sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Ruas de Violência

Título no Brasil: Ruas de Violência
Título Original: Thief
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Michael Mann
Roteiro: Frank Hohimer, Michael Mann
Elenco: James Caan, Tuesday Weld, Willie Nelson

Sinopse:
Ladrão profissional, especializado em roubos de diamantes, pretende realizar o grande assalto de sua vida, tudo com o objetivo de deixar sua família numa posição tranquila caso algo lhe aconteça. Seus planos porém passarão por uma reviravolta inesperada após ele decidir se aliar a um gângster de Nova Iorque. Filme indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Comentários:
Belo filme policial que anda pouco lembrado nos dias de hoje. O roteiro se apóia na ótima presença do ator James Caan, aqui ainda colhendo os frutos da popularidade alcançada por seu personagem Sonny Corleone na saga "O Poderoso Chefão". Interessante salientar que a produção também é conhecida no Brasil como "Profissão: Ladrão", sendo que o título "Ruas de Violência" veio depois, em sua exibição na TV brasileira. A produção é um pouco modesta, fruto da época, mas conta com um roteiro bem orquestrado, que dá preferência para os momentos de tensão em detrimento da pura ação. Isso levou alguns críticos a reclamarem, afirmando que faltava maior ritmo dentro do desenvolvimento da trama. Bobagem, penso completamente o oposto, pois o desenrolar mais gradual abre margens para um melhor desenvolvimento dos personagens. Michael Mann ainda estava dando seus primeiros passos como diretor quando realizou esse filme. Anos depois faria seus melhores trabalhos, como por exemplo "O Último dos Moicanos", "Fogo Contra Fogo" e "O Informante". Assim esse filme serve sobretudo para conhecer seu trabalho no começo da carreira. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Ender's Game - O Jogo do Exterminador

Título no Brasil: Ender's Game - O Jogo do Exterminador
Título Original: Ender's Game
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Gavin Hood
Roteiro: Gavin Hood, Orson Scott Card
Elenco: Harrison Ford, Asa Butterfield, Ben Kingsley, Viola Davis, Hailee Steinfeld

Sinopse:
Cinquenta anos após uma devastadora invasão alienígena o planeta Terra se prepara para uma nova guerra. Ender Wiggin (Asa Butterfield) é um jovem enviado para uma das centenas de escolas de combate existentes ao redor do mundo. O Coronel Graff (Harrison Ford) acredita que ele se tornará um dos novos heróis do conflito que está prestes a explodir. Inteligente e dotado de um senso de estratégia fora do comum, o rapaz parece realmente possuir todos os dons que fazem um grande guerreiro espacial. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Ficção, Melhor Ator Coadjuvante (Harrison Ford) e Melhor Revelação (Asa Butterfield).

Comentários:
Já não se fazem mais bons filmes de ficção como antigamente. Essa é a primeira coisa que vem a mente após uma sessão assistindo a essa fita. "Ender's Game" tem um público alvo bem específico: os adolescentes entre 13 a 15 anos. O próprio protagonista é um efebo mal saído da puberdade. Claro que para contrabalancear sua falta de experiência o estúdio resolveu escalar dois veteranos, Harrison Ford e Ben Kingsley, mas nem eles conseguem manter o interesse nesse enredo por muito tempo. Por falar na estória temos aqui uma mistura não muito original de vários filmes que você já viu antes. De "Tropas Estelares" temos a mesma situação básica: o planeta Terra sendo invadido por aliens que mais se parecem com insetos gigantes. Sim, eles também estão atrás de nossos recursos naturais. De "Jogos Vorazes" você verá um grupo de jovens lutando entre si jogos mortais de guerra, para enfrentar o maior desafio de suas vidas. Por fim o roteiro tem também um pouco de "Harry Potter" pois o protagonista vai para uma escola de combatentes e lá acaba se afeiçoando por uma outra aluna. 

