quarta-feira, 11 de abril de 2018

Submersão

Wim Wenders é um diretor cultuado pelos cinéfilos. Alguns de seus filmes são considerados obras primas da sétima arte. Aqui porém ele decidiu trilhar caminhos mais convencionais. O roteiro divide a sua história em dois momentos bem definidos. No primeiro temos o encontro entre Danielle Flinders (Alicia Vikander) e James More (James McAvoy); Eles estão no mesmo hotel, curtindo férias. Depois de um breve encontro na praia, onde rápidas apresentações são feitas, começam a namorar.  Ela é uma cientista, no momento fazendo um estudo sobre a vida em regiões escuras e desconhecidas dos oceanos. Ele se diz engenheiro especializado em recursos hídricos. Conforme o filme avança vamos descobrindo que ele está obviamente mentindo para ela.

No segundo momento, após eles se separarem com promessas de reencontro, o filme fica bem melhor. Danielle embarca em uma missão de estudo, fazendo parte da equipe de um submarino de submersão em grandes profundezas. Como se trata de um mergulho muito profundo nas fossas oceânicas muita coisa pode dar errada. Já James vai para a Somália, região situada no chamado chifre da África, em constante guerra civil. Novamente usando o disfarce de engenheiro de águas ele entra no país, mas é sequestrado no aeroporto da capital por terroristas. Afinal, há suspeitas que ele é um agente do serviço secreto britânico. Embora Wim Wenders tenha feito seu filme mais convencional, uma produção conjunta entre produtores alemães e franceses, seu estilo de cinema ainda pode ser percebido em diferentes momentos do filme, principalmente quando os protagonistas estão em algum tipo de crise existencial. No geral é uma produção que funciona melhor como tensão (com a descida ao fundo do oceano) e violência (com o sequestro dos terroristas) do que como filme romântico. Winders parece ter atirado para dois alvos, não acertando direito nenhum deles.

Submersão (Submergence, França, Alemanha, 2017) Direção: Wim Wenders / Roteiro: Erin Dignam, baseado no romance de J.M. Ledgard / Elenco: Alicia Vikander, James McAvoy, Alexander Siddig / Sinopse: O filme narra a história do romance entre Danielle (Alicia Vikander) e James (James McAvoy); que se conhecem em um hotel à beira-mar. Depois de um breve namoro eles precisam se separar, pois cada um tem seus compromissos profissionais. Ela vai para uma missão nas profundezas do oceano e ele parte para a Somália, um país em guerra civil, infestado por terroristas islâmicos. Filme indicado no San Sebastián International Film Festival na categoria de Melhor Filme europeu do ano.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de abril de 2018

Você Nunca Esteve Aqui

Não adianta esperar que o ator  Joaquin Phoenix venha a interpretar uma pessoa normal. Isso está fora de seus planos há anos. Assim quando o vejo na lista de qualquer elenco já espero de antemão que venha personagens bizarros e estranhos pela frente. É justamente o que ocorre nesse seu novo filme. Phoenix interpreta um sujeito bem esquisito. Com barba messiânica, ao estilo profeta do velho testamento, ele mora com a mãe idosa em um pequeno apartamento. Vida dura. Aos poucos descobrimos que ele faz pequenos "serviços" para sobreviver. Entenda-se serviços sujos no submundo. Também fica claro desde o começo que ele tem muitos problemas psicológicos. Na verdade é um suicida em potencial. Seu novo serviço consiste em localizar uma garota menor de idade que está em um prostíbulo frequentado por pedófilos. Mais barra pesada impossível.

O sujeito não usa armas, para isso prefere martelos, daqueles de construção civil. Um único golpe na cabeça de seu opositor já resolve a questão. Claro que nas brigas ele também acaba se ferindo, mas isso não é problema. Ele consegue arrancar seus dentes quebrados com um alicate! Com a boca cheia de sangue dá um sorriso psicótico. Pois bem, o que parecia ser mais um servicinho sujo acaba trilhando outros caminhos. Figurões políticos pedófilos estão no meio de seu caminho e até mesmo os tiras parecem encobrir os crimes desses figurões. Perceba que a imagem de políticos em geral não é péssima apenas no Brasil, mas no mundo todo. Aqui eles são retratados como vermes imundos. O filme é pesado, sombrio e não abre margem para muitos clichês desse tipo de produção. Não é um filme de ação, está mais para drama existencial com cenas brutais. Se for o que estiver procurando é uma das melhores opções de Menu à disposição.

