segunda-feira, 16 de março de 2015

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas

Posso dizer que foi bem menos aborrecido do que os anteriores. Algumas coisas em Piratas do Caribe sempre me incomodaram: excesso de piadinhas sem graça, piruetas e pirotecnias à la filme dos Trapalhões, roteiros dispersos demais, duração desnecessária e excesso de personagens sem importância. Parece que os produtores do filme realmente ouviram as críticas e resolveram aqui cortar todos as coisas que atrapallhavam os filmes da franquia. Achei o roteiro bem enxuto, focado numa situação base (ao contrário dos anteriores que atiravam para todos os lados). Outro ponto positivo ao meu ver foi o enxugamento de personagens desnecessários. Aqueles chatos que povoavam os filmes anteriores simplesmente sumiram, o que foi ótimo. As piadinhas também ficaram sob controle, para minha satisfação.

De resto o que posso dizer é que não fiquei entediado e nem com raiva da burrice do roteiro. O Depp continua na mesma e não o critico uma vez que o personagem do Capitão é uma verdadeira mina de ouro para ele (o ator já ganhou tanto dinheiro com esse pirata que comprou até mesmo uma ilha particular para si). A produção não nega sua face blockbuster e por isso em muitos momentos pensamos que o filme foi escrito para alguém com déficit de atenção pois o corre corre é intenso. De qualquer maneira cenas pontuais (e bem feitas) fazem valer a pena, como o ataque das sereias. No saldo final apesar de não considerar um filme bom, penso que houve melhorias. O que é complicado mesmo é entender como um filme que usa e abusa de tantos clichês antigos (que já eram usados na década de 30 com Errol Flynn) conseguiu apurar mais de um bilhão de dólares de bilheteria! Velhas fórmulas parecem nunca envelhecer mesmo para o grande público.

Piratas do Caribe: Navegando em águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides, Estados Unidos, 2011) Direção: Rob Marshall / Roteiro: Ted Elliott, Terry Rossio / Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ian McShane / Sinopse: Jack Sparrow (Johnny Depp) e Barbossa (Geoffrey Rush) saem em busca de novas aventuras na franquia de grande sucesso de bilheteria.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de março de 2015

O Demolidor

O personagem Demolidor (Daredevil no original em inglês) foi criado nos anos 60 pelo sempre genial Stan Lee, em parceria com Bill Everett. Era de fato um super-herói diferente, pois era um deficiente visual e advogado que tentava impor a ordem no caótico bairro nova-iorquino de Hell's Kitchen. Nos quadrinhos ele havia ficado cego após um terrível acidente com lixo tóxico. O fato de não enxergar por outro lado ampliou seus demais sentidos a um nível desconhecido para um ser humano normal. Tentando fazer valer a justiça a todo custo o personagem se envolvia com o chamado submundo da grande cidade. Embora tenha tido um começo promissor o Demolidor jamais conseguiu ser um personagem de ponta dentro do universo Marvel até Frank Miller (o mesmo de “Batman – o Cavaleiro das Trevas") o resgatar completamente do obscurantismo. O desenhista e escritor acabou produzindo uma série de aventuras revolucionárias com o personagem, o tornando pela primeira vez um dos mais populares da Marvel. Investindo em enredos mais adultos o Demolidor acabou renascendo das cinzas.

Esse foi justamente o material utilizado por Hollywood para trazer o herói para as telas de cinema. Foi um projeto ambicioso, com orçamento generoso, que tinha como plano virar mais uma franquia de sucesso no cinema americano. Para interpretar o personagem principal o estúdio trouxe Ben Affleck (que seria “premiado” por essa interpretação com um Framboesa de Ouro de pior ator). Elektra, personagem criada pro Frank Miller, também ganhou destaque, sendo interpretada por Jennifer Garner (que infelizmente faria um péssimo filme solo com esse papel depois). Já do lado dos vilões uma dupla de peso, Michael Clarke Duncan (como o Rei do Crime) e Colin Farrell (como o inimigo Mercenário), foram contratados. Tudo parecia ir muito bem. O filme foi lançado em 2003 mas não conseguiu virar a franquia que todos esperavam. A razão? “Demolidor” teve uma bilheteria modesta, morna, bem abaixo da expectativa do estúdio. Não é um filme ruim, longe disso, mas o fato é que o personagem parece funcionar bem melhor no mundo dos quadrinhos. Nas telas a coisa não andou tão bem. De qualquer maneira todos os anos surgem boatos de que Daredevil voltará em nova versão. Já existe até mesmo um roteiro pronto, esperando por aprovação. Será que um dia sairá do papel esse retorno? Só nos resta esperar.

O Demolidor (Daredevil, Estados Unidos, 2003) Direção: Mark Steven Johnson / Roteiro: Mark Steven Johnson, baseado no personagem criado por Stan Lee / Elenco: Ben Affleck, Jennifer Garner, Michael Clarke Duncan, Colin Farrell, David Keith, Jon Favreau, Joe Pantoliano / Sinopse: Matt Murdock (Ben Affleck) é um advogado que esconde a existência de uma identidade secreta. Durante as noites ele incorpora oDemolidor, um herói que limpa as ruas de Nova Iorque da criminalidade.

Pablo Aluísio.

Superman IV – Em Busca da Paz

Depois dos modestos resultados de Superman III todos achavam que a série estava realmente encerrada. Não é para menos, o filme não foi muito bem recebido nem pelo público e nem pela crítica. Já mostrava sinais de desgaste e seu tom mais bem humorado não agradou aos fãs do super-herói. Assim a Warner decidiu encerrar a franquia. Foi então que a Cannon Group entrou em cena. Eles decidiram que iriam filmar o quarto filme da série mas para isso tinham que superar vários problemas sendo um dos principais a pouca vontade de Christopher Reeve em voltar ao papel. O ator estava tentando decolar sua carreira, participando de filmes e peças mais de acordo com sua sólida formação dramática e teatral. Superman sem dúvida havia sido bom para ele mas já era hora de seguir em frente. Como na visão da Cannon não haveria filme sem Reeve a produtora resolveu oferecer ao ator uma verdadeira fortuna para ele voltar a vestir o uniforme azul. Não contente Christopher Reeve ainda estipulou uma série de regalias e direitos, inclusive de mexer no roteiro e na direção caso não fosse de seu agrado. Contrato assinado era a hora de trazer de volta o personagem às telas!

