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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O Grande Hotel Budapeste

Título no Brasil: O Grande Hotel Budapeste
Título Original: The Grand Budapest Hotel
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Stefan Zweig, Wes Anderson
Elenco: Ralph Fiennes, F. Murray Abraham, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton

Sinopse:
Em um hotel decadente, que já fora um dos mais luxuosos e requintados do passado, o Sr. Moustafa (F. Murray Abraham) relembra a um escritor como se tornou dono do estabelecimento, desde os anos 1930, quando pisou pela primeira vez no local para um de seus primeiros empregos, de mensageiro. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção, Melhor Ator - Comédia ou Musical (Ralph Fiennes) e Melhor Roteiro. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Comédia ou Musical. Filme vencedor do Oscar 2015 nas categorias de Melhor Trilha Sonora Original (Alexandre Desplat), Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Penteado e Melhor Direção de Arte.

Comentários:
Quem conhece o estilo do diretor Wes Anderson certamente não vai se surpreender muito. Ele tem uma estética toda própria e a utiliza para contar suas histórias incomuns. Por outro lado considerei esse um de seus filmes mais simpáticos e bem realizados. Longe de seus conhecidos exageros o cineasta conseguiu ser fiel à sua forma sui generis de fazer cinema ao mesmo tempo em que conseguiu tornar seu filme bem mais acessível ao grande público. Não há como negar que é um trabalho honesto e muito íntegro em seus objetivos. A direção de arte é um show à parte, com soluções visuais de muito bom gosto. O roteiro também me deixou extremamente satisfeito pois tem ótimos diálogos, principalmente os provenientes do personagem Mr. Gustave (Ralph Fiennes). Um tipo tão pedante que faz rir. Aqui abro um pequeno parêntese para elogiar o surpreendente feeling para comédias por parte de Ralph Fiennes. Ator talentoso que sempre se destacou por dramas pesados em produções requintadas e de estilo, mostra completa desenvoltura com o humor, um lado de sua personalidade que eu ainda desconhecia. Aqui ele dá vida a um grã-fino mordomo que nem pensa duas vezes antes de seduzir senhoras idosas e... ricas! Um canastrão, levemente mal caráter, que acaba ganhando a simpatia do espectador por causa de seu jeito um tanto quanto distante do mundo real. 

Outro fato que considero digno de elogios vem da estrutura narrativa de seu enredo. São três saldos temporais, o primeiro mostrando um velho autor ditando suas lembranças de como escreveu o grande livro de sua vida. O segundo, décadas antes, quando esse mesmo escritor conheceu a história do misterioso dono do hotel Budapeste e por fim um novo recuo no tempo explorando os anos 1930 quando esse mesmo homem rico chegou pela primeira vez no grande hotel para trabalhar como um mero mensageiro. Nem preciso dizer que as três linhas narrativas se completam maravilhosamente bem. Por fim e não menos importante temos que elogiar praticamente todo o elenco - e por falar nisso que elenco é esse?! Grandes astros, atores de primeiro time, todos empenhados em fazer o filme dar certo. Alguns só aparecem em breves momentos e outros mal possuem duas linhas de diálogo para falar. Mesmo assim cada um tem sua importância na trama. Enfim, provavelmente seja uma das comédias mais bem produzidas que assisti em minha vida. Wes Anderson não é um diretor para todos os gostos, mas aqui temos que reconhecer que ele chegou muito perto de realizar a sua grande obra prima. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Cinzas da Guerra

Título no Brasil: Cinzas da Guerra
Título Original: The Grey Zone
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Entertainment
Direção: Tim Blake Nelson
Roteiro: Tim Blake Nelson
Elenco: David Arquette, Harvey Keitel, Steve Buscemi, Allan Corduner, David Chandler
  
Sinopse:
O filme narra a história real do Dr. Miklos Nyiszli (Allan Corduner), um judeu húngaro enviado para Auschwitz. Uma vez lá acaba sendo escolhido por Josef Mengele para lhe auxiliar no setor de patologia do campo de concentração mais infame da história. Em troca de mais algum tempo de vida ele acabou aceitando participar do que os nazistas chamavam de Sonderkommandos - judeus prisioneiros usados pelos nazistas na execução de outros judeus nos campos de execução. Filme indicado ao National Board of Review, Political Film Society e San Sebastián International Film Festival.

