Título no Brasil: As Neves do Kilimanjaro
Título Original: The Snows of Kilimanjaro
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Casey Robinson, baseado na obra de Ernest Hemingway
Elenco: Gregory Peck, Susan Hayward, Ava Gardner, Hildegard Knef
Sinopse:
Durante um safári na África, um escritor americano, Harry Street (Gregory Peck), acaba se ferindo na perna numa caçada. Levado de volta ao acampamento o ferimento se agrava, se tornando infeccioso. Enquanto aguarda socorro ele começa a recordar de seu passado, dos amores e das oportunidades perdidas em sua vida. Em pouco tempo começa também a delirar, misturando recordações com lamúrias pois começa a perceber que não sairá vivo dessa situação. Apenas sua esposa Helen (Susan Hayward) tenta de todas as formas mantê-lo vivo. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Leon Shamroy) e Melhor Direção de Arte (Lyle R. Wheeler e John DeCuir).
Comentários:
Nem sempre a adaptação de livros para o cinema consegue resultar em filmes irrepreensíveis. A transposição é sempre complicada. Veja o caso dessa produção. Em 1936 o escritor Ernest Hemingway publicou o conto "The Snows of Kilimanjaro" na revista Esquire. Nele um caçador branco de origem americana agonizava na África, à beira da morte, enquanto fazia um verdadeiro balanço de sua vida. Em 1952 Hollywood comprou os direitos da obra e o transformou nesse filme. Como havia lacunas na trama o roteirista Casey Robinson usou de farto uso de flashbacks para voltar ao passado, mostrando a vida de Harry Street, o protagonista, em sua busca pelo sucesso no trabalho e no amor, mesmo que ele acabasse achando que no final tudo foi em vão. É interessante notar que em praticamente todos os romances e livros que escreveu Hemingway usava sempre de aspectos biográficos de sua vida pessoal em seus personagens. Um exemplo pode ser encontrado aqui. O escritor interpretado por Gregory Peck era na verdade o próprio Ernest Hemingway. Ele vai para a África em busca de emoções, depois participa da guerra civil espanhola e se apaixona por uma linda enfermeira. Ora, basta lembrar de outros filmes baseados na obra desse autor para perceber que todos esses elementos se repetem em livros (e filmes) como "Adeus às Armas" e "Por Quem os Sinos Dobram". No fundo ele sempre escrevia sobre si mesmo, sua visão de mundo e suas experiências pessoais.
"As Neves do Kilimanjaro" tem como característica maior o fato de que há uma clara tentativa em se unir os elementos de filmes de aventura com uma abordagem mais intelectual, mais reflexiva. Por essa razão o filme foi considerado um pouco lento em seu lançamento, fruto provavelmente do estilo mais pesado do diretor Henry King. Mesmo com esse pequeno problema de ritmo (que é inegável) o filme se destaca mesmo por seu elenco. Além de Gregory Peck como o personagem principal brilham ainda a maravilhosa Ava Gardner como Cynthia Green, o grande amor do passado do escritor, e Susan Hayward, como a dedicada e paciente esposa dele. Gardner, um dos símbolos sexuais mais famosos da época, esbanja sensualidade ao mesmo tempo em que dá um aspecto transtornado para sua personagem. Ela não consegue lidar muito bem com suas emoções, ao mesmo tempo em que tem uma postura inconsequente e impulsiva com seus amores. Com boas tomadas da linda região onde fica a montanha do Kilimanjaro (a mais alta do continente africano, sempre com neves eternas em seu pico) o filme consegue ao mesmo tempo servir como diversão e retrato de um dos mais consagrados escritores americanos de todos os tempos. Algo que convenhamos não é pouco coisa. Assim deixo a recomendação para os admiradores de Ernest Hemingway e dos filmes de aventura do cinema clássico americano. É certamente uma boa pedida.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Resgate de uma Consciência
Título no Brasil: Resgate de uma Consciência
Título Original: All My Sons
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Irving Reis
Roteiro: Chester Erskine, baseado na obra de Arthur Miller
Elenco: Edward G. Robinson, Burt Lancaster, Mady Christians
Sinopse:
Joe Keller (Edward G. Robinson) é um pequeno industrial que consegue escapar de uma acusação criminal por parte do governo americano. Ele foi acusado de ter vendido peças defeituosas para as forças armadas durante a II Guerra Mundial. Por causa desses cilindros com problemas de fabricação usados em aviões de combate vários militares morreram durante uma operação. Joe porém conseguiu provar que não teve culpa. Já seu sócio não teve muita sorte e foi condenado. Sua vida aos poucos vai voltando ao normal até que seu filho Chris Keller (Burt Lancaster) lhe comunica que vai casar com a namorada de seu irmão, desaparecido durante a Guerra. Pior do que isso, ela também é filha do sócio de Joe que está preso em seu lugar. Vários conflitos familiares começam a vir à tona justamente por causa desse relacionamento. Filme indicado no Writers Guild of America na categoria de Melhor Roteiro (Chester Erskine).
Comentários:
O roteiro desse filme foi adaptado de uma peça teatral escrita por Arthur Miller, escritor e intelectual que se casaria com a atriz Marilyn Monroe dentro de alguns anos. O tema central desse enredo é a culpa. O relacionamento entre pai e filho entra em colapso quando esse último descobre que seu pai Joe foi o responsável direto pela morte de militares americanos na II Guerra. Ele vendeu cilindros de aviação com defeitos de fabricação. Pior do que isso, ele sabia de tudo. Para não perder dinheiro resolveu enviar o material defeituoso mesmo assim. Depois que tudo foi descoberto acabou denunciado na justiça. Com muita habilidade e bons advogados conseguiu que apenas seu sócio fosse considerado condenado, embora todos soubessem que ele foi o verdadeiro culpado pela morte daqueles homens. Tudo estaria superado após ele conseguir escapar da prisão nos tribunais, mas o passado acaba voltando na figura de Ann Deever (Louisa Horton). Ela foi namorada do irmão de Chris (Lancaster), desaparecido em combate. Pior, ela é também filha do homem que foi condenado no lugar de Joe (Robinson). Como resolver e superar essa delicada questão familiar?