Infelizmente a pré-produção de Superman IV custou tão caro e Reeve levou uma bolada tão exorbitante que pouco sobrou para a produção do filme. Ao invés de investir em efeitos especiais de primeira geração a empresa teve que se contentar em contratar um time de segundo escalão. O roteiro, confuso e mal trabalhado, não foi lapidado e as filmagens começaram sem ter um texto final pronto. A trama era boba e muito fraca. Em plena guerra fria a patriotada tomava conta do Superman que virava um boneco da propaganda tipicamente da era Reagan. Havia um vilão sem qualquer carisma, “O Homem Nuclear”, que enfrentava o herói em um cenário completamente mal feito. O pior era saber que a estória havia sido escrita pelo próprio Christopher Reeve que com controle de veto se envolveu onde não deveria. Ele quis transformar o filme numa grande propaganda anti-nuclear! Uma das únicas coisas boas era o retorno de Gene Hackman na série (ele fazia não apenas o Lex Luthor como a “voz” do Homem Nuclear). Mesmo com ele em cena não houve jeito, Superman IV era certamente muito ruim e logo se tornou um grande fracasso de bilheteria encerrando de vez a franquia original. Uma despedida melancólica de Christopher Reeve no papel, logo ele que até aquele momento era considerado o melhor ator a encarnar o personagem em toda a história. Uma pena.

Superman IV: Em Busca da Paz (Superman IV: The Quest for Peace, Estados Unidos, 1987) Direção: Sidney J. Furie / Roteiro: Christopher Reeve, Lawrence Konner / Elenco: Christopher Reeve, Gene Hackman, Jackie Cooper, Mark Pillow, Margot Kidder,  Mariel Hemingway / Sinopse: Superman (Christopher Reeve) enfrenta o perigo nuclear materializado no Homem-Nuclear (Mark Pillow).

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de março de 2015

O Incrível Hulk

Algumas franquias morrem logo em seu nascimento. Foi o caso de Hulk. O primeiro filme dirigido por Ang Lee tinha grande orçamento, muito marketing e promoção, mas afundou de forma desastrosa. A culpa foi do próprio Lee que confundiu as bolas e fez um filme muito chato onde o Hulk (no fundo apenas uma variação de “O Médico e o Monstro” nas próprias palavras de seu criador, Stan Lee) tinha tediosas crises existenciais. O resultado foi horrível pois em um mesmo filme conviviam duas propostas bem diferentes - a de um filme sério tentando passar algo profundo e a de um outro, bem diverso, onde temos um monstro verde, cheio de fúria, destruindo uma cidade com muitos efeitos digitais. Ninguém gostou do resultado, nem o público, nem os fãs e muito menos o estúdio que demitiu todos os envolvidos na produção para literalmente começar do zero tudo de novo. O que era para ser o primeiro filme de uma nova franquia foi pelos ares e deveria ser esquecido. Esse "O Incrível Hulk" é a segunda tentativa de dar certo na adaptação de Bruce Banner / Hulk (Edward Norton), o famoso personagem verde dos quadrinhos. Bem melhor que o primeiro ele abraça sem pudores o universo criado por Stan Lee. Sua vocação para a aventura é um ponto mais do que positivo. Os efeitos estão bem situados dentro do enredo e os vilões são bem arquitetados. Nada como um tremendo erro anterior para consertar todos os problemas no filme seguinte.  "O Incrível Hulk" foi bem certeiro nesse aspecto em seus objetivos.

Na trama acompanhamos o cientista Bruce Banner (Edward Norton, bem à vontade) que por acidente fica exposto a altas doses de raio gama. A exposição a esse agente acaba alterando em nível celular o organismo de Banner que passa a se transformar em um imenso gigante verde, completamente irracional e irascível, que destrói tudo por onde passa. Procurando por uma cura ele vem ao Brasil em busca de ervas medicinais da flora local. Procurando por seu paradeiro o exército americano acaba descobrindo onde ele se encontra e envia agentes treinados para capturá-lo. Para sobreviver ele terá que escapar o mais rápido possível. Pela sinopse já deu para ver que parte do filme foi rodado no Brasil. As nossas favelas, sempre vistas pelos estrangeiros com espanto pelo grau de abandono das populações mais carentes, logo vira um diferencial na condução do filme. Infelizmente os clichês em relação aos latinos também estão todos lá mas não chega às raias da ofensa direta. O que vale a pena em "O Incrível Hulk" é que o espírito dos quadrinhos está em todo o filme, no roteiro, nas cenas e no argumento. Norton compõe uma boa caracterização, mostrando aquela vulnerabilidade que sempre foi a marca registrada de Bruce Banner. O cientista é geralmente retratado como um injustiçado que conta com seu alter ego monstruoso para colocar tudo nos eixos. Essa foi a essência dos quadrinhos que foi resgatada pela produção dessa película. Bom filme no final das contas. Espero que em breve ele tenha novas continuações, principalmente depois do estrondoso sucesso comercial dos Vingadores em 2012, que se tornou a maior bilheteria do ano.

O Incrível Hulk  (The Incredible Hulk, Estados Unidos, 2008) Direção: Louis Leterrier / Roteiro: Louis Leterrier baseado no personagem criado por Stan Lee / Elenco: Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth, William Hurt, Tim Blake Nelson, Ty Burrell, Christina Cabot, Peter Mensah, Lou Ferrigno, Paul Soles, Débora Nascimento / Sinopse: Cientista é exposto a alta doses de raios gama. Procurando por uma cura vai até o Brasil onde passa a ser perseguido pelo exército e demais serviços de inteligência do governo americano. Agora terá que escapar para sobreviver!

