segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Marilyn Monroe: The Final Days

Hoje o mundo relembra a morte da estrela e mito Marilyn Monroe. Um dos documentários mais bem realizados sobre sua vida é esse "Marilyn Monroe: The Final Days". Usando diversas imagens da época o filme procura trazer uma luz sobre a biografia e os últimos dias de vida de Marilyn Monroe. Tudo muito bem realizado, editado e montado. O aspecto histórico é muito rico pois os realizadores do documentário fizeram ampla pesquisa em jornais, revistas e livros da época, tudo acompanhado de farto material filmado da atriz, seja em estúdio, seja por emissoras de TV ou então através de imagens amadoras capturadas pela atriz em suas aparições públicas. Um dos pontos altos é o resgate das imagens que sobreviveram do último filme inacabado de Marilyn, "Something's Got To Give". Como se sabe Marilyn estava realizando mais essa comédia romântica ao lado do cantor e ator Dean Martin quando foi demitida pela Fox. A justificativa foi que ela mal comparecia ao estúdio para filmar suas cenas, e quando o fazia se mostrava pouco focada, sem saber nem suas falas. Além disso ela abandonou as filmagens para ir até o outro lado dos EUA para cantar o famoso "Happy Birthday" para o presidente JFK. Os registros resgatam tudo isso. A diretora do documentário, Patty Ivins Specht, resolveu então usar esse farto material para montar, como se fosse um filme mesmo, o não finalizado "Something's Got To Give". O espectador acaba tendo dessa forma uma ideia de como seria a última comédia de Marilyn. Infelizmente poucas são as cenas com a atriz pois ela, como  já foi dito, quase não compareceu para trabalhar nos estúdios da Fox. O que sobraram são várias tentativas do ator Dean Martin e do diretor George Cukor em tentar levar em frente um projeto que parecia condenado desde o começo.

Mas não é apenas nisso que o documentário se ocupa. Há toda uma preocupação em mostrar aspectos da vida profissional e pessoal da atriz. Desde seus grandes sucessos no cinema até os diversos e problemáticos casos amorosos em que se envolveu, inclusive seus ex-maridos e amantes, entre eles os irmãos Kennedy. Esse último affair foi particularmente fatal para ela. Para muitos Marilyn estava completamente fora de si em seus últimos dias, desesperada, ameaçando o presidente de revelar seu escandaloso caso amoroso se ele não lhe desse mais atenção (especula-se que Kennedy não mais atendia suas chamadas telefônicas, tentando se manter o mais longe possível da instável personalidade explosiva de Monroe). Verdade ou pura especulação? Nunca saberemos ao certo sobre os motivos que levaram Marilyn a um suicídio acidental ao misturar várias pílulas para dormir e bebida alcoólica naquela noite. No final das contas o grande mérito desse documentário é mostrar para as novas gerações o grande carisma e magnetismo pessoal que Marilyn tinha, o que talvez justifique até hoje seu mito, que segue inabalável mesmo depois de tantos anos passados de sua morte.

Marilyn Monroe: The Final Days (Idem, Estados Unidos, 2001) Direção: Patty Ivins Specht / Roteiro: Monica Bider / Narrado por James Coburn / Sinopse: Documentário que explora farto material sobre os últimos dias de vida da atriz Marilyn Monroe.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de agosto de 2013

Habemus Papam

Para quem acompanhou a recente visita do Papa Francisco no Brasil uma boa opção de diversão é essa comédia italiana "Habemus Papam" (o filme usa como título essa expressão em latim que sempre é dita no balcão frontal da basílica de São Pedro quando o novo Papa é apresentada aos fiéis). O enredo é dos mais curiosos. Após a morte do Papa (mostrada com cenas reais do funeral de João Paulo II), os cardeais de todo o mundo se reúnem na Capela Sistina para a eleição do novo sumo pontífice. Assim começa a votação mas sem resultados concretos. Como sabemos a fumaça preta significa votação sem escolha e fumaça branca votação e eleição do Papa. Duas votações depois e então os cardeais escolhem o novo sucessor de Pedro na Terra. A escolha recai sobre um humilde cardeal, que sequer era considerado favorito. Após vestir as vestimentas papais ele se dirige ao encontro da multidão mas no meio do caminho sofre um ataque de pânico, se recusando a encarar a multidão lá fora para ser apresentado. Em seu íntimo teme não estar à altura do cargo para o qual foi escolhido. Claro que algo assim, inédito na história do Vaticano, acaba criando várias confusões pois o novo Papa não consegue assumir a nova posição.