Você Nunca Esteve Aqui (You Were Never Really Here, Estados Unidos, 2017) Direção: Lynne Ramsay / Roteiro: Lynne Ramsay, baseado no romance escrito por Jonathan Ames / Elenco: Joaquin Phoenix, Judith Roberts, Ekaterina Samsonov / Sinopse: Veterano na guerra do Afeganistão, Joe (Phoenix) ganha a vida agora fazendo pequenos e grandes serviços sujos. Um sujeito brutal que usa martelos de construção civil para esmagar os crânios daqueles que ficam em seu caminho. Agora ele é contratado para localizar uma garota menor de idade que está semi escravizada em um prostíbulo para pedófilos. Entre os envolvidos estão figurões do mundo político, entre eles o próprio governador do estado. Filme premiado no Cannes Film Festival nas categorias de Melhor Ator (Phoenix) e Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.

Paterno

Filme baseado em fatos reais. Al Pacino interpreta Joe Paterno, um treinador veterano de futebol americano. Querido pelos torcedores e jogadores de sua equipe, um nome muito respeitado no mundo do esporte, ele vê toda a sua carreira desmoronar quando uma jovem jornalista chamada Sara Ganim (Riley Keough) começa a investigar uma série de denúncias envolvendo pedofilia de um dos membros da equipe de Paterno. O que parecia algo baseado apenas em rumores, começa a ganhar uma grande dimensão quando vários outros casos de abuso sexual infantil começam a ser descobertos. Pior do que isso, muitos dos abusos foram cometidos dentro do estádio do time de futebol, algo que seria facilmente descoberto pelo veterano treinador. Teria ele se omitido diante desses crimes? Encobriu de alguma forma os abusos envolvendo crianças? O que realmente fez para que seu assistente pedófilo fosse acusado e preso? Estaria envolvido nos crimes de alguma forma? São perguntas que o roteiro vai desvendado aos poucos...

Al Pacino volta ao mundo do futebol americano, terreno que ele não pisava desde "Um Domingo Qualquer" de 1999. Ao contrário desse outro filme, que de certa maneira louvava o esporte, esse aqui mostra um dos piores escândalos envolvendo treinadores, cartolas e jogadores. Algo que gerou grande escândalo nos Estados Unidos quando foi desvendado. Mostra que a pedofilia está em praticamente todos os setores da sociedade, envolvendo até mesmo pessoas acima de qualquer suspeita. Além do velho Pacino, novamente muito bem em sua atuação, com grandes e pesados óculos de grau, outro destaque do elenco é a atriz Riley Keough. A neta de Elvis Presley, que começou profissionalmente no mundo da moda, tem surpreendido cada vez mais como atriz. Sempre escolhendo personagens mais desafiadoras, ela tem se destacado em sua geração. Aqui atua em um filme com o grande Al Pacino, um dos mais consagrados atores da história do cinema, mais uma amostra que a garota vai realmente longe na carreira.

Paterno (Paterno, Estados Unidos, 2018) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Debora Cahn, John C. Richards / Elenco: Al Pacino, Riley Keough, Annie Parisse / Sinopse: Joe Paterno (Al Pacino), um treinador veterano de futebol americano, há 60 anos considerado um dos melhores profissionais do esporte, vê sua imagem ser destroçada pela mídia após o envolvimento de um de seus assistentes em um caso envolvendo inúmeros abusos sexuais de menores. O homem, um criminoso pedófilo, acaba arrastando Paterno para o centro do escândalo, quando todos começam a se perguntar se o treinador de alguma forma encobriu tudo o que estava acontecendo ao seu redor.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Solaris

Em 1972 o mundo do cinema ficou surpreendido por uma das obras primas da ficção, o filme russo "Solaris" de Andrei Tarkovsky. Até hoje o filme é cultuado por representar um salto absurdo em termos de roteiro e ambientação. Para celebrar os 30 anos de seu lançamento original o ator George Clooney e o diretor Steven Soderbergh resolveram fazer um remake americano da obra. Então chegamos nessa versão de 2002. Tive a oportunidade de assistir no cinema. De fato considero um filme muito bom, embora não possa ser comparado com a versão original de Tarkovsky. Um dos acertos foi não aceitar fazer concessões comerciais, ou seja, transformar a trama em algo mais palatável para o público em geral. O mesmo clima opressivo foi mantido.