Pablo Aluísio.

Os Mais Jovens

Título no Brasil: Os Mais Jovens
Título Original: Young Ones
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Bifrost Pictures
Direção: Jake Paltrow
Roteiro: Jake Paltrow
Elenco: Michael Shannon, Nicholas Hoult, Elle Fanning, Kodi Smit-McPhee
  
Sinopse:
Em um mundo futurista e desértico, onde a água é um item raro a se encontrar, o fazendeiro Ernest Holm (Michael Shannon) tenta de todas as formas transformar sua propriedade rural em um negócio rentável. Ao lado de seus dois filhos adolescentes, ele procura qualquer tipo de ajuda para manter a fazenda em pé, algo que vai se tornando cada vez mais complicado tendo em vista as hostis condições ambientais. Sua última esperança acaba sendo a compra de um robô que pretende facilitar seu empreendimento. Para seu azar ele acaba sendo roubado pouco tempo depois, dando origem a um busca desesperada pelos ladrões. Filme vencedor do Sitges - Catalonian International Film Festival na categoria de Melhor Roteiro.

Comentários:
Inicialmente você pensa que vai assistir a mais uma milésima versão do mundo pós-apocalipse ao estilo "Mad Max". Tudo está lá, o mundo seco e árido, a luta pela água, o clima opressivo, mas ao invés de apostar na pura ação e violência, o diretor Jake Paltrow resolveu investir em um enredo mais dramático, onde se sobressaem os filhos adolescentes do fazendeiro Holm (aqui interpretado pelo veterano Shannon). O garoto é muito jovem, mas mesmo assim tenta ajudar ao pai na sua luta em fazer aquela fazenda desértica produzir alguma coisa. A garota adolescente, interpretada pela bonita Elle Fanning, por sua vez está no limite. Isolada no meio do deserto, ela vive uma rotina de trabalhos domésticos pesados e falta de relacionamentos com rapazes de sua idade. A solidão vai se tornando cada vez mais um fardo insuportável de conviver. O roteiro divide a estória em três grandes partes, em capítulos intitulados com os nomes dos três personagens centrais. Esse enredo me fez inclusive lembrar muito de velhos faroestes dos anos 50, que exploravam a dura vida dos rancheiros que iam rumo ao velho oeste em busca de uma nova vida. Uma vez chegando lá acabam encontrando todos os tipos de dificuldades e desafios inimagináveis. A diferença básica é que ao invés de ser um western esse filme se propõe a ser uma ficção passada em um futuro sem muitas esperanças. No saldo final não chega a aborrecer, mas tampouco consegue se tornar marcante. É aquele típico filme mediano que você vai assistindo até o final com seu interesse oscilando entre a atenção e a dispersão completa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Aliens vs Predator - Requiem

Se você estiver interessado em conhecer como morrem as franquias basta assistir a filmes como esse. Veja que quando uma franquia comercial de sucesso em Hollywood começa a derrapar nas bilheterias (e isso senhoras e senhores acontece com todas as séries cinematográficas) o que sobra é esse tipo de produção. A receita desse tipo de bolo indigesto não tem segredo: no título usa-se como isca o nome das franquias moribundas. Basta lembrar de "Jason vs Freddy" e esse "Aliens vs Predador". Muitos podem dizer que esse tipo de produto nasceu no mundo dos quadrinhos. De fato isso é uma verdade. Mas até mesmo no mundo dos comics isso significa decadência comercial e artística. Quando as revistinhas começavam a não vender mais como antes os editores de quadrinhos colocavam o Batman para trocar socos com o Superman na DC Comics ou o Homem-Aranha saindo no braço com o Homem de Ferro na Marvel. É um engodo em essência, uma forma de resgatar personagens decadentes do limbo, do fracasso.

E assim chegamos a "Aliens vs Predador". Eu fico realmente entristecido em ver essas franquias entrarem em seu cemitério cinematográfico aqui, já que ambas as séries trouxeram muitas alegrias para os fãs de filmes Sci-Fi. Aliens sempre foi mais relevante do ponto de vista artístico, principalmente por causa do marcante primeiro filme, "Alien - O Oitavo Passageiro" assinado pelo brilhante e talentoso Ridley Scott. Idem para sua continuação "Aliens - O Resgate" dirigido pelo cultuada James Cameron. Até mesmo a terceira parte da franquia tinha seus méritos. Já o Predador entrou em declínio mais rapidamente. Depois de um marcante filme de ação nos anos 80 a série ainda teve um pequeno fôlego com sua continuação Predador 2 mas depois disso de fato foi ladeira abaixo. Dito isso não sobra muito o que comentar sobre esse filme "Aliens vs Predador". É uma bobagem, tendo no elenco um grupo de atores desconhecidos e sem talento, que no final das contas só estão lá para morrerem de uma forma industrial, muitas vezes sem qualquer empolgação. Diversão fast food da pior espécie. Nem como produto trash funciona. Era mesmo melhor que esses dois monstros tivessem morte mais digna nas salas de cinema. "Aliens vs Predador" é a pior das tumbas cinematográficas.

Aliens vs. Predador 2 (AVPR: Aliens vs Predator - Requiem, Estados Unidos, 2007) Direção: Colin Strause, Greg Strause / Roteiro: Shane Salerno, Dan O'Bannon / Elenco: Steven Pasquale, Reiko Aylesworth, John Ortiz / Sinopse: Aliens e Predadores se enfrentam numa pequena cidade americana.

Pablo Aluísio. 