Esse filme é um excelente drama de conflitos que podem surgir dentro de uma família. O filho admira seu pai, mas depois tudo é destruído ao descobrir que ele seria um criminoso, um covarde e um hipócrita. Um papel tão complexo assim caiu como uma luva para o grande Edward G. Robinson. Ele interpreta esse patriarca, um homem que lutou para que nada faltasse para sua família, mesmo que para isso tenha ultrapassado vários limites morais, éticos e legais. É interessante que Edward G. Robinson aparenta ser um tipo "paizão", boa praça, amigo de todos no filme. Isso na fachada externa. Por baixo de tudo isso existe um homem que tomou uma decisão errada, mesmo sabendo que colocaria em risco a vida de homens inocentes. Burt Lancaster, como seu filho, ainda era bem jovem. Ele está mais contido do que o normal, talvez por falta de uma experiência maior, mesmo assim se sai muito bem nos momentos mais dramáticos ao lado de Robinson, um veterano que sabia tudo da arte de atuar. Contando com Elia Kazan em sua equipe técnica (ele fez parte da produção do filme), esse "All My Sons" tem um excelente elenco, atuações inspiradas e um roteiro com muito conteúdo ético e até mesmo filosófico. Uma pequena obra prima sobre as escolhas que não devemos tomar ao longo de nossas vidas.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Seu Único Desejo
Título no Brasil: Seu Único Desejo
Título Original: One Desire
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jerry Hopper
Roteiro: Lawrence Roman, baseado no livro de Conrad Richter
Elenco: Anne Baxter, Rock Hudson, Julie Adams, Natalie Wood
Sinopse:
Clint Saunders (Rock Hudson) ganha a vida trabalhando no cassino de Tacey Cromwell (Anne Baxter). Eles mantém um romance que já dura anos. Realmente se gostam muito. O problema é que Clint tem ambições maiores na vida. Ele deseja ir embora, para uma nova cidade, procurando por um novo recomeço. Inicialmente Tacey hesita em lhe seguir, mas depois resolve deixar tudo para trás para junto a Clint e seu pequeno irmão Nugget (Barry Curtis) começar um novo lar. Nas primeiras semanas tudo vai muito bem, até que Clint começa a mostrar interesse numa bela e rica jovem da sociedade, Judith Watrous (Julie Adams), a filha de um senador. Para surpresa de Clint a garota também se mostra logo interessada por ele começa a fazer de tudo para levá-lo ao altar, deixando Tacey em uma situação realmente complicada e delicada.
Comentários:
Belo filme! Realizado em uma das fases mais produtivas e bem sucedidas da carreira do ator Rock Hudson, o filme investe em um triângulo amoroso entre Clint (Hudson), Tacey (Baxter) e Judith (Adams). O primeiro é um sujeito pobre com muitas ambições. Ele quer deixar a profissão de carteador em cassinos para buscar algo melhor, talvez um bom emprego como bancário já que ele tem muita habilidade com números em geral. Para isso se muda para uma nova cidade no oeste ao lado da fiel e dedicada Tacey (Baxter). É o começo do século XX e as oportunidades estão por toda parte. Na nova localidade Clint vê uma oportunidade de subir na vida ao cortejar a rica Judith, filha de um senador! Seria a forma de subir rápido na vida, sem muito esforço. O problema é que ele está comprometido com Tacey. Como resolver esse problema? O roteiro é tão bem escrito que de repente somos surpreendidos com reviravoltas sutis que usam a ganância de Clint como suporte para os eventos que vão acontecendo. Judith que no começo parece ser uma jovem correta logo começa a conspirar para destruir o romance de Clint e Tacey, ao mesmo tempo em que a desmoraliza perante a comunidade por causa de seu passado de corista e garota de salão em cassinos do leste.
A situação se torna tão tensa que tudo vai parar na justiça onde Tacey, indefesa, acaba sendo praticamente banida da cidade. Enquanto isso Clint vai caindo cada vez mais na teia arquitetada por Judith que de boa moça realmente não tinha nada. O mais interesse é que diante tudo que vai acontecendo em cena ficamos na dúvida se Clint é realmente um canalha ou apenas mais uma vítima das armações de Judith. Além da boa trama de autoria do romancista Conrad Richter o filme ainda se destaca pelas boas atuações de todo o elenco e uma participação que chamará bastante a atenção dos cinéfilos que gostam de filmes clássicos. Fazendo o papel de uma jovem órfã surge a futura estrela Natalie Wood, que convence tanto na caracterização de uma moleca sapeca como da de uma jovem adolescente rebelde que deseja fugir com o amor de sua vida (na realidade um homem casado que só lhe trará infelicidades). Anne Baxter também está maravilhosa. Sua personagem é de uma mulher mais velha que larga tudo por um grande amor, mas que depois vê seus sonhos de felicidade ruírem por causa de uma concorrente bem mais jovem e bem mais rica. Já Rock Hudson segue em sua linha tradicional, a do galã boa pinta, disputado por todas as mulheres. O diferencial é que seu papel é muito bem construído pelo roteiro, sempre deixando o espectador em dúvida sobre suas reais intenções. Em suma, mais um belo drama romântico dos anos 50, com o melhor que o cinema americano da época poderia oferecer ao público.
