segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Music!

Bom, vamos falar um pouco sobre o que andei ouvindo por esses dias. Eu me peguei ouvindo alguns discos de Madonna. Eu não tenho a coleção completa de seus álbuns, mas tenho muita coisa que ouvi muito pouco em todos esses anos. Por esses dias ouvi pelo menos 4 CDs da Madonna. Comecei pelos dois clássicos "Like a Virgin" e "Like a Prayer". O primeiro ouvi todo. É puro anos 80. Nostalgia acima de tudo. O segundo só conferi algumas faixas. Tem uma maravilhosa música título, mas as demais achei bem mais ou menos - sendo bem sincero. Algumas ficaram muito datadas, no aspecto bem negativo dessa expressão.

Depois peguei dois CDs mais recentes dela. Aquele em que ela está vestida de cowgirl na capa, chamado "Music" eu nunca tinha ouvido direito. Embora a capa leve a pensar que teria country music nas músicas, isso é um engano. Todas as faixas que ouvi são de tecno pop. Vou mais além, é tecno pop gay, algo feito bem para seu público LGBT, um dos mais fiéis da cantora. Muito embalo, mas não reconheci nenhuma das faixas. Certamente não foram grandes hits. Por fim coloquei algumas faixas (as primeiras) de CD "Bedtime Stories" para ouvir. Esse material já conheço melhor, Já tinha ouvido esse CD com maior frequência em um passado mais recente.

Eu estou recuperando meu hábito de ouvir CDs, algo que perdi maior contato depois do surgimento do streaming. Pois bem, dos Beatles ouvi dois discos à prova de falhas. O primeiro foi "Help". Grande disco, muito superior ao filme que é simplesmente horrendo em minha opinião. No cinema Help envelheceu seus 50 e tantos anos. No disco continua com ar de frescor juvenil. Depois ouvi novamente o "Revolver". Obra-prima que só perde um pouco por causa da música indiana do George Harrison. Chato demais. Porém pulando essa faixa o resto é puro rock clássico da melhor qualidade.

Do Elvis Presley puxei o álbum "Raised On Rock / For Ol' Times Sake" para ouvir mais uma vez. Achei curioso como mesmo após tantos anos não consegui mudar de opinião sobre ele. A opinião continua a mesma desde que eu comprei o primeiro vinil, ainda nos anos 80. Acho um disco terrivelmente depressivo. Tirando a faixa principal, que considero muito interessante pelo ritmo e principalmente pela letra, todo o restante do repertório traduz o espírito que Elvis tinha na época. Algo muito fundo do poço, quase na base do desespero. Casamento destruído, excesso de drogas, desilusão com a própria vida. Elvis não escreveu nenhuma daquelas letras, mas elas eram o retrato mais fiel dele do que alguém poderia imaginar. As músicas são bem arranjadas e belamente tristes, mas tem que ter o espírito certo e saber o contexto histórico para realmente curtir aquela fossa toda.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Uma Noite de Crime: A Fronteira

Nunca havia assistido um filme dessa franquia, então decidi começar por esse mais recente. A premissa é das mais absurdas. Imagine que o governo dos Estados Unidos decrete um lapso anual de 12 horas onde tudo será permitido. Não existirá mais crimes, ninguém será mais punido nesse intervalo de tempo. Agora imagine o que iria acontecer na fronteira entre Estados Unidos e México nessas 12 horas. Grupos de supremacistas brancos, fortemente armados, iriam para as ruas para na visão deles "limpar a América" da escória humana. E quem seria essa escória? Ora. na mente de um racista claro que seriam os imigrantes pobres latinos, os negros, os índios. Todo tipo de minoria deveria ser exterminada nessas 12 horas. Afinal não haveria punição nem mesmo para os crimes mais violentos. Pela sinopse já deu para sentir o peso do argumento do filme, não é mesmo? Entretanto é melhor não ir se empolgando muito.

Esse tipo de visão distópica daria margem a uma interessante discussão social sobre os rumos que o racismo toma nos Estados Unidos, inclusive nos dias atuais. Só que esse filme não foi feito para isso. O nome de Michael Bay na produção explica bem esse aspecto. O que importa não é o debate sobre racismo, mas sim aproveitar na tela várias e várias cenas de ação e matança. Só que nem isso conseguiram acertar direito. Existe uma cena na parte final do filme, passada no deserto, que é pura imitação de "Mad Max". Aliás essa parte final do filme é destituída de maior interesse. A única coisa realmente boa é a ironia de ver um monte de gente fugindo para o México porque os Estados Unidos se tornaram terra de ninguém. Quem poderia imaginar?