A Igreja então fica numa posição delicada: tem um novo Papa eleito mas esse está simplesmente em pânico diante dos desafios que terá que enfrentar.  Desesperados os cardeais chamam um analista para tentar entender a crise pelo qual o Papa passa! Enquanto isso o mundo, incrédulo, espera pelo anúncio e apresentação do novo líder da maior religião do mundo, a católica. Embora seja classificada como uma comédia esse "Habemus Papam" lida com uma trama que poderia muito bem acontecer na vida real. Há boas soluções dentro do roteiro, como colocar o novo Papa como um homem indeciso sobre sua eleição que decide literalmente fugir do Vaticano para ir passear pelas ruas de Roma, pensando e meditando sobre suas novas responsabilidades. Seu lado humano é bem acentuado dessa maneira. O Papa não chega a ter nome no enredo mas sua personalidade é uma mistura de características de vários Papas do passado. Ele, por exemplo, sonha em ser um ator (algo que lembra João Paulo II que foi ator antes de abraçar a vida religiosa) e tem um caráter muito humilde e simples (nesse aspecto me lembrou de João XXIII, o Papa da humildade). Por fim quero chamar a atenção para algo curioso: embora seja uma comédia podemos notar facilmente o respeito dos realizadores do filme para com os dogmas e as doutrinas da Igreja. O roteiro certamente ri de situações absurdas que poderiam ocorrer mas sempre com uma boa postura de não transformar a figura do Papa em um bufão. Deixo a dica então, sendo você católico ou não!

Habemus Papam (Idem, Itália, 2011) Direção: Nanni Moretti / Roteiro: Nanni Moretti, Francesco Piccolo / Elenco: Michel Piccoli, Jerzy Stuhr, Renato Scarpa / Sinopse: O novo Papa é eleito no Conclave mas após sua eleição entra em pânico, com receio de não estar à altura das responsabilidades de ser o líder de uma religião mundial com mais de 1 bilhão de fiéis. Desesperados os cardeais tentam contornar a situação inédita na história da Igreja.

Pablo Aluísio.

Guerra Mundial Z

Um vírus desconhecido da ciência começa a se espalhar contaminando grande parte da população das grandes cidades ao redor do mundo. Os infectados perdem o controle, se tornando verdadeiros zumbis. No meio do caos um especialista ligado à ONU e ao governo americano, Gerry Lane (Brad Pitt), é enviado para a Coreia do Sul onde parece ter surgido a epidemia. De lá descobre que o paciente zero pode estar do outro lado do mundo, no Oriente Médio, mais precisamente em Jerusalém, a milenar cidade de Israel. Começa assim esse "Guerra Mundial Z", superprodução que tenta trazer algo de novo para o filão dos filmes de zumbis. A primeira observação a fazer sobre esse filme é que novas produções sobre mortos-vivos saem praticamente todas as semanas, tamanha a quantidade de fitas rodadas com esse tema. Quem acompanha o universo dos filmes de terror sabe muito bem disso. Por isso quando soube que o novo filme de Brad Pitt iria explorar esse tema já fiquei com um pé atrás pois em minha opinião esse filão está mais do que esgotado e saturado. Claro que os filmes sobre Zumbis que saem aos montes por aí são produções baratas, geralmente feitas por empresas fundo de quintal. "Guerra Mundial Z" é um filme milionário, bancado por um grande estúdio de Hollywood mas será que isso realmente faz alguma diferença no final das contas?

