terça-feira, 17 de novembro de 2020

Lady Hamilton

Depois do grande sucesso de "E O Vento Levou" a atriz Vivien Leigh decidiu deixar Hollywood para trás. Estava cansada dos grandes estúdios, dos produtores, dos executivos americanos. Ela via a atuação de uma outra maneira, como grande arte. Não apenas como algo para se fazer grandes fortunas, em filmes comerciais produzidos em ritmo industrial. Assim ela voltou para sua terra natal, a Inglaterra. Ao lado de Laurence Olivier, seu marido e grande nome do teatro e cinema britânicos, ela começou a procurar por um roteiro realmente artístico para voltar ao cinema. Acabou encontrando em "Lady Hamilton". Esse filme se tornaria a primeira adaptação para o cinema do romance histórico "Fire Over England" escrito por AEW Mason.

A história era bem evocativa de um passado glorioso do império britânico. Sir William Hamilton (Alan Mowbray), um viúvo de meia idade, se torna o embaixador britânico na corte de Nápoles. Emma (Vivien Leigh) é uma jovem inglesa que em visita a sua mãe acaba conhecendo Lord Hamilton. Não demora muito e eles começam um romance. A paixão é compartilhada e em poucos meses eles decidem se casar. Apesar da diferença de idade, o casamento vai bem até Emma, agora Lady Hamilton, conhecer o jovem e destemido Lord Nelson (Laurence Olivier), um militar condecorado, considerado um verdadeiro herói para os britânicos. Apesar da rígida moralidade da sociedade inglesa de sua época, Emma não consegue se controlar e acaba tendo um ardente romance com Nelson, gerando um escândalo na sociedade Londrina.

Essa produção, cujo enredo foi baseado em fatos históricos reais, tem muita classe e sofisticação. Fica claro, desde os primeiros momentos, que os britânicos queriam mostrar aos americanos toda a superioridade de seu nível cultural, sempre mais refinado e elevado. O filme apresenta uma produção pomposa, com figurinos luxuosos e cenários ricamente decorados. Laurence Olivier surge com um tapa-olho na maioria das cenas e Vivien Leigh desfila uma infinidade de vestidos elegantes a cada momento. Aliás o figurino do filme, considerado deslumbrante na época, foi um dos destaques. As roupas foram todas assinadas pela figurinista inglesa Marjorie Best.

A direção de fotografia de Rudolph Maté também foi um dos destaques do filme, sendo indicada pela academia ao Oscar, Um filme bonito de se ver, com direção de arte caprichada, foi considerada naquele ano como uma das produções mais bem realizadas em sua reconstituição de época. Os produtores esperavam por uma indicação de Vivien Leigh ao Oscar, mas ela não veio. Na época se dizia que a comunidade do cinema em Holywood havia ficado ofendida pelo fato de que a atriz inglesa havia voltado para Inglaterra, dando as costas para o cinema americano. Havia uma dose de rancor em sua "não indicação". Apesar de tudo isso, o filme ainda hoje é considerado um dos melhores momentos da carreira de Vivien Leigh. Um filme histórico que tem drama, romance e até mesmo uma pitada de tragédia para emocionar os mais sentimentais.

Lady Hamilton, a Divina Dama (That Hamilton Woman, Inglaterra, 1941) Estúdio: Alexander Korda Films, London Film Productions / Direção: Alexander Korda / Roteiro: Walter Reisch, R.C. Sherriff / Elenco: Vivien Leigh, Laurence Olivier, Alan Mowbray / Sinopse: O filme "Lady Hamilton, a Divina Dama" conta a história real, baseada em fatos históricos, do romance de uma dama da alta sociedade inglesa com um famoso almirante da marinha de seu país. A paixão entre ambos causou grande escândalo, porque ela era uma mulher casada. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção de arte (Vincent Korda e Julia Heron). melhores efeitos especiais (Lawrence W. Butler, William A. Wilmarth) e melhor direção de fotografia (Rudolph Maté). Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor som (Jack Whitney).

Pablo Aluísio.