A Culpa é das Estrelas

Título no Brasil: A Culpa é das Estrelas
Título Original: The Fault in Our Stars
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Josh Boone
Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Laura Dern, Willem Dafoe

Sinopse:
Hazel (Shailene Woodley) é uma adolescente que luta desde os 13 anos contra um câncer terminal. Sua vida porém ganha novos contornos quando ela conhece Gus (Ansel Elgort), um jovem que como ela também está passando por esse terrível momento em sua vida. Igualmente lutando contra um câncer que o fez perder parte de sua perna, eles imediatamente se identificam e se apaixonam. O tempo não está a favor do amor de ambos, mas eles decidem viver toda a intensidade de sua paixão até o fim. 

Comentários:
É uma coisa bem antiga, para ser mais exato nasceu no século XVIII. Estou falando do movimento romântico que obviamente surgiu inicialmente na literatura e só muitos anos depois invadiu o cinema. "A Culpa é das Estrelas" tem todos os elementos mais caros ao surgimento do romantismo, jovens apaixonados, na flor da idade, mas à beira da morte, tentando viver um grande amor que sabem ser finito mas que lutarão até o fim por ele. O amor que sentem um pelo outro é do mais puro e verdadeiro que você possa imaginar, sem interesses, sem falsas intenções, apenas o amor, aquele sentimento tão real e verdadeiro que muitas pessoas passarão sem sentir de fato em suas vidas, justamente por ser tão raro e praticamente impossível de encontrar. Existe algo mais romântico do que isso? Muitos críticos chamaram atenção também ao fato de que essa premissa já foi exaustivamente explorada pela sétima arte e não é nenhuma novidade. Tudo isso é verdade, mas querem saber de uma coisa? Ainda funciona muito bem! 

O enredo explorando o amor trágico desses dois adolescentes que estão morrendo de câncer é muito bem realizado, os atores são bem carismáticos e o filme consegue superar tudo - até o risco de se tornar excessivamente meloso - para cativar seu público. Claro que indicaria a produção para um público que esteja de preferência na faixa etária dos personagens, já que muitas vezes a idade traz a desilusão e o cinismo, principalmente para quem de alguma forma se decepcionou com seus relacionamentos amorosos no passado. Para um jovem de 16, 17 anos porém será uma experiência e tanto vivenciar as emoções que esse roteiro passa para sua platéia. Há momentos levemente engraçados, amizade, romance e morte! Muitas pessoas não entenderam ainda que a essência do romantismo é justamente a união desses elementos tão díspares na narrativa de suas estórias. Misture tudo e você terá uma obra romântica por excelência. Os poetas do "Mal do Século" certamente bateriam palmas. Você também gostará, a não ser que tenha um coração de pedra! Ah, e antes que me esqueça, não deixe de levar um lencinho para secar todas as lágrimas.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 12 de março de 2015

Campo dos Sonhos

Kevin Costner já era um astro consagrado por causa do enorme sucesso de “Os Intocáveis” quando chegou aos cinemas esse “Campo dos Sonhos”. É curioso porque a trama do filme se utiliza de um dos maiores símbolos da cultura americana, o beisebol, e Costner naquele período era apontado como ele próprio um símbolo dos velhos ideais da América. Não era à toa que ele era considerado o “novo Gary Cooper”. Unir Costner com sua imagem de bom moço e símbolo do American Way of Life com o Beisebol, esporte maior da nação, foi mais do que providencial. A trama se apóia em um argumento de realismo fantástico onde Costner interpreta um fazendeiro com dificuldades financeiras chamado Ray que certo dia tem uma visão onde surge uma voz que lhe diz para construir um campo de beisebol em seu milharal. Estaria ele enlouquecendo? Contra tudo e contra todos Ray (Costner) decide então construir o tal campo de beisebol pois algo lhe diz que uma vez construído os antigos ídolos do esporte voltarão para aquela que seria sua última partida! Heróis do passado, ídolos há muito falecidos, retornarão para um jogo final de despedida. Surreal? Espiritualista? Sensorial? Simples loucura? Bom, tudo isso se pode dizer sobre filme, no mínimo. É aquele tipo de estória que o espectador tem que aceitar e embarcar nela, caso contrário o filme em si não fará o menor sentido.

Como era de se esperar a produção não despertou o menor interesse no público brasileiro por causa de seu tema muito americano. Filmes sobre esportes como beisebol ou futebol americano e outros que o brasileiro médio desconhece ou ignora geralmente não fazem sucesso por aqui. É de se lamentar já que “Campo dos Sonhos” apesar de ter como pano de fundo o esporte não gira apenas em torno dele, pelo contrário, o roteiro na realidade centra seu foco na realização dos sonhos de cada pessoa, individualmente. O personagem de Kevin Costner nada mais é do que uma alegoria representativa da capacidade de cada pessoa em sonhar e tornar esses sonhos uma realidade. O livro em que o filme foi inspirado, escrito pelo autor W.P. Kinsella é exatamente sobre isso. O personagem principal da estória nada mais é do que um alter ego do escritor que queria apenas escrever uma fábula sobre os sonhos de cada um, por mais impossíveis ou improváveis que eles sejam. A produção tem bom gosto e requinte e Costner tem no elenco de apoio grandes atores, entre eles um inspirado James Earl Jones e um jovem Ray Liotta como um dos jogadores de beisebol que chegam do além para uma partida final no milharal ou como o próprio nome do filme diz, no campo dos sonhos. E o que dizer da presença mais do que digna do veterano Burt Lancaster? Simplesmente maravilhoso. Esse filme é assim um bom e lírico passeio pelos ideais mais caros ao povo americano – as terras de cultivo do meio oeste, o beisebol, os valores de persistência e luta e por fim a concretização dos sonhos de infância. Um retrato amigável e simpático do homem comum daquele país. “Campo dos Sonhos” é de fato louvação à alma dos Estados Unidos como nação. Assista sem receios.

Campo dos Sonhos (Field of Dreams, Estados Unidos, 1989) Direção: Phil Alden Robinson / Roteiro: Phil Alden Robinson baseado no livro escrito por W.P. Kinsella / Elenco: Kevin Costner, James Earl Jones, Ray Liotta,  Amy Madigan, Burt Lancaster / Sinopse: Fazendeiro do meio oeste americano recebe através de um visão o desejo de construir um campo de beisebol no milharal de sua fazenda. Mesmo em dificuldades financeiras ele resolve transformar esse sonho em realidade para que antigos ídolos do esporte possam voltar pela última vez para um jogo final de despedida.

