domingo, 10 de março de 2013

A Fuga

Título no Brasil: A Fuga
Título Original: Deadfall
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Stefan Ruzowitzky
Roteiro: Zach Dean
Elenco: Eric Bana, Olivia Wilde, Charlie Hunnam, Sissy Spacek, Kris Kristofferson
  
Sinopse:
Dois irmãos, Addison (Eric Bana) e Liza (Olivia Wilde), decidem entrar no mundo do crime. Eles estão cansados do fracasso e da falta de esperanças de um futuro melhor. Assim resolvem agir, mesmo sem pensar muito nas consequências. Dessa forma eles colocam em execução um assalto. As coisas porém não saem como eles pensavam e acabam tendo que fugir para sobreviver. Em fuga após esse roubo em um cassino, eles partem em direções opostas com consequências graves para todos os que cruzam seus caminhos.

Comentários:
Tentativa de transformar o ator Eric Bana em herói de ação ou algo nesse sentido. A trama de “A Fuga” é, em muitos momentos, confusa e inverossímil, mas vamos a ela: Dois irmãos, Addison (Eric Bana) e Liza (Olivia Wilde), assaltam um cassino indígena (muito comum nos EUA) e fogem logo em seguida. Para azar deles, acabam sofrendo um acidente na fuga. Após Addison matar um policial a dupla se separa. Addison tenta escapar a todo custo e Liza acaba pegando carona com um boxeador, Jay (Charlie Hunnam), que está a caminho da casa dos pais para passar o dia de ação de graças (popular feriado americano). Na viagem acabam descobrindo que estão se apaixonando um pelo outro. A partir daí Addison vai se tornando cada vez mais violento enquanto Liza vai ficando cada mais envolvida com o boxeador Jay. “A Fuga” tem alguns problemas básicos. Algumas situações soam forçadas demais: o envolvimento de Jay, o boxeador, com a caronista e criminosa Liza, não consegue convencer muito, mais parecendo uma armação para uma apoteose violenta e irascível. O personagem Addison de Eric Bana vai aos poucos se tornando um psicopata sedento de sangue, sem qualquer motivo aparente que justifique esses atos. Ao que parece tudo não passa de um artifício do roteiro para agradar ao público de produções gore. Referencias a filmes noir e de western surgem aqui e acolá, mas também não conseguem empolgar. De bom apenas aquele clima decadente que sempre ronda as famílias mais pobres dos EUA, aquelas que vivem no limite da sobrevivência em estados nevados e esquecidos. Outro ponto positivo é a chance de rever os veteranos Sissy Spacek e Kris Kristofferson, produtivos e atuando com dignidade. No mais fica aquele gostinho de leve decepção. O filme não conseguiu mesmo ser tão bom quanto poderia.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de março de 2013

Dezesseis Luas

Rei morto, rei posto! Já que a franquia “Crepúsculo” chegou ao seu final Hollywood tratou de adaptar outra obra literária para tentar repetir as maravilhosas bilheterias dos vampiros que brilham ao sol. Aqui temos novamente um casal improvável que tem que cultivar seu romance no meio de questões sobrenaturais. Se em “Crepúsculo” tínhamos o amor adolescente de uma humana com um vampiro aqui em “Dezesseis Luas” temos a paixão brotando entre um garoto humano e uma jovem pertencente a um clã de poderes sensitivos que transita entre a luz e as trevas. A cada nova geração os novos membros precisam se decidir se vão abraçar o lado bom ou não de seus poderes transcendentais. Embora o estúdio tenha nos últimos meses se esforçado para esclarecer que “Dezesseis Luas” nada tem a ver com a saga “Crepúsculo” a verdade é que há mais semelhanças do que diferenças entre os dois filmes. Esse aqui inclusive se propõe a ser uma nova franquia milionária – isso se conseguir se destacar nas bilheterias com sucesso, é óbvio.