E claro, há os bonzinhos e malvados entre os estudantes. Não consegui ver nada de muito original nessa produção. O único ponto a realmente elogiar são os bem realizados efeitos especiais, em especial as sequências em um grande centro de treinamento no espaço. Agora, complicado mesmo é engolir o fato de que um mero adolescente, recém saído da academia de guerra, será o verdadeiro salvador de nossa civilização. O roteiro não consegue explicar direito isso, dando explicações bem vazias e sem sentido. O que fica óbvio desde o começo é que os roteiristas forçaram completamente a barra para existir uma identificação direta entre o público adolescente que vai ao cinema e o protagonista do filme. O desfecho da estória também é de um pieguismo sem igual, uma coisa completamente politicamente correta que vai deixar muita gente de estômago virado, tamanha a tolice de sua supostamente importante mensagem! No final das contas é apenas uma diversão ligeira, cheia de efeitos especiais e aborrescentes desconhecidos do grande público. Nada original e com muita pieguice ecológica! Passa longe de ser um grande filme de ficção e muito provavelmente será esquecido em pouco tempo.

Pablo Aluísio.

Sete Dias Sem Fim

Título no Brasil: Sete Dias Sem Fim
Título Original: This Is Where I Leave You
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Shawn Levy
Roteiro: Jonathan Tropper
Elenco: Jason Bateman, Tina Fey, Jane Fonda, Rose Byrne, Timothy Olyphant, Connie Britton

Sinopse:
Judd Altman (Jason Bateman) acredita estar vivendo um dos momentos mais felizes de sua vida. Ele trabalha no que gosta, numa estação de rádio de sucesso, e tem um casamento feliz e duradouro. E é justamente no dia de aniversário de seu matrimônio que ele decide chegar mais cedo em seu apartamento para fazer uma surpresa para sua querida esposa. O que ele encontra porém é sua própria mulher transando com seu chefe do trabalho! De repente tudo o que ele considerava perfeito em sua vida desmorona em questão de segundos. Como se isso não fosse horrível o suficiente, seu pai morre e ele tem que lidar novamente com sua família formada por pessoas bem complicadas de se conviver. 

Comentários:
O roteiro de "Sete Dias Sem Fim" se baseia em grande parte numa antiga tradição da religião judaica em que a família de um ente querido recentemente falecido precisa guardar sete dias de luto, onde todos os seus familiares devem conviver sob um mesmo teto durante esse período de tempo. Na teoria seria uma forma de relembrar os bons momentos do passado e entrar em reflexão sobre a própria existência e sua aproximação com Deus em uma hora triste, de perda. Nem precisa dizer que a família Altman do filme é bem disfuncional e que essa convivência por uma semana irá despertar não um sentimento religioso e reflexivo, mas velhas histórias e traumas entre todos os familiares, como aliás acontece com todas as famílias do mundo, diga-se de passagem. O roteiro é muito bom, desenvolvendo todos os personagens da melhor maneira possível. Assim temos a matriarca interpretada por Jane Fonda. Ela é uma mulher bem resolvida que inclusive se revela mais liberal do que seus próprios filhos. Depois da morte do marido resolve assumir um aspecto escondido de sua vida pessoal que vai causar imensa surpresa em todos. Tina Fey também se destaca como a irmã que não consegue ser muito feliz em seu casamento pois o tempo deixou marcas de indiferença em seu relacionamento com o marido. 

De uma forma ou outra o roteiro se concentra mesmo na vida conturbada de Judd Altman (Jason Bateman). Ele é aquele típico cara que nunca teve coragem de assumir algum risco maior em sua vida, andando sempre na linha, pensando que agindo assim teria controle absoluto sobre ela. Quando seu casamento desmorona e ele fica desempregado da noite para o dia, acaba reencontrado por acaso com Penny Moore (Rose Byrne) que ele conhece desde a juventude. Ela sempre foi apaixonada perdidamente por ele, dando razão ao velho ditado que afirma ser inesquecível o primeiro amor de nossas vidas. Agora que Judd está à beira do divórcio ela pensa ter chegado finalmente sua grande chance de realizar aquele romance que ela idealizou por tantos anos. A trilha sonora da aproximação de ambos acaba sendo, imagine você, um velho sucesso da cantora Cyndi Lauper! (os saudosistas dos anos 80 vão sentir um aperto no peito!). Enfim, um bom drama, com pequenas nuances de humor negro que vai levar muita gente a pensar sobre a vida. Até porque o Maine não é tão distante como muitos pensam! (Quem assistir entenderá do que estamos escrevendo).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Até o Fim

Título no Brasil: Até o Fim
Título Original: All Is Lost
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: J.C. Chandor
Roteiro: J.C. Chandor
Elenco:  Robert Redford

Sinopse:
Robert Redford interpreta um viajante solitário em seu veleiro que subitamente descobre que sua pequena e frágil embarcação colidiu com um container perdido no oceano. O impacto abre uma fenda no casco do navio, dando início a uma sequência de eventos imprevistos e fora de controle. Seus equipamentos eletrônicos também sofrem perda total por causa da água do mar que danifica todos as máquinas. Tentando administrar cada problema que vai surgindo o navegador tenta contar com a sorte e o destino para sobreviver na imensidão selvagem do mar. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Edição de Som. Vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Trilha Sonora. Também indicado ao mesmo prêmio na categoria de Melhor Ator (Robert Redford).