Uma Noite de Crime: A Fronteira (The Forever Purge, Estados Unidos, 2021) Direção: Everardo Gout / Roteiro:James DeMonaco / Elenco: Ana de la Reguera, Tenoch Huerta, Josh Lucas / Sinopse: O governo americano decide dar total liberdade ao povo americano por 12 horas. Só que a celebração da liberdade acaba se transformando em anarquia violenta, com grupos racistas caçando minorias raciais na fronteira do México. A caçada humana acaba saindo do controle total quando os racistas declaram que só vão parar quando matarem o último imigrante latino que encontrarem pela frente.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de dezembro de 2021

Mr. Jones

Uma renomada psiquiatra acaba se envolvendo emocionalmente com seu próprio paciente, o maníaco-depressivo Mr. Jones (Richard Gere). Além de ferir o código de ética de sua profissão, ela logo entenderá que também está caminhando por um caminho perigoso por causa do estado mental de seu novo affair. Esse foi um romance dramático que teve uma recepção fria em seu lançamento. Não se tornou um sucesso de bilheteria (bem ao contrário disso) e tampouco conseguiu levantar alguma polêmica em torno de seu argumento. Na verdade foi mais uma tentativa de revitalizar a carreira do galã Richard Gere, naquela altura da carreira já sentindo os desgastes naturais do tempo. O elenco contava com boas atrizes, em especial Anne Bancroft que nunca foi devidamente reconhecida por seu talento dramático. Lena Olin estava muito bonita e charmosa no filme. Ela anda mais do que sumida ultimamente. Uma pena já que sempre a considerei uma das atrizes suecas mais interessantes que já atuaram em Hollywood.

Apesar de toda a negatividade por parte dos críticos na época, eu gostei do filme. Achei interessante, com tema relevante. É de se admirar que o filme tenha sido tão mal recebido de maneira em geral, uma vez que o cineasta Mike Figgis já havia trabalhado e sido muito bem sucedido ao lado de Richard Gere no excelente drama policial "Justiça Cega" três anos antes. "Mr. Jones" obviamente nunca chegou a ser tão bom como o filme anterior, mas também passava muito longe de ser tão ruim como os críticos da época disseram. Embora haja alguns erros na questão da caracterização da sanidade mental do personagem, o fato é que no quesito romance tudo fluiu muito bem, se tornando naturalmente interessante para as fãs do galã Gere. E no final das contas isso era o que realmente importava para seu fã clube feminino.  

Mr. Jones (Mr. Jones, Estados Unidos, 1993) Direção: Mike Figgis / Roteiro: Mike Figgis, Eric Roth / Elenco: Richard Gere, Lena Olin, Anne Bancroft / Sinopse: O filme conta a história de Jones (Richard Gere), um homem com problemas psicológicos que acaba se apaixonando por sua terapeuta, uma mulher sensível e sensual. Qual seria o limite ético para essa delicada situação? Filme com roteiro baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Inimigo Íntimo

Rory Devaney (Brad Pitt) é um jovem irlandês ligado ao grupo terrorista IRA (Exército Republicano Irlandês, muito ativo na época) que vai até Nova Iorque com o objetivo de comprar armamento pesado para a luta de sua organização dentro da Irlanda. Uma vez lá acaba se hospedando com uma falsa identidade na casa de um policial, Tom O'Meara (Harrison Ford), que em pouco tempo começa a desconfiar das suas atividades em solo americano. Bom, como é de esperar em Hollywood a intenção dos produtores ao realizar esse filme foi unir dois astros do cinema, campeões de bilheteria na época, o jovem Pitt e o veterano Ford. Claro que era uma boa ideia do ponto de vista comercial. Além disso seria bem interessante unir duas gerações de atores em apenas um filme. A questão é que se você é um cinéfilo experiente sabe logo de antemão que nem sempre um elenco famoso garante um excelente filme. É bem o caso desse "Inimigo Íntimo".

Apesar do argumento interessante o resultado é bem morno e mediano, nada memorável. Provavelmente a indefinição sobre qual rumo a seguir tenha prejudicado o resultado final. O roteiro ora valoriza o lado mais dramático de sua história, com ênfase nas relações humanas, ora tenta ser um filme de ação com baixo teor de adrenalina. Sem saber direito para onde ir, acaba aborrecendo ambos os públicos. Os fãs de filmes de ação acharam tudo sem sal e o público acostumado com dramas acabou achando tudo mal desenvolvido. Some-se a isso a atuação preguiçosa de Harrison Ford e os ataques de estrelismo de Brat Pitt e você entenderá porque uma boa iniciativa acabou mesmo ficando pelo meio do caminho.