Pablo Aluísio.

Encontro de Amor

Não deu muito certo essa nova versão modernizada do conto Cinderela. O enredo todos conhecem: homem rico (um príncipe na estorinha original) se apaixona por humilde garota e após superarem vários preconceitos sociais conseguem finalmente viver felizes para sempre. Como estamos em um mundo globalizado e tecnológico não haveria como trazer a estorinha tradicional de volta, assim criou-se um novo contexto atual para no final contar tudo o que já vimos muitas e muitas vezes antes. Aqui acompanhamos a dura rotina de Marisa (Jennifer Lopez), uma mulher de origem latina que sofre todos aqueles preconceitos bem característicos da sociedade americana. Para sobreviver ela aceita um trabalho como camareira em um hotel de alto luxo de Manhattan. Infelizmente aqui temos uma situação bem comum por lá, pois muitos latinos nos EUA sobrevivem realizando exatamente aqueles serviços que os americanos consideram indignos de sua posição social.  Por um mal-entedido ou força do destino, como queiram, Marisa conhece por acaso o bonitão Christopher Marshall (Ralph Fiennes) que fica perdidamente apaixonado por ela, pensando ser a garota uma hospede no mesmo hotel onde ele se encontra.

Assim começa essa comédia romântica que une esse casal bem improvável, a quente e sensual Jennifer Lopez com seu sangue latino caliente e o elegante, frio e sofisticado Ralph Fiennes, ator premiado que se destacou no filme “O Paciente Inglês” e tanto outros. O problema começa justamente aí. “Encontro de Amor” falha onde uma comédia romântica dessas não pode falhar. Ao unir Lopez e Fiennes acabou acontecendo o inevitável: não houve química nenhuma entre eles. São pessoas muito diferentes, com jeitos de ser completamente diversos. Jennifer Lopez tenta alcançar o nível de sofisticação de Ralph Fiennes e falha completamente, até porque esse nunca foi seu estilo. Jennifer Lopez é aquele tipo de artista (cantora, atriz, etc) que vive da imagem de sua sensualidade, que no caso dela beira a vulgaridade. Ela nunca vai se sair bem em papéis de princesa ou garotas boazinhas simplesmente porque ninguém vai acreditar muito nisso. Jennifer não nega sua origem de mulher latina, forte, de personalidade robusta e gestos espalhafatosos, isso sem contar aquele que é apontado até agora como seu maior “talento” artístico – seu bumbum nada discreto! Heroínas de comédias românticas bobinhas não podem ser tão exuberantes fisicamente como ela! O resultado desse contraste de personalidades até que não fez feio nas bilheterias (pouco mais de 100 milhões de dólares) mas tampouco empolga ou consegue ser marcante. Lopez não é uma atriz de mão cheia, pelo contrário. Melhor ela voltar para as suas músicas onde sempre canta as “qualidades” de ser uma mulher latina popozuda nos EUA. Fica mais convincente. O resto é pura bobagem.

Encontro de Amor (Maid in Manhattan,  Estados Unidos, 2002) Direção: Wayne Wang / Roteiro:  Kevin Wade / Elenco: Jennifer Lopez, Ralph Fiennes, Tyler Posey, Marissa Matrone, Natasha Richardson, Chris Eigeman, Stanley Tucci, Seth William Meier, Bob Hoskins./ Sinopse: Homem rico de família tradicional (Ralph Fiennes) se apaixona por camareira latina (Jennifer Lopez) pensando que ela se trata de uma hóspede rica no hotel onde ele se encontra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Hitchcock

Quem gosta de cinema certamente vai gostar de “Hitchcock”. No filme acompanhamos as filmagens do maior clássico da carreira do diretor, “Psicose”. Após filmar “Intriga Internacional” Hitchcock (Anthony Hopkins) acaba lendo em uma crítica que ele precisava se renovar, trazer coisas realmente novas. Assim o cineasta acaba saindo em busca de algo que surpreendesse seu público para seu novo filme. Acaba se interessando pelo livro “Psicose”, uma obra de ficção baseada livremente nos terríveis crimes do psicopata Ed Gein. Famoso pelas barbaridades que cometeu e pela obsessão psicótica em relação à mãe, Ed era o protótipo perfeito de Norman Bates, o principal personagem do livro. Na literatura havia um desfecho completamente perturbador e surpreendente que logo fisgou o mestre do suspense. Além disso existia toda uma coleção de momentos que ficariam perfeitos nas telas, como a famosa cena do chuveiro. Hitchcock via ali um grande material mas a Paramount pensava diferente. Achava o livro violento e apelativo demais e recusou bancar o projeto. Acreditando cegamente no sucesso do filme o velho Hitch resolveu então bancar do próprio bolso a realização do filme, apostando nesse processo o sucesso absoluto ou a mais terrível bancarrota. O roteiro de “Hitchcock” passeia deliciosamente por esse período da vida do diretor. Além da natural tensão de investir tudo o que tinha em “Psicose” o cineasta ainda tinha que lidar com aspectos complicados de sua vida pessoal, como o envolvimento da esposa com um aspirante a escritor.