Ouro para os Imperadores

Título no Brasil: Ouro para os Imperadores
Título Original: Oro per i Cesari
Ano de Produção: 1963
País: Itália, França
Estúdio: Adelphia Compagnia Cinematografica
Direção: André De Toth, Sabatino Ciuffini, Riccardo Freda
Roteiro: Arnold Perl, baseado na obra de Florence A. Seward
Elenco: Jeffrey Hunter, Mylène Demongeot, Ron Randell, Massimo Girotti, Giulio Bosetti, Ettore Manni

Sinopse:
Lacer (Jeffrey Hunter) é um escravo na Roma Antiga que com grande talento para construções (exercendo o que hoje em dia seria uma função de arquiteto) acaba ganhando a confiança de seu senhor, o governador da província da Gália. Em vista disso é enviado para uma perigosa missão de reconhecimento em terras ocupadas por bárbaros celtas. Ele deverá ir até lá para descobrir se os rumores de que a região é rica em ouro são verdadeiros ou não.

Comentários:
Nos anos 1960 o cinema italiano viveu sua fase de ouro em termos de popularidade. Os filmes eram campeões de bilheteria e o êxito comercial dessas películas ajudou na criação de uma verdadeira indústria de cinema italiano. Isso acabou abrindo as portas inclusive para a contratação de atores americanos, como foi o caso de Jeffrey Hunter que foi até a Europa para estrelar esse épico ao estilo “Espadas & Sandálias”. O roteiro investe mesmo nas lutas e na aventura, com pequenas pitadas de romance envolvendo o galã americano. A produção é surpreendentemente boa, a ponto de pensarmos se tratar de um filme feito nos Estados Unidos. A única diferença mais perceptível vem no roteiro pois ele foi escrito claramente visando atender a um tipo de público mais popularesco, como os que lotavam as matinês em cinemas populares - algo que também se repetia no Brasil. Assim não faltam lutas de espadas, gladiadores musculosos e muitas cenas espetaculares de ação. De certa forma pode ser considerado até mesmo uma releitura ou uma tentativa de realizar um "Spartacus" Made in Italy. Mesmo assim diverte ainda hoje. Para quem gosta de épicos passados na Roma Antiga é certamente uma boa pedida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

O Indomado

Clássico do cinema estrelado pelo ator Paul Newman, aqui em grande forma, em uma de suas melhores atuações na década de 1960. Sob direção de Martin Ritt, que tinha o talento de deixar o ator bem à vontade durante as filmagens, além de ser seu amigo pessoal, o resultado do ponto de vista cinematográfico não poderia ser melhor. O protagonista, o personagem principal do filme, se chama Hud Bannon. Interpretado de forma brilhante por Paul Newman, ele é o filho rebelde de um respeitável fazendeiro, que vive permanentemente em conflito com seu idoso pai. O conservadorismo do velho se choca o tempo todo com o modo de agir do filho, que parece querer mesmo abalar todas as estruturas do patriarca ao velho estilo. Quando o filme chegou aos cinemas houve muitas comparações entre esse personagem de Paul Newman e os rebeldes do passado que tinham sido interpretados por Marlon Brando e James Dean. 

Porém as semelhanças são apenas aparentes. James Dean interpretava jovens perdidos, com problemas psicológicos. Marlon Brando interpretava rebeldes mais perigosos, como em "O Selvagem", mas que ainda mantinham uma certa bondade embaixo de suas roupas de couro. Já o rebelde de Paul Newman nesse filme é acima de tudo um sujeito bem egoísta, rude e que não serve para nada além de infernizar a vida do pai. Ao lado de uma elenco de apoio ótimo, Paul Newman criou um dos personagens mais sem ética pessoal de sua carreira.

O roteiro desse filme também surpreende por trazer para as telas um oeste bem diferente dos filmes clássicos de western. Aqui não há mais aquele clima bravio, de grandes homens do passado. O personagem de Paul Newman vive em uma fazenda, mas não está nem aí para cavalos e tradição. Ao invés disso ele aterroriza a vizinhança em um Cadillac novinho em folha. E como mais importante, explora o choque de gerações que acontecia naquele período histórico, onde os mais jovens não estavam mais preocupados com os valores dos mais velhos. O que era importante no passado, passou a ser visto como algo careta, praticamente uma piada, pelos mais jovens. A mudança de gerações realmente nunca foi algo fácil e na década de 1960 as diferenças eram ainda mais reforçadas.