Comentários:
Finalmente um filme que podemos exclamar ao fim de sua exibição: "Que filmaço!". Muitas vezes em se tratando de cinema as mais simples ideias acabam gerando os melhores filmes. É justamente o caso dessa produção. Praticamente sem diálogo algum - apenas algumas frases em off no começo da narração - o roteiro se sustenta todo em situações aflitivas pelas quais passa o personagem interpretado por Robert Redford, que por sua vez também não é identificado para o espectador. Creditado apenas como "The Man" (o Homem), ele tentará sobreviver a uma série de imprevistos que lhe acontecem em alto mar após seu pequeno veleiro bater em um container abandonado bem no meio do oceano sem fim. A partir daí é uma sucessão de azares, imprevistos e situações que vão enervando cada vez mais o público, embora o navegador tente a todo custo manter o equilibrio emocional (essencial nessas horas de tormentas). Redford, mais uma vez, mostra porque sempre foi considerado um dos maiores atores da história de Hollywood. Na maioria das cenas ele conta apenas consigo mesmo, tentando passar suas emoções apenas com gestos, olhares e ações. Nunca em toda sua filmografia ele teve um papel tão físico como esse. Assista e entenda como o ser humano consegue sobreviver mesmo nos mais complicados momentos de superação. O título original em inglês que significa "Tudo está perdido" faz mais sentido do que a vã tradução da distribuidora nacional. Isso porque a sensação de que efetivamente tudo estaria perdido vai aumentando a cada nova situação imprevisível. O fim em si não é a grande carta na manga desse roteiro - embora também seja maravilhosamente lírico, com lindas imagens - mas sim seu desenrolar, mostrando que defintivamente a esperança é a última que morre.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ele Disse, Ela Disse

Título no Brasil: Ele Disse, Ela Disse
Título Original: He Said, She Said
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Ken Kwapis, Marisa Silver
Roteiro: Brian Hohlfeld
Elenco: Kevin Bacon, Elizabeth Perkins, Nathan Lane

Sinopse:
Um conhecido casal de jornalistas decide romper seu relacionamento de longos anos publicamente. O rompimento acaba chamando bastante atenção da mídia e cada um deles então procura seu expor seus motivos, procurando demonstrar a culpa do outro no fracasso de seu próprio casamento. Filme baseado no romance escrito por Brian Hohlfeld (que também assina o roteiro da produção).

Comentários:
Gosto bastante do roteiro desse filme. Ele tem realmente ótimos diálogos e a proposta do argumento mostrando o ponto de vista de cada um dentro de um relacionamento conturbado, deu margem para comprovar aquele famoso ditado que diz: "Para cada fato existem três versões, a de cada um e a verdade". Assim o espectador é levado para dois lados opostos, procurando descobrir quem estaria mesmo contando a verdade. O divertido é que isso abre espaço também para expor as diferenças existentes entre as visões do homem e da mulher dentro de um caso amoroso. Provavelmente você se identificará com o que acontece na tela, principalmente quando descobre que a forma de enxergar seu relacionamento é completamente diverso da de sua companheira, aliás algo bem comum de acontecer no mundo real. No mais, temos que admitir que o público alvo desse filme é realmente o feminino. É fato notório que elas adoram dissecar seus casos, procurando sentido nos menores detalhes, no mais singelos gestos e atitudes, enquanto que para os homens isso se torna um aspecto meramente secundário (para não dizer muitas vezes chato). Mesmo assim indico a produção para ambos os sexos e de preferência que seja assistido em casal, afinal de contas o enredo poderá abrir espaço para se debater o seu próprio envolvimento com a mulher amada. 

Pablo Aluísio.