Impossível não gostar de uma produção como essa que mostra o grande mestre do cinema sob uma perspectiva íntima e pessoal. O Hitchcock que surge é uma pessoa absolutamente genial em seus filmes mas ao mesmo tempo complexo e contraditório em sua vida particular. Suas constantes paixões platônicas em relação às suas atrizes loiras também são mostradas com a devida elegância. Como se sabe Hitch sempre se apaixonava platonicamente por praticamente todas as suas atrizes que acabavam representando o seu tipo ideal de mulher, a loira perfeita de seus sonhos. Ao mesmo tempo em que as destacava nas telas exigia completa dedicação, se metendo inclusive nas vidas pessoais delas. O caso mais famoso ocorreu justamente com Grace Kelly, que era a musa perfeita dentro da mente do diretor. Quando ela se foi para se tornar princesa de Mônaco ele se sentiu profundamente traído e abandonado. Anthony Hopkins, sob pesada maquiagem, realiza um trabalho muito bom, embora em certos momentos abra espaço apenas para o aspecto mais caricatural da imagem do diretor. É um pecado menor. Mesmo assim seu trabalho merece aplausos. Já Helen Mirren está muito adequada como a esposa de Hitch, uma mulher que abre mão de sua própria vida para viver a do marido, o acompanhando nos êxitos e nos fracassos de sua carreira. Não é por menos que ela foi indicada a todos os principais prêmios (Oscar, Globo de Ouro, SAG e Bafta). Assim se você se interessa pela história do cinema “Hitchcock” se torna item obrigatório. Um filme saborosamente nostálgico e docemente irônico sobre um dos maiores diretores de todos os tempos.

Hitchcock (Hitchcock, Estados Unidos, 2013) Direção: Sacha Gervasi / Roteiro: John J. McLaughlin, Stephen Rebello / Elenco: Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson, Danny Huston, Toni Collette, Michael Stuhlbarg, Michael Wincott, Jessica Biel, James D'Arcy, Richard Portnow, Kurtwood Smith, Ralph Macchio / Sinopse: Após seu novo projeto, “Psicose”, ser recusado pela Paramount, o diretor Alfred Hitchcock (Anthony Hopkins) resolve fazer o filme com seu próprio dinheiro. Hipoteca sua casa e parte para o tudo ou nada. Tamanho esforço para contar a estranha estória de Norman Bates e sua obsessão psicótica pela mãe.

Pablo Aluísio.

Um Lobisomem Americano em Londres

O melhor filme sobre Lobisomens já feito. Engraçado que nossos queridos licantropos não tem mesmo muita sorte no cinema, pois poucos são os clássicos envolvendo suas aventuras. Pior é que ultimamente estão usando os lobinhos como meros coadjuvantes de luxo em filmes de vampiros (vide Crepúsculo e Anjos da Noite). Em Anjos da Noite eles não passam de cães ferozes de estimação e em Crepúsculo são anabolizados andróginos. Assim não dá. Até hoje ainda não fizeram um filme de lobisomens tão bom quanto esse e olha que já tentaram muito. O que mais me agrada nesse filme é que apesar de ser um terror classe A o humor não foi deixado de lado, mostrando que bom humor e terror podem conviver perfeitamente dentro de um mesmo roteiro, sem necessariamente resultar em um terrir (expressão usada pelo diretor brazuca David Cardoso). Na trama acompanhamos dois jovens estudantes americanos em férias que são atacados por terríveis criaturas em uma região sombria e distante do interior da Inglaterra. Um deles não sobrevive ao ataque mas o outro é hospitalizado. Após receber alta ele começa a ter estranhas alucinações com seu amigo morto. O falecido inclusive vai sofrendo o processo de decomposição natural dos cadáveres enquanto vai aconselhando ao seu amigo a agir de forma definitiva para cessar as mortes ao seu redor. 

A cena da transformação segue imbatível até os dias de hoje. Nem toda a computação gráfica do mundo conseguiu superar o impacto dessa sequência. Na realidade o cérebro humano não reage bem a cenas com muita computação gráfica porque uma mensagem do inconsciente nos é enviada imediatamente informando que aquilo não é real. Por isso tudo fica falso demais. Já essa cena da transformação utilizou muito mais de maquiagem (real), ângulos de câmera e truques de montagem. O resultado logo se nota. A aparição do Licantropo é perfeita. Já a continuação desse filme é uma decepção total, mais uma vitima de uma overdose de CG. Dispense. Assim temos uma produção única que marcou época. Sempre presente em qualquer lista dos melhores filmes de terror já feitos, "Um Lobisomem Americano em Londres" é simplesmente obrigatório para todos os fãs do gênero. Depois dele você nunca mais verá uma lua cheio do mesmo jeito que antes.

Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, Estados Unidos, Inglaterra, 1981) Direção: John Landis / Roteiro: John Landis / Elenco: David Naughton, Griffin Dunne, Jenny Agutter, Frank Oz, John Woodvine / Sinopse: Dois jovens estudantes americanos são atacados por terríveis criaturas em uma região sombria e distante do interior da Inglaterra. Um deles não sobrevive ao ataque mas o outro é hospitalizado. Após receber alta ele começa a ter estranhas alucinações com seu amigo morto. Estaria enlouquecido ou teria adquirido alguma maldição milenar? Assista para descobrir. "Um Lobisomem Americano em Londres" foi o vencedor do Oscar de melhor maquiagem e do prêmio Saturn Award, como melhor filme de terror do ano.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de março de 2015

As Vantagens de Ser Invisível

Superficialmente até parece um daqueles filmes americanos que falam sobre a dureza da vida dos estudantes no High School. Como se sabe há muita vulgaridade, ofensas, bullyng e toda aquela selva que todos conhecem da vida colegial. Como sempre também encontramos os tipos que sempre habitam esse tipo de produção: há os populares, os atletas, as patricinhas, os mauricinhos, os nerds e os freaks (esquisitos). Charlie (Logan Lerman) faz parte desse último grupo. Introvertido e com dificuldades de fazer amigos ele começa o filme indo para seu primeiro dia de aula na nova escola (o terror de muitos estudantes). Como sempre há toda aquela chatice que povoa o velho sistema educacional (que apesar da tecnologia ainda continua obsoleto com suas aulas de giz e quadro negro). No meio do tédio Charlie consegue finalmente fazer amizade com dois irmãos (ou meio irmãos), a gatinha Sam (Emma Watson) e o divertido Patrick (Ezra Miller), um jovem homossexual enrustido que namora às escondidas o atleta mais popular da escola. Juntos passam pelas experiências típicas da idade. O primeiro beijo, a primeira paixão, as descobertas sexuais, as decepções, as desilusões, etc. O repertório completo daquela fase tão complicada da vida de todos nós, a adolescência.