O Indomado (Hud, Estados Unidos, 1963) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Martin Ritt / Roteiro: Irvine Ravetch, Harriet Frank / Elenco: Paul Newman, Melvyn Douglas, Patricia Neal, Brandon de Wilde / Sinopse: Em uma fazenda no interior dos Estados Unidos, pai e filho vivem em pé de guerra. O jovem é rebelde e não está nem aí para os valores de seu velho pai. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Paul Newman), e melhor direção (Martin Ritt). Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor atriz (Patricia Neal), melhor ator coadjuvante (Melvyn Douglas) e melhor direção de fotografia em preto-e-branco (James Wong Howe). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme - Drama.

Pablo Aluísio.

A Longa Viagem de Volta

Tem coisa melhor, em termos de cinema, do que um bom filme clássico dirigido pelo mestre John Ford e estrelado pelo ator John Wayne? Não, não tem. Antes de tudo é bom salientar que esse, apesar dos nomes envolvidos, não é um western, um faroeste. Esse tipo de engano seria até bem comum, afinal quando se ouve falar em John Ford e John Wayne trabalhando juntos em um filme, logo se pensa nos clássicos filmes de western em que eles brilharam no céu de Hollywood em seus anos de ouro. Mas não, essa é uma produção diferenciada, até porque eles não queriam também ficar presos em apenas um gênero cinematográfica. A versatilidade também era um objetivo a se alcançar. A história é bem interessante. "The Long Voyage Home" traz o cotidiano do cargueiro Glencairn. Nele convive uma tripulação que entende que todos precisam de todos, onde a camaradagem e a amizade não são apenas uma questão de escolha, mas de necessidade vital se quiserem continuar vivos pelas longas viagens que fazem pelos mares. A união é a força e também uma questão de sobrevivência. E lá que trabalha o velho lobo do mar Olsen (John Wayne), um sujeito durão, mas também justo e íntegro, dono de um enorme coração. Ele é um marinheiro típico, trabalhador, mas igualmente apaixonado pelas coisas boas da vida, como a paixão por uma bela mulher em cada porto que chega.

Uma das surpresas que o cinéfilo vai encontrar nesse filme é seu estilo mesclado, pois se inicialmente o filme se propõe a ter sua carga dramática, também há muitos elementos de aventura, afinal John Ford tinha talento para praticamente todos os gêneros cinematográficos. Também é um filme bonito de se assistir com cenas belíssimas da natureza, captadas com capricho pelas lentes do mestre do cinema. Ele conseguiu trazer para o filme momentos perfeitos para a tela do cinema usando apenas de recursos naturais, como uma tensa neblina, que inclusive, em certos momentos, faz o espectador relembrar dos melhores momentos do cinema noir. O ator John Wayne por essa época (estou me referindo ao começo da década de 1940) estava prestes a se tornar o ator mais popular do mundo. Nesse filme ele está em sua caracterização habitual, a do homem durão, pura honestidade. Ao invés do cowboy cavalgando no deserto, ele aqui dá vida a um marinheiro da velha escola. Ficou muito bem no papel, não podia ser diferente. A novidade veio da complexidade que o roteiro procurou trazer para seu personagem. Por essa razão ele teve que se esforçar um pouco mais, porque suas cenas traziam uma carga dramática mais forte do que seus costumeiros filmes de faroeste.

O bom humor também está presente, como aliás era bem habitual nos filmes de John Ford. Mas não pense que o filme se resume a isso. Há também toda uma atmosfera de melancolia e solidão que permeia a vida dos marinheiros. Esse clima do filme até hoje impressiona a quem o assiste.  Para falar a verdade o espectador se sente bem no meio das longas travessias escuras mar adentro que o filme mostra. Uma aula de cinema do mestre John Ford. Espetacularmente subestimado, o filme é extremamente recomendado aos fãs da sétima arte em geral, em especial para quem procura um filme clássico focado na vida de marinheiros em alto mar.