O curioso é que tal como acontecia em “Crepúsculo” aqui também temos uma atriz principal que se destaca por ser muito apática e sem carisma. Estou falando de Alice Englert que não consegue passar uma grande atuação no filme. Ela é filha da diretora de “O Piano”, Jane Campion, mas parece não ter herdado muito talento da mãe e não diz a que veio. O seu par romântico também não é grande coisa pois Alden Ehrenreich faz Robert Pattinson parecer Laurence Olivier tamanha sua falta de jeito nas cenas mais emblemáticas do longa. Se o filme não vale pelas atuações pelo menos a trilha sonora é boa, recheada de boas canções, algumas inclusive pequenos clássicos da música americana. Outro ponto positivo é a coleção de citações literárias que desfilam pela tela o que cria uma situação mais do que curiosa.  Apesar da atriz ser fraca seu personagem tem boas falas e diálogos o que salva de certo o filme de cair no marasmo constrangedor de se acompanhar apenas mais um romance adolescente em um universo de realismo sobrenatural fantástico. Enfim é isso. Eu aconselho o filme às fãs de “Crepúsculo”, pois como elas agora estão órfãs de sua franquia preferida possa ser que venham a gostar desse novo “Dezesseis Luas”. Na dúvida arrisquem meninas!

Dezesseis Luas (Beautiful Creatures, Estados Unidos, 2013) Direção: Richard LaGravenese / Roteiro: Richard LaGravenese / Elenco: Alden Ehrenreich, Alice Englert, Susan Lynch, Iain Glen, Jake D'Arcy, Rachel Weisz, Tom Mannion, Maurice Roëves / Sinopse: Garoto excluído em sua escola acaba se apaixonando por uma novata muito especial que aparenta ter poderes sobrenaturais!

Pablo Aluísio.

Desejo e Reparação

Uma boa crônica sobre o poder do equívoco e da mentira. Tudo camuflado em uma neblina de preconceito social. Assim podemos definir “Desejo e Reparação”. Na estória uma jovem de 13 anos chamada Briony (Saoirse Ronan, sempre expressiva) acusa um rapaz de ter cometido um estupro contra sua própria prima! Não há provas disso e tudo é fruto de mera presunção e suposição, sem qualquer base na realidade. Nem é preciso esclarecer os inúmeros problemas que isso causa dentro do meio social uma vez que a trama se passa na Inglaterra aristocrática da década de 1930. “Desejo e Reparação” faz parte daquele estilo de filme que explora os costumes da sociedade extremamente rígida daquele país. Como se sabe na Inglaterra as chamadas castas sociais são bem definidas. Existe a nobreza e a aristocracia no topo da sociedade e a classe trabalhadora bem abaixo. Embora convivam quase nunca se tocam de maneira mais privada. O filme explora muito bem esse aspecto ao colocar uma jovem da classe mais abastada acusando um rapaz da classe trabalhadora de um crime infame, mesmo sem qualquer meio de prova consistente. Ele é filho da governanta da casa e só conta com o apoio da irmã mais velha da acusadora, Cecília (Keira Knightley, em boa atuação), que acredita em sua inocência. 

“Desejo e Reparação” é uma ótima adaptação do best seller “Reparação” escrito pelo autor Ian McEwan. O texto procura desvendar as grandes e pequenas hipocrisias que geralmente se formam em sociedades de castas como a inglesa. A justiça e a lei tratam de forma diversa o acusado conforme sua origem, sua casta de nascimento. Aos ricos e bem nascidos a lei disponibiliza todas as benesses existentes, aos pobres e membros das castas inferiores só resta a dura repressão legal. Assim que é acusado o jovem Robbie é imediatamente encarcerado sem direito a apelação. A palavra da garota rica vale como verdade absoluta embora fique longe de ser. Joe Wright, o diretor, já havia mostrado boa sensibilidade em temas assim com o excelente “Orgulho e Preconceito” em 2006 e volta a mostrar habilidade aqui. Ele prioriza o poder da sugestão, nunca caindo no lugar comum ou na vulgaridade. Também mostra grande talento na direção de atores arrancando ótimas atuações, principalmente do trio principal que consegue manter o interesse do espectador do começo ao fim do filme. A sofisticação e elegância arrancaram elogias da crítica mundo afora e “Desejo e Reparação” logo ganhou status de grande arte. A produção foi indicada a sete prêmios da Academia, entre eles melhor Filme, melhor atriz coadjuvante (Saoirse Ronan), melhor fotografia (Seamus McGarvey) e melhor roteiro adaptado (escrito por Christopher Hampton e baseado no livro de Ian McEwan). Acabou vencendo apenas o Oscar de melhor trilha sonora (Dario Marianelli). Já no Globo de Ouro se saiu melhor sendo premiado como Melhor Filme Dramático do ano. Prêmio mais do que merecido.