A resposta para esse tipo de questionamento é bem relativa. Em termos de roteiro e argumento a resposta é não! Não há novidades nesse enredo, pois somos jogados nas mesmas situações que já estamos acostumados a ver em centenas de outros filmes (o mundo praticamente em caos, vivendo um apocalipse zumbi, pessoas correndo, desesperadas, tentando se salvar, etc). Porém em relação à qualidade dos efeitos digitais se nota bem mais a diferença dos demais filmes. As cenas são grandiosas em termos de efeitos especiais, tudo com o objetivo de impressionar o espectador. Embora em certas passagens a fotografia se mostre escura demais, o fato é que algumas sequências pontuais (como a invasão das muralhas de Jerusalém por zumbis famintos) acabam fazendo o filme valer a pena. No saldo final não é nenhuma obra prima. É mais do mesmo de certa forma, principalmente no tocante aos personagens principais que são pouco desenvolvidos. Se você gosta de filmes com zumbis pode vir a se divertir, caso contrário é melhor ignorar pois não fará nenhuma falta..

Guerra Mundial Z (World War Z, Estados Unidos, 2013) Direção: Marc Forster / Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard / Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz / Sinopse: Um especialista da ONU tenta chegar na cura de uma contaminação mundial de um vírus que transformou o planeta em um verdadeiro apocalipse Zumbi.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O Mentiroso

Eu posso estar enganado mas sempre achei o Jim Carrey o sucessor legítimo do humor físico de Jerry Lewis. Carrey herdou mesmo esse filão das comédias mais escrachadas onde o humor não vem da finesse e nem do lado mais intelectual de refinadas piadas mas sim do grotesco, do exagerado, do pastelão. Indo por essa linha esse "Liar, Liar" (O Mentiroso) é dos mais divertidos. Carrey interpreta um advogado que não pode mentir por 24 horas! O roteiro brinca com o senso comum que afirma que advogados em geral são grandes mentirosos ou sendo mais sutil, pequenos manipuladores da realidade, vamos dizer assim. Há cenas realmente impagáveis, principalmente quando Carrey na pele do advogado tem que defender os maiores pilantras e escroques da cidade. Como não mentir ao defender esse tipo de escória?

Outro ponto muito bem explorado pelo divertido roteiro nasce quando o personagem principal tem que driblar as pequenas mentiras que todas as pessoas dizem em seu dia a dia. Como sabemos o trato diário é sim construído através de pequenas - e grandes - mentiras que por educação dizemos todos os dias. Desde o elogio falso, até a justificativa educada mas mentirosa que todos usam para escapar de situações chatas ou que não são de seu interesse. É o que todos chamam de "desculpa esfarrapada", quando por exemplo não queremos encontrar determinadas pessoas e dizemos que "estamos gripados" ou quando não damos uma esmola a um pedinte na rua porque sabemos que muito provavelmente o dinheiro será gasto em bebidas e não em comida ou roupas quentes. Enfim, se você quiser dar algumas boas risadas com várias cenas pra lá de divertidas esse "O Mentiroso" é mais do que indicado. Um filme do tempo em que o Jim Carrey era de fato bem engraçado.

O Mentiroso (Liar Liar, Estados Unidos, 1997) Direção: Tom Shadyac / Roteiro: Paul Guay, Stephen Mazur / Elenco: Jim Carrey, Maura Tierney, Justin Cooper / Sinopse: Advogado tem que só contar a verdade por torturantes 24 horas. Um dos grandes sucessos da carreira do comediante Jim Carrey.

Pablo Aluísio.