O Homem Sem Face

Título no Brasil: O Homem Sem Face
Título Original: The Man Without a Face
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Icon Entertainment International
Direção: Mel Gibson
Roteiro: Isabelle Holland, Malcolm MacRury
Elenco: Mel Gibson, Nick Stahl, Margaret Whitton, Fay Masterson
 
Sinopse:
Desde que teve seu rosto desfigurado em um grave acidente automobilístico o ex-professor Justin McLeod (Mel Gibson) tem se tornado recluso e distante da pessoas da comunidade onde vive. Sua vida se torna muito sofrida pois além do estigma estético ele ainda tem que enfrentar o estigma social pois todos o culpam pelo acidente. Sua vida muda quando ele se aproxima de Charles E. 'Chuck' Norstadt (Nick Stahl) que poderá lhe trazer uma nova perspectiva existencial.

Comentários:
Depois de estrelar o blockbuster "Máquina Mortífera 3" Mel Gibson entendeu que havia chegado o momento de dar um tempo nos tiros e explosões para se dedicar a roteiros melhores e bem mais trabalhados. Afinal de contas ele sempre almejou algo a mais em sua profissão e não se contentava em apenas ser um astro de filmes de ação. Inicialmente rodou "Eternamente Jovem", um pequeno e lírico filme sobre um homem deslocado no tempo e espaço. A crítica simpatizou com o resultado. Depois surpreendeu mais uma vez com essa produção muito pessoal, dirigido por ele mesmo, realizado por sua própria produtora de cinema, a Icon. Foi o primeiro filme pra valer nessa sua nova carreira como cineasta (antes disso ele havia rodado um pequeno documentário para a TV denominado "Mel Gibson Goes Back to School"). Agora ele surgia na direção para o circuito comercial, brigando entre os grandes por fartas bilheterias, entrando de vez nessa nova fase de sua vida. Inicialmente muitos viram com ceticismo esse seu impulso de dirigir filmes. Mal sabiam que ele se consagraria em pouco tempo com "Coração Valente" que levaria vários Oscars. Aqui em "The Man Without a Face" Gibson já demonstra muito talento para dirigir, explorando as nuances do roteiro com raro brilhantismo. Também evita com sucesso que a trama se torne cansativa e enfadonha, dando o devido destaque a cada personagem. Considero um belo drama dos anos 90, com Gibson extraindo muito bem a riqueza de detalhes do romance escrito por Isabelle Holland. Revisto hoje em dia fiquei com a sensação que o ator deveria voltar para pequenos e sentimentais projetos como esse, pois ele mostrou ter mão para esse tipo de filme.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Um Dia de Cão

Título no Brasil: Um Dia de Cão
Título Original: Dog Day Afternoon
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Frank Pierson, P.F. Kluge
Elenco: Al Pacino, John Cazale, Penelope Allen, Charles Durning, Chris Sarandon
 
Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme mostra um momento decisivo na vida do criminoso Sonny (Al Pacino). Desesperado em arranjar dinheiro para que seu amante seja submetido a uma cara operação de mudança de sexo, ele resolve entrar em um banco no Brooklyn para um assalto. Para seu completo azar ele descobre duas coisas estarrecedoras: primeiro que a agência não tem mais todo o dinheiro que ele pensava, pois grande parte dos valores havia sido transportado momentos antes dele entrar no banco e segundo, que o prédio está completamente cercado pela polícia de Manhattan. Sem alternativas ele decide fazer parte dos funcionários e clientes do banco de reféns, criando uma situação de extrema tensão no local. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Al Pacino), Melhor Ator Coadjuvante (Chris Sarandon), Melhor Edição e Melhor Direção. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Al Pacino).

Comentários:
Esse é um dos filmes mais representativos do realismo que imperou no cinema americano durante a década de 1970. As produções não se contentavam mais apenas em contar uma história divertida e sem maiores preocupações com a realidade em que todos viviam. Pelo contrário, naqueles anos tivemos uma verdadeira explosão de talento e novas propostas encabeçadas por um grupo maravilhoso de cineastas que tinham dois objetivos principais a alcançar com suas obras: mostrar a realidade nua e crua das ruas e com isso provar teses sociais que mostravam que muitas vezes o homem era fruto do meio em que vivia. Sidney Lumet aqui realizou o filme que se encaixa perfeitamente nessas características. Para muitos "Dog Day Afternoon" foi sua mais completa obra prima. O diretor teve a sorte não apenas de contar com um grande roteiro, mas também com um excelente ator, em pleno auge criativo, dando vazão a todo o seu talento, o  inigualável Al Pacino. Todos sabem que Pacino sempre foi um profissional que se entregou de corpo e alma aos seus personagens, porém em poucos momentos de sua carreira vimos ele mergulhar tão visceralmente em um pepel como aqui. Como o roteiro é repleto de tensão e suspense, mostrou-se um veículo perfeito para que Pacino desfilasse na tela toda a complexidade de seu trabalho, explorando um vasto leque de emoções à flor da pele. Sua atuação marcou tanto que inclusive recentemente Pacino lembrou dessa produção ao enumerar aquelas atuações que ele considerava suas verdadeiras obras primas no cinema. Realmente um momento para se rever sempre que possível. "Um Dia de Cão" é visceral, realista e perturbador. Uma aula de sétima arte que não se vê mais hoje em dia.