Comentários:
Mais um bom filme que explora os horrores que aconteceram nos campos de concentração da Alemanha Nazista. Historicamente é muito interessante porque explora o cotidiano macabro que acontecia em Auschwitz durante o holocausto. Um médico judeu é enviado para lá, mas por suas qualificações profissionais é poupado pelo próprio Mengele de morrer nas câmaras de gás. Assim acaba presenciando em primeira mão a morte de milhares de judeus como ele, nessa verdadeira indústria da morte do Terceiro Reich. Inicialmente fica feliz em pelo menos sobreviver, mas depois a indignação e o dilema moral se tornam tão pesados que resolve se tornar um dos membros de uma conspiração de prisioneiros para tentar fugir daquele verdadeiro inferno na Terra. O filme tem excelente reconstituição histórica e momentos realmente tocantes como na cena em que uma jovem garota de apenas 14 anos consegue sobreviver ao gaseamento de uma das câmaras de gás do campo. Todo o roteiro foi escrito em cima do livro de memórias do próprio Miklos Nyiszli intitulado "Auschwitz - testemunho de um médico" (uma leitura mais do que recomendada). Um triste retrato de um dos períodos históricos mais lamentáveis da humanidade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Sol Nascente

Título no Brasil: Sol Nascente
Título Original: Rising Sun
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Philip Kaufman
Roteiro: Philip Kaufman
Elenco: Sean Connery, Wesley Snipes, Harvey Keitel

Sinopse:
Nos escritórios de uma empresa japonesa, durante uma festa, uma mulher, que é, evidentemente, uma amante profissional, é encontrada morta, aparentemente depois de algum tipo de ritual violento. Um detetive da polícia, Web Smith (Snipes), é chamado para investigar, mas antes de chegar lá, recebe um telefonema de seu superior que lhe instrui para ir acompanhado de John Connor (Connery), um ex-capitão da polícia e especialista em assuntos japoneses. Quando chegam ao lugar do crime, Web e Connor descobrem que há algo terrível por trás daquele assassinato.

Comentários:
Nos anos 1990 os japoneses desembarcaram em Hollywood com a intenção de adquirir as ações dos grandes grupos de entretenimento da costa oeste. Conseguiram mesmo tomar a direção de vários deles, alguns praticamente falidos, e fundaram a poderosa Sony Pictures, que até hoje desempenha papel de ponta dentro do circuito comercial americano de cinema. Essa verdadeira "invasão" despertou o brio patriótico de certos grupos e a consequência disso foi o lançamento de vários filmes em que os japoneses desempenhavam o papel de vilões sem alma. "Rising Sun" veio nessa onda ufanista. Baseado no livro de sucesso do autor de best sellers Michael Crichton, o filme era mais uma tentativa branca de vilanizar os habitantes da terra do sol nascente. O que mais me admirou nessa fita porém nem foi isso, mas sim o fato de ter sido dirigida pelo cineasta cult Philip Kaufman. Para quem dirigiu filmes "cabeça" como "A Insustentável Leveza do Ser" e "Henry & June - Delírios Eróticos", assinar algo assim, tão comercial, soava quase como uma heresia.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Cães de Aluguel

Título no Brasil: Cães de Aluguel
Título Original: Reservoir Dogs
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Live Entertainment
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino, Roger Avary
Elenco: Harvey Keitel, Tim Roth, Michael Madsen, Chris Penn, Steve Buscemi, Quentin Tarantino 

Sinopse: 
Seis criminosos se reúnem para colocar em prática um ousado roubo de diamantes. Para se identificarem usam nomes associados a cores, baseadas em seus temperamentos. Os planos porém não saem como eram imaginados. A polícia consegue entrar no meio do caminho. Agora, irascíveis e violentos, eles fazem um policial de refém em um balcão abandonado. O desafortunado tira logo se torna alvo do sadismo incontrolável de Mr. Blonde (Michael Madsen). A tensão assim vai crescendo e se tornando insustentável, caminhando para um desfecho que logo se tornará um grande banho de sangue.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme de repercussão da carreira do diretor Quentin Tarantino. Na época ele era apenas um diretor completamente desconhecido que só havia dirigido dois filmes antes (um deles inacabado justamente por falta de recursos). Tarantino achava que tinha um grande roteiro em mãos, e foi à luta em busca de alguém que acreditasse no filme. Acabou encontrando apoio no ator Harvey Keitel que realmente ficou fascinado com o material, com o texto e com os ótimos diálogos (que se tornariam a marca registrada de Quentin Tarantino em toda a sua carreira). Após decidir que faria a produção, Harvey Keitel saiu em busca de financiamento ao lado de Tarantino e conseguiu levantar pouco mais de um milhão de dólares de orçamento (uma mixaria em termos de Hollywood). Na base da amizade convocou os demais atores, todos amigos dele (inclusive os excelentes Tim Roth e Michael Madsen). Assim que foi lançado o filme chamou a atenção da crítica por ser visceral, cru e muito violento. Isso porém não era o principal pois "Cães de Aluguel" também trazia uma linguagem diferenciada, bem distante do que se fazia na época em termos de filmes policiais. Inicialmente no circuito alternativo e depois no mercado comercial a produção foi ganhando cada vez mais admiradores, consolidando o caminho de Quentin Tarantino rumo ao estrelato e ao sucesso, posição que até hoje ocupa. Revisto hoje em dia, mais de vinte anos depois de sua chegada aos cinemas, "Reservoir Dogs" ainda mantém o impacto por ser uma obra muito original e esteticamente inovadora. Sua violência nunca se mostra gratuita mas estilizada, invocativa. Um Tarantino de estirpe.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A Chave do Enigma