Desejo e Reparação (Atonement, Estados Unidos, 2007) Direção: Joe Wright / Roteiro: Christopher Hampton / Elenco: Keira Knightley, James McAvoy, Romola Garai, Saoirse Ronan, Brenda Blethyn, Vanessa Redgrave, Juno Temple / Sinopse: Garota de família rica acusa jovem filho da governanta de ter cometido um estupro o que o coloca em uma situação extremamente delicada, mesmo sendo inocente das acusações.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer

Sempre que a carreira começa a declinar o ator Bruce Willis tira seu grande trunfo da manga e começa a se envolver em mais um filme da franquia Duro de Matar. Esse aqui é o quinto da série que definitivamente já teve dias melhores. O roteiro é bem fraco e a tentativa de usar os russos como vilões soa datada e fora de propósito (alguém por favor deveria avisar a esses roteiristas que a Guerra Fria acabou há muito tempo!). Para piorar a trama também não é das mais inspiradas e deixa muito a desejar. No filme o tira John McClane (Bruce Willis) descobre que seu filho está em apuros no outro lado do mundo, na gelada e distante Rússia! Jack (Jai Courteney) está em uma prisão que parece ter saído dos tempos de Stalin. Para piorar há toda uma disputa para se colocar as mãos em armas nucleares que mais cedo ou mais tarde poderiam ser comercializadas para terroristas internacionais. A solução? Muita ação e pancadaria ministradas por McClane e seu filho problema.

Agora a constatação mais surpreendente dessa produção: apesar das inúmeras explosões, apesar das cenas de ação sem freios e tudo mais o filme não consegue escapar do tédio absoluto. É a tal coisa, filmes de ação para funcionarem bem precisam ter um certo recheio, personagens que realmente nos façam se importar com eles. Não é o caso do filho de John McClane. Em certo momento deixamos simplesmente de torcer por ele pois tanto faz que sobreviva ou não. Até mesmo Bruce Willis demonstra uma certa expressão de enfadonho no meio das cenas impossíveis de ação. Ao que parece esse foi mesmo um roteiro que não empolgou ninguém – embora o filme mais uma vez tenha alcançado uma boa bilheteria que em última análise é fruto direto da força do nome comercial da franquia e nada mais. Assim é impossível não ficar com gostinho de decepção no final da sessão pois não é um filme marcante e nem muito menos inteligente. É ação requentada dos filmes mais simplórios da década de 80. O problema é que não estamos mais nos anos 80 e Bruce Willis já não soa como um ator tão bacana como era há 30 anos atrás. Já está na hora de pendurar as metralhadoras.

Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer (A Good Day to Die Hard, EUA, 2013) Direção: John Moore / Roteiro: Roderick Thorp, Skip Woods / Elenco: Bruce Willis, Patrick Stewart, Jai Courtney, Cole Hauser, Amaury Nolasco, Megalyn Echikunwoke,/ Sinopse: O policial americano John McClane (Bruce Willis) vai até Moscou para resgater seu filho Jack (Jai Courteney) que se encontra prisioneiro de um grupo de terroristas internacionais.

Pablo Aluísio.