Pablo Aluísio.

Um Rosto Sem Passado

Título no Brasil: Um Rosto Sem Passado
Título Original: Johnny Handsome
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Carolco Pictures
Direção: Walter Hill
Roteiro: John Godey, Ken Friedman
Elenco: Mickey Rourke, Ellen Barkin, Elizabeth McGovern, Morgan Freeman, Forest Whitaker, Lance Henriksen

Sinopse:
Johnny Handsome (Mickey Rourke) é um gangster deformado que planeja um assalto com sua quadrilha nos arredores de Los Angeles. Durante a execução do crime porém ele descobre que foi traído por dois de seus comparsas. Preso, é condenado a uma pesada pena. Atrás das grades é escolhido para fazer parte de um inovador programa de reabilitação, onde o Dr. Steven Fischer (Forest Whitaker) resolve reconstruir sua face. Depois finalmente ganha a liberdade das ruas. Com nova aparência e uma nova oportunidade de trabalho tudo caminha para que Johnny finalmente trilhe o caminho de uma nova vida, mas a pura verdade é que a mente de Johnny ainda está consumida pelo desejo de vingança. Filme indicado aos prêmios da Chicago Film Critics Association Awards e Los Angeles Film Critics Association Awards.

Comentários:
Nunca entendi porque "Johnny Handsome" não conseguiu ser um sucesso de bilheteria. Talvez o fato da Carolco estar indo à falência justamente naquele ano explique parte de seu fracasso comercial, mas nem isso resolve inteiramente a equação. Com um elenco simplesmente fantástico (leia a ficha técnica acima para conferir), direção correta e precisa de Walter Hill, outro ícone dos anos 80, o filme tinha tudo para dar certo. Na verdade foi extremamente mal lançado (no Brasil então nem se fala, indo diretamente para o mercado de vídeo VHS), caindo inexoravelmente no esquecimento (quase) completo. Uma injustiça pois ainda o considero um pequeno cult movie daquela década. Estrelado pelo mito Mickey Rourke, o filme explorava um personagem que passava por uma radical mudança em seu rosto - algo que me lembrou imediatamente de "O Segundo Rosto", aquele clássico injustiçado com Rock Hudson. Some-se a isso o fato do roteiro ter um paralelo com eventos pessoais da própria vida de Mickey Rourke na época, o que supostamente aumentaria o interesse pela fita. Foi justamente por aqui que todos começaram a perceber estranhas mudanças em sua fisionomia causadas por cirurgias plásticas desastrosas. De galã underground ele passou a ter um semblante esquisito, com bochechas de silicone! Uma mudança que veio para pior. Tudo isso porém não ajudou o filme em praticamente nada. Entre as atrizes destaco o furacão sensual Ellen Barkin, cuja química em cena curiosamente não funcionou muito bem com Rourke. Elizabeth McGovern, uma das estrelas jovens mais bonitas daqueles anos também está no filme. Ela inclusive vem em um momento muito bom na carreira, fazendo sucesso na série "Downton Abbey" onde interpreta a Condessa de Grantham, Cora Crawley. Assim no final de tudo temos que dar o braço a torcer. "Johnny Handsome", infelizmente, é aquele tipo de filme de que você sempre gostou, mas que jamais aconteceu, caindo nas sombras do esquecimento após todos esses anos.