Título no Brasil: A Chave do Enigma
Título Original: The Two Jakes
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Jack Nicholson
Roteiro: Robert Towne
Elenco: Jack Nicholson, Harvey Keitel, Meg Tilly, Madeleine Stowe, Eli Wallach 

Sinopse: 
J.J. 'Jake' Gittes (Jack Nicholson), o famoso detetive do clássico "Chinatown" retorna às telas para solucionar mais um caso envolvendo assassinato, cobiça, dinheiro e traição. No meio de tudo poderosos interesses corporativos envolvendo a indústria do petróleo americano.

Comentários:
Algumas produções tinham tudo para dar certo mas simplesmente não funcionam. Foi o caso do filme "A Chave do Enigma". Jack Nicholson há anos tinha vontade de voltar para o papel de J.J.Gittes, o detetive de "Chinatown". Afinal aquele tinha sido um de seus personagens preferidos. Pois bem, por anos ele esperou por uma definição de Roman Polanski sobre o material mas esse dia parecia nunca chegar. Para piorar Polanski não podia voltar aos EUA pois seria preso imediatamente assim que colocasse os pés no país (ele havia sido condenado por ter se envolvido com uma garota menor de idade, justamente na casa de Jack durante uma festa). Em 1990 Jack Nicholson perdeu a paciência e resolveu não mais esperar por Polanski. Ao lado do roteirista Robert Towne (o mesmo do filme originaI) ele resolveu colocar seu velho sonho de pé. Afinal de contas com a montanha de dinheiro que havia ganho com "Batman" ele poderia se arriscar... e se arriscou mas infelizmente se deu mal. Assumindo a direção Jack acabou perdendo o controle do projeto. O filme foi considerado confuso, mal editado e o pior de tudo seu roteiro foi considerado muito ruim. Farpas voaram para todos os lados mas quem levou mesmo a culpa por tudo foi o bom e velho Jack. A lição que ele aprendeu é simples: nem sempre o simples ato de querer algo justifica a realização de um projeto cinematográfico. No caso aqui o filme não deveria ter sido feito mesmo, afinal "Chinatown" é uma obra prima que fala por si e nunca precisou de uma continuação. Lição aprendida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

U-571 - A Batalha do Atlântico

Durante a II Guerra Mundial a marinha alemã se destacou por sua grande e poderosa frota de submarinos. Era de fato a espinha dorsal do reich nos mares. Após inúmeras operações um desses submarinos acaba ficando inoperante no Atlântico após ser severamente atacado por navios ingleses. Suas mensagens de socorro acabaram sendo interceptadas pelos serviços de inteligência dos aliados que imediatamente mandam um submarino americano ao local. A intenção é se fazer passar por alemães com o objetivo de colocar as mãos em uma máquina de códigos extremamente importante para as forças armadas inimigas. De posse da chamada “Enigma” os americanos poderiam a partir daí decifrar todos os códigos de ordem das operações militares envolvendo as forças alemãs, algo vital para vencer as tropas de Hitler nos campos de batalha.

Após assistir a “U-571 - A Batalha do Atlântico” não há outra conclusão. Se trata realmente de um dos melhores filmes de guerra mostrando operações navais de submarinos no cinema. Embora o filme não seja historicamente 100% correto, não há como negar que é uma produção excelente. Na época de seu lançamento houve de fato uma certa controvérsia envolvendo os veteranos ingleses que afirmaram que o papel dos americanos não tinha sido tão vital na operação como vemos no filme mas isso é o que menos importa ao espectador. Para quem procura um bom entretenimento o filme funciona excepcionalmente bem. O elenco é liderado por Matthew McConaughey. Hoje em dia ele estrela uma comédia romântica boba atrás da outra mas na época ainda era considerado um ator promissor. Ao seu lado se saem bem melhor Bill Paxton e Harvey Keitel. Particularmente gosto muito do estilo do diretor Jonathan Mostow. Ele tinha desenvolvido um trabalho maravilhoso com a série “Da Terra à Lua” na TV mas errou ao se envolver com a terceira parte da franquia “O Exterminador do Futuro” em um filme que acabou não agradando a ninguém. De uma forma ou outra fica a recomendação desse ótimo filme naval, que resgata uma das missões mais importantes de toda a segunda grande guerra mundial.