A Longa Viagem de Volta (The Long Voyage Home, Estados Unidos, 1940) Estúdio: Argosy Pictures, Walter Wanger Productions / Direção: John Ford / Roteiro: Eugene O'Neill, Dudley Nichols / Elenco: John Wayne, Thomas Mitchell, Ian Hunter / Sinopse: O filme "A Longa Viagem de Volta" conta a história de um grupo de marinheiros que trabalham em um velho cargueiro que faz longas viagens pelo mar, em especial da Inglaterra até os Estados Unidos. Entre eles está o velho lobo do mar Olsen (John Wayne) que tanto deseja a fortuna como a sorte no amor.  Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor roteiro (Dudley Nichols), melhor direção de fotografia (Gregg Toland), melhor edição (Sherman Todd), melhores efeitos especiais (R.T. Layton, Ray Binger) e melhor trilha sonora (Richard Hageman).

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de novembro de 2020

O Homem que Matou Dom Quixote

Título no Brasil: O Homem que Matou Dom Quixote
Título Original: The Man Who Killed Don Quixote
Ano de Produção: 2018
País: Espanha, Portugal, França
Estúdio: Alacran Pictures,
Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Terry Gilliam, Tony Grisoni
Elenco: Adam Driver, Jonathan Pryce, Joana Ribeiro, Hovik Keuchkerian, Jordi Mollà, José Luis Ferrer

Sinopse:

Cineasta em crise, não consegue encontrar novas ideias para seu novo filme sobre Dom Quixote. Ele então decide voltar para a pequena vila onde rodou um filme de conclusão de curso, quando ainda era bem jovem. E lá reencontra pessoas que atuaram em seu primeiro filme, inclusive um velho sapateiro que agora acredita ser o verdadeiro Dom Quixote. Filme premiado no Goya Awards.

Comentários:
A assinatura visual de Terry Gilliam fica clara desde a primeira cena. Esse é um daqueles diretores que imprimem sua identidade em cada fotograma de seus filmes. Nessa produção ele aceitou um convite para ir trabalhar na Europa. A intenção era realizar um filme que fosse uma homenagem ao famoso livro Dom Quixote. Escrito por Miguel de Cervantes e publicado pela primeira vez em 1605, essa é sem dúvida uma das obras literárias mais influentes da história. O resultado porém não passou nem perto de fazer jus a esse grande legado cultural. Em muitas ocasiões o roteiro derrapa completamente, virando uma comédia bem sem graça. O que salva esse filme do abismo é a atuação do ator Jonathan Pryce. Ele interpreta um velho sapateiro louco que passa a acreditar que é o verdadeiro Dom Quixote. Se o diretor tivesse optado apenas por esse lirismo ao invés de ficar jogando fichas em um humor pouco eficiente, aí sim teríamos um belo filme. Do jeito que ficou, é apenas de mediano para fraco. Uma pena.

Pablo Aluísio.

Hotel Ruanda

Título no Brasil: Hotel Ruanda
Título Original: Hotel Rwanda
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Terry George
Roteiro: Keir Pearson, Terry George
Elenco: Don Cheadle, Nick Nolte, Joaquin Phoenix, Sophie Okonedo, Fana Mokoena, Hakeem Kae-Kazim

Sinopse:
Com roteiro baseado em fatos reais, o filme "Hotel Ruanda" conta a história de Paul Rusesabagina (Don Cheadle), o gerente de um hotel na capital de Ruanda, uma país africano. Quando a guerra civil começa e um verdadeiro genocídio se alastra pelas ruas de sua cidade, ele tenta de todas as formas manter a salvo sua família, os empregados e os hóspedes no hotel onde trabalha.  Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Don Cheadle), melhor atriz coadjuvante (Sophie Okonedo) e melhor roteiro original.

Comentários:
Houve um genocídio em Ruanda. Naquela nação africana havia basicamente duas etnias, os Hutus e os Tutsis. Uma odiava a outra. Quando o presidente foi assassinado, uma grande explosão de insanidade e violência explodiu por todo o país. Os Hutus começaram uma limpeza étnica, matando a facões os membros da etnia Tutsi. Um crime contra a humanidade. Estima-se que mais de 1 milhão de pessoas foram mortas. Esse filme mostra tudo sob  a ótica de um gerente de hotel que tenta sobreviver no meio daquele banho de sangue. A sua situação é bem delicada, porque embora ele seja um Hutu, é casado com uma Tustsi. Além da história ser muito relevante do ponto de vista histórico, esse filme ainda apresenta um ótimo elenco de apoio, com destaque para Nick Nolte como um coronal da ONU, que tenta proteger os estrangeiros hospedados naquele hotel e Joaquin Phoenix como um jornalista, um correspondente de guerra, que consegue filmar as pessoas sendo mortas no meio da rua. Quando a civilidade acaba, começa a reinar a barbárie. E tudo isso, claro, sem deixar de destacar o ótimo trabalho do ator Don Cheadle. Enfim, um filme que também serve como um alerta. O ódio quando explode costuma destruir nações inteiras, desencadeando tudo em atos de isanidade e violência brutal.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de novembro de 2020