Pablo Aluísio.
Mombasa, a Selva Negra
Título no Brasil: Mombasa, a Selva Negra
Título Original: Beyond Mombasa
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: James Eastwood, Richard English
Elenco: Cornel Wilde, Donna Reed, Christopher Lee, Ron Randell, Leo Genn
Sinopse:
Quando o americano Matt Campbell (Cornel Wilde) chega à África para se unir ao seu irmão em uma exploração de minas de ouro, descobre que ele foi brutalmente assassinado. As suspeitas recaem sobre guerreiros leopardos provenientes de uma tribo remota que jamais fez contato com a civilização. A explicação não convence muito Campbell que resolve ir até o lugar da morte de seu irmão para investigar. Assim é formado um grupo que adentra a selva, não sem antes passar por inúmeros desafios e perigos nessa aventura em direção ao coração do continente negro.
Comentários:
Um bom filme de aventura passado na África selvagem. O roteiro foge um pouco da pura temática de homens brancos ocidentais sobrevivendo aos desafios do continente africano para também investir no mistério da morte do protagonista do filme. Quem o teria matado? Teria sido o caçador Gil Rossi (Christopher Lee, em um papel bem diferente em sua carreira), um especialista em safáris que teria muito a ganhar com a morte do irmão de Matt? Ou o próprio sócio dele, Eliot Hastings (Ron Randell), para se apoderar das riquezas da mina de ouro recém descoberta? Até mesmo o missionário evangélico Ralph Hoyt (Leo Genn) poderia ter cometido o crime por ter interesses na região! Como se vê o roteiro segue nessa linha ao estilo Agatha Christie onde o espectador precisa descobrir a identidade do verdadeiro assassino no meio daquelas pessoas que formam o grupo de expedição que vai até as regiões mais distantes da África. Dentre elas também não podemos nos esquecer da Antropóloga Ann Wilson (Donna Reed) que está naquele continente justamente para estudar as origens da humanidade.
O roteiro, que foi escrito baseado no conto "The Mark of the Leopard" de James Eastwood, também abre espaço para um pouco de romance e até mesmo humor, como era bem comum em filmes como esse na época. Há até margem para algumas tiradas irônicas quando, por exemplo, o personagem interpretado por Cornel Wilde satiriza a visão romântica que os americanos tinham da África. Ao descer de um barco ele encontra casualmente uma turista que reclama dos mosquitos e do mal cheiro da região, ao qual responde: "Estava esperando pelo quê? Humphrey Bogart?" - uma clara referência ao filme "Uma Aventura na África" que ajudou na formação dessa visão romântica e boba daquelas terras inóspitas. Outra fato digno de nota é que parte do filme foi rodado nas ruínas da cidade antiga de Gedi, no Quênia. As origens dessa comunidade antiga até hoje são debatidas, sendo que alguns historiadores acreditam que teria sido o primeiro posto comercial árabe na África da história, algo que se perdeu nas areias do tempo. Enfim, fica aqui a dica de "Mombasa, a Selva Negra" para quem gosta de filmes nesse estilo, com bastante elementos de aventura e mistério.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 22 de novembro de 2016
O Gavião do Mar
Título no Brasil: O Gavião do Mar
Título Original: The Sea Hawk
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Howard Koch, Seton I. Miller
Elenco: Errol Flynn, Brenda Marshall, Claude Rains, Flora Robson
Sinopse:
1585. Duas grandes nações lutam entre si para dominarem os mares. A Espanha prepara o lançamento de uma grande armada, com navios de longo alcance, fortemente armados. A Inglaterra precisa de tempo antes de produzir sua própria frota. A rainha Elizabeth I tem inclusive dúvidas se isso seria uma boa solução para as tensões com a Espanha. Enquanto não constrói seus próprios navios de guerra ela se utiliza de corsários, piratas clandestinamente apoiados pela coroa. Chamados de "Gaviões do Mar" eles pilham embarcações estrangeiras em busca de ouro e riquezas que estão vindo do novo mundo, das Américas recém descobertas. Entre esses capitães se destaca Geoffrey Thorpe (Errol Flynn) que está disposto a uma grande aventura nos mares da América Central. O plano é roubar o ouro que os espanhóis estão prestes a levar para seu país. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Melhor Direção de Arte, Melhor Som e Melhor Trilha Sonora.
Comentários:
Outra excelente parceria entre o astro maior da Warner na época, Errol Flynn, e o diretor Michael Curtiz. O roteiro não poderia ser mais adequado para Flynn pois ele próprio tinha muita experiência em viagens ao redor do mundo (na juventude tinha sido marinheiro por longo tempo). Assim se mostrou a escolha perfeita para viver esse corsário inglês que roubava e pilhava navios da Espanha de Felipe I. Na surdina contava com o apoio da própria coroa inglesa, pois não poderia haver uma ajuda oficial por parte da rainha Elizabeth I, haja vista que os corsários em geral não passavam de piratas. Em pleno auge da exploração colonial espanhola, os navios viajavam pelos sete mares abarrotados de ouro das civilizações Inca, Maia e Azteca. Como nesse período histórico a Inglaterra ainda não contava com uma marinha real forte o suficiente para vencer a armada ibérica, começou a contratar o serviço de mercenários dos mares, os corsários, que faziam todo o trabalho sujo, roubando essas riquezas que já tinham sido roubadas dos nativos da América. Era uma espécie de ironia do destino. O filme é tecnicamente perfeito. A Warner construiu imensos cenários em seus estúdios reproduzindo as antigas naus da época em que o enredo se passa. Tudo é extremamente minucioso nesse aspecto. As cenas de ação, com ataques e batalhas navais, são excepcionalmente bem realizadas. Curtiz era realmente um artesão no que diz respeito a esse gênero de aventuras nos mares.