U-571 - A Batalha do Atlântico (U-571, Estados Unidos, 2000) Direção: Jonathan Mostow / Roteiro: Jonathan Mostow / Elenco: Matthew McConaughey, Bill Paxton, Harvey Keitel / Sinopse: Após ficar a deriva em alto-mar um submarino alemão vira o alvo de uma importante missão americana que procura colocar as mãos em uma máquina decodificadora de códigos que se encontra dentro dele.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Bugsy

Benjamin "Bugsy" Siegel (1906 - 1947) foi um gangster norte-americano diferente. Apesar de seu apelido asqueroso (“inseto”) que aliás odiava, Bugsy adorava roupas finas, de grife, passava muito gel no cabelo e acima de tudo amava cultivar aquela típica pose de ricaço (embora não fosse). Circulando no meio da indústria cinematográfica se tornou amigo de diretores, atores e produtores. Seu sonho era se tornar um astro em Hollywood mas seu passado sujo o impedia de seguir adiante. Bugsy era membro importante da família mafiosa controlada por Meyer Lansky, um chefão especializado em roubos de veículos e jogos ilegais. Ao lado de outro famoso gangster da época, Lucky Luciano, Bugsy foi o responsável pela morte de um poderoso chefão, “Big Boss” Masseria, durante uma guerra entre quadrilhas rivais de Nova Iorque. Pressionado por outras famílias mafiosas resolveu dar um tempo e decidiu ir para o outro lado do país onde, bem no meio do deserto, teve uma idéia brilhante. Aproveitando-se das leis do estado de Nevada que permitiam a prática de jogos de azar, Bugsy imaginou a construção de um grande cassino na pequenina cidade de Las Vegas, um lugar perdido no meio do deserto sem atrativo nenhum. Convencendo Lansky e outros chefões que o investimento naquele lugar seria extremamente lucrativo ele começou a construção do primeiro cassino da cidade, o Flamingo! De fato, tudo o que se vê hoje em Las Vegas, um dos maiores centros de diversão do mundo, nasceu da idéia desse gangster muito imaginativo e empreendedor que sonhou realmente muito alto.

Infelizmente ser o primeiro hotel cassino naquele deserto hostil não era uma tarefa das mais fáceis. Como era algo novo, que ainda precisava ser divulgado adequadamente, o Flamingo em seus primeiros meses não se tornou tão lucrativo quanto seus parceiros mafiosos da costa leste pensavam. E como não atender as expectativas desses criminosos não era definitivamente uma boa idéia, Bugsy acabou pagando caro por sua ousadia. Foi justamente essa história incrível que o diretor Barry Levinson e o ator Warren Beatty conseguiram levar para as telas em 1991. “Bugsy” era um velho sonho de Beatty que achava ter ali um excelente material para a realização de um filme ao velho estilo, como aqueles da década de 1940, cheio de gangsters em roupas finas e mulheres fatais. Produção elegante, com ótima reconstituição histórica, “Bugsy” se destacou por ter o velho charme dos antigos filmes da década de ouro do cinema (cuja época era justamente a retratada no filme). Solteirão convicto há décadas o filme também foi bastante marcante na vida pessoal de Beatty pois foi justamente durante suas filmagens que acabou se apaixonando pela atriz Annette Bening que finalmente levaria ao altar o ator, considerado um dos maiores conquistadores de Hollywood (sua lista de namoradas famosas era mais do que extensa). A crítica gostou bastante do filme, levando “Bugsy” a ser nomeado a oito indicações ao Oscar e a sete do Globo de Ouro. Acabou vencendo apenas duas (todas técnicas, Oscars direção de arte e figurino) perdendo o grande prêmio de melhor filme para “O Silêncio dos Inocentes”. De qualquer modo “Bugsy” é, ainda hoje, um excelente exemplo de cinema refinado e de bom gosto. Se ainda não viu, não deixe de assistir.

Bugsy (Bugsy, Estados Unidos, 1991) Direção: Barry Levinson / Roteiro: James Toback baseado no livro de Dean Jennings / Elenco: Warren Beatty, Annette Bening, Harvey Keitel, Ben Kingsley, Elliott Gould, Joe Mantegna / Sinopse: O filme conta a história real de "Bugsy" Siegel, gangster norte-americano que construiu com o dinheiro da máfia da costa leste o primeiro cassino hotel da história de Las Vegas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pulp Fiction

