sábado, 2 de abril de 2011

O Papai-Noel da Coca-Cola

Estamos entrando nas festividades de mais um natal e como sempre acontece lá está o Papai-Noel em todas as vitrines de lojas, restaurantes, hotéis e shopping centers. O que poucos sabem é que o personagem Papai-Noel tal como o conhecemos hoje foi criado em uma campanha de marketing da empresa Coca-Cola em fins do século XIX. A multinacional procurava uma maneira de popularizar sua marca ainda mais entre as crianças, principalmente durante os últimos meses do ano. Assim os publicitários da época resgataram um antigo santo católico chamado São Nicolau, conhecido por dar presentes às crianças em dezembro, na noite de natal, para criar a figura do bom velhinho, dando origem a um ícone que resiste até os dias de hoje.

Pouco se sabe sobre São Nicolau. Sua história é muito antiga e remonta a 358. Verdades históricas concretas são muito raras, o que existe nos registros da Igreja são basicamente lendas e tradições. Uma delas afirma que Nicolau era um homem muito rico que no final de sua vida se tornou bispo da Igreja Católica de sua cidade. Como a pobreza era enorme entre os camponeses e como ele estava chegando aos seus últimos anos (teria vivido quase 100 anos segundo alguns registros) ele começou a usar seu próprio dinheiro para comprar presentes que distribuía para as crianças da região na noite de natal. Era uma forma de evangelizar e agradar às crianças do local. Como era uma região de frio intenso usava um trenó, transporte popular entre os nobres e a elite. Assim o trenó, as renas, a pesada roupa de inverno e os demais símbolos que compõe o Papai-Noel dos dias de hoje não estariam tão longe da vida real de Santa Claus (como os americanos o chamam). Afinal de contas o personagem não nasceu do nada mas sim foi inspirado nas tradições que rondam a vida de Nicolau, o bispo.

Já as celebrações de 25 de dezembro não tiveram origem com o nascimento de Jesus Cristo. São bem anteriores até mesmo ao Cristianismo. Essa data marcava o solstício de inverno, como o dia mais curto do ano. Era uma festividade ligada basicamente ao cultivo da terra. Era celebrada em honra a Saturno, o deus da agricultura! Depois que a nova fé cristã prosperou na Europa o Papa Júlio I (300 - 352) determinou em 350 que o caráter pagão da data deveria ser definitivamente deixado de lado. Como não se sabia ao certo qual seria a data exata de nascimento de Cristo (os evangelhos oficiais nada diziam sobre isso), o Papa determinou em decreto que a partir daquele 25 de dezembro de 350 todos os cristãos do mundo deveriam celebrar o chamado Natal, a data da natalidade de Jesus Cristo entre os homens. Assim o paganismo seria deixado de lado de uma vez por todas e todos celebrariam o nascimento do Messias.

A decisão de Júlio I acabou se revelando certeira e muito bem sucedida. Logo as primeiras festividades realizadas no Vaticano se mostraram um grande sucesso de popularidade e ao longo dos séculos prosperou, mesmo em países que depois se tornariam mais ligados ao movimento protestante (como Inglaterra e Estados Unidos). E foi na América que os executivos da Coca-Cola tiveram a ideia de resgatar a lenda do bispo católico São Nicolau para criar a figura do personagem Papai-Noel que na noite de natal desceria pelas chaminés de todas as casas do mundo para dar de presente aos pequeninos muitos brinquedos e é claro, refrigerantes da Coca-Cola.

Como se pode ver as origens do natal são as mais variadas possíveis, desde o decreto papal de Júlio I (cujo original ainda existe e há alguns anos foi exposto numa exposição da biblioteca do Vaticano), passando pela lenda de um homem real que viveu no norte da Europa até as jogadas de marketing da indústria americana. O curioso é que Papai-Noel se tornou tão popular que acabou invadindo todos os setores da sociedade, ganhando vida própria. O personagem que fora criado para ser um garoto propaganda da Coca-Cola rompeu essa ligação e hoje praticamente tem sua própria identidade não associada imediatamente à marca que o criou! Afinal que criança vai ligar o querido Papai-Noel a um dos maiores símbolos do capitalismo americano mundial?

Pablo Aluísio.

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