O termo "Pulp Fiction" era usado para designar um tipo de publicação que se tornou muito popular nos EUA nas décadas de 50 e 60. Era uma linha de livros de bolsos com estórias cheias de violência, sexo e ação que logo caiu no gosto do grande público, principalmente entre jovens. E foi um desses garotos chamado Quentin Tarantino que resolveu homenagear esse tipo de literatura na década de 90 com esse filme, que muito provavelmente é o seu melhor momento no cinema. Unindo as características daquele tipo de texto com uma linha narrativa ousada e inovadora no cinema, Tarantino começou uma nova era dos filmes de ação de Hollywood. Obviamente que a violência extrema e irracional está lá em doses generosas, assim como as cenas absurdas, uma atrás da outra, mas pontuando tudo isso o espectador é bombardeado com uma sequência de diálogos espertos e bem escritos com referências mil à cultura pop, fruto obviamente da cultura nerd que Tarantino acumulou durante anos e anos. O resultado é realmente de impacto, pois o filme soa completamente original, diferente de tudo o que já havia sido lançado antes. De certo modo foi o filme certo, na hora exata, para o público ideal. A Academia, tão conservadora, se rendeu a esse texto extremamente criativo e inovador e premiou Tarantino com o Oscar de Melhor Roteiro Original. Um feito e tanto para alguém que naquele momento não passava de um cineasta em começo de carreira.
A trama é básica: dois assassinos profissionais, Vincent Vega (John Travolta) e Jules
Winnfield (Samuel L. Jackson), são contratados para realizar cobranças para um grande criminoso do submundo. Durante seus "serviços" enfrentam todos os tipos de imprevistos e problemas. Enquanto tentam executar as ordens que lhes foram dadas vão discutindo sobre a vida e o mundo. O pior acontece quando são designados para cuidar da esposa de seu chefe, a piradinha Mia Wallace (Uma Thurman), que parece mais interessada em se divertir até o fim. Numa segunda linha narrativa acompanhamos um momento decisivo da vida do lutador Butch Coolidge (Bruce Willis) que procura por redenção em sua carreira e em sua vida. Além da ótima direção de Tarantino o filme tem um excelente timing - com destaque para as cenas entre John Travolta e Samul L. Jackson, que aqui consolida o tipo de personagem que iria repetir durante toda a sua carreira. Para Travolta foi um renascimento pois sua carreira foi marcada por altos e baixos, sendo que Pulp Fiction lhe deu uma enorme sobrevida em Hollywood. Outro aspecto do filme digno de nota é sua trilha sonora inspirada, cheia de canções obscuras que foram resgatadas por Tarantino, dando uma personalidade sonora ao filme que até hoje lhe soa como verdadeira marca registrada. Em suma, Pulp Fiction é uma obra prima Tarantinesca, com tudo de bom e ruim que isso significa. Não deixe de assistir.
Pulp Fiction (Pulp Fiction, Estados Unidos, 1994) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino, Roger Avary / Elenco: John Travolta, Samuel L. Jackson, Uma Thurman, Bruce Willis, Tim Roth,
Harvey Keitel, Amanda Plummer, Ving Rhames, Eric Stoltz, Maria de
Medeiros, Christopher Walken, Rosanna Arquette. / Sinopse: Dois assassinos profissionais passam por maus bocados enquanto tentam executar suas últimas ordens. Enquanto isso um lutador fracassado procura por algum tipo de redenção em sua carreira e em sua vida.
Pablo Aluísio.
Pulp Fiction
ResponderExcluirPablo Aluísio.