Pablo Aluísio.

domingo, 30 de novembro de 2014

Drácula - A História Nunca Contada

Título no Brasil: Drácula - A História Nunca Contada
Título Original: Dracula Untold
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Gary Shore
Roteiro: Matt Sazama, Burk Sharpless
Elenco: Luke Evans, Dominic Cooper, Sarah Gadon

Sinopse:
Vlad (Luke Evans) passou longos anos como escravo das tropas do sultão. Agora livre e reinando em seu feudo ele é novamente coagido a entregar mil de seus mais sadios jovens para lutar nas tropas do filho do mesmo sultão que o escravizou no passado. Até seu próprio filho deve ser enviado. Desesperado, ele começa a pensar numa forma de enfrentar os muçulmanos no campo de batalha e acha a solução em uma criatura da noite, um vampiro, que habita uma caverna numa montanha isolada da região. Para vencer o califado ele está disposto até mesmo a vender sua alma ao diabo.

Comentários:
Logo quando eu tomei contato com a ideia desse roteiro fiquei empolgado. Como se sabe o personagem Drácula foi inspirado na figura real de Vlad III, Príncipe da Valáquia, ou Vlad Tepes, o empalador. Nobre cristão que deteve os avanços das tropas muçulmanas em direção à Europa. Ele ficou historicamente célebre por causa do tratamento cruel e desumano que aplicava aos inimigos no campo de batalha. Vlad empalava os soldados que ousassem lhe enfrentar. No século XIX o escritor Bram Stoker acabou usando sua biografia como uma das fontes de inspiração para seu famoso livro, "Drácula". É justamente nessa fusão de personagem da história e da literatura que esse roteiro foi escrito. Pena que nada foi aproveitado desse rico manancial de ideias. Ao invés de contar uma história que unisse aspectos da vida real com as ideias de Stoker, o filme simplesmente optou por ser o mais comercialmente possível, fazendo todos os tipos de concessões ao chamado cinemão pipoca americano. Em vista disso se perdeu completamente seu potencial. Para piorar o ator que interpreta Drácula, Luke Evans, é fraco e sem expressão. Some-se a isso o enredo que tenta o tempo todo criar vínculos com a saga de "O Senhor dos Anéis" e você terá uma amostra de como tudo soa equivocado e desperdiçado. Pelo visto a história das origens de Drácula continuará a não ser contada, pelo menos do jeito certo que todos esperam.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sombras do Mal

Título no Brasil: Sombras do Mal
Título Original: Night and the City
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Irwin Winkler
Roteiro: Gerald Kersh, Richard Price
Elenco: Robert De Niro, Jessica Lange, Cliff Gorman

Sinopse:
O filme narra a vida turbulenta do advogado Harry Fabian (Robert De Niro). Sua vida profissional e pessoal não anda nada bem e por isso ele procura por uma saída e a encontra, no corrupto mundo dos promotores de lutas de boxe no círcuito esportivo de sua cidade.

Comentários:
Hoje é aniversário do ator Robert De Niro (nascido no dia 17 de agosto de 1943 na cidade de Nova Iorque). Considerado um dos maiores da história do cinema americano (e que já conta com, imagine você, 101 filmes em seu currículo), o velho "Bobby Milk" (seu apelido de infância) segue trabalhando de forma incansável. Nos anos 90 De Niro criou sua própria produtora, a Tribeca Productions, e foi justamente através dessa empresa que ele co-produziu esse bom "Night and the City". Na verdade se trata de um remake de um dos filmes preferidos de De Niro, o clássico noir "Sombras do Mal" de 1950, dirigido por Jules Dassin e estrelado por Richard Widmark e Gene Tierney. Tirando a devida atualização do enredo não há maiores diferenças em termos de enredo. Dois grandes destaques podemos salientar nesse filme. O primeiro se refere ao fato de ter sido a primeira (e única) parceria entre dois excelentes mestres da atuação, o próprio De Niro e a atriz Jessica Lange! O segundo destaque vem na direção do talentoso Irwin Winkler, que já havia trabalhado com Robert De Niro um ano antes no filme "Culpado por Suspeita". Então é isso, eis aqui outra pequena jóia dos anos 1990 que merece passar por uma revisão.

Pablo Aluísio.

O Albergue 2

Título no Brasil: O Albergue 2
Título Original: Hostel Part II
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate, Screen Gems
Direção: Eli Roth
Roteiro: Eli Roth
Elenco: Lauren German, Heather Matarazzo, Bijou Phillips

Sinopse:
Três estudantes americanas de artes estão em Roma para conhecer algumas da peças mais importantes da história da arte renascentista. Lá conhecem uma modelo que as convida para irem até o leste europeu, onde terão a chance de se divertir um pouco. Elas aceitam o convite. Má ideia pois tudo não passa de uma armadilha mortal. Vencedor do Framboesa de Ouro nas categorias Pior Continuação e Pior Desculpa para a realização de um filme de horror.

