sábado, 21 de novembro de 2020

Marnie - Confissões de uma Ladra

Marnie Edgar (Tippi Hedren) é uma ladra, uma mentirosa e uma vigarista. Ela sempre aplica o mesmo golpe. Arranja emprego como secretária em escritórios de renome. Após algumas semanas trabalhando, sendo ótima funcionária, ela começa a estudar a rotina do escritório. O mais importante é descobrir onde fica a senha para abrir o cofre, onde estão os dólares. Uma vez que consegue o que deseja, o furto é realizado, geralmente na calada da noite. Ela tem uma mãe doente que mora em Baltimore. Parte do dinheiro que rouba é usado para ajudá-la. Só que após tantos golpes Marnie é finalmente descoberta por Mark Rutland (Sean Connery). O mais estranho é que ele não a entrega para a polícia. Ao contrário, se apaixona por ela. E se torna seu marido em um casamento estranho, obsessivo, à beira da insanidade. Marnie se casa com receios de ir para a prisão, mas logo seus diversos problemas psicológicos começam a surgir. Ela tem pavor da cor vermelha, tem pesadelos recorrentes e não consegue conter seus impulsos para o crime. Mal o marido dá as costas ela já começa a planejar como roubar o cofre dele. Também se revela, mais uma vez, mentirosa e manipuladora. Casar com uma mulher como essa se revela acima de tudo ser algo bem perigoso.

"Marnie" é considerado um filme menor do grande mestre Alfred Hitchcock. Discordo bastante dessa opinião. Conforme o filme avança o roteiro vai explicando melhor o que acontece na mente de Marnie, seus traumas de infância, as violências que sofreu e porque odeia homens em geral. Ela sofre de um caso grave de frigidez sexual, o que torna intolerável o mero toque de um homem em seu corpo. E ela não baixa a guarda nem para seu próprio marido, uma pessoa que em última análise também é um chantagista emocional. Como todos sabemos o grande Sean Connery faleceu no último 31 de outubro, aos 90 anos. E foi justamente esse o gatilho que me levou a rever esse clássico do mestre Hitchcock. Na época em que atuou nesse filme Connery ainda era James Bond. Ele procurava por novos caminhos, para não ficar marcado com um só personagem. Claro, ele alcançou seus objetivos e está excelente nesse papel. Um sujeito elegante que tenta ajudar a mulher que ama. No começo ficamos com um pé atrás sobre essa sua paixão. Afinal Marnie se revela uma mulher criminosa e perigosa, mas ele passa por cima de tudo por esse sentimento de amor. Em suma, um filme de Hitchcock que merece ser melhor avaliado nos dias atuais. Suas nuances psicológicas, o desenvolvimento dos personagens, é algo que impressiona. O mestre do suspense realmente não brincava dem serviço.

Marnie, Confissões de uma Ladra (Marnie, Estados Unidos, 1964) Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro:  Jay Presson Allen, baseado no romance escrito por Winston Graham / Elenco: Tippi Hedren, Sean Connery, Martin Gabel, Diane Baker, Louise Latham / Sinopse: Marnie Edgar (Tippi Hedren) é uma ladra que vive de pequenos e grandes golpes. Descoberta por Mark Rutland (Sean Connery), ela passa a ser ajudada por esse que acaba se tornando seu marido. Filme indicado pelo Cahiers du Cinéma como melhor filme do ano.

Pablo Aluísio. 

11 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Marnie - Confissões de uma Ladra
    Pablo Aluísio.

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  2. Sean Connery era puro charme! Tippi era pura loucura!
    Que combinação explosiva! Amei esse Hitchcock!

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  3. Quando ele forçou o casamento fiquei na dúvida para saber quem era mais doido! hihihi

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  4. Dom Pablo, a única coisa que não me convenceu nesse filme foi a paixão avassaladora do personagem do Sean Connery pela Marnie. Ela tinha todos os problemas psicológicos e de caráter possíveis. Não era alguém amável e nem para se apaixonar. Então essa parte me pareceu forçada. Do que gostei? Das explicações para o comportamento dela. Essas foram reais. E a coisa toda de mãe prostituta e até sugestão de pedofilia são chocantes. Principalmente para aquela época nos anos 60. Deve ter chocado muita gente.

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  5. Belle Thais,
    O Alfred Hitchcock realmente foi muito feliz na escolha desses personagens e nos atores que os interpretaram. Isso porque de charme o Sean Connery tinha tudo e a Tippi Hedren tinha mesmo um visual meio fora dos padrões. Era loira, bonita (a filha dela, a Melanie Griffith herdou parte de sua beleza), mas também era uma excelente atriz para interpretar mulheres estranhas, entre a sanidade e a loucura completa. Tudo nos eixos certos.

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  6. Lord Erick, alguns homens gostam de bancar os salvadores, os heróis de destino alheio. Acredito que seja o caso do personagem do Sean Connery nesse filme. Ele queria salvar ela da loucura e do crime. E ele tinha tudo a perder com isso. Cheguei inclusive a pensar que ele seria morta por ela, afinal estava assistindo a um filme de Alfred Hitchcock!

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  7. O curioso é que tanto nesse "filme menor" do Hitchcock, como você disse, como no seu maior sucesso, "Psicose", as duas mulheres principais roubam os escritórios em que trabalham e disso resulta todo o drama da história.

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  8. Eu estive analisando os livros que eram usados pelo Hitchcock para servir de base para os roteiros de seus filmes. Nas décadas de 1950 e 1960 foram lançados romances de suspense e policial, em que os assassinos geralmente eram explicados por análises psicológicas. Daí vem essa certa familiaridade de temas que você sabiamente citou em seu texto.

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  9. Esse papel era da Grace Kelly, mas não deu certo. Ela já estava casada.

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  10. Era mesmo, mas a Grace Kelly recusou, até escreveu uma carta pedindo desculpas para o Hitchcock. Uma pena, acabou virando uma alteza real, casada com um sujeito sem nenhum charme ou carisma.

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