Inimigo Íntimo (The Devil's Own, Estados Unidos, 1997) Direção: Alan J. Pakula / Roteiro: Kevin Jarre, David Aaron Cohen / Elenco: Harrison Ford, Brad Pitt, Margaret Colin / Sinopse: Dois homens, com origens em comum, acabam descobrindo que estão em lados opostos da lei. Enquanto um é um policial dedicado, o outro está envolvido em atividades terroristas.

Pablo Aluísio.

Segredos do Poder

Bill Clinton foi presidente dos Estados Unidos durante praticamente todos os anos 90. Nesse filme sua figura foi ironizada. Clinton gostava de passar uma imagem jovial ao povo americano. Gostava de tocar sax usando óculos escuros e tinha uma queda por mulheres de todos os tipos. Em "Segredos do Poder" John Travolta interpreta um político chamado Jack Stanton. Ele é um porcalhão, um cafajeste imoral, que usa e abusa do seu poder para sair com o maior número de mulheres que encontra pela frente. Um caipira bonachão, não muito ético e com um cinismo absurdo que lhe traz até mesmo um certo carisma, ou seja, o próprio retrato de Bill Clinton. Esse é também, curiosamente, uma das melhores atuações da carreira de Travolta, justamente porque ele deixou a vergonha de lado para dar vida a esse escroque político com seguidores.

Embora não se assuma como uma biografia não autorizada do presidente Clinton, o filme era óbvio nesse sentido, a ponto inclusive de ter sido criticado pelo próprio Partido Democrata. A "piada" incomodou o alto escalão do poder, quem diria. Só por essa razão já valeria a pena conferir essa divertida e demolidora crítica ao mundo político americano. Ironicamente o cinema americano que sempre foi tão alinhado ao Partido Democrata tornava alvo um de seus principais políticos, o que causou surpresas na época. Afinal era de se esperar que Hollywood procurasse sempre demolir políticos Republicanos, conservadores, mas Democratas? Era uma surpresa geral mesmo. O filme é bom, entretanto com o passar dos anos muitas das bem boladas piadas do roteiro simplesmente se perderam. Uma pena.

Segredos do Poder (Primary Colors, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, 1998) Direção: Mike Nichols / Roteiro: Joe Klein, Elaine May / Elenco: John Travolta, Emma Thompson, Kathy Bates, Billy Bob Thornton, Diane Ladd / Sinopse: Sátira em tom de comédia em cima da figura do presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Kathy Bates) e Melhor Roteiro Adaptado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Sua Majestade, Mrs. Brown

Até hoje os historiadores discutem a natureza do relacionamento da rainha Vitória com um de seus empregados, o Mr. Brown, que cuidava dos cavalos do palácio real. Teria sido um caso amoroso ou apenas uma amizade fraternal envolvendo uma solitária viúva e um homem que tinha a coragem de dizer tudo o que pensava para ela? É justamente a história que esse filme conta. Após a morte de seu marido, a Rainha Vitória (Judi Dench) entra em profunda depressão. Para aliviar sua dor ela acaba sendo amparada por John Brown (Billy Connolly), seu fiel cocheiro, que acaba se tornando seu grande amigo pessoal. Bom filme, muito interessante, explorando a figura de Mr. Brown, um sujeito comum que acabou virando alvo de fofocas durante a era vitoriana por causa de sua aproximação com a Rainha. Alguns historiadores defendem a tese de que havia ali algo muito maior do que a simples amizade, embora não existam provas concretas sobre isso.

Além da curiosidade histórica esse filme se destaca também pela bela atuação da atriz Judi Dench, uma dama do teatro inglês que vale qualquer ingresso. Sua atuação é sofisticada, terna e historicamente muito precisa. Um show de interpretação e bom gosto. Esse filme é um dos melhores já feitos sobre essa monarca inglesa, embora hoje em dia já existam outros filmes mostrando outras fases de sua vida e uma excelente série que inclusive já comentei aqui em nosso blog. Material, como se pode perceber, realmente não falta. O que se destaca nesse roteiro é que ele não se limita a mostrar seus grandes feitos como monarca, mas sim os aspectos mais pessoais, de sua vida privada, que a humanizam de forma maravilhosa.