Por essa razão o filme conta com pelo menos duas sequências inesquecíveis. A primeira acontece quando o navio comandado pelo capitão Thorpe (Flynn) resolve enfrentar um navio da frota de Felipe I. Após uma intensa troca de tiros de canhões finalmente os piratas comandados por Flynn invadem o navio inimigo. Ótima sequência que não envelheceu em absolutamente nada (mesmo tendo sido feito há mais de 70 anos!). Um primor de competência técnica. A outra cena que chama bastante atenção ocorre quando o personagem interpretado por Errol Flynn começa a se livrar da pesada pena de galés que lhe foi imposta pela coroa espanhola, quando criminosos eram acorrentados nos porões das naus para servirem como remadores. Essa sequência inclusive tem uma semelhança incrível com "Ben-Hur", com uma situação extremamente semelhante. A única nota de desgravo que teria a escrever em relação a esse filme seria sobre o fato do roteiro ter deixado de lado a grande guerra que se travaria nos mares entre Espanha e Inglaterra. Os acontecimentos que vemos acontecem na véspera disso acontecer. Tudo bem, isso se deve em parte também ao fato dos roteiristas terem priorizado mais a estória pessoal do capitão Thorpe e não propriamente tudo o que aconteceu entre as duas grandes nações naquele período tão conturbado. Mesmo com essa observação não há realmente o que reclamar em termos de qualidade e excelência cinematográfica, pois "Gavião dos Mares" é de fato uma maravilha da sétima arte, sendo muito provavelmente a melhor aventura dos sete mares já feita até hoje! Um marco da história do cinema clássico americano.
Pablo Aluísio.
O Espadachim Negro
Título no Brasil: O Espadachim Negro
Título Original: The Black Knight
Ano de Produção: 1954
País: Inglaterra
Estúdio: Warwick Film Productions
Direção: Tay Garnett
Roteiro: Alec Coppel, Dennis O'Keefe
Elenco: Alan Ladd, Peter Cushing, Patricia Medina, André Morell
Sinopse:
John (Alan Ladd) é um humilde ferreiro que fabrica espadas nos tempos de reinado do lendário Rei Arthur (Anthony Bushell). O que poucos desconfiam é que o vil Sir Palamides (Peter Cushing) pretende destruir a corte de Camelot, conspirando para matar o Rei e seus cavaleiros. Para isso usa de falsos guerreiros vikings que supostamente estariam destruindo os castelos dos principais nobres da corte. O vilão deseja que o Rei Mark (Patrick Troughton) reine no lugar do deposto Arthur por toda a Inglaterra. Para combater esse plano maquiavélico, John resolve incorporar o Cavaleiro Negro, um misterioso herói que lutará pela justiça e por Arthur.
Comentários:
O ator Alan Ladd (1913 - 1964) foi um dos grandes astros do western americano. Basta lembrar do grande clássico "Os Brutos Também Amam" para entender bem isso. Pois bem, em 1954 ele aceitou o convite de produtores britânicos para atuar em uma produção bem diferente em sua carreira. Ao invés de interpretar um cowboy em mais uma produção de faroeste ele aqui surgiria como um verdadeiro cavaleiro medieval! Ao assistir ao filme a única conclusão que cheguei foi a de que esse estilo definitivamente não caiu muito bem para Ladd. Ele está bem apático no papel de um cavaleiro negro que tenta salvar a corte do Rei Arthur. Estão lá todos os cavaleiros da távola redonda, os cenários medievais, os castelos, o figurino colorido típico da época, as donzelas, mas nada disso parece funcionar muito bem. O principal defeito desse filme vem de seu roteiro que soa muito mal escrito e cheio de clichês em todos os momentos. A trama é das mais singelas que você possa imaginar, quase em linguagem de história em quadrinhos. Há um rei virtuoso (Arthur), um vilão sarraceno inescrupuloso (interpretado por Peter Cushing, maquiado para parecer ser um autêntico mouro) e é claro o herói, o próprio ferreiro John (Ladd) que nos momentos necessários se transforma no misterioso Cavaleiro Negro, defensor da justiça e da honra (com ecos que lembram demais outro personagem famoso, o Zorro!). Embora perca pontos em termos de roteiro e enredo, o fato é que o filme como um todo tem boa e bonita produção.