O termo "Pulp Fiction" era usado para designar um tipo de publicação que se tornou muito popular nos EUA nas décadas de 50 e 60. Era uma linha de livros de bolsos com estórias cheias de violência, sexo e ação que logo caiu no gosto do grande público, principalmente entre jovens. E foi um desses garotos chamado Quentin Tarantino que resolveu homenagear esse tipo de literatura na década de 90 com esse filme, que muito provavelmente é o seu melhor momento no cinema. Unindo as características daquele tipo de texto com uma linha narrativa ousada e inovadora no cinema, Tarantino começou uma nova era dos filmes de ação de Hollywood. Obviamente que a violência extrema e irracional está lá em doses generosas, assim como as cenas absurdas, uma atrás da outra, mas pontuando tudo isso o espectador é bombardeado com uma sequência de diálogos espertos e bem escritos com referências mil à cultura pop, fruto obviamente da cultura nerd que Tarantino acumulou durante anos e anos. O resultado é realmente de impacto, pois o filme soa completamente original, diferente de tudo o que já havia sido lançado antes. De certo modo foi o filme certo, na hora exata, para o público ideal. A Academia, tão conservadora, se rendeu a esse texto extremamente criativo e inovador e premiou Tarantino com o Oscar de Melhor Roteiro Original. Um feito e tanto para alguém que naquele momento não passava de um cineasta em começo de carreira.

A trama é básica: dois assassinos profissionais, Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson), são contratados para realizar cobranças para um grande criminoso do submundo. Durante seus "serviços" enfrentam todos os tipos de imprevistos e problemas. Enquanto tentam executar as ordens que lhes foram dadas vão discutindo sobre a vida e o mundo. O pior acontece quando são designados para cuidar da esposa de seu chefe, a piradinha Mia Wallace (Uma Thurman), que parece mais interessada em se divertir até o fim. Numa segunda linha narrativa acompanhamos um momento decisivo da vida do lutador  Butch Coolidge (Bruce Willis) que procura por redenção em sua carreira e em sua vida. Além da ótima direção de Tarantino o filme tem um excelente timing - com destaque para as cenas entre John Travolta e Samul L. Jackson, que aqui consolida o tipo de personagem que iria repetir durante toda a sua carreira. Para Travolta foi um renascimento pois sua carreira foi marcada por altos e baixos, sendo que Pulp Fiction lhe deu uma enorme sobrevida em Hollywood. Outro aspecto do filme digno de nota é sua trilha sonora inspirada, cheia de canções obscuras que foram resgatadas por Tarantino, dando uma personalidade sonora ao filme que até hoje lhe soa como verdadeira marca registrada. Em suma, Pulp Fiction é uma obra prima Tarantinesca, com tudo de bom e ruim que isso significa. Não deixe de assistir. 

Pulp Fiction (Pulp Fiction, Estados Unidos, 1994) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino, Roger Avary / Elenco: John Travolta, Samuel L. Jackson, Uma Thurman, Bruce Willis, Tim Roth, Harvey Keitel, Amanda Plummer, Ving Rhames, Eric Stoltz, Maria de Medeiros, Christopher Walken, Rosanna Arquette. / Sinopse: Dois assassinos profissionais passam por maus bocados enquanto tentam executar suas últimas ordens. Enquanto isso um lutador fracassado procura por algum tipo de redenção em sua carreira e em sua vida.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de setembro de 2012

A Ponte de San Luis Rey

Durante a inquisição espanhola no Peru o jovem frei Juniper (Gabriel Byrne) resolve contar em livro a história de cinco pessoas da comunidade que morreram em um acidente na ponte de San Luis Rey. O livro acaba desagradando a Igreja Católica que acaba o acusando de heresia. "A Ponte de San Luis Rey" é um bom exemplo de que nem sempre um grande elenco e um argumento interessante garantem um bom filme. O que mais me chamou atenção aqui é realmente o elenco espetacular em cena. Todos grandes atores, passando por Robert De Niro, F. Murray Abraham, Harvey Keitel e Kathy Bates. Todos são profissionais consagrados. O argumento também é chamativo: a atuação da inquisição espanhola na colônia do Peru durante o século XVII. Tudo levaria a crer que com todos esses ingredientes teríamos certamente um belo filme pela frente. Infelizmente não é isso o que acontece. 

A obra não se desenvolve, não progride. Tem sérios problemas de edição e ritmo (em certos momentos a trama parece correr rápida demais, para em outros tudo fluir lentamente, chegando a estagnar). A direção é muito fraca, até mesmo os atores parecem perdidos. Um exemplo é a caracterização do vice rei da Espanha feita pelo grande ator F. Murray Abraham. Ele não consegue achar um tom certo, em algumas cenas o personagem parece um bufão, em outras ele soa dramático e finalmente tenta se tornar charmoso. Isso cansa, principalmente ao espectador. A edição do filme, como eu já citei, é desastrosa. Alguns cortes de cena não tem motivo de ser, as coisas vão acontecendo ao acaso, sem estrutura. Por isso o filme sofre muito com essas rupturas de desenvolvimento. Robert De Niro também está muito irregular. Na maioria das cenas ele parece no piloto automático para só então dar pequenos espasmos de seu talento (como na cena final). Mas tudo muito breve, sem empolgação. Enfim, uma boa idéia e um ótimo elenco totalmente desperdiçados. Um filme que cai no abismo da banalidade (e nem precisou atravessar aquela ponte digna de Indiana Jones para isso).

