Esse é um assunto dos mais controversos. As Cruzadas Católicas varreram a Europa e o Oriente Médio durante a alta e a baixa Idade Média. Até hoje historiadores debatem sobre o tema. Qual era a sua real motivação, o que fez com que Reis, nobres e cavaleiros deixassem a Europa em direção à Jerusalém para uma verdadeira guerra santa contra os muçulmanos? Sobre isso há várias posições, porém de maneira em geral há dois grupos bem definidos sobre a causa histórica do advento das Cruzadas.
A primeira corrente é a mais incisiva. Esse grupo de historiadores afirmam que o motivo de realização das cruzadas foi puramente econômico. A Igreja Católica e o Papa perceberam que havia uma grave crise social entre os povos europeus. Muitas pessoas sem trabalho, ocupação, praticamente na miséria completa. Para dar um objetivo de vida para todos esses europeus miseráveis e sem futuro organizaram-se as enormes cruzadas com centenas de milhares de europeus marginalizados. Durante as guerras de conquistas da Terra Santa eles teriam sido autorizados a pilhar, saquear e se apropriar de quaisquer bens em mãos de muçulmanos que encontrassem pela frente. A justificativa meramente econômica das cruzadas é de complicada defesa. Isso porque os Cruzados não eram apenas miseráveis, pobres e destituídos, mas também Reis, nobres e membros de classes altas. Certamente eles não teriam nada a ganhar arriscando suas vidas em território desconhecido, perigoso e repleto de islâmicos que também estavam empenhados em matar o maior número possível de cristãos.
Por essa razão as teorias puramente econômicas - extremamente firmadas no pensamento de esquerda, tentando adaptar as teorias de Karl Marx a esses eventos - se mostram bastante falhas. Na verdade ela desconsidera completamente a mente do homem medieval europeu. Esse estava plenamente convencido que era precisa marchar rumo à terra santa para livrar o local onde Jesus havia sofrido sua paixão das mãos dos muçulmanos, que aliás perseguiam cristãos de forma tão violenta quanto os cruzados os tratavam. Era uma guerra com motivações religiosas, principalmente. Os cristãos que viviam na Terra Santa estavam sendo perseguidos e mortos por ordem de altas autoridades religiosas do Islã. Como não aceitavam renegar a Cristo milhares foram mortos de forma violenta. Era precisa fazer alguma coisa para salvá-los. Os Cruzados assim, motivados pelos mais nobres sentimentos se ergueram contra essa carnificina de cristãos inocentes no Oriente Médio. Foram para a guerra por motivos justificados.
As Cruzadas, apesar de serem bastante atacadas por teóricos nos dias atuais, também teve sua importância histórica bem precisa. Elas de certa maneira mantiveram a Europa Cristã, longe da submissão que iria ser imposta pela Islã caso esse conquistasse os principais reinos cristãos da Europa. Imagine o grau de violência que se instalaria dentro da Europa caso dos exércitos islâmicos tomassem todas aquelas nações. Segundo uma mentalidade fundamentalista milhões de europeus seriam massacrados apenas por não aceitarem se converter ao islamismo. Para defender sua religião e o mais importante de tudo, sua liberdade, os reinados cristãos da Europa medieval se armaram e rumaram em direção ao centro do problema que se avizinhava. Obviamente que nem todos os Cruzados estavam cheios desse espírito de religiosidade intensa, mas de modo em geral essa foi a grande motivação para lutar em favor da cruz com uma espada na mão.
Pablo Aluísio.
Publicado originalmente no blog História & Literatura
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