A direção de arte aliás é um dos pontos favoráveis para se assistir até o fim. Mesmo em situações claramente absurdas - como a tentativa de usar o famoso monumento de Stonehenge como um templo de adoração ao deus Sol, confundindo épocas históricas diferentes - os belos figurinos compensam a falta de um conteúdo melhor em termos de roteiro. A estória estraga um pouco o filme pois é por demais boba e derivativa, mas o visual, as armaduras, os duelos, as capas, as armas medievais, tudo isso acaba ajudando bastante para compensar os pontos fracos. Dessa maneira temos que admitir que infelizmente as coisas não funcionaram muito bem. Tudo culpa do fraco texto e da atuação preguiçosa e fora do tom de Alan Ladd. Ele parece sonolento e depressivo em várias cenas, algo que não combinou com a proposta de ser um herói de filmes de aventura. Para falar a verdade ele só trabalhou durante onze dias nas filmagens, sendo substituído por um dublê depois nas várias cenas de ação. Pelo jeito não estava mesmo com muita vontade de fazer o filme. Muito provavelmente se Errol Flynn estivesse nesse papel as coisas teriam sido bem melhores. Com Ladd tudo o que temos mesmo é um protagonista que em nenhum momento chega a empolgar. Então é isso, "The Black Knight" é um filme visualmente bem bonito, mas igualmente vazio em seu conteúdo.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Labirinto de Paixões
Título no Brasil: Labirinto de Paixões
Título Original: The Spiral Road
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Robert Mulligan
Roteiro: John Lee Mahin, Neil Paterson
Elenco: Rock Hudson, Burl Ives, Gena Rowlands
Sinopse:
1936. Um jovem médico chamado Dr. Anton Drager (Rock Hudson) chega para trabalhar numa isolada e distante colônia holandesa no Pacífico Sul. A região é foco de doenças tropicais graves como lepra, peste negra e cólera. Drager deseja trabalhar ao lado do veterano Dr. Brits Jansen (Burl Ives) pois quer usar sua experiência em sua pesquisa que pretende publicar quando estiver de retorno à Europa. Só que Jansen, embora seja um excelente médico, não está preocupado com esse tipo de detalhe. Ele quer mesmo é ajudar aquelas comunidades nativas. Drager chega para trabalhar ao seu lado justamente quando explode uma epidemia de peste negra causada por pulgas de ratos selvagens. A única saída é queimar toda a vila. E isso é apenas o começo de seus serviços naquele lugar esquecido por Deus. Filme vencedor do Bambi Awards na categoria de Melhor Ator (Rock Hudson).
Comentários:
"Labirinto de Paixões" é um drama que explora a dura vida de médicos holandeses em colônias situadas nas distantes ilhas ao redor de Bornéu, nos mares do sul. O protagonista interpretado por Rock Hudson está lá para cumprir um contrato de cinco anos com a companhia das Índias orientais, mas na verdade não tem a menor intenção de viver ali. Ele pretende recolher informações valiosas para suas pesquisas para depois se consagrar no meio acadêmico europeu. Só que o dia a dia como médico naquele cenário tropical deslumbrante e também avassalador não é nada fácil. Drager (Hudson) conhece missionários religiosos que vivem lá, inclusive um bondoso casal de estrangeiros que dedicou toda a sua vida para erguer e cuidar de uma colônia de leprosos. A esposa inclusive pagou caro pela sua missão, sendo ela própria contaminada pela terrível lepra. Esse tipo de dedicação ao próximo até o abala internamente, mas Drager prefere continuar com seus objetivos. Ele também nutre um sentimento de certa rejeição aos valores religiosos pois na verdade é ateu - embora seja filho de um pastor. Ao se deparar com a oportunidade de trabalhar ainda mais adentro da floresta, em um ponto avançado praticamente abandonado, Drager acaba se vendo frente a frente com seu próprio modo de ser e pensar.
A vida no limite colocará suas convicções à prova, principalmente após ter que enfrentar um nativo misterioso, que se diz feiticeiro e dono de poderes malignos envolvendo magia negra. O roteiro desse filme é bem rico. Ele começa como drama, depois traz pitadas de romance (com o relacionamento entre o personagem de Rock Hudson e a doce Els de Gena Rowlands) e finalmente termina como aventura, com doses de psicologismo exacerbado. O arrogante médico de Hudson é tragado pelas forças da natureza e passa por um período de enlouquecimento e delírio. Essas cenas, já na terça parte final do filme, trazem uma boa oportunidade de Rock mostrar que não era apenas um galã de cinema. De barba grande e roupas em farrapos, ele se sai muito bem. Gostei de sua força de vontade em expressar a terrível tortura psicológica pela qual passa seu personagem. Por fim merecem elogios também a inspirada interpretação de Burl Ives. Imenso, arrebatador e desenvolvendo uma personalidade complexa, ele é um dos grandes atrativos para se conferir esse filme que pode ser até mesmo considerado surpreendente.
Pablo Aluísio.
Robur, o Conquistador do Mundo
Título no Brasil: Robur, o Conquistador do Mundo
Título Original: Master of the World
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: American International Pictures (AIP)
Direção: William Witney
Roteiro: Richard Matheson, baseado na obra de Jules Verne
Elenco: Vincent Price, Charles Bronson, Henry Hull, Mary Webster
Sinopse:
No século XIX um gênio enlouquecido, o Capitão Robur (Vincent Price), decide erradicar todas as guerras do mundo. A bordo de uma maravilhosa máquina voadora chamada Albatroz, ele lança ultimatos a todos os governos do mundo: ou eles param de se armar para promoverem guerras internacionais entre si ou então ele destruirá todas as capitais das grandes nações ao redor do planeta. Robur está decidido a cumprir todas as suas ameaças, mas antes terá que enfrentar John Strock (Charles Bronson), um funcionário do departamento de defesa dos Estados Unidos que está disposto a destruir todos os planos megalomaníacos do insano Robur.
Comentários:
Mais uma adaptação para o cinema da obra literária do genial escritor Júlio Verne (1828 - 1905). Na realidade podemos dizer que Verne foi praticamente o inventor da literatura fantástica e de ficção científica, onde ele procurava antecipar o que aconteceria no futuro. Antes da própria invenção do avião, Verne nesse livro acabou antecipando em muitos anos o aparecimento do uso militar de aeronaves. Como se sabe Verne foi um escritor muito produtivo, lançando praticamente um livro novo a cada ano. Ele era muito popular em sua época e por essa razão várias estórias de sucesso eram readaptadas em novas aventuras como novos personagens. Esse é o caso do personagem Rubor. Lançado originalmente em 1886 no livro "Robur, o conquistador!" ele era na verdade uma readaptação do próprio Nemo de "Vinte Mil Léguas Submarinas", lançado em 1870. A única mudança significativa vinha do fato de Robur viajar em um dirigível, enquanto Nemo cruzava os mares em seu submarino Náutilus. Ambos eram gênios incompreendidos, que defendiam uma bela causa, mesmo usando para isso de métodos completamente errados para atingirem seus objetivos supostamente nobres.