A Ponte de San Luis Rey (The Bridge of San Luis Rey, Estados Unidos, 2004) Direção: Mary McGuckian / Roteiro: Mary McGuckian baseado na novela de Thornton Wilder / Elenco: Robert De Niro, Kathy Bates, Harvey Keitel, F. Murray Abraham, Gabriel Byrne /Sinopse: Durante a inquisição espanhola no Peru o jovem frei Juniper (Gabriel Byrne) resolve contar em livro a história de cinco pessoas da comunidade que morreram em um acidente na ponte de San Luis Rey. O livro acaba desagradando a Igreja Católica que acaba o acusando de heresia.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Dragão Vermelho

Hannibal Lecter já entrou no rol dos grandes personagens do cinema americano. O psicopata frio e calculista mas de alto QI já virou marca registrada. Surgiu para o grande público em "O Silêncio dos Inocentes" um filme que começou sua carreira de forma até despretensiosa mas que foi subindo degraus até ser aclamado pela Academia com um festival de prêmios. Após essa consagração o personagem retornou no péssimo "Hannibal", uma produção muito ruim e equivocada, baseado em um livro igualmente muito ruim, que parecia ter enterrado de vez o personagem para a sétima arte. Ainda bem que não desistiram dele pois esse "Dragão Vermelho" é em minha opinião a melhor transposição de Lecter para as telas. Baseado no livro de Thomas Harris esse é certamente o retrato mais fiel do serial killer. Embora seja um personagem de ficção Hannibal é na realidade uma fusão dos perfis de muitos psicopatas do mundo real. Tal como Norman Bates de "Psicose" o criminoso feito por Hopkins é na realidade um mosaico que reúne características de vários monstros assassinos que realmente existiram, tudo concentrado em um só personagem. Nesse "Dragão Vermelho" tudo é mais bem situado, explicado e caracterizado. Some-se a isso a boa trama e eis um filme realmente impecável sob qualquer ponto de vista. 

Uma das boas idéias de "Dragão Vermelho" é mostrar eventos que ocorreram cronologicamente antes de "O Silêncio dos Inocentes". Aqui um agente do FBI, William Graham (Edward Norton), procura ajuda com Lecter (Anthony Hopkins) para tentar capturar um novo serial killer chamado Francis Dollarhyde, interpretado com brilhantismo  por Ralph Fiennes. Sádico, extremamente desequilibrado e vivendo em um mundo de delírios, Francis leva toda uma cidade a um verdadeiro estado de pânico com seus crimes em série. O diretor Brett Ratner prima muito mais pelo suspense e tensão psicológica entre a dupla central do que pela escatologia pura e simples. Esse aliás é o grande mérito do filme. Ao invés do estilo mais cru, vulgar e grotesco de "Hannibal" o roteiro se apóia muito mais no clima sombrio e soturno no qual vivem esses homicidas do nosso tempo. Desnecessário recomendar o filme para os fãs do personagem. A trilogia original se encerrou aqui, o personagem infelizmente ainda voltou a dar as caras em um nova tentativa de revitalizar Hannibal nos cinemas mas foi uma tentativa frustrada. "Dragão Vermelho", por outro lado, é realmente o melhor já feito sobre o canibal famoso da ficção, fechando com chave de ouro sua melhor fase em Hollywood.

Dragão Vermelho (Red Dragon, Estados Unidos, 2002) Direção: Brett Ratner / Roteiro: Ted Tally / Elenco: Anthony Hopkins, Edward Norton, Ralph Fiennes, Harvey Keitel, Mary-Louise Parker, Emily Watson, Philip Seymour Hoffman / Sinopse: Famoso criminoso é procurado por agente do FBI para ajudar na busca de um serial killer que está à solta, jogando terror e medo na população de uma grande cidade americana.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Estranhas Presenças

Título no Brasil: Estranhas Presenças
Título Original: Presence Of Mind
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, Espanha
Estúdio: Columbia Pictures, Canal+ España
Direção:  Antoni Aloy
Roteiro:  Antoni Aloy
Elenco: Sadie Frost, Harvey Keitel, Lauren Bacall, Ella Jones:

Sinopse:
Baseado no livro "A Outra Volta Do Parafuso", de Henry James. Uma jovem reprimida, muito religiosa, é contratada como preceptora de um estranho casal de crianças. Com o passar do tempo, desconfia que ambas estão sofrendo a influência de um forte trauma sofrido no passado, que envolveu a morte de um casal de ex-funcionários da casa.