Comentários:
Algumas continuações estão mais para remakes. Mesmo roteiro, mesmo argumento e no caso dessa franquia "Hostel", mesma carnificina desenfreada de jovens mochileiros. A única diferença mais marcante é que em nome de lucros maiores realizaram uma produção de baixo custo, cortando pela metade o orçamento do filme anterior. Não há muito o que comentar por aqui pela simples razão de que é aquele tipo de "Torture Porn" feito para um público bem específico, formado na maioria das vezes por adolescentes que queiram tomar alguns sustos com amigos. Eu só fico imaginando mesmo é o tipo de mentalidade que algo assim vai criar nas mentes mais fracas - espero que tudo seja encarado mesmo apenas como um produto pop, quase um videogame de tortura, mas sem qualquer pé na realidade. Por fim vale salientar que como a grana aqui foi curta os efeitos sangrentos já não soam mais tão convincentes. As garotas até são bonitas mas é só. Porém para os que gostam do estilo "quanto pior, melhor" vale a conferida.

Pablo Aluísio

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Tubarão 2

Título no Brasil: Tubarão 2
Título Original: Jaws 2
Ano de Produção: 1978
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jeannot Szwarc
Roteiro: Peter Benchley, Carl Gottlieb,
Elenco: Roy Scheider, Lorraine Gary, Murray Hamilton

Sinopse:
A pequena cidade turística da ilha de Amity está tentando se recuperar dos problemas financeiros que sofreu depois de se tornar conhecida como o local de ataques de um sanguinário tubarão, quatro anos antes. Há inclusive a inauguração de um luxuoso resort nas belas praias da região. O que todos temiam porém acontece. Um novo tubarão surge nas águas das praias do local. O chefe de polícia Martin Brody (Roy Scheider) tenta alertar sobre o perigo mas é pressionado para não o fazer, mesmo após a morte de dois mergulhadores.

Comentários:
Depois do enorme sucesso de "Tubarão", dirigido por Steven Spielberg, era previsível que a Universal procurasse lançar uma continuação. O próprio Spielberg não aceitou o convite de dirigir o segundo filme e assim o estúdio acabou escalando o francês Jeannot Szwarc que tinha se destacado na TV dirigindo episódios das populares séries "Columbo", "O Homem de Seis Milhões de Dólares" e "Kojak". O resultado porém se mostrou muito morno e saturado (e olha que estamos falando apenas do segundo filme da franquia, já que outros viriam em seu rastro). Spielberg foi inteligente ao declinar dessa direção pois o primeiro filme já era perfeito e se fechava de maneira completa. Apenas a ganância de faturar mais alguns trocados é que justificava essa sequência. De bom apenas a volta do ator Roy Scheider. De resto nada de muito marcante nesse verdadeiro caça-níqueis da Universal.

Pablo Aluísio.

O Massacre da Serra Elétrica 3

Título no Brasil: O Massacre da Serra Elétrica 3
Título Original: Leatherface Texas Chainsaw Massacre III
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Jeff Burr
Roteiro: Kim Henkel, Tobe Hooper
Elenco: Kate Hodge, Ken Foree, R.A. Mihailoff, Viggo Mortensen

Sinopse:
Um grupo de jovens desavisados acabam encontrando uma família estranha formada por caipiras selvagens e um homem mentalmente perturbado que pratica canibalismo com suas vítimas. Terceira parte da franquia Texas Chainsaw Massacre com destaque no roteiro para o infame personagem Leatherface.