Van Helsing

Van Helsing surgiu no romance Drácula em 1897. Como todos sabem ele era é o antagonista do vampiro mais famoso de todos os tempos. Aqui nesse filme o foco muda bastante. Van Helsing (interpretado pelo Wolverine em pessoa, o ator Hugh Jackman) deixa de ser um pesquisador sério, cientista e mestre do ocultismo, para se tornar um tipo de agente secreto do Vaticano. Sua missão é caçar todos os tipos de monstros sobrenaturais que existem sobre a face da Terra. Logo no começo do filme ele enfrenta outro personagem famoso da literatura, o  Mr. Hyde (do livro "O Médico e o Monstro"). Obviamente que o alter-ego maligno do gentil Dr. Jekyll é agora um efeito digital de última geração. Aliás praticamente todos os monstros seguem por esse caminho. A boa noticia é que o roteiro traz à tona uma grande galeria deles, passando por lobisomens, vampiros e até mesmo o monstro de Frankenstein. A trama, se é que podemos chamar assim, mostra os esforços do lendário Conde Vladislaus Dracula (Richard Roxburgh) em dar vida à sua prole usando da mesma tecnologia criada pelo brilhante cientista Dr. Victor Frankenstein. Some-se a isso uma atlética e guerreira cigana  Anna Valerious (Kate Beckinsale, dando um tempo em sua franquia "Anjos da Noite") e você terá bem uma ideia do que se trata esse filme.

Eu me recordo que quando "Van Helsing" foi lançado ele foi bombardeado por uma avalanche de críticas negativas. Muitos qualificaram o filme de ser apenas uma grande bobagem turbinada com efeitos digitais de última geração. De fato não há como negar, "Van Helsing" é mesmo uma daquelas produções que só existem mesmo para explorar os limites dos efeitos de computação gráfica. O roteiro é um tanto quanto bobo e não vale a pena tentar comparar com os grandes filmes de terror do passado. Aliás é bom chamar atenção para o fato de que essa nova versão não proporciona qualquer medo ao espectador já que tudo é tão estilizado e fake que não há qualquer possibilidade de sentir algum calafrio. Na verdade é um produto feito para adolescentes em busca de diversão pipoca e nada mais. O que sobra no final é apenas uma aventura que se utiliza de personagens famosos do mundo do terror para preencher os espaços em branco dessa grande e vazia produção. Mesmo assim procure conhecer se ainda não viu, quem sabe não conseguirá pelo menos uma diversão ligeira no final da tarde.

Van Helsing - O Caçador de Monstros (Van Helsing, Estados Unidos, 2004) Direção: Stephen Sommers / Roteiro: Stephen Sommers / Elenco: Hugh Jackman, Kate Beckinsale, Richard Roxburgh / Sinopse: Van Helsing (Jackman) é um agente do Vaticano que é enviado até a Transilvânia para localizar e matar o terrível Conde Drácula. O problema é que ele não estará só!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones

Dez anos depois dos acontecimentos mostrados no Episódio I a estória de Anakin Skywalker (Hayden Christensen) continua. Ele agora é o jovem aprendiz do Jedi Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor). Após a senadora Amidala (Natalie Portman) sofrer uma tentativa de assassinato os dois são designados para cuidar de sua segurança pessoal. A República sofre uma séria crise, principalmente por causa da formação de uma liga separatista que deseja se desligar da federação interplanetária. O voto da senadora se torna assim um ponto vital naquilo que pode significar o colapso republicano. Enquanto Obi-Wan Kenobi procura descobrir quem realmente deseja matar a jovem senadora, Anakin acaba se envolvendo romanticamente com sua protegida, começando um romance que terá sérias consequências para o futuro do universo. Começa assim "Star Wars - Episódio II - O Ataque dos Clones". Pelo visto George Lucas absorveu todas as criticas que lhe foram feitas no Episódio I e resolveu fazer uma sequência mais redonda, mais eficaz e com menos enrolação e chatice. Infelizmente o que começa de certa forma até promissor logo desanda pois Lucas parece perder o fio da meada da estória que está contando, resolvendo a partir de determinado momento apostar todas as suas fichas em ação incessante e toneladas de efeitos digitais!