Comentários:
Mais uma boa adaptação do famoso livro A Outra Volta Do Parafuso, de Henry James. O texto já deu origem a vários filmes famosos no passado e agora volta com nova roupagem, tentando se modernizar aos novos tempos. De uma maneira em geral não temos nada de muito marcante mas o elenco de fato é acima da média. Nesse quesito dois atores devem merecer menção. O primeiro é o sempre correto Harvey Keitel que surge em uma caracterização mais soturna (e até sinistra) do que o habitual. Já para os fãs do cinema clássico esse filme se torna uma ótima oportunidade de ver a grande diva Lauren Bacall em cena novamente. Enfim, não é o melhor filme sobre o texto já feito mas certamente é um dos mais caprichados

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Os Duelistas

Título no Brasil: Os Duelistas
Título Original: The Duellists
Ano de Produção: 1977
País: Inglaterra
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Gerald Vaughan-Hughes
Elenco: Keith Carradine, Harvey Keitel, Albert Finney

Sinopse:
Baseado na obra de Joseph Conrad. Um oficial do exército francês, no período da glória de Napoleão Bonaparte, insulta um outro militar. Como era costume na época tudo deveria se resolver em duelos de espadas ou armas de fogo. Ao longo dos anos eles se encontrarão várias e várias vezes para defender sua honra. Filme vencedor do Cannes Film Festival. Também indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Figurino e Melhor Fotografia.

Comentários:
Bom filme dirigido pelo talentoso Ridley Scott. É curioso que o diretor tenha se limitado a transpor para as telas, da forma mais fiel possível, o livro de Joseph Conrad. Essa obra, de apenas 100 páginas, é uma crítica velada aos valores morais do período Napoleônico. Assim o duelo, tão comum entre cavalheiros daquela época, ganha contornos de tragédia grega, com um pezinho na absurda situação de levar um duelo em frente por anos e anos. Como o conteúdo do livro é por demais simples - o enredo caberia até mesmo em um média metragem - Ridley Scott resolveu apostar na estética das cenas. Como bem se sabe o diretor veio do mercado publicitário, onde o que menos importa é o conteúdo mas sim a forma como se mostra o produto. "Os Duelistas" vai bem por esse caminho. Como não há muito o que se contar o diretor capricha nas tomadas de cenas, na fotografia em seda e no clima dos duelos que vão se sucedendo ao longo do filme. Por essa razão o resultado final se mostra muito estiloso e bonito, embora não haja um grande roteiro por trás de tudo o que se vê ao longo de sua duração.

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de abril de 2006

O Oeste Selvagem

O filme "Buffalo Bill and the Indians" (no Brasil, O Oeste Selvagem) é um filme inteligente, bem escrito, do aclamado diretor Robert Altman que aqui prova mais uma vez seu grande talento como cineasta. O roteiro conta a histórica verídica do grande mito do western americano Buffalo Bill. O personagem por si só já era extremamente rico em detalhes e nuances e caiu como uma luva nessa película que brinca com o imaginário popular ianque. Para quem não sabe Buffalo Bill (nome artístico de William Cody) foi um verdadeiro Barão de Munchausen da história dos Estados Unidos. Pródigo em contar lorotas e inventar histórias sobre si mesmo que nunca aconteceram na vida real, Bill criou toda uma mitologia em torno de si. Um dia teve a brilhante ideia de criar todo um show em cima de suas fantasias e acabou criando um espetáculo com alto teor circense composto por cowboys falsos, índios de araque e bandidos de mentirinha. Era denominado Oeste Selvagem e foi uma mina de ouro para seu criador, o tornando extremamente rico e bem sucedido. Embora fosse um mentiroso contumaz Bill acabou criando, sem querer, todos os clichês que até hoje conhecemos da mitologia do western. Os filmes mudos, surgidos no nascimento do cinema, eram claramente inspirados nas encenações do espetáculo de Buffalo, que também teve sua mitológica figura explorada por vários filmes do gênero nos anos seguintes à sua morte.

Em "Buffalo Bill and the Indians", somos levados a conhecer um período bem interessante da vida de Bill, quando ele contratou um mito de verdade do velho oeste para estrelar seu show, o cacique Touro Sentado, famoso por seus feitos contra o exército americano. As cenas em que ambos contracenam mostram verdadeiros duelos entre o personagem de ficção auto inventado e o homem que realmente vivenciou toda a luta pela conquista do oeste selvagem (Touro Sentado). O farsante e o real em lados opostos. Enquanto um vive de contar mentiras sobre si mesmo o outro tenta apenas sobreviver com o pouco de dignidade que ainda lhe resta e de quebra tenta ajudar seu povo, nessa altura da história completamente subjugado pelos brancos. O choque entre a dura realidade e a mais pura fantasia escapista é o grande mérito dessa brilhante e ácida crítica em cima da construção de mitos irreais, que é bem típica da sociedade consumista e vazia dos norte-americanos.