Comentários:
O primeiro filme da série "Texas Chainsaw Massacre" é considerado hoje em dia um clássico do cinema de horror dos anos 70, mesmo com toda a sua rudeza e crueza. A sequência foi praticamente uma sátira, com toques de humor, realizado nos anos 80, que pegou carona nos sucessos da época como a franquia "Sexta-Feira 13" e por fim temos esse aqui, a terceira parte, que se tornou apenas uma decepção para os fãs. Chamo atenção para o fato desse filme ter sido produzido nos anos 90. Ora, todo fã de terror sabe que houve uma mudança significativa no gênero na virada dos anos 80 para os 90. Os filmes deixaram o lado mais hardcore para trás, se concentrando em meras reciclagens pops de antigas ideias sangrentas dos mestres do horror. O que surgiu disso foi uma série de fitas com adolescentes bobocas fazendo sátiras em cima dos clichês do gênero. Isso sim era um horror (no mau sentido da palavra). Por isso não havia mais espaço para personagens como Leatherface, afinal ele não se parecia em nada com um mauricinho de shopping center. O que se vê nessa terceira parte é apenas o esgotamento de uma boa ideia. Produção muito fraca com roteiro inexistente e atores medíocres (até o futuro astro Viggo Mortensen arranjou um quebra galho por aqui!). O fim da franquia original estava próxima, ainda tentariam ressuscitar tudo, quatro anos depois, mas a quarta parte conseguiu ser ainda pior! A série estava mesmo com seus dias contados.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Adoradores do Diabo

Título no Brasil: Adoradores do Diabo
Título Original: The Believers
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: John Schlesinger
Roteiro: Mark Frost, Nicholas Conde
Elenco: Martin Sheen, Helen Shaver, Harley Cross

Sinopse:
Após a morte supostamente acidental de uma mulher numa cozinha, um médico de Nova Iorque descobre que ela estaria envolvida em uma rede de membros que se reúnem numa seita satânica nos porões da cidade. São fanáticos que promovem sacrificios humanos com crianças. Para seu desespero também acaba descobrindo que seu filho é um dos alvos. Agora terá que lutar para salvar a criança das mãos dos membros dessa sanguinária seita do diabo.

Comentários:
Um bom filme de terror que causou certa sensação em seu lançamento por tratar de um problema que só tem crescido nos últimos anos: a proliferação de seitas que se envolvem em magia negra, matando crianças em sacrifícios terríveis dirigidos para seus supostos deuses do inferno. O roteiro investe numa situação mais intelectual e procura evitar apelar o tempo todo para absurdos sensacionalistas. Quem acaba se saindo muito bem em cena é o veterano ator Martin Sheen, que empresta todo o seu talento dramático para tornar ainda mais verdadeira a agonia pela qual seu personagem passa. Sempre fui um admirador da obra do cineasta inglês John Schlesinger que no passado dirigiu várias obras primas como por exemplo "Perdidos na Noite" e "Maratona da Morte". Sua sensibilidade cinematográfica apurada acaba trazendo grande força a esse filme que lida com um assunto tão complicado. Vale a indicação para os fãs de filmes de horror que sejam mais intrigantes.

Pablo Aluísio.

O Ataque dos Vermes Malditos

Título no Brasil: O Ataque dos Vermes Malditos
Título Original: Tremors
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Ron Underwood
Roteiro: S.S. Wilson, Brent Maddock
Elenco: Kevin Bacon, Fred Ward, Finn Carter

Sinopse:
Fortes abalos sísmicos intrigam um grupo de pesquisadores, que não sabem precisar a origem daquele fenômeno desconhecido. Valentine McKee (Kevin Bacon) procura então ir a fundo naquilo e acaba descobrindo que tudo é causado por um estranho verme gigante, mal cheiroso e voraz, que se dirige perigosamente em direção às grandes cidades. Indicado a cinco prêmios da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Ficção, Melhor Atriz Coadjuvante (Finn Carter e Reba McEntire) e Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
A ideia começou quase como uma brincadeira, uma forma de levar a estética dos filmes trash para uma produção mais bem realizada, com tudo do bom e do melhor que a moderna tecnologia poderia proporcionar - afinal de contas a computação gráfica já havia se tornado uma realidade. Esse é aquele tipo de filme chamado nos Estados Unidos de MOW, onde o que importa são as criaturas, os monstros que surgem na tela. Todo o resto, atuação, roteiro e direção, são meros coadjuvantes. O clima desértico, árido e isolado contribuem ainda mais para o bom resultado final. Kevin Bacon, quem diria, acabou fazendo um filme que nada tinha a ver com sua carreira anterior, um verdadeiro alien em sua filmografia. O ator acabou encontrando o tom certo pois em nenhum momento se leva muito à sério. Lançado de forma bastante despretensiosa, a fita fez um belo sucesso o que garantiu a produção de mais filmes, cada vez mais rasteiros e mal realizados nos anos que viriam.

Pablo Aluísio.