Mesmo assim há bons momentos, não há como negar. E como não poderia deixar de ser eles surgem em dois momentos de duelos Jedi: a luta entre Obi-Wan Kenobi e o caçador de recompensas Jango Fett (Temuera Morrison) e a cena final em que o Mestre Yoda enfrenta o Conde Dooku (interpretado pelo sempre ótimo Christopher Lee), um Jedi traidor que começa a jogar politicamente para dar inicio a chamada Guerra dos Clones (o exército separatista é todo formado por clones criados em um distante e isolado planeta que foi devidamente riscado dos arquivos e mapas do universo). Revisto hoje em dia, exatos onze anos depois de seu lançamento, podemos perceber que muitos dos efeitos especiais que deixaram admiradas as plateias da época envelheceram bastante. Alguns personagens são completamente digitais, obviamente muito bem feitos, mas a tecnologia avança a um ritmo tão frenético que eles já não causam mais tanto impacto como antes (para falar a verdade qualquer game mais avançado dos dias atuais consegue rivalizar com o que é visto nesse filme). Já entre os momentos fracos é impossível não citar a quebra de ritmo que surge quando Lucas tenta colocar romance na tela (de forma pouco convincente aliás). O elenco é um pouco irregular. O ator Hayden Christensen, por exemplo, deixa bastante a desejar. A salvação acaba vindo na presença carismática de Natalie Portman. Enfim, é um filme não tão decepcionante quanto o Episódio I mas ainda assim com alguns problemas. Ah e antes que me esqueça: E o Jar Jar Binks?! Sim, ele ainda está lá, como um birra pessoal de Lucas! Vai entender...

Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones (Star Wars: Episode II - Attack of the Clones, Estados Unidos, 2002) Direção: George Lucas / Roteiro: George Lucas / Elenco: Ewan McGregor, Natalie Portman, Hayden Christensen,  Christopher Lee, Samuel L. Jackson, Frank Oz, Ian McDiarmid / Sinopse: Um exército de Clones é criado para destruir as forças da República por separatistas rebeldes. Para deter o avanço deles um grupo de Jedis tenta manter a República a salvo de ataques.

Pablo Aluísio. 

Fronteira

Título no Brasil: Fronteira
Título Original: Frontera
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Magnolia Pictures
Direção: Michael Berry
Roteiro: Michael Berry, Louis Moulinet
Elenco: Ed Harris, Eva Longoria, Michael Peña, Amy Madigan
 
Sinopse:
Roy (Ed Harris) é um xerife aposentado que toca sua propriedade rural no Arizona, localizada bem na fronteira entre Estados Unidos e México. O lugar acaba virando rota de imigrantes ilegais mexicanos que atravessam o deserto em busca de uma vida melhor nas cidades americanas. Durante uma cavalgada a esposa de Roy, Olivia (Amy Madigan), encontra dois mexicanos tentando atravessar a fronteira e resolve lhes ajudar, oferecendo água e um cobertor. Para seu azar um grupo de adolescentes, usando os rifles de seu pai, atiram nos mexicanos, mas acaba assustando o cavalo de Olivia, que cai e bate com a cabeça nas pedras de um riacho seco. O trágico acontecimento desencadeia uma série de eventos de consequências imprevisíveis. Filme vencedor do Women Film Critics Circle Awards.

Comentários:
Muito bom esse filme passado no moderno oeste americano. O roteiro explora o drama dos imigrantes ilegais mexicanos que arriscam suas vidas todos os dias em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos. O enredo assim acaba mostrando a vida de dois casais que vivem em lados opostos da fronteira. O casal americano é formado por Roy (Ed Harris) e Olivia (Amy Madigan). Eles possuem uma pequena fazenda na fronteira. É justamente lá que o ex-xerife Roy aproveita sua aposentadoria ao lado da mulher que sempre amou. O casal mexicano é formado por Miguel (Michael Peña) e Paulina (Eva Longoria). Com a esposa grávida e sem trabalho, Miguel resolve fazer a travessia da fronteira em busca de uma vida melhor, passando pelo deserto do Arizona e no meio das terras de Roy. Um trágico acontecimento acaba unido o destino de todos eles.