Lolita

Sempre foi muito polêmica a obra Lolita. O livro de autoria do escritor Vladimir Nabokov sempre despertou reações extremas. Acusado de ser pornográfico e incentivador da pedofilia, o texto causou reações quando foi publicado e continuou a causar debates acalorados quando foi adaptado para as telas. A primeira adaptação para o cinema foi realizada em 1961 e foi dirigida pelo mestre Stanley Kubrick. Desnecessário dizer que o cineasta foi acusado de praticamente tudo com seu lançamento. Na época o estúdio foi bombardeado com uma avalanche de cartas de protestos pelo fato de ter sido produzido um filme em cima do livro “maldito” de Nabokov. A bilheteria não foi expressiva e por muitos anos “Lolita” ficou de lado. Até que em 1997 o diretor Adrian Lyne resolveu se unir ao produtor de “Rambo”, Mario Kassar, para trazer de volta o livro às telas. Apesar de tanto tempo ter passado as reações contra o filme não se apaziguaram. O tema continua tão explosivo quanto antes e o filme novamente enfrentou protestos e boicotes, tanto que acabou indo parar diretamente na TV nos Estados Unidos (o circuito comercial não resolveu arriscar a exibição do filme em cinemas convencionais).

E afinal porque tanta celeuma? Do que afinal se trata “Lolita”? Bom, o enredo é relativamente muito simples e direto: Mr. Humbert (Jeremy Irons) é um escritor em crise, que enfrenta as desilusões da meia-idade chegando. Sua melancolia porém chega ao fim quando algo extraordinário ocorre em sua vida. Sem idéias novas para seu novo livro ele acaba prestando atenção numa garota de 12 anos (interpretada por Dominique Swain) que está chegando na puberdade. No começo Humbert resiste aos pensamentos mais ardentes em relação à garota mas aos poucos começa a perceber que ela não só começou a perceber suas reais intenções como também passou discretamente a incentivar seu flerte inconseqüente. É óbvio que um enredo desses pode perturbar uma boa parcela da sociedade mas de maneira em geral o diretor Lyne criou um filme nada ofensivo, baseado muito mais na sugestão do que na vulgaridade. A garota, como não poderia deixar de ser, tem pensamentos bobos e infantis o que acaba despertando ainda mais o desejo do escritor mais velho. O elenco é liderado por Jeremy Irons, ator de muitos recursos que prefere aqui a sutileza, a discrição em cada momento. Outro excelente ator em cena é Frank Langella, novamente em bom momento na carreira. “Lolita” é interpretada pela jovem Dominique Swain que apesar de pouca idade não compromete. O tom é de erotismo leve, por essa razão não há motivos para se sentir ofendido. O filme seguindo a tradição do original de Kubrick tem bela e sofisticada direção de arte que ajuda a suavizar o tema central da obra. No fundo “Lolita” é mais uma produção romântica do que qualquer outra coisa. A paixão do escritor é praticamente toda platônica e sem se preocupar com julgamentos morais ele vai expondo seu ponto de vista no decorrer do filme. De qualquer modo, e apesar da polemica, vale a recomendação.

Lolita (Lolita, Estados Unidos, 1997) Direção: Adrian Lyne / Roteiro: Stephen Schiff baseado na obra de Vladmir Nabokov / Elenco: Jeremy Irons, Melanie Griffith, Frank Langella, Dominique Swain, Suzanne Shepherd, Keith Reddin / Sinopse: O filme narra a complicada atração de um escritor mais velho, em plena meia-idade, que começa a se sentir atraído por uma ninfeta de apenas 12 anos, a doce e inocente Lolita!

Pablo Aluísio.