Já o filme "Robur, o Conquistador do Mundo" não contou com uma grande produção como aconteceu no caso de Nemo para a Disney. Aqui os efeitos especiais, que já não eram tão bons na época de seu lançamento, envelheceram dramaticamente com o tempo. Tudo vai soar muito jurássico para o público atual. Mesmo assim o filme conseguiu manter seu charme por causa da presença de bons atores, em especial Vincent Price como Rubor. Ator de formação teatral, ele consegue em cena manter a atenção, principalmente por causa de seu romantismo fora de moda, de seus ideais impossíveis de alcançar e de uma certo ingenuidade na luta por seus valores. O pior deles é combater as guerras mundiais com ainda mais violência! Já Charles Bronson está novamente interpretando um personagem secundário. Por essa época o ator era especializado em interpretar apenas papéis de apoio para astros de Hollywood. A direção de arte procura, com seus poucos recursos, recriar o mundo vitoriano de Verne. Pena que hoje em dia não consiga mais causar qualquer impacto visual por causa da precariedade dos efeitos especiais que o tempo tratou de destruir ainda mais. O que salva o filme como um todo, ainda nos dias de hoje, são os maravilhosos personagens criados pelo escritor Júlio Verne, sua mensagem de pacifismo equivocado e, é claro, a dose nostálgica que certamente se abaterá sobre os mais velhos. Pensando bem um remake moderno até que não seria uma má ideia. De qualquer maneira deixo a dica de uma produção da época em que Hollywood era mais inocente e criativa.
Pablo Aluísio.
domingo, 20 de novembro de 2016
O Vale das Paixões
Título no Brasil: O Vale das Paixões
Título Original: This Earth Is Mine
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Henry King
Roteiro: Casey Robinson, baseado na obra de Alice Tisdale Hobart
Elenco: Rock Hudson, Jean Simmons, Claude Rains, Francis Bethencourt, Cynthia Chenault, Dorothy McGuire, Kent Smith, Anna Lee.
Sinopse:
Após viver por praticamente toda a sua vida em Londres, a jovem Elizabeth Rambeau (Jean Simmons) retorna para viver na grande fazenda de seu avô na Califórnia. Rico produtor de uvas, ele agora vê seu outrora glorioso império em risco já que está vigorando nos Estados unidos a Lei Seca que proíbe a venda de bebidas alcoólicas. Para seu neto John (Rock Hudson) a única saída seria a venda da produção para gangsters e contrabandistas de Chicago, algo que deixa o velho patriarca completamente contrariado e ofendido, já que ele sempre primou pelo trabalho e pela honestidade. Mesmo usando de táticas ilegais, a elegante e refinada Elizabeth acaba ficando atraída por seu primo John, relevando suas falhas de caráter. O problema é que sua tia já lhe arranjou um casamento com um rico proprietário de terras, o culto, mas frívolo, Andre Swann (Francis Bethencourt). Filme indicado ao Golden Globes na categoria de Melhor revelação feminina (Cynthia Chenault).
Comentários:
Belo filme. É um daqueles dramas americanos dos anos 50 que investe nos problemas e atritos envolvendo um grande clã familiar, ricos donos de terras na Califórnia (no Napa Valley), que precisam agora se adequar aos novos tempos e aos novos desafios. A família Rambeau vive das vinheiras a perder de vista, mas ao mesmo tempo precisa superar velhos traumas envolvendo seus membros. O caso de John Rambeau (Rock Hudson) é um deles. Ele é filho bastardo da filha do velho patriarca, fundador do império de terras. No passado sua mãe se envolveu com o marido de sua própria irmã, caso amoroso escandaloso que acabou gerando John. Todos na família conhecem esse escândalo, mas ninguém ousa tocar no assunto. Criado assim como se fosse um pária (seu avô nunca gostou dele), John resolve apostar tudo para ficar rico e próspero. Para isso vale tudo mesmo, até se aliar com o mundo do crime de Chicago. Pior do que isso, ele começa a intimidar todos os pequenos produtores de uvas da região que não aceitam entrar em seu esquema. Afora todos esses conflitos John ainda precisa se acertar com sua prima, a bonita Elizabeth. Criada na Europa ela tem um refinamento que é bem estranho para John. Mesmo sendo tão diferentes entre si acabam se apaixonando, só que a tia deles pretende que Elizabeth se case com um rico herdeiro da região, tudo com o objetivo de unir as vinícolas, aumentando ainda mais seu poder e riqueza. Um casamento forjado, meramente de interesse, que tem pouco a ver com sentimentos verdadeiros.
Do elenco três nomes se destacam. O primeiro é o do próprio Rock Hudson. Ele sempre procurou interpretar personagens acima do bem e do mal, íntegros e honestos. Aqui temos uma pequena exceção, pois seu John Rambeau é um tanto dúbio em seus princípios éticos. Ele não está muito interessado em saber o que é certo, mas sim em ficar rico, a todo custo. Jean Simmons também surpreende, apesar de seu papel ser menos interessante. Sua Elizabeth se resume em uma beldade, uma heroína de filmes desse estilo. Pelo menos está bem bonita em cena, diria até exuberante. Por fim há a grande interpretação do veterano Claude Rains que dá vida ao velho patriarca Philippe Rambeau. Mesmo diante de uma grande crise causada pela Lei Seca ele se recusa a deixar de ser um homem honesto e respeitador das leis de seu país. Um fazendeiro tradicional que sabe o valor que tem. Filme muito bom, com personagens complexos e bem desenvolvidos, tudo abrilhantado pelos excelentes cenários naturais de uma Califórnia que unia o velho sonho americano aos desafios de um novo tempo, de uma nova era. Vale a recomendação para os fãs de filmes clássicos.