Isso ajudou e também prejudicou o filme em certos aspectos. O ritmo lento e a proposta mais cabeça não foi tão bem aceito no ocidente. Muitos criticaram a pretensão de Steven Soderbergh em tentar fazer algo melhor ou, pelo menos, igualar ao impacto que o filme russo causou nos anos 70. Comercialmente o filme foi um fracasso. Eu me recordo de ter assistido a uma entrevista de lançamento da produção, onde um George Clooney muito nervoso, tenso e estressado, rebatia as críticas de que o filme era "longo, chato e arrastado demais". Nesse ponto dei inteira razão a Clooney, uma vez que esses mesmos adjetivos poderiam ser usados contra o filme de 72. Como escrevi antes, não é um ficção comum, que se renda aos clichês do gênero. O roteiro traz algo a mais, com argumento bem complexo e com toques de surrealismo presentes. Tem que aceitar sua proposta para curtir a produção como um todo. Caso contrário o espectador vai achar mesmo tudo um grande tédio.

Solaris (Solaris, Estados Unidos, 2002) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Steven Soderbergh, baseado no livro de Stanislaw Lem / Elenco: George Clooney, Natascha McElhone, Ulrich Tukur / Sinopse: Chris Kelvin (George Clooney) é um astronauta que orbitando um planeta distante começa a ter alucinações psicológicas perturbadoras, onde começa a ver estranhas criaturas andando pelos corredores de sua nave. Filme indicado ao Urso de Ouro do Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio. 

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra

Eu acompanhei a carreira do ator Johnny Depp desde os anos 80. Naquela época ele só atuava em filmes mais cult, artísticos. Por isso era um dos jovens atores mais prestigiados pela crítica mundial. O tempo passou e em 2003 ele finalmente se rendeu ao cinemão mais comercial de Hollywood. Deixou sua imagem de ator alternativo de lado para abraçar esse blockbuster da Disney. O mais curioso dessa metamorfose é que o filme não era baseado em um livro, nem um game, mas sim em uma atração do parque Disneyworld, isso mesmo, um brinquedo muito popular entre os visitantes de lá. Absurdo? Ora, em Hollywood nada se cria, tudo se transforma, tudo se copia...

O curioso é que apesar de revisitar um velho tema em termos de gêneros cinematográficos, a dos filmes de piratas, bem populares nos tempos de Errol Flynn, essa nova produção tinha como alvo o público mais jovem, que frequentava salas de cinema dos shopping centers. Assim havia farto uso de efeitos especiais de última geração, com um toque de magia e fantasia que não ficariam deslocados em um filme da série "O Senhor dos Anéis". O resultado foi, pelos menos comercialmente, muito bom. Esse primeiro filme rendeu quase um bilhão de dólares, o colocando entre as maiores bilheterias de todos os tempos, abrindo espaço para uma franquia que não parece ter fim, pois até hoje em dia está em cartaz. Johnny Depp obviamente ficou milionário. Dos cachês pequenos dos filmes de arte, ele pulou para o primeiro time entre os mais bem pagos da indústria cinematográfica americana. Nada mais justo, uma vez que seu pirata Jack Sparrow (inspirado nos maneirismos de Keith Richards dos Stones) era certamente uma das melhores coisas do filme.

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, Estados Unidos, 2003) Direção: Gore Verbinski / Roteiro: Ted Elliott, Terry Rossio / Elenco: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Orlando Bloom, Keira Knightley / Sinopse: O Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) é um pirata do século XVII que precisa quebrar uma maldição envolvendo sua tripulação e seu navio, o Pérola Negra! Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Johnny Depp), Melhor Maquiagem, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som e Melhores Efeitos Especiais. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Comédia ou Musical (Johnny Depp).