Jerry Maguire

Depois do grande sucesso de “Entrevista com o Vampiro”, o ator Tom Cruise entrou de cabeça em um projeto diferente. Um drama com ares de romance ambientando no competitivo mundo dos esportes, seus promotores e empresários. Dirigido pelo jovem cineasta Cameron Crowe e co-estrelada pela bonita atriz texana Renée Zellweger o filme acabou surpreendendo pelos bons números de bilheteria e pela ótima receptividade perante a crítica. O roteiro é uma alegoria sobre os sonhos de cada um e o desejo de torná-los realidade. A trama mostra a virada de vida de um agenciador de esportes bem sucedido, Jerry Maguire (Tom Cruise), que em determinado momento de sua vida começa a ter uma crise de consciência sobre o tratamento que é imposto aos atletas que sua agência tem como clientes. Ele resolve então escrever um manifesto bem idealista sobre esse aspecto e o distribui entre os demais empregados onde trabalha. O texto basicamente defendia a idéia de se valorizar mais o lado humano do atleta sem se importar tanto com a questão puramente financeira. Uma semana após ele é despedido pela agência por causa disso. Desempregado ele decide começar praticamente do nada, agenciando ele mesmo os desportistas. Infelizmente apenas um jogador de futebol americano, Rod (Cuba Gooding Jr), e a secretária Dorothy (Renée Zellwegger) resolvem acreditar em seu projeto.

Não deixa de ser curioso a existência de um roteiro desses, que mexe com o chamado capitalismo selvagem dos Estados Unidos. Em uma nação onde se valoriza ao extremo a riqueza material o texto ousava propor uma outra visão de vida, calcado muito mais na amizade e no lado mais humano das pessoas. Sua boa mensagem acabou encontrando receptividade. Após seu lançamento o filme foi ganhando cada vez mais prestígio e acabou chegando na noite do Oscar como um dos favoritos. “Jerry Maguire” foi indicado aos Oscars de Melhor Ator (Tom Cruise), Edição, Melhor Filme e Roteiro Original mas acabou vencendo apenas numa categoria improvável, a de Melhor Ator Coadjuvante (Cuba Gooding Jr). O prêmio acabou se transformando numa das maiores zebras da história da Academia pois premiava um ator praticamente desconhecido do grande público que a despeito de seu valor não mostrava grande atuação no filme. Cuba aliás foi acertado em cheio pela tal “maldição do Oscar” pois após esse filme não conseguiu mais manter uma carreira em um bom nível artístico, estrelando várias produções medíocres em sucessão (situação em que se encontra até os dias atuais). Já Tom Cruise ficou novamente de mãos abanando. Talvez Cruise seja bem sucedido demais ou antipatizado em demasia pelos demais membros da Academia mas o fato é que ele não consegue vencer o prêmio de melhor ator, ficando eternamente na fila. De um jeito ou outra fica a dica de Jerry Maguire, um filme que ousa criticar um dos pilares da mentalidade norte-americana onde primeiro vem o dinheiro e só depois o ser humano. 

Jerry Maguire (Jerry Maguire, Estados Unidos, 1996) Direção: Cameron Crowe / Roteiro: Cameron Crowe / Elenco: Tom Cruise, Cuba Gooding Jr., Renée Zellweger, Kelly Preston, Jerry O'Connel / Sinopse: Após perder o emprego por ser idealista demais um agenciador esportivo, Jerry Maguire (Tom Cruise) resolve seguir trabalhando de forma independente. Na realização de seu sonho porém só conta com o apoio de duas pessoas, uma secretária apaixonada por ele e um exótico jogador de futebol americano. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator de Comédia e Musical (Tom Cruise) e indicações nas categorias de Melhor Filme de Comédia e Musical e Ator Coadjuvante (Cuba Gooding Jr).
   
Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Poseidon

Se trata de mais uma refilmagem de um filme da década de 70. Depois do remake de “A Profecia” os produtores de Hollywood, sem idéias novas, resolveram trazer de volta o navio Poseidon. Quem tem mais de 30 anos certamente conhece o filme original campeão de reprises da Rede Globo. É uma estória ficcional mas completamente inspirada no Titanic. O luxuoso Poseidon nada mais era do que uma alegoria sob nova roupagem do navio famoso da história. O filme original, “O Destino do Poseidon” é um clássico do chamado cinema-catastrofe que tanto sucesso fez naqueles anos da discoteca. Os roteiros desses filmes seguiam uma fórmula simples. Geralmente um grande elenco (formado na maioria das vezes por veteranos nas telas) era colocado numa situação limite, seja um terremoto, um arranha-céu em chamas ou em um naufrágio monumental. Basta lembrar dos filmes “Terremoto”, “Inferno na Torre” ou “Aeroporto” para entender do que se trata. Aqui tudo é recriado com efeitos digitais de última geração (inexistentes há 40 anos). O enredo é praticamente o mesmo do filme original: uma onda gigante vira um enorme transatlântico de cabeça para baixo. Para sobreviver um grupo de passageiras tenta chegar a alguma saída enquanto o navio não afunda de uma vez por todas.