Para quem pensa encontrar apenas uma comédia leve passada no mundo jovem acaba se surpreendendo conforme o filme avança. Isso ocorre porque Charlie começa a apresentar transtornos que indicam  uma clara doença mental. Sem medicação adequada ele começa a delirar, ouvir vozes e perder o senso de realidade. Para piorar acaba conhecendo a LSD, uma droga alucinógena que funciona como catalisador de doenças mentais. A partir desse ponto o filme ameaça virar um drama pesado, daqueles com finais trágicos. O diretor porém puxa o freio de mão para não transformar tudo em uma daquelas tragédias que tanto conhecemos do cinema ianque. Em certo momento pensei que tudo iria desbancar para algo no gênero “Tiros em Columbine”. Mas nada disso acontece. O elenco traz como destaque Emma Watson, de "Harry Potter". Atriz simpática e carismática ela defende bem seu papel. Ao seu redor temos vários atores de séries americanas famosas. Logan Lerman, por exemplo, fez parte do elenco de "Jacky & Bobby". Fora ele o espectador ainda vai encontrar muitos rostos conhecidos da TV americana de séries como "The Vampire Diaries", "Americano Horror Story" e "Parenthood". Em conclusão podemos dizer que vale a pena assistir no final das contas. Não é uma película brilhante mas é humana. Procura fugir do dramalhão para contar uma estória de pessoas comuns em uma fase particularmente complicada para muitas pessoas, o que no final se torna bem-vindo. Em tempos de tantos filmes de efeitos especiais, pirotecnias e super-heróis pode ser uma boa opção para quem procura por algo mais profundo e sério.

As Vantagens de Ser Invísivel (The Perks of Being a Wallflower, Estados Unidos, 2012) Direção: Stephen Chbosky / Roteiro: Stephen Chbosky / Elenco: Emma Watson, Nina Dobrev, Logan Lerman, Paul Rudd, Ezra Miller, Mae Whitman, Melanie Lynskey, Kate Walsh, Dylan McDermott, Johnny Simmons, Nicholas Braun, Zane Holtz, Reece Thompson, Julia Garner / Sinopse: Charlie (Logan Lerman) é o novo aluno em um colégio de ensino médio (high School) nos EUA na década de 1980. Ele é introvertido o que lhe causa problemas para fazer novas amizades. Aos poucos porém acaba se aproximando de Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson), dois meio irmãos que se tornam grandes amigos dele. Juntos vão passar pelas dificuldades da juventude e da escola.

Pablo Aluísio

Os Bons Companheiros

“Os Bons Companheiros” é até hoje considerado uma das grandes obras primas do diretor Martin Scorsese. O filme que narra a ascensão e queda de um membro da família Luchese mantém seu charme mesmo após tantos anos de seu lançamento. A trama é baseada em fatos reais e foi inspirada nas memórias de Henry Hill (Ray Liotta). Ainda quando era apenas um garoto começou a fazer pequenos serviços para os mafiosos de seu bairro no Brooklyn em Nova Iorque. Depois caindo nas graças dos membros da “família” foi alcançando postos cada vez mais altos na hierarquia mas havia um problema para sua ascensão completa rumo ao topo: ele não tinha origem italiana, era filho de irlandeses e por isso jamais ocuparia um posto relevante dentro da máfia mesmo sendo leal e eficiente. Para piorar ele começou a se sentir frustrado dentro da organização o que acabou o levando ao abuso de drogas, transformando sua vida em uma roleta russa. Em pouco tempo ele finalmente tomou consciência do beco sem saída que sua vida havia se transformado. O espectador é premiado assim com um dos melhores filmes de máfia da história do cinema americano só superado talvez por “O Poderoso Chefão” e “Era Uma Vez na América”. Scorsese capricha ao capturar a época e os costumes de todas as fases da vida de Herny, seja pela excelente trilha sonora seja pelo elegante e fino figurino dos membros da Cosa Nostra.

“Os Bons Companheiros” retrata uma realidade que o próprio Scorsese vivenciou pois também nasceu nas redondezas em que Henry Hill viveu. Inclusive durante as entrevistas de promoção do filme ele declarou de forma bem sincera: “De onde eu venho só existiam dois caminhos a serem seguidos por um descendente de italianos como eu: ou você entrava para a Igreja ou então para a máfia! Não havia meio termo!” Assim Scorsese conta sua estória com um misto de familiaridade e até mesmo carinho por seus personagens. Mas não é só. Conforme o filme avança ele acelera o ritmo das cenas como uma forma de retratar o gradual enlouquecimento por abuso de drogas de seu protagonista. Um toque genial. A galeria de tipos no filme também é outro ponto alto do filme e para dar vida a essas pessoas violentas e irascíveis mas também bem humanas o diretor contou com um elenco de primeira linha onde se destacam Robert De Niro, como um mentor mais velho para Henry Hill e Joe Pesci, como um gangster criado nas ruas que não consegue mais conter seus impulsos psicóticos e violentos. Assim como Francis Ford Coppola fez em seu grande clássico, “O Poderoso Chefão”, Scorsese aqui também trata com uma perturbadora naturalidade as cenas mais violentas possíveis. Os mafiosos de “Os Bons Companheiros” matam não como uma maneira de se auto afirmarem ou infringirem sofrimento alheio de forma gratuita mas sim como mera parte de seus negócios habituais. As mortes raramente são pessoais mas sim apenas ossos do ofício. O resultado de tudo isso é um espetáculo aos olhos, um filme que faz jus à longa tradição de grandes clássicos sobre esse tema.  Simplesmente imperdível aos amantes da sétima arte.