Enquanto o Lobo Não Vem

Título no Brasil: Enquanto o Lobo Não Vem
Título Original: Mientras el Lobo No Está
Ano de Produção: 2017
País: México
Estúdio: Magnifico Entertainment
Direção: Joseph Hemsani
Roteiro: Joseph Hemsani, Abe Rosenberg
Elenco: Luis de La Rosa, Regina Reynoso, Carla Adell, Ricardo Mestre, Mar Carrera, Lourdes Villareal

Sinopse:
A história do filme se passa em 1958. Um garoto chamado Alex é enviado para uma escola isolada, no interior. Ele tem problemas de indisciplina e desobediência. Nessa nova escola, em um regime rígido, ele terá que aprender a receber e aceitar ordens e ter disciplina. Só que algo está muito errado naquela instituição.

Comentários:
Gostei desse filme. Ele mostra esse jovem que vai parar em uma escola de regime de internato que mais parece um reformatório. O sistema é de rigidez, austeridade. Esse garoto pegou o carro de seu pai sem permissão e acabou atropelando uma garotinha de cinco anos de idade. Diante disso os pais decidem internar ele nesse tipo de escola que era bem comum na época. Só que as coisas desandam, uma vez que ele e seus novos colegas descobrem que um dos coordenadores pode estar envolvido com o desaparecimento de algumas alunas. A escola é dividida, sendo uma ala ocupada apenas por meninos e outra por meninas. A convivência entre os sexos é mínima e controlada. Mesmo assim eles aos poucos vão descobrindo os segredos daquele lugar que pode ser, em algumas situações, bem sinistro. A única crítica que teria a fazer ao filme se refere ao seu final, que achei desnecessariamente violento. Afinal quando se tem cena um grupo de personagens adolescentes (alguns ainda garotos) como aqueles, não fica muito bem esse tipo de situação. Os roteiristas deveriam ter optado por outro caminho, mais adequado.

Pablo Aluísio.

Febre da Selva

Título no Brasil: Febre da Selva
Título Original: Jungle Fever
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Spike Lee
Roteiro: Spike Lee
Elenco: Wesley Snipes, Annabella Sciorra, Samuel L. Jackson, John Turturro, Anthony Quinn, Spike Lee, Halle Berry, Ossie Davis

Sinopse:
Em Nova Iorque, durante a década de 1990, Flipper Purify (Wesley Snipes) se envolve com Angie Tucci (Annabella Sciorra). O que poderia ser um caso como tantos outros, acaba causando muitas reações negativas nos familiares e amigos do casal. A razão? Ele é negro e ela faz parte da comunidade italiana da cidade, cusando todo tipo de reações preconceituosas das pessoas próximas.

Comentários:
Nesse filme o diretor e roteirista Spike Lee voltou a tratar da questão racial nos Estados Unidos. Para demonstrar como o preconceito também pode afetar os relacionamentos pessoais, ele colocou como protagonistas de seu filme um casal, formado por um homem negro e uma mulher branca, de origem italiana. Eles se conhecem, gostam um do outro e começam a se relacionar. O problema são os amigos, parentes, vizinhos, todos querendo atrapalhar o romance, tudo causado pelo preconceito racial. Embora o tema possa parecer pesado em um primeiro momento, levando o espectador a pensar que vai ver um drama, o diretor optou por algo até bem mais leve. Há humor e ironia envolvendo as situações. Não é um filme trágico, como alguns poderiam pensar. E o mais interessante de tudo é que Spike Lee e Samuel L. Jackson, acabaram sendo premiados em Cannes naquele ano, justamente pelo trabalho que fizeram nesse filme. Quem poderia imaginar? Enfim, bom filme, tratando de um tema relevante, mas sem exagerar nas tintas dramáticas, o que no final se revelou ser uma decisão acertada do diretor.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