Tal como acontecia nos filmes catástrofes da década de 70 aqui também temos um elenco numeroso de atores veteranos tentando alcançar uma nova chance de sucesso nos cinemas. O elenco é encabeçado por Kurt Russell, um ator bacana que não tem tido muita sorte com seus filmes mais recentes. Juntam-se a ele Richard Dreyfuss (de “Tubarão”, outro filme símbolo do cinema da década de 70) e Emily Rossum (que parece ter tomado gosto pela tragédia haja vista seu filme anterior, “O Dia Depois do Amanhã). Josh Lucas também está no elenco mas sua atuação é completamente indigna de qualquer comentário. O diretor é o irregular Wolfgang Petersen que ao longo da carreira alternou filmes criativos (O Barco – Inferno em Alto Mar) com produções eficientes (Mar em Fúria, Força Aérea Um) e equívocos históricos (Tróia). Dentro dessa lista “Poseidon” pode ser considerada uma de suas obras mais fracas, derivativas e sem novidades. Particularmente não gosto de remakes pois eles soam sempre como caça-níqueis oportunistas sem qualquer razão de ser. Esse é mais um filme que se enquadra nessa categoria. Só vale mesmo pelos efeitos digitais mas esses também acabam cansando após certo tempo. Assim o melhor mesmo é assistir ao filme original que pode estar datado e ultrapassado mas que certamente mantém o charme dos filmes da década de 70.

Poseidon (Poseidon, Estados Unidos, 2006) Direção: Wolfgang Petersen / Roteiro: Paul Attanasio, Akiva Goldsman, Shirow Masamune, Mark Protosevich baseados no filme “O Destino do Poseidon” / Elenco: Josh Lucas, Kurt Russell, Jacinda Barrett, Richard Dreyfuss, Jimmy Bennett, Emmy Rossum, Mike Vogel, Mía Maestro, Andre Braugher, Kevin Dillon, Freddy Rodríguez / Sinopse: Onda gigantesca vira o navio Poseidon de cabeça para baixo. Agora os passageiros lutarão para saírem vivos daquela situação terrível.

Pablo Aluísio.

Aliens, O Resgate

Após entrar em contato com uma entidade biológica desconhecida toda a tripulação de uma nave espacial é morta, com exceção da tenente Ripley (Sigourney Wever). Agora ela terá que lidar novamente com a ameaça alienígena que volta mais mortal e sanguinário do que nunca. Segundo filme da extremamente bem sucedida franquia Aliens. Se no primeiro filme “Alien, o Oitavo Passageiro” o foco era completamente voltado para o terror psicológico nessa seqüência o diretor James Cameron investe pesado nas cenas de ação e pancadaria. Era previsível. James Cameron estava envolvido com o filme “Rambo II – A Missão” que havia se tornado um enorme sucesso de bilheteria. O cinema de ação da década de 80 estava no auge e assim o filme “Aliens – O Resgate” seguiria por essa linha que vinha se mostrando extremamente bem sucedida do ponto de vista comercial. A tensão e o clima sufocante de “Alien o Oitavo Passageiro” daria lugar a um filme de ação incessante e um final extremamente marcante para os fãs do gênero.