Paul Newman na pele do deslumbrado ídolo está perfeito, numa daquelas atuações que dificilmente esquecemos. A própria surrealidade do cotidiano de Bill (que gostava de namorar cantoras de óperas fracassadas), reforça e torna ainda mais forte sua caracterização. Por fim temos uma participação extremamente inspiradora do grande mito Burt Lancaster. Fazendo o papel de uma pessoa do passado de Bill (que obviamente conhece todas as suas invencionices), Lancaster empresta uma dignidade ímpar a essa película. Sem dúvida Buffalo Bill and the Indians é um excelente filme que nos leva a pensar em vários temas relevantes, como a própria destruição da cultura indígena e a dignidade desse povo que foi massacrado impiedosamente pelos colonos americanos. Um libero que merece ser conhecido por todos.

O Oeste Selvagem (Buffalo Bill and the Indians, Estados Unidos, 1976) Direção: Robert Altman / Roteiro: Arthur Kopit e Alan Rudolph / Elenco: Paul Newman, Harvey Keitel, Geraldine Chaplin, Burt Lancaster, Joel Grey, Kevin McCarthy, Allan F. Nicholls / Sinopse: Buffalo Bill (Paul Newman) é um empresário circense que contrata o lendário Touro Sentado para fazer parte de seu show itinerante. Assim ele parte rumo ao interior dos Estados Unidos para mostrar seu novo espetáculo sensacional sobre o velho oeste selvagem. Filme premiado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de março de 2006

Indômita Disputa

Dois desertores do exército americano, Pike (Martin Sheen) e Henry (Harvey Keitel), sangram o deserto americano com o objetivo de negociar peles e produtos para grupos indígenas selvagens. Durante sua viagem porém são emboscados por um guerreiro comanche, Búfalo Branco (Sam Waterson), que não apenas rouba todos os produtos como também fere mortalmente Henry. Como se não bastasse ele resolve seguir em frente com seus atos criminosos, decidindo atacar uma diligência espanhola logo a seguir, matando três condutores, saqueando sua carga e levando como refém uma linda jovem branca (Interpretada pela atriz britânica Caroline Langrishe). Começa assim a trama desse interessante western da década de 1970 onde tudo parece estar perfeitamente encaixado – o bom roteiro, as atuações comprometidas e uma direção segura que não deixa o filme cair no marasmo, mantendo sempre o interesse do espectador. É o que gosto de chamar de faroeste viril, todo passado no meio de uma paisagem árida e hostil, com enredo focado e forte, tudo somado com excelentes cenas de ação no meio do nada daquela terra de ninguém.

É de se elogiar a atuação de dois atores em cena. O primeiro é Martin Sheen. Sempre o achei extremamente subestimado e injustiçado por todos esses anos pois nunca assisti em minha vida uma performance preguiçosa de Sheen em cena. Ele sempre se entrega completamente ao seu papel. Aqui não é diferente. O ator dá uma vivacidade ao seu personagem Pike que chega a impressionar. Ele é um dos comerciantes de peles que sofre o ataque de um comanche e passa o restante do filme em seu encalço, numa obsessão de vingança, para recuperar suas peles e partir para um acerto de contas final por causa da morte de seu comparsa. 

Ao lado de Harvey Keitel (outro excelente ator) ele mantém o padrão de atuação do filme lá no alto. Outra atuação digna de nota é a do ator Sam Waterson que interpreta o comanche guerreiro Búfalo Branco. Impassível, praticamente sem dizer uma linha de diálogo sequer, ele passa toda a intensidade de seu papel apenas com o olhar fixo. É uma atuação física acima de tudo, que no final das contas causa grande impacto no espectador. No saldo final “Indômita Disputa” é certamente um western dos mais eficientes. Boa produção que merece ser redescoberta pelos fãs do gênero.

Indômita Disputa (Eagle's Wing, Estados Unidos,1979) Direção: Anthony Harvey / Roteiro: Michael Syson, John Briley / Elenco: Martin Sheen, Sam Waterston, Harvey Keitel, Caroline Langrishe / Sinopse: Após matar e roubar uma dupla de comerciantes de pele, um guerreiro Comanche começa a aterrorizar toda a região promovendo roubos e mortes. Numa dessas ações leva como refém uma linda jovem viajante de uma diligência. Agora terá que escapar de seus perseguidores brancos.

Pablo Aluísio.