Os Bons Companheiros (Goodfellas, Estados Unidos, 1990) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Martin Scorsese, Nicholas Pileggi baseados no livro “Wiseguy” de Nicholas Pileggi / Elenco: Robert De Niro, Ray Liotta, Joe Pesci, Lorraine Bracco, Paul Sorvino / Sinopse: Os Bons Companheiros mostra a vida de Henry Hill (1943 – 2012), garoto nascido em um bairro dominado por gangsters em Nova Iorque. Fazendo pequenos serviços ele acaba caindo nas graças da máfia e entra para seu quadro permanente de membros. Vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Joe Pesci). Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Edição e Atriz Coadjuvante (Lorraine Bracco).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Justiça Para Todos

Advogado criminalista (Al Pacino) acaba tendo que aceitar defender um juiz que odeia e que está sendo acusado de estupro contra uma garota. O cinema americano tem longa tradição em filmes que mostram o meio jurídico. Não é para menos. Quem trabalha na área sabe que esse é repleto de dramas e situações aflitivas que acabam gerando ótimos roteiros e filmes. Um processo judicial não é apenas uma sucessão de atos jurídicos ou procedimentos mas também um capítulo de extrema importância da vida das pessoas que atuam nele. O filme mostra justamente esse aspecto. O ponto alto é novamente a atuação do elenco. Al Pacino está brilhante na minha opinião e nem adianta argumentar dizendo que ele está novamente "over", exagerado ou fora de controle em cena. Nada disso, achei sua atuação muito adequada principalmente pela situação que seu personagem se encontra. Se existe algum exagero em "Justiça Para Todos" talvez seja seu clímax que é realmente um pouco inverossímil. Mesmo assim não macula o resto da produção que é muito relevante, diria até didática, sobre o que acontece debaixo dos olhos vendados do poder judiciário.

Outro destaque de "Justiça Para Todos" é a mensagem subliminar que ele transmite. Em um deles Pacino diz a seu velho avô que está sofrendo os problemas da velhice: "Ser honesto e ao mesmo tempo ser advogado é algo bem complicado". Realmente, poucas profissões do mundo transitam tanto entre a moralidade e a imoralidade, a legalidade e a ilegalidade. O profissional do direito vive realmente em um fio da navalha e o filme toca muito bem nisso ao colocar o sócio de Pacino no filme em crise existencial (ele consegue liberar um cliente da cadeia que acaba matando duas crianças poucos dias depois de solto). Quais são os limites, a linha que separa a ética da necessidade de se defender o cliente? Como se sente um advogado ao defender um criminoso capaz de atos bárbaros contra o próximo? É isso, "Justiça Para Todos" é um filme para se pensar sobre o poder judiciário, seus anacronismos e contradições. Uma lição que não se aprende nas faculdades de direito.

Justiça Para Todos (...And Justive For All, Estados Unidos, 1979) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Valerie Curtin, Barry Levinson / Elenco: Al Pacino, Jack Warden, John Forsythe / Sinopse: Arthur Kirkland (Al Pacino) é um advogado criminalista que tenta transitar entre sua ética pessoal e a necessidade de defender seus clientes, entre eles um juiz corrupto e acusado de estupro contra uma inocente garota.

Pablo Aluísio

O Turista

Título no Brasil: O Turista
Título Original: The Tourist
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Spyglass Entertainment
Direção: Florian Henckel von Donnersmarck
Roteiro: Julian Fellowes, Christopher McQuarrie
Elenco: Johnny Depp, Angelina Jolie, Paul Bettany, Timothy Dalton
  
Sinopse:
Frank Tupelo (Johnny Depp) e Elise Clifton-Ward (Angelina Jolie) formam um casal de turistas americanos que decide descobrir os encantos do velho continente europeu. Viajando por belos cenários e descobrindo a rica e milenar cultura europeia eles acabam se envolvendo em uma conspiração internacional de proporções imprevisíveis. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Ator (Johnny Depp) e Melhor Atriz (Angelina Jolie), ambos também na categoria Comédia ou Musical.

Comentários:
Sinceramente pensei que fosse bem pior. "O Turista" tenta de todo modo imitar os antigos filmes de suspense do mestre Alfred Hitchcock, principalmente aqueles em que as tramas eram passadas em locações luxuosas na Europa, como por exemplo, "Ladrão de Casaca". Em termos gerais é um filme bonito de se assistir por causa da maravilhosa fotografia do especialista John Seale. Ele conseguiu extrair excelentes tomadas de cenas, algumas delas parecendo verdadeiros quadros de arte! Também não poderia ser diferente pois o filme foi rodado em lindas locações, de cidades históricas da Europa, ficando em destaque a beleza e o charme de Paris e Veneza. A trilha sonora também tem uma inegável sofisticação, tudo para combinar com esse visual de primeira linha. O figurino também é classe A, com profusão de vestidos de alta costura, roupas de grife e joias milionárias. Assim a atriz Angelina Jolie fica mais parecendo uma modelo em cena do que qualquer outra coisa. Em termos de luxo na produção, nada a reclamar. O problema é que um filme não vive só de produção luxuosa. Tem que haver boas atuações e roteiro coeso. Infelizmente apesar dos bons nomes no elenco (que incluem o ex James Bond, Timothy Dalton) o filme não deslancha nesse aspecto. Angelina Jolie confunde glamour com afetação! Ela passa o filme inteiro tentando dar uma de Grace Kelly, mas derrapa feio nisso. Primeiro porque não tem a sofisticação da clássica atriz. Segundo porque suas caras e bocas soam bem ridículas em vários momentos do filme. Sua atuação soa forçada, não natural e o espectador logo percebe isso. Já Johnny Depp surge em total controle remoto. Na realidade ele soa sonolento na maioria das cenas e não convence. Não vi nada de especial em seu personagem ou em sua atuação. Ele parece entediado com o filme. Então é isso, "O Turista" demonstra que nem sempre uma produção de primeira linha salva um filme cujo roteiro é oco e derivativo.

Pablo Aluísio.