É óbvio que a mudança de rumos na saga Aliens trouxe algumas críticas para o trabalho de Cameron. Para muitos críticos a ação de “Aliens, o Resgate” soava gratuita e o roteiro não conseguia avançar adiante sobre as origens da estranha forma alienígena. Era um retrocesso. O lado mais pertinente sobre a criatura havia sido deixado de lado para se concentrar em cenas espetaculares de lutas e conflitos no meio do espaço entre a tenente Ripley, agora alçada a categoria de uma super combatente, e o monstro do espaço que continuava sem ter uma melhor explicação sobre seu surgimento ou origem. Olhando em retrospectiva temos que admitir que não era muito justificada essa visão. É óbvio que James Cameron e Ridley Scott eram cineastas bem diferentes. O primeiro visava realmente a pura diversão sem maiores preocupações sobre de onde veio e qual seria o propósito do monstro espacial. Já Ridley procurava mesmo algo a mais, sempre deixando subentendido em seu filme que haveria algo muito maior por trás do aparecimento dessa mortal entidade predatória (tema que levaria em frente anos depois no filme “Prometheus”). Assim “Aliens, o Resgate” fica bem longe dos conceitos do primeiro filme mas como diversão pura se sai melhor. Não é um filme intelectualmente brilhante mas dentro de suas propostas cumpriu bem sua função.

Aliens, o Resgate (Aliens, Estados Unidos, 1986) Direção: James Cameron / Roteiro: James Cameron, David Giler / Elenco: Sigourney Weaver, Michael Biehn, Carrie Henn / Sinopse: Após os acontecimentos do filme “Alien O Oitavo Passageiro” a tenente Ripley (Sigourney Weaver) tem que enfrentar novamente a terrível entidade alienígena numa luta de vida ou morte. Vencedor do Oscar de Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Justiça a Qualquer Preço

Nos Estados Unidos os prisioneiros de alta periculosidade são acompanhados e passam por um programa de vigília por parte do Estado após deixarem a prisão. Essa é a principal função do agente Errol (Richard Gere), acompanhar, visitar e principalmente vigiar ex-presidiários que cumpriram pena por crimes sexuais. Nas vésperas de sua aposentadoria ele recebe também a incumbência de treinar uma nova policial que irá exercer essa função daqui em diante. Ela é Allison (Claire Danes) que logo descobre que seu parceiro é na verdade um tira durão que usa e abusa de métodos ilegais para manter na linha criminosos perigosos. No começo ela até tenta ignorar a brutalidade do agente Errol mas as coisas saem do controle quando novos crimes são cometidos e o experiente policial passa a desconfiar de um antigo presidiário que agora está nas ruas, livre. Adotando uma postura de fazer justiça com as próprias mãos ele então sai no encalço do ex-detento sem ligar muito para as leis e as regras éticas que norteiam e regulam seu serviço. Essa atitude o levará a entrar em choque com a nova agente.

“Justiça a Qualquer Preço” é mais uma tentativa de levantar a carreira de Richard Gere. O ator de tantos filmes bons e interessantes em sua longa filmografia não parece disposto a se aposentar (ao contrário de seu personagem aqui que está farto de anos e anos de convívio com a pior escória do sistema prisional). A boa notícia é que o filme não é ruim e Gere segura dignamente as pontas. Ao seu lado surge Claire Danes, uma atriz de que gosto muito. Ela inclusive atualmente passa pela melhor fase de sua carreira com a série de grande sucesso “Homeland”. Claire é muito talentosa e na série demonstra bem isso em um papel particularmente complicado (a de uma agente da CIA Bipolar). Já aqui em “Justiça a Qualquer Preço” ela não tem a mesma oportunidade de mostrar todo o seu talento mas está novamente atuante bem. O filme foi dirigido por um cineasta importado de Hong-Kong, famoso centro oriental de filmes de ação. Lau Wai-keung (que assina a direção como Andrew Lau) tem tentado desde então acertar no mercado americano. Como se trata de uma produção tipicamente de estúdio ele não tem muita oportunidade de alcançar vôos mais altos mas de qualquer forma entregou um bom produto, um filme policial movimentado e bem realizado que apesar de não ser muito inovador em nada entretém e diverte. Para uma noite particularmente tediosa e sem coisa melhor para assistir até que “Justiça a Qualquer Preço” pode se tornar um bom passatempo.