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de abril de 2018

A Exceção

A queda da antiga e tradicional monarquia prussiana abriu espaço para a subida ao poder do nazismo. Esse mais do que interessante filme mostra o que aconteceu com o Kaiser Wilhelm II (Christopher Plummer) vinte anos após perder o poder. Ele se encontrava isolado, no exílio na Holanda. Levava uma vida melancólica, mas igualmente tranquila até que a Alemanha invade a Holanda em 1940. Hitler imediatamente manda um capitão do exército do Reich para supostamente garantir a segurança pessoal do Kaiser, mas como o roteiro do filme mostra não era bem essa a intenção real. O filme se desenvolve justamente a partir da chegada do capitão ao velho casarão onde agora mora o Kaiser. Ele é um homem de idade avançada que ainda tem sonhos de voltar ao trono alemão. O que seria uma dádiva ao mundo se realmente acontecesse, pois era um homem calejado pela vida, com certa sabedoria, que jamais daria começo a uma guerra de proporções mundiais como a que os nazistas promoveram.

Claro que com Hitler no poder ele jamais voltaria à antiga glória da monarquia, porém a esperança ainda o movia. O filme tem uma sensibilidade bem orquestrada para mostrar esse lado sentimental, piegas e até ridículo de um antigo monarca que ainda respirava ideais que eram impossíveis de acontecer naquele momento histórico. Grande parte do que se vê na tela é mera ficção, mas o contexto histórico foi bem real, aconteceu de verdade. Um dos pontos altos do filme acontece quando o Kaiser destronado recebe a visita do braço direito de Hitler, a besta fera Heinrich Himmler, um monstro capaz de falar despreocupadamente na mesa de jantar sobre a melhor forma de executar crianças deficientes em campos de concentração. Claro que essa cena, muito bem realizada, muito provavelmente jamais aconteceu, mas serve como ponto de inflexão do grande trabalho de atuação do excelente Christopher Plummer em um papel que lhe caiu muito bem. Ele sai despedaçada interiormente do que ouve. Há também um romance entre o capitão e a empregada do Kaiser, mas essa parte da trama, apesar de importante na história, não consegue superar o grande trabalho de Plummer. Enfim, um filme muito bom, mostrando um lado periférico da história que poucos conhecem.

A Exceção (The Exception, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: David Leveaux / Roteiro: Simon Burke, baseado no romance "The Kaiser's Last Kiss", escrito por  Alan Judd  / Elenco: Christopher Plummer, Lily James, Jai Courtney, Ben Daniels, Eddie Marsan / Sinopse:  Holanda, 1940. O Kaiser destronado Wilhelm II (Christopher Plummer) vê pela janela de sua casa a chegada de um destacamento do exército alemão. O país foi invadido por tropas nazistas e Hitler envia um capitão para cuidar da segurança pessoal do ex-monarca prussiano. Tudo porém está encoberto em uma grande neblina de falsa intenções e mentiras deliberadas por parte do III Reich. Filme indicado ao Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

Anastasia

Essa foi a primeira animação da Fox. Veio em um momento em que esse mercado começava a ser disputado pelos demais estúdios de Hollywood por causa dos grandes sucessos de bilheteria da Disney, que reinava sozinha e absoluta nesse mundo de longas de animação. Tecnicamente é um filme perfeito, a tal ponto de chegou a concorrer a dois Oscars (ambos relacionados ao maravilhoso trabalho que foi realizado em sua trilha sonora). O enredo foi escrito em cima da lenda que persistiu por décadas após a morte da família do último czar da Rússia, Nicolau II. Dizia-se que a sua filha mais jovem, Anastasia, teria sobrevivido ao massacre da revolução comunista. Ela teria ido embora, morar em algum lugar lugar da Europa. Era a última representante da monarquia destronada.