Pablo Aluísio.
Um Yankee na R.A.F.
Título no Brasil: Um Yankee na R.A.F.
Título Original: A Yank in the R.A.F.
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Darrell Ware, Karl Tunberg
Elenco: Tyrone Power, Betty Grable, John Sutton, Reginald Gardiner
Sinopse:
1941. Os Estados Unidos ainda não entraram na II Guerra Mundial. Eles procuram pela neutralidade em relação ao caos que se instala na Europa. A Inglaterra está em guerra com a Alemanha Nazista e o piloto americano Tim Baker resolve aceitar uma tentadora proposta para pilotar aviões ingleses sobre a Alemanha. O governo daquele país oferece mil dólares por missão, uma pequena fortuna na época. Em Londres Tim, por mero acaso, acaba reencontrando a corista e cantora Carol Brown (Betty Grable), uma garota que ele namorou no passado, mas que resolveu deixar de lado sem maiores explicações. Ele quer voltar para ela antes da próxima missão, mas Carol não cede aos seus galanteios, pois definitivamente não quer ser enganada novamente. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Fred Sersen e Edmund H. Hansen).
Comentários:
Antes de qualquer coisa é bom esclarecer que se você estiver em busca de um filme com bastante ação sobre a II Guerra Mundial, bem movimentado, com várias cenas de batalha aérea pelos céus da Europa, esse "A Yank in the R.A.F." não seria dos mais indicados. Isso porque o roteiro claramente valoriza mais o romance entre a corista interpretada por Betty Grable e o piloto americano de Tyrone Power do que qualquer outra coisa. Só para se ter uma ideia do que estou escrevendo basta saber que nada mais do que dois terços do filme é quase que exclusivamente apoiado no vai e vem do namorico entre eles. Power interpreta um sujeito audacioso, galanteador, mas também bem dado a piadinhas e gracinhas. Grable é a corista que no passado foi enganada por sua lábia. Eles se reencontram na Inglaterra, nas vésperas dos Estados Unidos entrarem na guerra, e recomeça o jogo de sedução entre o casal. Power avança, mas Betty Grable contém suas cantadas. Ela aliás vai muito bem, obrigada, com mais dois outros oficiais ingleses lhe cortejando o tempo todo.
Um deles até lhe propõe casamento! Por que daria bola para aquele americano falastrão e de certo modo enganador? Um Dom Juan tardio? Claro que no fundo ela gosta de suas investidas, mas mantém a posição de durona em relação a ele. Nesse meio tempo aproveita para cantar e encantar pois ainda era bastante jovem e bonita quando o filme foi realizado. Ela tinha apenas 25 anos quando a fita foi rodada e está realmente uma graça em cena. Já Power... bom, o estilo de seu personagem não ajuda muito. Ele é muito gaiato para que nos importemos com o que vai lhe acontecer. O roteiro tenta traçar a personalidade de alguém muito simpático e sorridente, mas que no final só o deixa meio chato e inconveniente. Pois bem, depois de 70 minutos desse romance indeciso entre Power e Grable finalmente o filme apresenta uma boa cena de ação, um bombardeiro aéreo sobre Berlim. Os efeitos especiais usados nessa sequência (com uso de maquetes e outras técnicas, inclusive desenhos animados) ajuda um pouquinho a despertar, mas o teor de ação é realmente minimizado. Assim se você estiver em busca de um bom filme de guerra, daqueles mais tradicionais, desista. Por outro lado se a procura for por um romance bem ao estilo dos anos 40 então o filme certamente lhe é indicado. Em suma, uma (quase) comédia romântica com a Guerra Mundial como pano de fundo. Até simpático, mas nada muito além disso.
Pablo Aluísio.
sábado, 19 de novembro de 2016
Gaivota Negra
Título Original: Frenchman's Creek
Ano de Produção: 1944
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Mitchell Leisen
Roteiro: Talbot Jennings, baseado na obra de Daphne Du Maurier
Elenco: Joan Fontaine, Arturo de Córdova, Basil Rathbone
Sinopse:
Frustrada por um casamento infeliz, Lady Dona St. Columb (Joan Fontaine) resolve se afastar do marido que considera um tolo. Com os dois filhos ela viaja até sua antiga propriedade na costa da Inglaterra. Há muito que a velha mansão está abandonada e empoeirada. Lá porém ela se sente muito mais feliz e calma. O que ela nem desconfia é que há um navio pirata francês na costa, bem perto de sua casa. O corsário Jean Benoit Aubrey (Arturo de Córdova) está fazendo reparos em sua embarcação. Em pouco tempo se conhecem e nasce daí uma inegável e perigosa atração romântica. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Direção de Arte (Hans Dreier e Ernst Fegté).