Um dos bons motivos para se assistir a esse filme é a narrativa que mostra em detalhes os problemas sociais que criam esse tipo de imigração e a exploração dos coiotes, criminosos que vivem de extorquir e explorar a miséria alheia, realizando um verdadeiro tráfico de seres humanos naquela região. Quando a esposa de Roy morre após cair do cavalo a polícia americana logo coloca a culpa nos mexicanos, mas Roy, policial experiente e com muitos anos de investigações nas costas, não fica convencido com a conclusão oficial do xerife e resolve ir atrás, ele mesmo, em busca de respostas. Acaba descobrindo que há muito mais por trás dos acontecimentos, como ele inicialmente desconfiava. O elenco é muito bom e dois membros do elenco se destacam. O primeiro é o sempre ótimo Ed Harris. Ele interpreta esse velho xerife de poucas palavras, mas com muita experiência de vida. Tentando manter sempre sua postura de homem durão ele engole sua dor e vai em busca dos verdadeiros fatos que envolveram a morte de sua esposa de longos anos. O outro destaque vem da atriz Eva Longoria que interpreta Paulina, uma mexicana que tenta atravessar a fronteira com ajuda de coiotes e acaba sofrendo todos os tipos de abusos possíveis, inclusive de natureza sexual. Um retrato cruel, mas sincero, de um drama humano que ocorre todos os dias entre esses dois países, tão próximos e tão diferentes entre si.

Pablo Aluísio.

A Lenda de Beowulf

Uma obra muito interessante onde o diretor Robert Zemeckis resolveu levar a tecnologia de captação de movimento ao extremo. Assim não existem cenas reais na produção mas apenas digitais. Zemeckis e sua equipe usaram o equipamento nos atores durante as encenações e depois as digitalizaram, fazendo todo o processo de finalização dentro do mundo virtual. Obviamente é um processo bem mais barato, pois tudo o que diz respeito ao filme em si (como figurinos, cenários, equipamentos e objetos de cena) foram criados única e exclusivamente dentro do computador. O custo de se fazer algo assim é muito menor do que ao se fazer um filme convencional. Aos atores restou apenas fazer os movimentos pedidos por Zemeckis, muitas vezes usando roupas de borracha especiais, que captavam cada mínimo detalhe de suas "atuações". Por isso não havia câmeras de filmagem no set de "A Lenda de Beowulf", algo realmente revolucionário, que em alguns anos provavelmente vai atingir sua perfeição, sendo possível até mesmo trazer de volta aos cinemas antigos ídolos mortos há muito tempo. Que tal assistir ao novo filme da Marilyn Monroe em 2030? Mas deixemos as especulações de lado, voltemos ao filme.

Beowulf é um poema épico, escrito há séculos, que felizmente chegou até nós. É uma saga de heroísmo, traições e lutas, tudo dentro da tradição dos personagens heroicos, tão presentes nas mitologias da antiguidade. O elenco é acima da média, com destaque para o sempre marcante Anthony Hopkins interpretando o Rei Hrothgar. Aqui cabe uma observação. Embora tenha gostado da ideia do uso da tecnologia digital nesse filme fiquei um pouco incomodado nas cenas em que Hopkins aparecia. Isso porque apesar de todos os avanços não há como negar que há sim uma perda acentuada de expressividade no trabalho dos atores. Em Hopkins isso se tornou bem claro. Em suas cenas tive realmente vontade de que o filme fosse mais ao estilo convencional pois o considero um dos grandes atores do cinema e seu alter-ego digital não conseguiu ser muito convincente. O mesmo já não se pode dizer de Angelina Jolie que sem dúvida ficou muito mais bonita e sensual no pixel do que na vida real. Até mesmo suas curvas foram acentuadas ao máximo, dando uma aerodinâmica que a atriz certamente não tem no mundo real. No geral é um filme que vale a pena, apesar de não ser historicamente fiel ao poema que lhe deu origem (há várias modificações nos personagens e na trama). Mesmo com essas ressalvas vale a recomendação.

A Lenda de Beowulf (Beowulf, Estados Unidos, 2007) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: Neil Gaiman, Roger Avary / Elenco:  Anthony Hopkins, Angelina Jolie,  John Malkovich,  Robin Wright, Crispin Glover, Ray Winstone / Sinopse: Baseado em um secular poema o filme Beowulf explora um mundo de fantasia e heroísmo, habitado por heróis, vilões e monstros.

Pablo Aluísio.