Claro que historicamente você não deve esperar muito dessa animação. A ideia dos produtores e do diretor Don Bluth (de "Fievel") era contar uma estorinha de conto de fadas, com princesas perdidas, etc. Nada de dissecar o que de fato aconteceu na revolução russa! O grande vilão é Rasputin, que na história real era um protegido da família Romanov (veja que ironia!). Os verdadeiros vilões da morte da família Romanov foram os comunistas que comandados por Lênin, promoveram um banho de sangue inocente na Rússia. Isso porém não é mostrado na animação. Todo o mal cabe apenas ao bruxo Rasputin, aqui voltando do mundo dos mortos, o que rende algumas sequências que na minha opinião nem eram muito adequadas para crianças. Afinal ele retorna praticamente como um zumbi, com pedaços de seu corpo caindo pelo caminho! Mesmo assim gostei de praticamente tudo, das músicas, do romance entre Anastasia e um jovem que vive de pequenos golpes, do estilo e da riqueza dos desenhos, da paleta de cores, etc. No final o filme foi elogiado pela crítica, mas não chegou a ser um campeão de bilheteria, apenas retornando um pequeno lucro para a Fox Talvez essa coisa toda de revisitar um período tão complicado da história tenha atrapalhado um pouco seu sucesso. Ignore esse aspecto e procure se divertir com o que a animação tem de melhor.

Anastasia (Anastasia, Estados Unidos, 1997) Direção: Don Bluth, Gary Goldman / Roteiro: Susan Gauthier, Bruce Graham / Elenco (dubladores): Meg Ryan, John Cusack, Christopher Lloyd, Kirsten Dunst, Angela Lansbury / Sinopse: O bruxo Raputin resolve amaldiçoar a família imperial da Rússia. Depois de uma noite de caos e violência apenas a princesa Anastasia consegue sobreviver. Ela vai parar em um orfanato, sem memória, sem lembrar de seu passado. Após se encontrar com um jovem ela decide ir a Paris para reencontrar sua avó, que a procura por anos e anos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música ("Journey To The Past" de Stephen Flaherty e Lynn Ahrens) e Melhor Trilha Sonora Original (Stephen Flaherty, Lynn Ahrens e David Newman).

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de abril de 2018

O Rebelde no Campo de Centeio

J.D. Salinger foi um dos escritores mais aclamados e estranhos da literatura dos Estados Unidos. Ainda bastante jovem, recém saído da universidade, ele escreveu uma obra prima absoluta chamada "O Apanhador do Campo de Centeio". O livro vendeu 25 milhões de cópias e a crítica se rendeu ao talento daquele escritor iniciante. E depois disso aconteceu o inesperado. Ao invés de desenvolver uma longa e produtiva carreira literária, publicando outros grandes livros, Salinger simplesmente desapareceu. Foi morar em uma remota propriedade onde ficou praticamente recluso por décadas e nunca mais lançou outro livro na vida! Um fato surpreendente, ainda mais se formos pensar naquela figura caricata do gênio precoce que é lembrado por apenas uma única obra prima e nada mais.

Esse filme aqui tenta contar a história desse escritor (ou pelo menos o que se sabe após ele se retirar do mundo). Quando o filme começa Salinger é apenas um estudante universitário, tentando que alguns de seus contos curtos sejam publicados em revistas literárias. Ele tem um mentor, o professor Whit Burnett (Kevin Spacey, novamente roubando o filme para si), que o encoraja a escrever um romance com o mesmo personagem de seus contos, um jovem rebelde chamado Holden Caulfield que acabou virando um símbolo para a juventude da época. Outro bom aspecto desse filme biográfico é que ele explora também um lado pouco conhecido do escritor. Ele foi para a II Guerra Mundial como soldado, voltando para casa com sérios traumas do que viveu nos campos de batalha. Pode-se inclusive afirmar que ele nunca mais foi o mesmo depois dessa experiência, o que talvez explique, do ponto de vista psicológico, muitas das atitudes estranhas que tomou ao longo de sua vida. Enfim, muito bom (diria didático até) esse retrato de J.D. Salinger, um escritor sui generis, que escreveu apenas um romance, um clássico de seu tempo, para depois sumir  para sempre da vida pública.

O Rebelde no Campo de Centeio: A Vida de J.D. Salinger (Rebel in the Rye, Estados Unidos, 2017) Direção: Danny Strong / Roteiro: Danny Strong, baseado na biografia escrita por Kenneth Slawenski/ Elenco: Nicholas Hoult, Kevin Spacey, Victor Garber, Zoey Deutch / Sinopse: Anos 1940. Um jovem universitário que aspira ser um escritor, chamado J.D. Salinger (Nicholas Hoult), decide incentivado por seu professor, escrever um romance a quem chama de "O Apanhador no Campo de Centeio", se tornando assim um dos autores mais aclamados de seu tempo.

Pablo Aluísio.