Comentários:
Filme de piratas tradicionalmente sempre fizeram muito sucesso de bilheteria. Esse aqui é um pouco diferenciado pois ao invés de valorizar as aventuras e lutas de capa e espada se concentra mais no romance entre uma nobre inglesa que não suporta mais seu casamento falido e um pirata francês que se esconde na costa de seu país. Apesar de ser um corsário ele se mostra muito cavalheiro e galanteador, sempre pronto a falar algo bonito para ela. Não demora nada e Lady Dona fica completamente apaixonada por seu estilo e modo de viver que ela começa a associar com liberdade, algo que nunca teve em sua vida pessoal. O Latin Lover Arturo de Córdova interpreta o capitão pirata francês (apesar dele ter nascido no México). Um típico galã da época, ele tinha boa postura em cena, mas no geral não conseguia passar de um canastrão bem intencionado. Melhor se sai a estrela Joan Fontaine, a irmã mais velha (e dizem mais talentosa) de Olivia de Havilland. Seu personagem exigiu até bastante dela, principalmente no aspecto físico, porém não abriu margem para uma grande atuação pois o filme em si é apenas um romance de aventuras, com pequenos toques de bom humor (que surgem principalmente quando Joan Fontaine se tenta passar por um jovem pirata). Como eu frisei o filme como um todo não se destaca muito no quesito aventura. Não há grandes cenas nesse aspecto. A caravela La Gaivota é toda pintada de branco (ao contrário do equivocado título nacional que se chama "Gaivota Negra") e não se destaca muito se comparada a outros navios de grande porte já vistos em filmes desse tipo. A única grande novidade talvez venha pela ousadia da história (baseada no romance de Daphne Du Maurier) pois a protagonista é uma mulher adúltera, com filhos, que resolve se enamorar de um ladrão dos mares estrangeiro ao mesmo tempo em que luta contra os seus próprios compatriotas. Vamos convir que era ousadia demais para aqueles tempos tão conservadores e moralistas. Por fim se você realmente gostar do enredo sugiro uma versão feita para a TV em 1998 com Tara Fitzgerald e Anthony Delon. Bem interessante.
Pablo Aluísio.
Modas de 1934
Título Original: Fashions of 1934
Ano de Produção: 1934
País: Estados Unidos
Estúdio: First National Pictures
Direção: William Dieterle
Roteiro: F. Hugh Herbert, Carl Erickson
Elenco: William Powell, Bette Davis, Frank McHugh
Sinopse:
Sherwood Nash (Powell) é um vigarista do mundo da moda. Para ficar rico e ganhar muito dinheiro ele não quer se esforçar muito. Nada de quebrar a cabeça para criar belos modelos de roupas femininas. Ao invés disso ele decide simplesmente copiar e plagiar os mais belos vestidos de Paris para vender de forma barata para seu público alvo, enganando as mulheres que fazem parte de sua clientela. A jovem Lynn Mason (Bette Davis) acaba se envolvendo em uma grande confusão ao se aproximar de Nash. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Eugene Joseff).
Comentários:
Comédia leve e bem humorada que valoriza a figura da atriz Bette Davis. Ela surge na tela ainda bem jovem, com os cabelos platinados (uma moda ainda bem recente quando o filme foi lançado) e muito à vontade desfilando o que havia de mais chic e elegante no mundo fashion daquela época. Um dos aspectos interessantes desse filme foi o fato de que, pela primeira vez, Davis se considerou injustiçada pelo cachê dez vezes menor do que recebeu o ator William Powell. Era um exemplo da diferença salarial que existia em Hollywood naqueles tempos (algo que infelizmente perdura até os dias de hoje). O personagem de Powell, como já foi escrito, é em essência um vigarista do mundo da moda, copiando os desenhos dos vestidos mais elegantes, com o objetivo de ganhar muito dinheiro com as criações alheias. Ele também precisa dar vazão a um imenso lote de penas de avestruz, que ele precisa de todo jeito voltar a transformar em moda. Isso inclusive dá origem a uma bela cena musical com coristas no palco, dançando uma bonita coreografia com as tais penas. Ficou bonito, lembrando até o nosso teatro de revista. Em suma, uma comédia musical simpática, bem ensaiada e que conta com as carismáticas presenças da dupla William Powell e Bette Davis, passando uma ótima química entre eles para a tela. Vale a pena assistir para conhecer um pouco melhor o cinema americano da década de 1930, ainda bastante influenciado pela cultura teatral da Broadway de Nova Iorque.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Águias em Alerta
Título Original: A Gathering of Eagles
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Delbert Mann
Roteiro: Robert Pirosh, Sy Bartlett
Elenco: Rock Hudson, Rod Taylor, Mary Peach
Sinopse:
O Coronel Jim Caldwell (Rock Hudson) é designado para trabalhar no Comando Aéreo Estratégico dos Estados Unidos, em uma função de extrema importância para a defesa do país. Comandante de uma equipe altamente bem treinada de tripulantes dos poderosos aviões bombardeios B-52 o militar, recém casado, precisa conciliar suas responsabilidades profissionais com sua vida pessoal, algo que não será nada fácil.
Comentários:
Um filme muito curioso que tenta mostrar aspectos do cotidiano e da vida dos militares da força aérea americana bem no meio de um dos períodos mais conturbados da história daquela nação. Em meio a uma guerra fria com a União Soviética, os americanos tentavam levar uma vida normal, conciliando um estado de permanente tensão com suas vidas pessoais. É justamente em cima disso que o roteiro se desenvolve ao mostrar como a vida privada de um militar de alta patente era afetada pelo clima de ansiedade e paranóia que existia na época. Curiosamente a crítica acabou afirmando em seu lançamento que o filme era no fundo um semi-documentário por causa da extrema fidelidade que tentou reproduzir nos mínimos detalhes a vida de um Coronel naqueles anos de cortina de ferro. Há por isso também um certo humor involuntário nas cenas, principalmente quando o personagem de Rock Hudson precisa informar ao comando todos os seus passos, inclusive os mais íntimos. Enfim, uma produção que diverte e instrui em doses exatas.
Pablo Aluísio.