O Operário

Título no Brasil: O Operário
Título Original: The Machinist
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Filmax Group
Direção: Brad Anderson
Roteiro: Scott Kosar
Elenco: Christian Bale, Jennifer Jason Leigh, Michael Ironside, Aitana Sánchez-Gijón, John Sharian, Anna Massey

Sinopse:
O operário Trevor Reznik (Christian Bale) começa a ter surtos psiquiátricos. Ele vê pessoas que não existem, começa a desenvolver uma mania de perseguição, espasmos de paranoia e a ouvir vozes. Com a mente em desordem e uma grave insônia, ele começa a ver sua vida desmoronar, tanto no trabalho, como também em sua vida pessoal. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor ator (Christian Bale).

Comentários:
Christian Bale surpreendeu nesse filme. Ele perdeu muitos quilos, ficou magérrimo e praticamente desapareceu dentro de seu personagem. Sua dedicação, diria até obsessão, em emagrecer lhe valeu uma indicação ao Oscar, mas também problemas de saúde que até hoje o acompanham. Está praticamente irreconhecível na pele desse personagem, um trabalhador comum, que começa a enlouquecer. Pelo próprio tema o filme tem um clima pesado, praticamente sufocante. A fotografia é toda em tons de cinza, não surgindo cores no caminho desse sofrido homem que submerso em delírios, acaba ficando sabendo sem saber o que é fruto de sua insanidade e o que é real. O roteiro é bem escrito, mas depois de muitos anos assistindo a filmes como esse, devo dizer que matei a charada cedo demais. Fica claro que o personagem de Bale não está bem, que sofre de algum problema mental. Então quando pessoas só aparecem para ele e ninguém mais, fica meio óbvio que se trata de alucinações de sua mente. É um filme tenso, diria nada agradável, mas que como cinema surge tratando de temas relevantes. Se a questão lhe interessa de alguma maneira, não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

Roger e Eu

Título no Brasil: Roger e Eu
Título Original: Roger & Me
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Moore
Roteiro: Michael Moore
Elenco: Michael Moore, Roger B. Smith, Rhonda Britton, James Blanchard, Pat Boone  Anita Bryant

Sinopse:
Documentário em que o diretor e roteirista  Michael Moore vai atrás do presidente da GM, o poderoso executivo Roger B. Smith. Moore quer entender como a indústria automobilística fechou centenas de fábricas nos Estados Unidos, levando milhares de empregos para o oriente, em especial para a China. Em tom de ironia mordaz ele usa o documentário para revelar a ganância dos industriais americanos.

Comentários:
Muito bom esse documentário que revela um lado cruel, que liquidou milhões de empregos nos Estados Unidos. Michael Moore viveu em Detroit, na sua era de ouro, quando as grandes empresas fabricantes de automóveis tinham suas sedes justamente nessa cidade. Então, a partir da década de 1970, fábrica por fábrica foi fechando suas portas. A indústria americana estava falida? Não, não mesmo. Os executivos apenas decidiram transferir as fábricas para o oriente, onde os trabalhadores trabalhavam pela metade (ou menos) do salário de um operário americano. Onde não existiam leis trabalhistas e onde o capitalismo era realmente selvagem, apesar da fachada de socialismo, como acontecia com a China. Michael Moore passa o documentário inteiro tentando arrancar uma entrevista do presidente da General Motors, mas isso na verdade é secundário. O que ele quer mesmo é mostrar como uma extensa parte dos Estados Unidos se tornou o "cinturão da ferrugem", onde fábricas foram fechadas, sobrando apenas galpões com materiais enferrujados. E nesse processo milhões de empregos foram pulverizados. Uma situação triste que até hoje perdura. O próprio presidente Trump disse que resolveria essa situação, mas na verdade nada vez em seu mandato. Quem acabou pulverizado pelas urnas foi ele mesmo. Enfim, assista esse documentário. Ele é muito revelador dos mecanismos que movem uma economia globalizada.

Pablo Aluísio.