Justiça a Qualquer Preço (The Flock, Estados Unidos, 2007) Direção: Andrew Lau / Roteiro: Hans Bauer, Craig Mitchell / Elenco: Richard Gere, Claire Danes, Ed Ackerman, Dwayne L. Barnes, Josh Berry, Frank Bond, Twink Caplan, Blake Catherwood / Sinopse: Agente veterano (Richard Gere) tem que lidar com criminosos violentos que acabam de deixar a prisão ao mesmo tempo em que ensina o ofício para uma agente novata (Claire Danes) que está chegando para lhe substituir após sua aposentadoria.

Pablo Aluísio.

Karatê Kid - A Hora da Verdade

Esse é um dos clássicos do cinema jovem da década de 1980. Com personagens carismáticos e enredo bem bolado (embora sem surpresas), Karatê Kid caiu no gosto popular se tornando um grande sucesso de bilheteria. E qual era a fórmula do sucesso? A mesma de sempre. Um personagem fisicamente fraco e humilhado se rebela contra essa situação e através de treino e esforço ministrado por seu mestre consegue provar seu valor. Embora seja uma simplificação do enredo de “Karatê Kid” é basicamente nisso que se resume o filme. Na trama acompanhamos os problemas de Daniel Larusso (Ralph Macchio) e sua mãe (Randee Heller) que chegam para morar na ensolarada Califórnia. Para quem vivia na poluída New Jersey já era um avanço e tanto. Na nova cidade porém as coisas não saem muito bem para o jovem Larusso. Fisicamente franzino ele é constantemente intimidado pelos valentões locais. A única coisa positiva é sua amizade com Ali Mills (Elisabeth Shue), garota bonita e simpática que logo se torna próxima de Daniel. O problema é que como toda garota bonita ela também tem um ex-namorado forte e estúpido chamado Johnny (William Zabka) que junto de sua gangue de amigos começam a perturbar a paz e o sossego de Daniel. E quando os valentões se juntam para espancar Daniel eis que surge o Sr. Miyage (Pat Morita), um mestre de artes marciais que coloca o bando inteiro para correr!

Começa assim uma bela amizade entre Daniel e Miyage, abrindo as portas do roteiro para mostrar as diferenças entre o modo de ser e pensar dos orientais em contraste com o pensamento pragmático dos ocidentais. É óbvio que Karatê Kid tem muitos clichês, é claro que não estamos na presença de uma obra de arte cinematográfica das mais importantes, mas é verdade também que o filme é dos mais carismáticos da safra jovem da década de 80, sempre lembrado com carinho pelos cinéfilos em geral. O grande trunfo é, além da boa presença de cena do ator Ralph Macchio, o belo entrosamento que surge com seu parceiro Pat Morita. A relação não é tanto de mestre para aluno mas sim de amigos que passam juntos por dificuldades (Miyage sempre tentando entender o modo de ser dos americanos e Daniel tentando superar os problemas que tem com o brutamontes que quer lhe dar uma surra!). O filme assim sobrevive não apenas pelas cenas de lutas mas pelo roteiro bem trabalhado em cima da amizade entre os protagonistas. O filme fez tanto sucesso que deu origem a várias continuações (infelizmente não tão boas quanto esse primeiro filme). De qualquer forma fica a dica – e antes que me esqueça fica o conselho também: esqueça o remake feito com o filho do ator Will Smith pois é simplesmente horrendo! Prefira o original, sempre!

Karatê Kid – A Hora da Verdade (The Karate Kid, Estados Unidos, 1984) Direção: John G. Avildsen / Roteiro: Robert Mark Kamen / Elenco: Ralph Macchio, Pat Morita, Elisabeth Shue, Martin Kove, Randee Heller, William Zabka, Ron Thomas / Sinopse: Daniel (Ralph Macchio) é um jovem colegial, vítima de ameaças de um bando de valentões, que se une ao mestre de Karatê Sr. Miyagi (Pat Morita) que irá lhe ensinar os segredos dessa arte marcial milenar para se defender de seus agressores. Indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Pat Morita).

Pablo Aluísio.