Sua Majestade, Mrs. Brown (Mrs Brown, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, 1997) Direção: John Madden / Roteiro: Jeremy Brock / Elenco: Judi Dench, Billy Connolly, Geoffrey Palmer / Sinopse: O filme conta parte da história da Rainha Vitória da Inglaterra. Idosa e solitária, ela acaba criando um relacionamento muito próximo com Mr. Brown, um homem rude, que acaba conquistando sua amizade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Judi Dench) e Melhor Maquiagem.

Pablo Aluísio.

Dr. Mesmer - O Feiticeiro

O ator britânico Alan Rickman faleceu em 2016. Ele tinha apenas 68 anos de idade.  Eu pensei então em comentar algum filme dele, mas que fugisse do óbvio de citar sua atuação na franquia "Harry Potter", etc. Assim me recordei desse pouco conhecido "Dr. Mesmer". Assisti esse filme ainda na era do VHS e mesmo naquela época pouca gente viu. É uma bonita produção (toda se passando na linda Viena) que mostrava um pouco da história (real) dessa estranha, mas interessante figura do Dr. Franz Anton Mesmer. A ciência tal como conhecemos hoje, com método científico e maior rigor na dedução de suas conclusões, não era bem assim em seus primórdios. O conhecimento científico passou por uma fase em que havia uma certa mistura entre ciência e esoterismo, ciência e ocultismo e até mesmo ciência e superstição.

A história do Dr. Mesmer se desenrolou justamente nesses tempos incertos, diria até mesmo confusos, para a busca pelo conhecimento científico mais rigoroso e objetivo. Esse também foi o tipo de papel perfeito para Rickman desfilar seus trejeitos, seu olhar estupefato e sua personalidade ímpar. Ele sempre será lembrado como o Professor Severus Snape da saga Harry Potter ou então em menor escala como o vilão frio e calculista do primeiro "Duro de Matar", mas a verdade é que Rickman foi muito mais do que isso. Por isso deixo aqui o convite para que você conheça mais de sua longa filmografia (quase 70 filmes no total). Procure pelos filmes menos conhecidos, como esse. Você certamente será surpreendido de forma bastante positiva por seu trabalho que era em muitos casos realmente excepcional.

Dr. Mesmer - O Feiticeiro (Mesmer, Estados Unidos, 1994) Direção: Roger Spottiswoode / Roteiro: Dennis Potter / Elenco: Alan Rickman, David Hemblen, Anna Thalbach, Heinz Trixner / Sinopse: O filme conta a história de uma controversa figura, o Dr. Mesmer. No limiar da ciência ele ousou procurar pelas grandes respostas do universo. Filme premiado no Montréal World Film Festival na categoria de Melhor Ator (Alan Rickman).  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Michael Collins

Drama histórico que resgata a figura do líder revolucionário irlandês Michael Collins (aqui interpretado pelo ator Liam Neeson). Esse foi um homem importante na luta pela independência da Irlanda. Sob dominação inglesa por séculos, os irlandeses começaram a colocar em prática seus ideais de independência nacional justamente na época em que Collins começou a despontar no turbulento cenário político de sua nação. O diretor Neil Jordan obviamente criou um filme patriótico, muitas vezes até ufanista, da causa irlandesa. O filme por essa razão se torna muitas vezes panfletário em demasia, o que certamente incomodará algumas pessoas. Quando um diretor adota esse tipo de postura a primeira reação do público é desconfiar da veracidade do que se vê na tela.

Há todo aquele clima de euforia nacional que atrapalha uma visão mais imparcial dos fatos históricos. Mesmo com esse pequeno deslize, temos que admitir que como pura obra cinematográfica temos aqui um bom filme. Manipuladora, até maniqueísta, mas também bem honesta já que procura trazer a visão bem pessoal de Neil Jordan da questão, mesmo que essa venha a surgir de uma forma um pouco nublada, maquiada, para varrer os aspectos negativos de Collins para debaixo do tapete histórico. Além disso o filme apresenta uma das melhores interpretações da carreira do ator Liam Neeson, nessa época ainda empenhado em atuar bem, em filmes relevantes. Hoje em dia ele literalmente se acomodou em uma série sem fim de filmes de ação. Enfim, outros tempos, outros filmes.

Michael Collins - O Preço da Liberdade (Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, 1996) Direção: Neil Jordan / Roteiro: Neil Jordan / Elenco: Liam Neeson, Aidan Quinn, Julia Roberts, Alan Rickman, Stephen Rea, Ian Hart, Charles Dance / Sinopse: A história de um líder político que sonhava com a liberdade da Irlanda. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Chris Menges) e Melhor Música Original (Elliot Goldenthal). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Liam Neeson) e Melhor Trilha Sonora (Elliot Goldenthal).

Pablo Aluísio.